por Fernando Labanca
Lançado oficialmente no Festival de Berlim no qual ainda concorreu ao prêmio de Melhor Filme, "Cavaleiro de Copas" marca mais um passo atrás na carreira de Terrence Malick, que se distancia cada vez mais do primor de seu próprio modo de fazer cinema. Essa é a prova concreta de que até mesmo para Malick é difícil ser Malick, que tenta ao longo de tortuosos 120 minutos, reprisar seus próprios acertos. Não consegue e acaba oferecendo uma obra oca, que chega com a pretensão de expressar muita coisa, mas nada diz, nada faz, caminhando em um ciclo sem fim de narrações em off e personagens superficiais, que trilham melancólicos proferindo palavras belas rumo a lugar algum.
A proposta de Malick aqui é confusa, ainda que bem intencionada. Sem ter escrito um roteiro, apenas diálogos aleatórios para seus atores, não permitiu que nem mesmo eles soubessem do que se tratava a obra. Christian Bale, que encara o protagonista, não diz nenhuma palavra em cena e já confessou que ao longo das gravações não sabia sua função ali. Logo, "Cavaleiro de Copas" é uma junção de várias sequências que não possuem lógica ou um arco narrativo e são unidas pelas narrações dos indivíduos ali mostrados. Dessa forma, são inúmeros cortes, cenas perdidas e vozes sussurrando frases como "diz para montanhas Perdoe-me" ou "O que nós somos agora?", buscando erroneamente dar alguma profundidade a tudo aquilo. Pura pretensão de Malick, que faz uma bela poesia, mas esquece de todo o resto, inclusive o próprio público.