sexta-feira, 26 de abril de 2013

Crítica: Mama (Mama, 2013)

Apesar de "Hellboy" ser seu projeto mais conhecido, o diretor Guillermo del Toro sempre se mostrou admirador do terror fantasioso, prova disso são os ótimos "A Espinha do Diabo" (2001) e "O Labirinto do Fauno" (2006). Nos últimos anos, porém, ele tem se vinculado ao gênero apenas como produtor, realizando filmes como o excelente "O Orfanato" e agora "Mama", que tem na direção o mexicano Andres Muschietti. Baseado no curta-metragem realizado em 2008 pelo próprio diretor, o filme é uma boa escolha pra quem procura um filme de terror, uma obra que vai além do que simplesmente dar sustos.

por Fernando Labanca

Um surto de suicídios acaba afetando uma família, onde o pai, após matar a esposa decide sequestrar suas duas filhas pequenas, Lilly e Victoria, e depois de sofrer um acidente de carro no meio do percurso, todos vão parar em uma cabana abandonada em uma floresta. Ele se mata em seguida, deixando as duas sozinhas, isso era o que todos achavam. Alguns anos depois, Lucas (Nikolaj Coster-Waldau), tio das meninas recebe a notícia de que elas foram finalmente encontradas, ainda crianças (Megan Charpentier e Isabelle Nelisse), as duas se adaptaram ao meio em que viveram nesse tempo, com comportamento assustadoramente selvagem. Elas são levadas para casa de Lucas e sua namorada, Annabel (Jessica Chastain), um casal que sempre fugiu de grandes responsabilidades, mas que agora tem a difícil missão de trazê-las novamente ao "mundo real". Entretanto, as duas afirmam que durante este tempo na floresta não estavam sozinhas, recebiam o cuidado de uma força sobrenatural, que elas denominavam de "Mama", o que o casal não esperava era que esta criatura não abandonara as meninas e que ela estaria presente a todo instante, em cada canto da nova casa.


"Era uma vez...". Assim começa "Mama", que acaba nos alertando de que mais do que um filme de terror, estamos prestes a ver uma história de fantasia, o filme de Andres Muschietti é uma espécie de conto, aqueles que ouvimos quando crianças, aquele terror que tememos mas ainda assim queremos ouvir até o final. Com seu visual gótico, "Mama" tem nitidamente o selo "Guillermo Del Toro", remetendo e muito às obras "O Orfanato" e "A Espinha do Diabo". Porém, para quem espera ver um terror mais "pé no chão" pode acabar se surpreendendo de um jeito negativo, o filme apela para situações bem forçadas e fantasiosas, seja as respostas que aparecem em sonhos ou até mesmo a criatura que dá nome à obra. É, portanto, preciso compreender de que não se trata de um filme convencional de terror, tem lá sua liberdade narrativa e que foge e muito do que se tem sido feito ultimamente, a meu ver, é um grande acerto, que apesar dos inúmeros clichês como as crianças que desenham ou os adultos que decidem resolver os mistérios numa cabana abandonada na floresta no meio da noite, "Mama" ganha muitos pontos não por ser diferente, porque não é, mas por ter a ousadia de ir além do que outros filmes do gênero costumam ir, mais do que apenas dar sustos, que aliás, a boa condução do diretor faz isso com maestria, mas por conseguir, no mínimo, contar uma história (o que já é muito para o gênero), há bons personagens, as crianças são bem desenvolvidas, há um fundo psicológico bem pensado na construção de cada uma delas e que interferem no desenvolver da trama e um final que vai além do "paramos neste ponto, sem resolver nada porque queremos fazer uma sequência".

Quando li que Jessica Chastain estava fazendo um filme de terror fiquei bem com o pé atrás, parecia muito arriscado para sua carreira, excelente carreira, aliás. Ao vê-la em cena compreendi que não fora um erro, ela sabia muito bem o que estava fazendo e fez muito bem, de pequena coadjuvante das primeiras cenas, a atriz faz com que Annabel cresça e cumpra bem o papel de protagonista, longe de ser a adulta tola que só faz merda, finalmente nos deparamos com uma personagem corajosa. É interessante a relação dela com as garotas, onde ela abandona sua banda de rock para ser praticamente a mãe, precisa aceitar as condições das meninas, é belo seu crescimento, assim como é de Victoria e Lilly, divididas entre o amor de uma estranha e de um ser monstruoso. Aliás, é simplesmente surpreendente a atuação das pequenas atrizes, se entregam com muita garra e muito esforço, excelente trabalho, admirável. 

Andres Muschietti acerta também em seu visual, da belíssima fotografia, o diretor abusa de bons recursos gráficos para diferenciar cada passagem, criando mais do que um incrível show de suspense, um filme visualmente impecável. O roteiro é outro aspecto que funciona bem, nos prende a atenção, a tensão é permanente durante toda a sessão, e a curiosidade de compreender as coisas nos faz ficar de olhos abertos mesmo quando não queremos. O diretor soube e muito bem brincar com as sensações do público, trazendo momentos eletrizantes, outros de terror extremo, como há muito não se via, não de forma tão interessante e tão bem realizada. Admito que nunca fui fã do estilo mas "Mama" me conquistou, mesmo com seus erros, com seus clichês e a maneira um pouco raza com que alguns conflitos são resolvidos, é certamente algo que recomendarei. Numa época em que terror é sinônimo de vômitos, sangue jorrando na tela e corpos torturados, "Mama" é o retorno do que há de melhor no gênero.

NOTA: 8




segunda-feira, 22 de abril de 2013

Crítica: Oblivion (Oblivion, 2013)

Baseado na HQ criada pelo próprio diretor do filme, Joseph Kosinski, que em 2010 trouxe para as telas o interessante "Tron- O Legado", "Oblivion" é quase que uma releitura de outras ficções científicas, tem algumas ideias originais, mas no fundo é apenas um amontoado de referências, diga-se de passagem, de excelentes referências. Entretanto, ao conseguir fazer seu público usar o cérebro, acaba sendo um ótimo alivio entre tantos blockbusters que surgem nos cinemas, mais do que um belo visual, "Oblivion" se torna, sem grandes esforços, uma raridade no gênero que há muito tempo deixou de criar coisas novas.

por Fernando Labanca

Após uma batalha entre os humanos e alienígenas, os humanos acabaram vencendo, mas tiveram que pagar um preço, a Terra. Em 2077, a planeta se tornou um lugar inabitável, a população fora transferida para uma colônia na lua de Saturno, enquanto isso, Jack Harper (Tom Cruise) e sua parceira, Victoria (Andrea Riseborough) permanecem na Terra exercendo a função de vigilantes, fazendo a manutenção das máquinas que retém os últimos recursos naturais, e dos drones, robôs patrulheiros, que mantém a segurança do lugar, evitando a ação dos saqueadores (os alienígenas ainda restantes). Tudo ocorre bem, até que com a queda de uma nave, Jack se depara com Julia (Olha Kurylenko), a mulher que há muito tempo aparecia em seus sonhos, como lembranças de um passado distante e com sua presença, ele passa a se perguntar sobre tudo, e seus questionamentos aumentam ainda mais quando ele descobre que há outros humanos no planeta decididos a não sair.


Jack Harper é uma espécie de "Wall-e" do live action, o homem que permanece na Terra para recolher os últimos recursos naturais, mas que nas horas vagas, recolhe o que a humanidade deixou para trás, pequenos objetos que remetem a uma vida, seja discos de músicas ou livros, tudo guardado em uma antiga cabana a beira de um lago, a construção mais antiga de todo o cenário apocalíptico, diferente de toda a alta tecnologia que invadira a Terra. A referência ao filme da Pixar é clara, mas ainda não deixa de comover, Jack está prestes a abandonar seu planeta, mas sabe que não encontrará sua casa em mais nenhum lugar, a vida é aqui, a vida está nessas pequenas coisas. Longe de querer ser aquele filme didático sobre como devemos salvar o planeta, assim como muitos tem apontado, "Oblivion" apenas mostra um futuro distante, que indiretamente e sutilmente, denuncia o modo de vida atual.

Formado em arquitetura, Joseph Kosinski faz jus ao seu diploma em "Oblivion", onde tudo o que vemos é extremamente real, as construções dos prédios e principalmente as naves e robôs, diferente de muitos filmes que apelam para o visual, tudo aqui é mais do que apenas belo, mais do que pura estética, é funcional. Ver Jack Harper andando e manuseando sua nave ou o movimento dos drones é prova dos longos estudos de toda a equipe, remetendo aos grandes clássicos da ficção científica, época em que nem tudo era fruto de um "chroma-key". A originalidade de "Oblivion" está justamente em seu visual, em cada detalhe, há uma forte identidade em cada sequência, única deste filme, o que remete a seu trabalho anterior, "Tron-O Legado". A trilha sonora reforça ainda mais essa ligação, mesmo que não mais feita por Daft Punk, Kosinski, porém, acerta mais uma vez, colocando a banda eletrônica francesa M83 ao comando, o resultado é brilhante, traz força a cada sequência, traz o que poucos filmes recentes do gênero tem, personalidade. É válido citar também, o incrível trabalho de edição de som que dá vida às imagens, com certeza, um ponto alto da produção.

Tom Cruise se assumiu astro de filme de ação, sinceramente, isso não me incomoda, é provavelmente o que ele gosta de fazer e até agora nunca decepcionou, faz o que precisa fazer, mas se esforça como ator, entrega um bom personagem e não some diante dos bons coadjuvantes. Andrea Riseborough é definitivamente a melhor de todo o filme, não conhecia seu trabalho mas certamente é um nome a se prestar mais atenção. A bela Olga Kurylenko não tem muito o que fazer em cena, mas convence e faz bonito mesmo com pouco espaço. Morgan Freeman fazendo ponto especial, assim como a revelação do momento, diretamente da série "Game of Thrones", Nikolaj Coster-Waldau.

"Oblivion" certamente não será um marco na ficção científica, trabalha e muito bem com suas referências, como o clássico "2001" de Stanley Kubrick ou até mesmo o mais recente "Lunar" de Duncan Jones, mas suas limitações o impedem de trazer grandes discussões como as obras citadas. É um filme que bebeu nas fontes certas, que como consequência disso conseguiu construir belíssimas cenas, longe de querer ser um mero blockbuster, com explosões e cenas de ação, o conteúdo aqui surge aos poucos, as cenas são limpas, nos dá tempo e espaço para admirarmos o que está diante de nossos olhos, provando o quão o visual foi importante aqui. Entretanto, seu roteiro não é dos melhores, em seu final, por exemplo, é tudo muito confuso e parece não trazer grandes respostas para suas ideias. Mas valeu a intenção, o resultado e bem positivo e no meio de tantos filmes que surgem baseados em livros, continuações desnecessárias ou remakes, "Oblivion" veio para quebrar um pouco o piloto automático e trazer para o público uma obra original, mesmo que possua suas falhas, é superior a muito do que vimos ultimamente. Joseph Kosinski coloca em pauta as oposições entre o antigo e o novo, seja em seu visual, trabalhando com a tecnologia e naves ultramodernas num cenário velho e desértico, seja com seu trabalho como diretor que mesmo em 2013 parece não ter esquecido do que são feitas as boas ficção científicas, seja pela excelente trilha sonora, misturando uma pegada clássica com as batidas eletrônicas, seja com seu protagonista que renega o futuro a que lhe foi imposto. Um bom entretenimento que faz pensar. Recomendo.

NOTA: 8,5






sexta-feira, 5 de abril de 2013

Especial - Os Melhores Filmes de 2012


Muitos acharam, outros torceram, mas o mundo não acabou em 2012. Um ano, que assim como qualquer outro ano no cinema, teve seus altos e baixos. E como é de costume aqui no Cinemateca, farei a lista básica daqueles que achei que foram os melhores, espero ter feito um TOP 20 justo, ou ao menos, ter feito algo com bom senso. Vale relembrar...não é a verdade absoluta, é apenas minha opinião, deixo espaço para sugestões e reclamações e porque não, que comentem e citem os filmes que vocês acharam que foram os melhores, é sempre bom ler opiniões diferentes!

por Fernando Labanca

Antes do TOP 20, vamos fazer uma breve retrospectiva do que foi 2012 para o cinema. Como sempre o ano na sétima arte se inicia com o Oscar, que por sua vez, nos revelou algumas pérolas, como o retrô  "O Artista" e o belíssimo "A Invenção de Hugo Cabret" de Martin Scorsese, os grandes destaques da edição. Teve a dobradinha de Steven Spielberg logo no começo do ano, com a animação "As Aventuras de Tintim" e o drama "Cavalo de Guerra". Quem voltou em dose dupla também foi Tim Burton com "Sombras da Noite" e "Frankenweenie", dois bons filmes mas que poderiam ter sido melhores, foi o de sempre do diretor, sem inovações. O canadense David Cronemberg retornou com os ótimos "Um Método Perigoso" e "Cosmópolis". Teve ainda Roman Polanski com "Deus da Carnificina" e claro, não poderia faltar, Woody Allen com seu "Para Roma Com Amor", um filme divertido mas que nada soma em sua carreira. Clint Eastwood passou, mas ninguém notou seu injustiçado "J.Edgar", assim como Oliver Stone e seu fraco "Selvagens".

Houve também muita nostalgia. O universo de "Alien" retornou junto com Ridley Scott, de volta ao gênero que o consagrou no interessante "Prometheus". Outro universo revisitado, não poderia deixar de citar, foi a Terra Média em "O Hobbit", de Peter Jackson. "American Pie - O Reencontro" divertiu e muito com o retorno de Stiffler e seus amigos. Teve mais um filme do Homem Aranha, que de espetacular não teve nada além de seu nome. O conto de fadas ganhou uma nova roupagem em "Branca de Neve e O Caçador" e "Espelho, Espelho Meu". Além, é claro, a volta do agente James Bond, comemorando 50 anos, na pele de Daniel Craig no excelente "Operação Skyfall".

Teve os blockbusters, como grandioso final da trilogia "Batman" de Christopher Nolan, o final da saga Crepúsculo, com "Amanhece-Parte 2" e os heróis da Marvel em "Os Vingadores". Teve ainda as animações de grande sucesso com "Valente", "Hotel Transilvânia" e "A Origem dos Guardiões", além das continuações "Madagascar 3" e "A Era do Gelo 4". Na tela ainda vimos o politicamente incorreto "Ted", o retorno de Marilyn Monroe em "Sete Dias Com Marilyn", muita emoção com "O Impossível", pouca roupa em "Magic Mike", polêmica no conturbado "Shame" e muito bom som no divertido musical "Rock of Ages". Os nacionais de grande destaque foram "Gonzaga - De Pai pra Filho", "A Beira do Caminho", "2 Coelhos" e "Heleno".

Algumas surpresas do circuito menor como o apocalíptico "O Abrigo" com Michael Shannon e Jessica Chastain e a criativa comédia romântica "Solteiros Com Filhos". Teve o indie "Jovens Adultos", retorno da parceria da roteirista Diablo Cody e o diretor Jason Reitman, ainda vimos um grande elenco no interessante "O Exótico Hotel Marigold" e efeitos especiais de qualidade numa das grandes surpresas do ano com "Poder Sem Limites".

MENSÕES HONROSAS: Filmes que não entraram no TOP 20, mas bem que mereceram, terão ao menos um parágrafo de destaque. Para o que parecia mais um filminho para as garotinhas órfãs de Crepúsculo, "Jogos Vorazes" se mostrou um filme muito mais poderoso do que as últimas "sagas" (ou tentativas de se fazer uma) que surgiram nos últimos anos, um blockbuster bastante ousado e que felizmente não subestima a inteligência de ninguém. "Moonrise Kingdom" revelando mais uma vez o talento de Wes Anderson como diretor em um filme adorável e bastante original. "Pina" belíssimo documentário que trouxe grandes inovações para o gênero. E o francês "Holy Motors", acredito que tenha sido uma das obras mais originais não só deste ano, mas dos últimos também.

Vamos ao TOP 20...


20º. Um Divã Para Dois (Hope Springs)
de David Frankel / EUA


Sabe aquele filme que termina e você pensa consigo mesmo: "todo casal deveria ver isso". Mais do que só uma comédia romântica hollywoodiana, o longa dirigido por David Frankel (O Diabo Veste Prada, Marley e Eu), consegue se aprofundar na vida a dois como pouquíssimos filmes conseguiram, sem apelar tanto para os clichês ou sem procurar respostas fáceis como "não deixe que seu relacionamento caia na rotina". Aqui vemos duas pessoas de mais idade, interpretados com grande força por Meryl Streep e Tommy Lee Jones, que passam uma temporada conversando com um terapeuta de causais, a fim de que eles redescubram aquele antigo amor que sentiam quando eram mais jovens. Emocionante e muito honesto em cada conflito criado. Uma comédia romântica eficiente, que trás grandes reflexões numa trama complexa e bastante madura.



19º. Looper - Assassinos do Futuro (Looper)
de Rian Johnson / EUA


Aquele que vi não esperando muita coisa, tudo indicava ser mais um filme de ação, ainda mais quando se tem Bruce Willis estampado no poster. Eis que já nos primeiros minutos o bom roteiro já nos alerta...estamos diante de uma grande ideia, que poderá ou não ser bem explorada. Felizmente, todas as grandes ideias deste filme são bem exploradas, com seu tema um tanto quanto batido, a viagem no tempo, "Looper", consegue em pleno 2012 trazer inovações e fazer, no meio de perseguições e cenas de tirar o fôlego, o cérebro funcionar e nos fazer pensar, repensar e refletir a cada sequência. Além de Willis, ainda vemos os novos queridinhos de Hollywood, Joseph Gordon-Levitt e Emily Blunt. Tudo muito bem pensado e arquitetado neste grande projeto, que surgiu sem grandes pretensões, mas que se ainda não conseguiu o sucesso que merece, provavelmente daqui alguns anos será muito comentado, pelo menos, torço por isso. Original, inteligente e com um ótimo final, surpreendente e porque não...emocionante.


18º.  Intocáveis (Intouchables)
de Eric Toledano e Olivier Nakache / França


Quando paramos para assistir a um "filme europeu", parece que nosso consciente já espera ver aquela obra que os críticos amam e glorificam, um típico filme de arte, com conceito. Eis que o cinema francês nos presenteia com esta pérola chamada "Intocáveis", que quebra todos os estereótipos possíveis do que seria um "filme europeu", uma comédia pura, que fez rir como pouquíssimos filmes em 2012 conseguiram, que pode até ter aquela intenção de agradar os críticos, mas é nítido a sua intenção de conquistar o grande público, não se omite ser um filme para a massa, com história fácil, situações muitas vezes já apresentadas em outros filmes, alguns clichês que foram criados para agradar e aqui todos funcionam e como consequência, tudo, simplesmente tudo agrada. A trama é basicamente sobre opostos, o negro e o branco, o rico e o pobre, o humor e o drama, a fantasia e realidade, numa história baseada em fatos reais, sobre dois homens que descobriram uma grande amizade no meio de suas diferenças. Extremamente engraçado, divertido, simpático, emocionante e adorável. 



17º. 360 (360)
de Fernando Meirelles / Áustria, Brasil, França, Reino Unido


Mais um projeto do diretor brasileiro Fernando Meirelles no exterior. Com um dos maiores e melhores elencos do ano, onde vemos nomes como Maria Flor, Anthony Hopkins, Jude Law, Rachel Weisz, Ben Foster e Juliano Cazarré, nos deparamos com uma cativante, inteligente e envolvente história. "360" trabalha com a ideia de que o ciclo da vida de cada ser depende indiretamente da ação de outros para seu movimento, onde a escolha de alguém pode alterar a vida de uma outra pessoa, mesmo que esta esteja na outra ponta do planeta. Em diferentes países, conhecemos os conflitos de diversas pessoas que por ironia da vida, tem seus caminhos alterados. Simples, mas ao mesmo tempo grandioso, uma ideia muito bem realizada por Meirelles, que emociona com a trajetória de seus personagens e que ao seu término nos faz questionar e refletir sobre essas escolhas que fazemos todos os dias e como foi que chegamos aonde estamos.



16º. 2 Coelhos (2 Coelhos)
de Afonso Poyart / Brasil


Diferente de tudo o que já surgiu no cinema nacional, "2 Coelhos" é uma grande evolução. Com seu visual deslumbrante, câmera rápida, diálogos espertos e bem escritos e efeitos especiais de grande qualidade, o filme consegue despertar o interesse do público já no início e nos prende até seu final, não só pelos inovadores recursos gráficos mas principalmente por sua grande história. Uma trama repleta de reviravoltas, boas surpresas onde nunca sabemos ao certo qual é o rumo de toda a loucura ali apresentada, nos guiando até seu belíssimo final. Divertido, original e inteligente, o filme nacional do ano.  



15º. Millenium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (The Girl With The Dragon Tattoo)
de David Fincher / Alemanha, EUA, Reino Unido, Suécia


Versão norte-americana do best seller de Stieg Larsson, o longa conta com a impecável direção de David Fincher. Um mistério que durante décadas não fora resolvido retorna nas mãos de um jornalista investigativo (Daniel Craig), e esta sua busca o guia até a Suécia afim de resgatar informações perdidas pelo tempo. Eis que para sua ajuda, surge Lisbeth Salander (Rooney Mara), uma investigadora particular que possui uma vida pessoal tão perturbadora quanto o caso a ser resolvido. A meu ver, superior a versão sueca, mais seco, objetivo, consegue através de sua direção, roteiro e visual, trazer para as telas esta trama difícil, de forma mais eletrizante e cruel e como consequência, acaba tendo um resultado mais impactante, mais memorável. Destaque, claro, para a incrível Rooney Mara que surpreendeu a todos com sua performance, deixando seu rosto doce de lado e encarando com toda sua coragem e força esta grande personagem. 


14º. A Separação (Jodaeiye Nader az Simin)
de Asghar Farhadi / Irã


Vencedor do Oscar 2012 de Melhor Filme Estrangeiro, "A Separação" causou polêmica em seu país de origem e trás para as telas o cotidiano de uma classe pouco retratada quando falamos de Irã, a classe alta. A trama se inicia quando uma mulher, com o intuito de dar uma vida melhor para sua filha, decide ir morar fora do país, enquanto que seu marido se recusa pois precisa ficar para cuidar de seu pai que sofre de Alzheimer. A única saída: a separação. Vivendo sem sua esposa, o homem tem a difícil missão de cuidar de seu pai, sua filha e sua casa, porém, para isso, decide contratar uma empregada, que por sua vez, aceita o trabalho sem avidar seu marido. Pequena sinopse de uma trama que vai muito além do que parece, onde nunca sabemos ao certo o que está por vir. Um roteiro brilhante que nos revela um Irã pouco visto, vemos a relação de seus personagens com a fé e a cultura de seu país e como ela é decisiva para suas escolhas e atitudes, pessoas guiadas por uma convenção, uma lei, que a usam com proteção, como desculpa por seus erros. Surpreendente, intrigante e inteligente, um cinema raro, um marco neste ano. 


13º. Histórias Cruzadas (The Help)
de Tate Taylor / EUA


Com certeza, "Histórias Cruzadas" é um dos filmes mais agradáveis de 2012, mais do que um simples "feel good movie", este consegue ir além com sua trama forte, de grandes reflexões, grandes conflitos e grandes personagens. Baseado no livro "A Resposta", conhecemos a coragem de uma jovem escritora (Emma Stone) que decide ir contra a sociedade em que vivia e passa a dar voz para as empregadas negras, mulheres que durante anos sofreram preconceito de uma classe que sempre necessitou de sua ajuda, mulheres que além de cuidar da casa, criavam os filhos das dondocas. Apesar de possuir delicadeza em sua narrativa, vemos um retrato chocante de uma época que infelizmente existiu, coloca em pauta o racismo, e mesmo se utilizando de clichês para isso, consegue ser corajoso e ousado, e ganha ainda mais força quando conhecemos a fundo a mente e a história dessas mulheres, interpretadas por um elenco feminino adiadíssimo. Além da bela Emma Stone, Viola Davis, Ocavia Spencer, Jessica Chastain, Bryce Dallas Howard dão um belo show de interpretação. Divertido, envolvente, que conquista os corações mais frágeis, que encanta por sua sensibilidade, que emociona por sua grande história.



12º. Os Sentidos do Amor (Perfect Sense)
de David Mackenzie / Alemanha, Reino Unido


Num cenário apocalíptico, uma inusitada epidemia surge no mundo, fazendo com que, logo após surtos de tristeza e agonia, os seres humanos percam seus sentidos, os sentidos básicos para qualquer relação afetiva. É neste momento em que os "senhores babacas" (assim que eles se autodenominam) se conhecem. Susan (Eva Green) é uma epidemiologista que tenta entender este estranho acontecimento e Michael (Ewan McGregor) um chef de cozinha que tenta seguir em frente com seu restaurante, mesmo quando seus cliente já não mais cheiram ou sentem o gosto de sua comida. Os dois se apaixonam e juntos tentam aprender como é viver com alguém, amar, cuidar, salvar alguém, mesmo quando a sociedade parece voltar a seus tempos primórdios, mesmo quando eles perdem aos poucos aquilo que os unia, seus sentidos. Acredito que seja o menos conhecido da lista e o coloco aqui também como um alerta: "Assistam este filme!", por mais desconhecido que seja o vejo como uma das obras obrigatórias de 2012, com certeza, uma das mais belas surpresas do ano. Extremamente original, o filme renova o gênero romance, construindo não aquele casalzinho fraco e com final óbvio, vemos em cena dois grandes atores interpretando dois grandes personagens, sofremos por eles, num filme que é tudo, menos esperançoso. Agonizante, melancólico, emocionante, surpreendente, uma das ideias mais incríveis de 2012.



11º. Ruby Sparks - A Namorada Perfeita (Ruby Sparks)
de Jonathan Dayton e Valerie Faris / EUA


Mais uma grande surpresa de 2012, "Ruby Sparks" é o retorno triunfal de Jonathan Dayton e Valerie Faris que há cinco anos trazia para as telas "Pequena Miss Sunshine". Conhecemos a história do escritor que se apaixonou por sua cria, Paul Dano interpreta esta mente brilhante que após um bloqueio criativo passa a escrever sobre uma incrível mulher, aquela que surgia em seus mais belos sonhos, o problema começa quando Ruby se torna real, interage com seu mundo e o faz perder completamente a cabeça. Sem saber mais o que é real ou fantasia, ele se entrega a este amor, vivenciando os melhores momentos de sua vida, porém para que tudo ficasse ainda melhor ele começa a moldá-la, a transformando na namorada perfeita, sem se importar com as consequências de suas escolhas. Divertido, encantador e extremamente original, a comédia romântica do ano! Com atuações marcantes de Paul Dano e Zoe Kazan, os dois transmitem uma deliciosa química em cena A trama ganha complexidade ao estudar a conturbada mente de seu protagonista e que ganha respeito ao fugir dos clichês do que já foi realizado no gênero. Inteligente, engraçado, memorável. 



10º. As Aventuras de Pi (Life of Pi)
de Ang Lee / EUA


Vi sem grandes expectativas, apenas um 3D com visual bonito. Eis que "As Aventuras de Pi" conquistou o público e rendeu a Ang Lee o Oscar de Melhor Diretor. Muito mais do que visual, este grande filme consegue prender a atenção do público com sua belíssima história, onde praticamente vemos na tela quatro elementos, um jovem indiano, um tigre, um barco e um vasto oceano. Parecia impossível de se fazer, mas Ang Lee e toda sua equipe transforma este impossível em possível, realiza algumas das cenas mais marcantes do ano, constrói uma trama repleta de simbologias e mistérios, onde ao seu fim fica apenas o espaço para nossa própria interpretação, nossa própria reflexão. A experiência e sensação mais fantástica dentro de um cinema que tive em 2012, belíssimo em cada detalhe, um filme de grandes argumentos que veio para emocionar, além de sua nítida importância visual para a sétima arte.



09º. As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being Wallflower)
de Stephen Chbosky / EUA


Um filme que provavelmente irá muito além do que só "um dos melhores filmes de 2012", é daquele tipo que marca uma geração e ainda será muito visto, discutido e refletido durante muitos anos. Simplesmente um marco no cinema norte-americano, que com sua simplicidade conseguiu dizer tanto, trazer para as telas tanto sentimento. Um garoto que convive com sua mente perturbada, assombrado por alguns acontecimentos do passado, sofre bullying no colégio e sente que não se encaixa em nenhum lugar, eis que conhece duas pessoas, que de estranhos passam a ser seus grandes amigos. Parece simples demais pela sua sinopse, mas é sobre muita coisa, é sobre a juventude, é sobre os dilemas de uma época em que tanto reclamamos, em que tanto sofremos mas que nunca conseguiremos esquecer, é sobre os melhores momentos de uma vida, é sobre ser infinito mesmo que invisível. Nostálgico, o filme é quase que nossas próprias lembranças, onde vivenciamos cada segundo, desfrutando de um prazer sem igual. Belo, complexo, inteligente, um marco que ficará em nossa memória por muito tempo. Vale destacar as grandes atuações deste trio que fez bonito, se entregaram a seus personagens com muita força, Logan Lerman, Emma Watson e Ezra Miller. 



08º. Procura-se Um Amigo Para o Fim do Mundo (Seeking a Friend For The End of The World)
de Lorene Scafaria / EUA


O cinema independente geralmente transforma problemas graves em dramédias agradáveis de se ver, o tema desta vez é o fim do mundo e o que aparentemente seria apenas uma comédia leve sobre um desastre, "Procura-se Um Amigo Para o Fim do Mundo" acaba se tornando um dos filmes mais complexos do ano. Vemos na tela a jornada de dois desconhecidos (Steve Carell e Keira Knightley), que após o anúncio da colisão de um meteoro com o planeta, ocasionando o fim do universo, decidem embarcar pelas estradas afim de resgatar o que perderam, acertar os erros, ao mesmo tempo, tentando ao menos encontrar um fim digno para suas vidas tão miseráveis. Um estudo interessante sobre como cada grupo da sociedade reagiria numa situação tão extrema como essa, seja aqueles que vivem como se nada tivesse acontecido, seja aqueles que enlouquecem e vivem como se não houvesse mais o amanhã. Precisaríamos mesmo nos deparar com a morte para aprendemos finalmente como viver? Enfim, uma grata surpresa do ano, um roteiro inteligente, que faz um ótimo proveito de cada situação, que consegue tratar de um assunto difícil com uma certa sensibilidade, mas sem deixar que esta mesma sensibilidade diminua o peso de sua trama, conseguindo ser dura, cruel, ao mesmo tempo que engraçada, envolvente e cativante. Ao seu término, confesso, fiquei sem palavras, sem respirar, uma sensação nova quando se trata de uma comédia. Impactante e extremamente emocionante.



07º. Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises)
de Christopher Nolan / EUA, Reino Unido


Como deixar este filme de lado? Final de uma saga que deixará saudades, uma trilogia que modificou o que hoje conhecemos como "filme de ação", que modificou o que hoje conhecemos como "filme de herói". Uma trilogia, que sim, tem seu espaço na história do cinema, que ainda será muito comentada, Christopher Nolan se mostrou, mais uma vez, um gênio! Vemos o retorno de Bruce Wayne (Christian Bale) como Batman, tentando impedir que Gothan seja dominada pelos ideais da Liga das Sombras, ressurgida por Bane (Tom Hardy), o torturador da alma. Batman ainda se depara com Selina Kyle (Anne Hathaway), mulher sedutora capaz de estragar seus planos, além dos personagens clássicos como Alfred (Michael Cane) e Fox (Morgan Freeman). Elenco incrível que ainda tem nomes como Joseph Gordon-Levitt e Marion Cotillard, atores fantásticos interpretando personagens fantásticos. Roteiro brilhante, que finalmente trás para os cinemas, de forma decente e respeitosa, a saga de um herói. Um final épico para uma trilogia épica.


06º. Na Estrada (On The Road)
de Walter Salles / EUA, França, Reino Unido


Baseado em uma das obras literárias mais influentes e importantes do século XX, "On the Road" foi para o papel diversas vezes durante anos, mas apenas em 2012 ele se tornou possível e pelas mãos de um brasileiro...Walter Salles. Acredito que nem todo mundo conseguiu embarcar nesta louca viagem, o vejo com uma das obras mais incompreendidas do ano passado, devo concordar, porém, que se trata de um filme difícil, ousado em todo seu formato e argumento. Salles experimenta aqui um cinema extremamente novo, quebrando paradigmas, sem um roteiro padrão, sem começo, meio ou fim, sem nos apresentar aos personagens ou ao que está acontecendo na tela, ou seja, tem tudo para afastar seu público e vejo todos esses elementos como seu maior mérito, fazer jus a sua obra original, levando em sua essência a essência de sua época retratada, a liberdade narrativa. O mais fiel retrato da geração beat, almas que percorrem o mundo, as estradas, sem direção, sem propósito. A vida do sexo, drogas e jazz. A beleza das situações mais corriqueiras, a poesia dos diálogos, um filme que opta em ser fiel a um movimento do que se redimir aos padrões do cinema. Incrível roteiro, direção admirável de Salles e um elenco jovem e muito competente, como Garret Hedlund, Sam Riley e Kristen Stewart, além dos veteranos Viggo Mortensen, Amy Adams e Kirsten Dunst.



05º. 007 - Operação Skyfall (Skyfall)
de Sam Mendes / EUA, Reino Unido


Vigésimo terceiro filme da série 007, "Skyfall" é também a celebração de 50 anos de James Bond nos cinemas. Dirigido por Sam Mendes, ainda temos Daniel Craig na pele do agente, que retorna após ter sido dado como morto, para salvar não só sua nação que sempre defendeu, mas também a vida de M (Judi Dench), que após sua falha passa a ser perseguida por um vilão nada convencional (Javier Bardem), trazendo a tona segredos do passado e fazendo Bond repensar suas escolhas. Muito mais do que "só mais um 007", esta obra revitaliza o gênero ação, trazendo realismo e muita elegância, com direito a eletrizantes sequências de perseguições. Bons personagens numa história muito bem desenvolvida, somado a sua excelente trilha sonora, figurinos, fotografia, enfim, um conjunto de elementos em perfeito estado que provam ser merecedor de estar entre os melhores.



04º. Argo (Argo)
de Ben Affleck / EUA


Surgiu nos cinemas sem grandes pretensões, ganhou fama pelo Oscar (2013), no qual venceu de Melhor Filme. A prova do grande talento deste novo diretor, Ben Affleck e o quanto ele é capaz de contribuir positivamente na sétima arte. Extremamente bem realizado, o filme que tem sua trama baseada em fatos reais, por mais difícil que seja acreditar nisso, mostra a inusitada ideia de como a CIA salvou a vida de seis embaixadores norte-americanos que ficaram presos no Irã, criando um filme fake, desde a contratação de um diretor e um maquiador, forjando uma ficção científica no qual os embaixadores faziam parte da equipe de filmagem. Uma obra que diverte pelo inusitado, pelo improvável, que nos faz rir daquilo que seria uma das mais arriscadas empreitadas da CIA que durante anos fora omitida. Um surpreendente filme que faz piada da política, que faz piada de Hollywood, é crítico, é ousado, é poderoso. Consegue como poucos filmes conseguiram, construir um puro filme de entretenimento, sem subestimar a inteligência do público, com grandes argumentos e muito a que pensar, muito a que refletir. Eletrizante, nos prende desde seu início até seu final, não conseguimos desgrudar, quando se vê "Argo" parece que nada mais importa além da curiosidade de sabermos como tudo irá terminar. Brilhante!



 03º. O Artista (The Artist)
de Michel Hazanavicius / França


Uma belíssima homenagem ao cinema, vencedor do Oscar de Melhor Filme ano passado, a obra que chamou a atenção de todos ao optar por uma filmagem inovadora, isso porque chegou aos cinemas em 2012 e ainda assim recupera as qualidades de um cinema antigo, filmado em preto e branco e mudo, "O Artista" é genial simplesmente por conquistar um espaço mesmo caminhando na contramão, por nos fazer admirar um cinema que não mais existe, por despertar no público uma sensação nova, uma deliciosa viagem no tempo. A história de um ator decadente, que precisa encarar o fato de que os tempos mudaram, famoso por seus filmes mudos, ele precisa se adaptar a grande novidade do momento, o som. Grandes atuações de Jean Dujardín e Bérénice Bejo, que trasmitem sentimentos apenas com o olhar, expressões e movimentos. Extremamente encantador, divertido e inovador. Uma obra de qualidade, que mesmo sem falas, conseguiu dizer muito.



02º. Drive (Drive)
de Nicolas Winding Refn / EUA


Um homem misterioso, dublê de filmes de ação, trabalha em uma oficina de carros e auxilia em alguns serviços sujos, levando em seu carro criminosos pelas ruas de Los Angeles. Ele dirige. Ele vive a margem dos acontecimentos de sua vida, sem se envolver, sem se prejudicar, conhecemos então, o momento em que finalmente este homem se envolve com uma mulher, é neste instante que suas regras são quebradas e todo seu plano perfeito falha, o motorista ganha enfim, uma vida de verdade. Uma tortuosa e tensa saga de um herói, com seu visual vibrante, sequências milimetricamente bem construídas, trilha sonora envolvente em um filme extremamente estiloso. "Drive" é a prova que uma ideia simples pode resultar numa obra grandiosa. Nasce então, um marco do cinema contemporâneo. Violento, silencioso, hipnotizante e com muita personalidade, provavelmente servirá como referência aos próximos filmes que virão.



01º. Precisamos Falar Sobre o Kevin (We Need To Talk About Kevin)
de Lynne Ramsay / EUA, Reino Unido


Este ano ocorreu algo novo quando enfim comecei a selecionar os "melhores filmes" que tinha visto em 2012, foi estranho, mas de certa forma não consegui visualizar outro filme a estampar o primeiro lugar além de "Precisamos Falar Sobre o Kevin". Fui ao cinema esperando ver um filme no mínimo polêmico, logo que sabia que seria sobre um psicopata, mas só. O filme terminou e parei na poltrona, pensei comigo mesmo: "e agora?". Tinha uma estranha sensação de que estava sem chão, como prosseguir depois de tudo o que vi? Poucos filmes no ano passado me fizeram sentir isso, um misto de sentimentos, tão perturbado pelas fortes cenas que havia presenciado mas ao mesmo tempo, extremamente feliz por ter acabado de ver um filme tão único, tão ousado, tão impactante. A diretora Lynne Ramsay provoca no público este sadismo que desconhecíamos, prazer pela tortura, prazer em ver esta alma tão obscura, tão vazia, tão assustadora deste incrível e antológico personagem chamado Kevin (Erza Miller, em uma excelente atuação). Um interessante e muito bem conduzido estudo sobre a mente deste psicopata, mostrando através de cenas memoráveis a relação deste com sua mãe, interpretada por Tilda Swinton em um momento marcante de sua carreira. Sem julgamentos, sem justificativas, "Precisamos Falar Sobre o Kevin" não trás respostas para aquilo que nos atormenta, nos trás os argumentos para que façamos nossa própria conclusão. Uma trama que ficará remoendo em nossa mente durante horas, ou no meu caso, até hoje. Visualmente belo, o que vemos na tela é a construção de uma obra grandiosa, de grande impacto. Para ver, rever e não mais esquecer. O melhor de 2012.

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