quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Crítica: Um Mergulho no Passado (A Bigger Splash, 2015)

Inspirado no filme francês "La Piscine" de 1969, temos aqui uma das obras mais ousadas e provocativas do ano. 

por Fernando Labanca

Apesar de ter sido lançado em festivais em 2015, o longa dirigido pelo italiano Luca Guadagnino, só conseguiu chegar este ano no Brasil. Fazia um bom tempo que queria conferir o filme que já havia me chamado a atenção pelo elenco e pelo trailer. Os atores se destacam em uma trama intrigante que envolve quatro personagens, vividos pelos britânicos Tilda Swinton e Ralph Fiennes, pela norte americana Dakota Johnson e pelo belga Matthias Schoenaerts. Gosto desses filmes que me lembram uma peça de teatro, que não permite que seus personagens escapem de seus limites muito bem demarcados, sendo obrigados e se enfrentarem dentro deste pequeno espaço. O cenário é uma província italiana, com belas paisagens e uma casa que abriga uma piscina. É nesta piscina que grandes eventos ocorrem, que sentimentos são expostos e algumas verdades são ditas.


segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Crítica: Com Amor, Van Gogh (Loving Vincent, 2017)

Inspirado na vida e obra do gênio Van Gogh, a animação "Loving Vincent" inova ao ser inteiramente feito com pintura a óleo. Com uma equipe que contou com mais de 100 artistas, frame por frame foram pintados para dar movimento ao filme que, desde já, podemos afirmar ser um marco na história do cinema.

por Fernando Labanca

Desde quando li a respeito do projeto, fiquei intrigado. Como poderia tal ideia ser possível? 65.000 quadros pintados à mão é um nível de loucura muito grande, no entanto, parece não haver forma mais justa de homenagear o pintor Van Gogh do que essa. É como se fosse um filme feito por ele. Mais do que isso. É a maneira mais honesta de honrar seu trabalho e por isso, poder ver o resultado final de tudo isso é de uma beleza indescritível. Quando "Loving Vincent" terminou, senti uma facada no peito. Enfim, me dei conta de sua triste jornada. Enfim me dei conta de que ele jamais viu o reconhecimento de seu trabalho, jamais soube o quanto suas obras sobreviveram ao tempo e inspirou tanta gente, de tantas formas. O cinema finalmente encontrou Van Gogh e assim como suas telas, o longa-metragem, dirigido pela dupla Dorota Kobiela e Hugh Welchman, também é uma singela e memorável obra de arte.


terça-feira, 21 de novembro de 2017

Crítica: Blue Jay (2016)

Filme independente escrito e estrelado por Mark Duplass, "Blue Jay" relata o reencontro amargo de um ex-casal depois de anos separados.

por Fernando Labanca

"Blue Jay" é um projeto bem interessante e mais uma pérola lançada - e perdida - na Netflix, que merece ser encontrada. Produzido pelos irmãos Duplass, Jay e Mark se tornaram dois nomes de respeito quando se trata do cinema independente norte americano. Com um texto primoroso e de extremo bom gosto, temos aqui um drama com leves pitadas de humor que dialoga muito com o que somos. E na história daquele casal retratado vemos um pouco de nós ali. Um filme intimista, de pequenas ideias e situações que ocorrem em pequenos espaços. E sua coloração em preto e branco não só acentua a seriedade de seus temas, como torna sua história de amor em algo frio, mesmo acontecendo em um lugar tão aconchegante, acolhedor.


quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Crítica: Entre Irmãs (2017)

Cinema com cara de novela. Com muito orgulho.

por Fernando Labanca

O diretor Breno Silveira sempre foi conhecedor de seu público e sempre fez suas obras muito consciente sobre quem as destina. Filmes como "2 Filhos de Francisco" (2005) e até mesmo "Gonzaga: De Pai pra Filho" (2012), que inclusive ganhou uma versão na TV, tem traços de novela, com histórias de superação e momentos feitos para emocionar. Essa característica, muitas vezes, é vista como algo negativo, pejorativo, no entanto, Silveira faz isso com tanta propriedade que nos convence de suas intenções. Seu produto funciona na televisão sim e nem por isso é ruim, de qualidade menor. Bem pelo contrário.

Baseado no livro "O Cangaceiro e a Costureira", o filme nos mostra Pernambuco na década de 30 e como o tempo separou duas irmãs. Vivendo uma vida simples naquele local, Emília (Marjorie Estiano) é do tipo que sonha alto, sempre se vendo longe dali, encontrando o príncipe encantado e indo morar na cidade grande. Bem diferente de Luzia (Nanda Costa), que por ter um braço atrofiado, sempre se viu por baixo, digna daquela vida sem perspectiva. Tudo muda quando a cidade é invadida pelo cangaceiro Carcará (Julio Machado) e seu bando, que obriga Luzia a fugir com eles. Estranhamente ela não hesita e percebe que aquela é sua chance de fazer algo de sua vida, abandonando sua irmã e seguindo outro rumo. O filme, então, acompanha a jornada das duas a partir deste ponto e em como uma não foi capaz de esquecer a outra, mesmo com a distância e a dúvida do destino que cada uma teve.


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Crítica: Como Nossos Pais (2017)

"Como Nossos Pais" traz um discurso necessário aos novos tempos e marca, de vez, Laís Bodanzky como uma das maiores cineastas do cinema brasileiro.

por Fernando Labanca

O filme é um dos mais relevantes do cinema nacional deste ano. "Como Nossos Pais" faz uma crítica ao sistema patriarcal que ainda rege nossa sociedade, colocando uma protagonista disposta a enfrentar isso, nos fazendo, desta forma, refletir sobre este peso existente em ser mulher no mundo de hoje. Em ser a mãe, a esposa e a profissional perfeita. Nesta luta diária de se provar e procurar um espaço em um mundo que finge que te aceita, mas não está pronto para lhe abrir todas as portas. É um discurso feminista que merece ser ouvido. Que precisa ser ouvido. Se trata de um roteiro consciente de seus atos, objetivo e muito bem pontuado. É, também, leve e gostoso de ver, que nos inspira, nos dá o impulso para vermos nossa sociedade com outros olhos.


quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Crítica: A Guerra dos Sexos (Battle of The Sexes, 2017)

Depois do sucesso indie "Pequena Miss Sunshine" (2006), os diretores Jonathan Dayton e Valerie Faris retornam em mais um filme agradável, que além de trazer excelentes atuações de Emma Stone e Steve Carell, debate na tela um assunto de extrema relevância: a igualdade entre os sexos.

por Fernando Labanca

Acho sempre curioso quando o cinema aborda essas histórias que aconteceram no passado, mas que estão diretamente ligadas aos tempos de hoje. Apesar de acontecer na década de 70, "A Guerra dos Sexos" fala muito sobre os dias atuais e sobre um tema que ainda muito se discute, trazendo uma verdade que às vezes muitos preferem ignorar, a discrepância existente na remuneração entre homens e mulheres no ambiente de trabalho, quando realizam exatamente a mesma função. É triste pensar que esta é uma batalha ainda não ganha, no entanto, o longa traz este viés inspirador e esperançoso. Nos faz acreditar que estamos no caminho, que existem pessoas lutando por isso e é incrível ver a jornada real da tenista Billie Jean King e como, em um ato de extrema coragem, desafiou a história e deu um passo a frente nesta luta por direitos iguais.


segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Crítica: O Estado das Coisas (Brad's Status, 2017)

Problema de gente grande.

por Fernando Labanca

Brad (Ben Stiller) é um homem bem casado, classe média alta e com uma vida profissional lucrativa. Isso, para muitos, poderia ser uma grande conquista, mas para ele isso não é suficiente. Esta crise de inferioridade cresce ainda mais quando é obrigado a assistir o sucesso de seus amigos da época de faculdade, que são matérias de revistas e televisão e possuem uma vida mais perfeita que filtro de instagram. Enquanto vive este momento de muitas reflexões, Brad se lança a uma jornada ao lado de seu único filho (Austin Abrams), para que ele decida qual faculdade ingressar no futuro, dando, enfim, seu primeiro passo de sucesso.

"O Estado das Coisas" possui um texto fascinante e funciona quase como um diário do protagonista. E durante seus minutos, acompanhamos um relato bastante íntimo sobre tudo o que lhe passa a mente, dos pensamentos mais vergonhosos aos mais absurdos, mais corrosivos. É o status atual de Brad - assim como anuncia seu título original -, mas poderia ser o meu, poderia ser o de qualquer um. Por mais cruel que seja este estado em que ele se encontra, o roteiro, escrito pelo comediante Mike White, fala mais sobre nós do que gostaríamos de aceitar e justamente por isso, é estranhamente doloroso, desconfortável. Comparar nossa vida com a dos outros é um exercício natural, inútil, mas que fazemos com uma certa frequência. O único resultado disso é uma sensação de fracasso, de que a grama do vizinho é mais verde, de que a felicidade e o sucesso alheio são sempre mais altos que o nosso. De longe, parece uma crise existencial tola, mas ela existe, faz parte de nós. Faz parte, ainda, principalmente, desta geração que assistiu a evolução da tecnologia, que hoje vê seus melhores amigos esbaldando uma vida que nunca teremos, onde cada pequeno pedaço de sucesso é postado, vendido, compartilhado. Uma ideia falsa, claro. Mas uma ideia que nos afeta.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

15 Atores para se prestar mais atenção


Com 2017 se aproximando do fim, já é possível perceber alguns nomes iniciantes em Hollywood que se destacaram no ano e que, olhando para seus próximos projetos, terão tudo para se destacar ainda mais. Pensando nisso, fiz esta lista com essas novas caras do cinema, que tem tudo para se manterem e construírem uma carreira interessante. Torcemos por isso!

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