sexta-feira, 26 de julho de 2013

Crítica: As Sessões (The Sessions, 2012)

Indicado ao Oscar 2013 na categoria Melhor Atriz Coadjuvante para Helen Hunt, "As Sessões" é uma comédia dramática independente, que conta com a direção e roteiro de Ben Lewin. Baseado em um dos casos descritos por Cheryl Cohen Greene, no livro "Minha Vida como Terapeuta do Sexo", a obra foca na delicada trajetória de Mark O'Brien, escritor e poeta, vitima de poliomielite, que sem os movimentos do corpo foi atrás de sua primeira relação sexual. Com atuações marcantes de John Hawkes e William H.Macy, se trata de um filme extremamente sensível e surpreendentemente ousado.

por Fernando Labanca

Mark O'Brien (John Hawkes) teve poliomielite aos seis anos de idade, a doença o deixou com o corpo paralisado com exceção da cabeça e sobrevive por um aparelho que ele mesmo chama de "pulmão de aço". Aos trinta e oito anos de idade e com sua mente totalmente lúcida, Mark dedica a sua vida em escrever e ao ser convidado para publicar um artigo sobre relações sexuais entre pessoas deficientes, percebe que precisava abrir as portas para aquilo que sempre negou por se achar incapacitado, o sexo. Religioso, ele vai atrás de um padre, Brendan (William H.Macy) e pede autorização para que entre em contato com uma terapeuta do sexo, uma mulher que possa ensiná-lo a como ter relações em um caso tão específico como o dele. É então que conhece Cheryl (Helen Hunt), que através de seis sessões passa a iniciá-lo ao sexo através de exercícios de consciência corporal.


"Deixe-me tocá-la com minhas palavras, pois minhas mãos quedam inertes como luvas vazias."

"As Sessões" é um filme corajoso. Em cada diálogo, cada cena, vejo uma coragem daqueles que o realizaram, pois se trata de um tema complicado, pouco explorado, e assim, vemos o nítido cuidado que tiveram com o roteiro, pois conseguiram trabalhar com uma trama tão complexa, tão difícil e transformá-lo em algo leve, agradável e acima de tudo, poético. Colocam em pauta o sexo entre deficientes, exploram uma realidade pouco vista de forma sensível e honesta. A relação sexual e conhecimento do próprio corpo surgem na tela de maneira natural, longe de ser obsceno, despem seus personagens de forma literal, não havendo glamourização do corpo e os colocando em situações que os façam ignorar qualquer tipo de consenso, os libertam de julgamentos e moralismos.

Mark O'Brien é daqueles típicos personagens fáceis de se gostar. É interessante a maneira como ele se comporta em cada momento da trama, ficamos analisando cada fala, cada pensamento e nos divertimos e nos emocionamos com ele, sua sinceridade é bela, inspiradora, a forma como encara as relações que mantém com os outros, sua honestidade transmitida naturalmente e mesmo com suas limitações e dificuldades ele transforma a vida em algo tão simples. Vejo beleza também na relação que ele tem com padre e essa amizade que surge aos poucos e principalmente sua relação com Cheryl, que é casada e tenta não se envolver com aqueles que conhece em sua vida profissional, mas quando se depara com Mark, todo o seu controle emocional se fragiliza. Qual seria o limite de uma relação sexual e um envolvimento amoroso? Só existe uma verdade ali, a sintonia entre os dois é real, as conversas entre eles durante as sessões é de uma sensibilidade extrema.

John Hawkes está simplesmente incrível, sem dúvida, uma das melhores atuações masculinas que presenciei este ano, a delicadeza com que ele compõe seu personagem, tão único, tão marcante. Helen Hunt chama a atenção por sua coragem em cena, sua nudez surge de forma crua, sem ser sensual, e por isso é tão belo o que ela faz, além de sua atuação que sempre surpreende, há verdade em cada olhar, cada palavra que ela diz. E William H.Macy, totalmente a vontade, contribuindo ainda mais para a qualidade do elenco.

"As Sessões" é um belíssimo filme que vale muito a pena ver e apreciar. Me surpreendi, esperava ver apenas um drama simpático...sim, ele também pode ser considerado um "drama simpático", mas é muito mais que isso, é uma obra ousada, corajosa, que desenvolve uma trama difícil, de forma leve, sensível, que emociona profundamente mesmo sem exageros. Honesto, inteligente e poético. Recomendo.

NOTA: 9



segunda-feira, 22 de julho de 2013

Crítica: O Homem de Aço (Man of Steel, 2013)

O "Superman" é um dos heróis mais clássicos dos quadrinhos, o personagem que fora criado na década de 30 pela DC Comics já teve cinco adaptações para cinema, incluindo a quadrilogia estrelada por Christopher Reeve nos anos 70 e 80 e a tentativa mal sucedida de Bryan Singer em 2006 com "Superman - O Retorno". Já foi alvo de piadas e questionamentos sobre sua história não ter muita lógica e ao longo dos anos foi caindo no esquecimento ou no desgosto popular. Eis que sob o comando de Zack Snyder, diretor do excelente "Watchman" e com produção e roteiro de Christopher Nolan, o gênio por trás da nova trilogia do Batman, surge um herói renovado, pronto para conquistar um novo público e também pronto para agradar aqueles que há anos esperam uma produção decente para o personagem. "O Homem de Aço" é, com certeza, o melhor blockbuster do ano, até agora.

por Fernando Labanca

Primeiramente, é sempre bom deixar claro, não sou a melhor pessoa para falar sobre o herói. Nunca gostei do "Superman" e desde sempre, pouco me interessei por seus filmes e pelas HQ's, ou seja, não poderei nem comentar da obra como adaptação ou compará-la a qualquer outro filme feito. O lado bom disso é que este, mais uma vez, voltou às origens do herói, é um novo começo.

Voltamos ao início. O planeta Krypton vive um verdadeiro caos, é neste cenário que Jor-El (Russell Crowe) e sua esposa Lara (Ayelet Zurer) resolvem salvar o filho deles, Kal-El, o enviando para a Terra e junto com ele, uma importante informação genética de seu povo, indo contra ao cruel General Zod (Michael Shannon), que promete encontrar o tal filho enviado. Na Terra, a criança encontra um lar, com o nome Clark Kent, ele é criado por seus novos pais (Diane Lane e Kevin Costner), porém, quando criança já percebe que é diferente dos demais e desde então vive com algumas questões que o perseguem, sobre quem ele é, de onde veio e o que o futuro lhe reserva. Adulto, interpretado por Henry Cavill, ele tenta se adaptar, se escondendo, é assim que conhece a jornalista Lois Lane (Amy Adams), que ao perceber que existe uma chance daquele homem ser de outro planeta começa a investigá-lo. Eis que Zod retorna, anos depois, pronto para reencontrá-lo e coloca a vida de toda a população em perigo, obrigando Clark a encarar sua realidade, se colocar a frente e se mostrar como o verdadeiro herói que é mas que sempre teve medo de se aceitar.


Zack Snyder renova a jornada deste herói em diversas formas e tudo o que é acrescentado aqui, faz um bem enorme para o personagem. Do figurino mais sutil e realista, de um herói mais bem desenvolvido, conseguindo contar sua infância, seus conflitos, seus dilemas de forma rápida, mas profunda. A introdução feita em Krypton é sensacional, bem didática até, mas muito bem realizada, aliás, tem uma arte conceitual muito parecida com a de Alien, ficção científica clássica de Ridley Scott. Há muito de Christopher Nolan em cena também, sua seriedade e seu realismo estão presentes, a trilha sonora, fantástica, diga-se de passagem, composta por Hans Zimmer acentua esta impressão. Há também uma forte referência religiosa, que pode não ser clara a todos, mas ela é bem nítida, o homem de trinta e três anos, vindo de um lugar que desconhece, cuidado por pais que não o conceberam, é especial e destinado a grandes feitos, a esperança de toda uma população.

O que me impressionou nesta obra foi seu roteiro, tão bem cuidado e muito bem desenvolvido, raridade quando se trata de filmes de heróis. Os filmes da Marvel, por exemplo, seja "Os Vingadores" ou as sequências de "O Homem de Ferro" pouco se importaram com a história e como ela seria transmitida. Bom saber que ainda existe espaço e pessoas que ainda se preocupam com o roteiro. A recente trilogia de Batman provou isso, "O Homem de Aço" veio também, com a intenção, de trazer um conteúdo, não só efeitos especiais. Interessante a maneira como colocaram a infância de Clark na trama, em rápidos flash backs, conseguindo mostrar como cada ação do passado refletiu em suas escolhas no futuro, construindo assim, um personagem forte, assombrado por tantos enigmas, vivendo sob o fardo de que ele "é a resposta de que os seres humanos não estão sozinhos no universo" e que qualquer caminho que escolhesse em sua vida, seria responsável por mudar o mundo. Belo também é seu envolvimento com os "pais adotivos", seu pai que se recusa a vê-lo se tornando um herói com medo da reação das pessoas, o protegendo, e sua mãe que o acolhe a cada instante. A mocinha também é muito mais do que só "a mocinha", tem um papel ali na trama, é importante. E finalmente um roteiro que se preocupa em construir um vilão decente, Zod é bem trabalhado no filme e se destaca principalmente pela forte atuação de Michal Shannon. 

"O Homem de Aço" é longo, muitos até acharão ele parado em alguns instantes. Não vejo como defeito, foi necessário, há espaço para uma trama melhor desenvolvida, sem pressa, tendo uma dose correta de drama e ação. Gosto do silêncio do filme em algumas sequências, são nelas que Zack Snyder se destaca como um excelente diretor. Vejo Snyder nos bons cortes, nas tomadas bem cuidadas, milimetricamente bem pensadas e na calmaria é quando o roteiro mostra seu valor, nos bons diálogos, que muitas vezes são capazes de emocionar. São nesses momentos também que a bela fotografia e a eficiente edição se destacam. A obra perde um pouco de sua identidade e personalidade nas cenas de ação, elas aparecem em grande escala, é tudo muito grandioso, é tudo muito bem feito, aliás, os efeitos especiais estão ótimos, mas cansa, em algumas cenas, é até difícil entender o que se passa na tela, com o exagero de informação que há. Entretanto, entendo que existe um público a procura da ação desenfreada, ou seja, provavelmente será bem recebido pelo público mais e menos exigente.


Henry Cavill se encaixa bem como "Superman", não há uma grande atuação, mas ele faz bem o papel do herói e não decepciona. Michael Shannon trás, mais uma vez, uma ótima interpretação, é sem dúvida, o destaque do filme. Amy Adams é sempre incrível, pena que não teve muito espaço para mostrar seu talento, apesar de nos revelar uma Lois Lane mais interessante que o usual. O restante do elenco, todos estão bons, Diane Lane, Kevin Costner, Laurence Fishburne e Russell Crowe.

"O Homem de Aço" se firma como um dos bons filmes de herói que já fizeram. Tudo muito bem pensado, bem trabalhado. Zack Snyder trás para as telas uma obra completa, com efeitos especiais para ninguém por defeito somado a uma história muito bem contada, bem planejada. Não sou fã de "Superman" e nem de filmes de heróis, mas este, definitivamente, me conquistou, isso porque depois de tantos blockbusters que surgiu este ano prometendo uma coisa que não foi, finalmente me deparo com um filme tão grandioso e tão fantástico quanto parecia ser. Recomendo. 


NOTA: 9



sexta-feira, 19 de julho de 2013

Crítica: A Vida é Dura - A História de Dewey Cox (Walk Hard - The Dewey Cox Story, 2007)

Existem muitos filmes biográficos, aqueles que focam na vida e na obra de algum artista, já é quase um gênero a parte. Pensando nisso, Judd Apatow, o nome da comédia nos últimos anos, ao lado de Jake Kasdan, resolveram satirizar este tipo de filme, contando desde a infância, passando por todos os clichês possíveis de um indivíduo até se tornar famoso, passando por seu fracasso até sua redenção. Foi assim que surgiu Dewey Cox e é sobre este homem, um célebre cantor de blues, que eles resolveram contar.

por Fernando Labanca

Antes de realizar um esperado show, o retorno de sua carreira, Dewey Cox (John C.Reilly) reserva um precioso tempo, tempo suficiente para ele pensar em toda sua vida e como ele chegou até ali. Se lembrou de sua infância, quando matou sem querer seu talentoso e amado irmão, foi quando conheceu o blues e descobriu como é colocar para fora as perdas da vida, foi neste momento também que prometeu a si mesmo, ser duas vezes melhor que ele. Foi embora de casa, casou com Edith (Kristen Wiig) com quem teve diversos filhos e mesmo ninguém acreditando em seu talento para a música, resolveu arriscar tudo gravando uma canção, que foi um sucesso e logo ganhou notoriedade. Conheceu a fama, conheceu também as drogas, época que acabou se envolvendo com Darlene (Jenna Fischer), uma das cantoras de seu backing vocal. E aos poucos, Dewey Cox vai perdendo o controle de toda a sua conquista, sempre se abalando por seu coração frágil, por medo de não ser tão bom quanto seu irmão.


"A Vida é Dura" conseguiu reunir os clichês mais clássicos de qualquer filme biográfico, e mesmo que não tínhamos reparado que eles existiam, passamos a perceber aqui e como algumas situações estão sempre presentes. Uma grande perda na infância, relacionamento difícil com os pais, o primeiro sucesso e aquela edição padrão com recortes de jornais indicando o crescimento da fama, os flashs de fotógrafos e fãs que fazem de tudo para estar perto, as primeiras apresentações, o primeiro contato com as drogas, o vício, o abandono de pessoas que ama para se dedicar a carreira, a traição, o sexo, o fracasso, a redenção. É estranho, mas parece haver uma sequência de atos para todas as pessoas que tem suas vidas levadas para o cinema, o que este filme faz, é justamente denunciar todos eles, fazer ridículo de tudo isso, exagerar, tornar o clichê em algo extremamente exagerado, bizarro. A graça desta obra vem justamente disso, em conseguir satirizar de forma tão completa, dar vida a um ser "imaginário" e lhe entregar uma jornada tão extraordinária, com começo, meio e fim, impossível de se acreditar, impossível ser levado a sério, mas facilmente envolvente. Dewey Cox, tão falso ou tão real quanto qualquer outro indivíduo que tenha sua vida retratada num filme biográfico.

Poderia ter sido só uma sátira, porém, os realizadores resolveram fazer mais. "A Vida é Dura" pode até não ser um filme tão fantástico, mas com certeza, pouquíssimas obras conseguiram ir tão longe mesmo se tratando de uma paródia, mesmo se tratando do gênero comédia, muitas vezes, tão limitado em seu formato. Aqui, tudo é muito grandioso, o que o torna um filme único, impossível de compará-lo a qualquer outro já feito. A maneira como guiam a vida de Dewey Cox, seja pela maravilhosa atuação de John C.Reilly, mas também pelo nítido esforço de toda a equipe, com um cuidado em representar cada época, através dos figurinos, maquiagem, as locações, e principalmente o cuidado com a criação das canções, que vão muito além de apenas uma satirizarão, elas representam cada momento da indústria fonográfica norte-americana, cada influência, cada referência, passando pelo blues, rock, folk, country, ele é quase como Bob Dylan e suas inúmeras fases, por mais que o roteiro se baseie, nitidamente, nos passos de Johnny Cash, revivido na obra "Johnny e June" em 2004. Ou seja, o que vemos é mais do que uma comédia, é um musical de grande qualidade, que nunca perde o humor, mas também nunca perde a intenção de se fazer o melhor. Uma raridade.

O elenco também surpreende, onde a cada nova cena, um rosto conhecido. Além de John C.Reilly que dá um belo show de interpretação, além de cantar muito bem. Vemos a adorável Jenna Fischer, da série "The Office" mandando bem na pele da sensual Darlene, além de outros nomes retirados do seriado como Ed Helms e Craig Robinson. Vemos ainda outros comediantes de peso, como Kristen Wiig, Paul Rudd, Jonah Hill, Jack Black, Justin Long, Jane Lynch, Jason Schwartzman, entre outros.Todos estão ótimos, mesmo que muitos tenham aparecido em pequenas participações, valendo ainda citar Jack White interpretando Elvis Presley, além de outras aparições surpresas, como Eddie Vedder. Só faltou Will Ferrell e Steve Carell pra completar. Percebe-se que "Walk Hard" foi a reunião de grandes nomes do humor, do cinema, da música, um grupo de amigos que se reuniu em prol de uma obra de qualidade, sem deixar, é claro, de ser um momento de grande descontração entre eles, uma longa e divertida piada no qual todos se envolveram e deram o seu melhor.

E mesmo sendo tão grandioso, "A Vida é Dura" é também uma obra despretensiosa, feita com um único intuito, divertir, mas sem ferir a inteligência de seu público, sem perder o bom senso, construindo um filme leve, que não fará ninguém dar longas gargalhadas, mas dificilmente receberá a indiferença, logo que provavelmente terão aqueles que o odiarão, é um humor diferente, bem ao estilo Judd Apatow. Não sairei recomendando para todos, é preciso apreciar este tipo de comédia para entrar nesta brincadeira. Tem lá sua falhas, acredito que por ser tão forçado e exagerado em determinadas situações acaba que afastando grande parte do público, ás vezes é difícil se envolver, justamente por ser tão distante da realidade, mas é complicado colocar isso como um erro, logo que era sua proposta desde o início. Vale e muito pelos atores e pelas ótimas canções, uma comédia rara e extremamente estilosa. 

NOTA: 8




quarta-feira, 17 de julho de 2013

Crítica: Universidade Monstros (Monsters University, 2013)

Grande sucesso da Pixar em 2001, "Monstros S.A", foi com certeza, um dos filmes mais criativos do estúdio e doze anos depois, eles lançam sua sequência. Uma continuação, digamos, desnecessária, logo que a trama havia se fechado por completo no primeiro, entretanto, o que de longe parece um recurso apelativo para ganhar dinheiro, já nos primeiros minutos e até seu final, "Universidade Monstros" prova a que veio e mostra, para minha surpresa, grandes motivos para ter sido feito.

por Fernando Labanca

Desta vez, conhecemos não o que ocorreu depois dos acontecimentos do primeiro, mas sim o que ocorreu antes, ou seja, como os monstros Mike e Sulley se tornaram amigos e mostrando que antes de tudo isso, eram grandes rivais na época da faculdade. 

Desde pequeno, Mike Wazowski sonhava em seu um grande assustador, entrar para a Monstros S.A e conseguir armazenar a maior quantidade de gritos de criancinhas. Para isso, assim que completa maior idade, entra para a MU, a Universidade Monstro. Estudioso e extremamente compenetrado em cada aula, ele acaba se deparando com James Sullivan, o metido a valentão, que se acha o maior assustador de todos, mesmo sem estudar. Com um extremo espírito competitivo,os dois acabam se desentendendo e isso os coloca fora do programa em que estavam na Universidade e para chamar a atenção de uma professora durona para colocá-los de volta no curso, eles decidem provar que são bons em assustar entrando para a competição anual de sustos, porém, por falta de opção, acabam trabalhando juntos, entrando numa equipe de "losers", um grupo de monstros desajustados que nunca conseguiram competir nos jogos.


Não, não é melhor que o primeiro filme. No entanto, "Universidade Monstros" se mostra muito mais interessante do que parecia, se firma como o melhor da Pixar desde "Toy Story 3" e surpreende ao revisitar uma ideia já criada, prontos para tirar o melhor proveito dela, mesmo que através de clichês, o roteiro não se utiliza do que foi bom no anterior, cria uma nova trama, insere novos personagens, e assim se mostra ousado, simplesmente por não apostar naquilo que um dia deu certo. Fazia tempo em que não via a Pixar assim e o resultado foi muito além do esperado, um estúdio renovado, criativo mais uma vez, entregando ao público uma história redonda, de fácil compreensão, mas sem deixar de agradar, de trazer novas ideias, divertindo com seus bons diálogos e personagens extremamente carismáticos e apostando, diferente do anterior, muito mais no drama, fazendo de Mike e Sullivan personagens ainda mais interessantes, com conflitos mais consistentes. Não é superior ao "Monstros S.A", mas ganha mérito justamente por não ficar tão atrás, sendo uma sequência bem-vinda, que não estraga o que foi bom, muito pelo contrário, só reforça aquela brilhante ideia do primeiro, que pode muito bem ser comparado com ele e só por isso já merece respeito. 

Se em "Monstros S.A", a dupla precisava lidar com um problema externo, a pequena Boo, vinda de "outro mundo", aqui eles precisam lidar com seus problemas internos, conhecer um pouco mais de si mesmos. É então que surge a beleza deste filme, a amizade entre os dois é desenvolvida aos poucos, de forma engraçada e sensível também, e mesmo na rivalidade, um acaba dependendo do outro. Mike que precisa de Sullivan para expor o monstro e a fúria que havia dentro de si, e Sulley que precisa de seu amigo para sentir de verdade toda a segurança que demonstra ter diante dos outros. E num mundo onde ser assustador é ser o melhor, eles também sentem medo, mesmo sendo monstros e é no outro que encontrarão a coragem e a força para sobreviver ali.

A técnica em animação cada vez mais primorosa, chamando a atenção em cada textura, cenário e iluminação, em níveis extremamente reais. A trilha sonora, mais uma vez, sob o comando de Randy Newman, com ótimas canções que empolgam durante todo o filme. "Universidade Monstros" é definitivamente um programa imperdível, com roteiro bem cuidado, que explora muito bem cada detalhe de uma faculdade, os estereótipos, os valentões, os losers, as fraternidades, competições, tudo o que tem direito, e inserindo neste mundo personagens interessantes que possivelmente agradarão a todos, como a desajeitada equipe de Mike e Sullivan, que são muito engraçados e garantem bem as piadas do longa. Pra mim, uma grata surpresa, gostei bastante e saí do cinema com um sorriso no rosto, feliz por enfim ver uma animação de qualidade, que não se preocupa apenas com a técnica, mas principalmente com seu conteúdo. Divertido, simpático, comovente e na medida certa para agradar! Ponto para a Pixar. Recomendo.

NOTA: 8,5


sexta-feira, 12 de julho de 2013

Crítica: Medianeras - Buenos Aires da Era do Amor Virtual (Medianeras, 2011)

Baseado no curta-metragem de mesmo nome, e tendo o mesmo diretor, Gustavo Taretto, "Medianeras" é um filme argentino e participou na Mostra Competitiva no Festival de Gramado em 2011, no qual venceu os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Filme Estrangeiro. O longa é um retrato moderno sobre como as pessoas se relacionam na era digital e como as tecnologias e até mesmo a arquitetura de uma grande cidade são responsáveis por nossa constante solidão.

por Fernando Labanca

Entre construções mal elaboradas de Buenos Aires vive Martin (Javier Drolas), um web designer que trabalha em casa e que fora abandonado pela namorada, tem fobia a tudo e por isso não sai de seu apartamento. Ele acredita que os males da sociedade estão diretamente vinculados à arquitetura da cidade, mal planejada, que cresce sem lógica, que nos separa e como consequência nasce esses indivíduos isolados, nasce a violência, a falta do desejo, a falta da comunicação, a depressão e até mesmo o suicídio. Sem saber, porém, no prédio ao lado, mora Mariana (Pilar López de Ayala), uma arquiteta, que após o término do curso não conseguiu engrenar na profissão, hojé é vitrinista e tem depressão, passa suas horas em frente seu Mac, assim como Martin. E esta mesma cidade que os separa, será também aquela que os une, e entre constantes desencontros, o irônico destino dos dois fará de tudo para colocá-los frente a frente. 


É quase que impossível ver "Medianeras" e não se sentir representado, pelo menos por algum diálogo, um personagem, um momento, algo que remeta rapidamente a nossa própria vida, é daqueles filmes que falam muito mais sobre nós do que gostaríamos de adimitir. Duas pessoas com coração partido, vivendo na triste rotina diante de um computador, onde a internet os possibilitou conhecer o universo e a cada dia a mais é como se esquecessem como é realmente a vida, trancafiados no apartamento, prisioneiros de uma cultura que o próprio filme denominou de "a cultura do inquilino", a cultura do desapego, do desafeto. Sozinhos. Sozinhos neste mundo tão repleto de gente, de opções, a solidão que surgiu como consequência de um mundo cada vez mais tecnológico, mais necessitado de ações rápidas e fáceis, a internet que nos conecta ao mundo e nos afasta da vida. Ver Martin e Mariana na tela é um reflexo nítido da nossa atual existência, denúnciam de forma realista (e poética) o triste modo como vivemos.

Duas pessoas assustadoramente normais, como eu, você, nosso vizinho. A trajetória desses dois personagens ganham nossa atenção e afeição facilmente, Martin que tem fobia a tudo, inclusive de contato humano, Mariana que tem uma grande dificuldade em se relacionar com outras pessoas e vive com a frustração de uma carreira fracassada, perdendo seu tempo que não é nada precioso, lendo as páginas de "Onde Está Wally?" e se frusta ainda mais por nunca conseguir encontrá-lo, que segundo ela, reflete em sua própria solidão, como irá encontrar alguém se não sabe onde e nem como? Os atores são ótimos, são apenas os dois que carregam o filme, trazem verdade a estes questionamentos e como é delicioso vê-los em cena, sofrendo com eles, é tão óbvio que foram feitos um para o outro e por isso ficamos vidrados no filme a espera do momento em que enfim se conheceriam, pouquíssimas obras de romance possuem este milagre, de fazer o público torcer, de não conseguir imaginar a vida daqueles personagens sozinhos, não querer acreditar que exista a possibilidade de que não fiquem juntos.

Medianera é, mais precisamente, aquele lado dos edifícios que não servem de nada, ocupado muitas vezes por propaganda, uma parede lisa, sem janelas. É interessante, então, quando os personagens decidem quebrar parte desta medianera, abrindo um buraco ilegal, mas que de certa forma, lhes devolve a luz que faltava em suas vidas, dando esperança à trama que até este momento era melancólica. "Medianeras" de Gustavo Taretto é um marco do cinema contemporâneo argentino, a prova do quão bom é o cinema deste país, capaz de tocar os corações mais insensíveis, numa história de amor tratada com bastante humor e delicadeza, um roteiro que trás grandes discussões numa trama realista e complexa, tuda na cidade de Buenos Aires, mas que poderia ser qualquer outra, contando a trajetória de Martin e Mariana que poderia ser a de qualquer um de nós. Sensível e sutilmente emocionante, extremamente simples e também extremamente inteligente. Recomendo. 

NOTA: 9 





terça-feira, 9 de julho de 2013

Crítica: O Grande Gatsby (The Great Gatsby, 2013)

Baseado na obra de F.Scott Fitzgerald, "O Grande Gatsby" é a quarta versão para os cinemas, dessa vez, dirigida pelo australiano Baz Luhrmann, de "Romeu + Julieta" e "Moulin Rouge", conhecido por seus exageros e suas formas caricatas. Aqui, ele insere todas essas suas peculiares características e nos entrega muito mais do que um remake ou uma adaptação, nos entrega um filme único, cheio de personalidade e com seu visual deslumbrante, marca, um dos filmes mais belos que passou pelo cinema este ano.

por Fernando Labanca

Nick Carraway (Tobey Maguire) é um aspirante escritor que vai parar em Nova York em busca de seu próprio sonho americano. É um período de grande prosperidade no país, onde as festas eram maiores e a moralidade já não era mais tão questionada, é assim que ele conhece Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio), seu vizinho que mora em uma belíssima mansão, palco das melhores festas, onde a cidade se encontra sem nem ao menos saber quem é o dono de tudo aquilo. Certo dia, Nick recebe um convite de Gatsby, e como já sentia um certo fascínio por ele, nasce assim uma grande amizade, é neste momento em que ele enfim compreende seus motivos, onde na verdade, o que este misterioso homem desejava era se encontrar com uma mulher, sua verdadeira paixão, Daisy Buchanan (Carey Mulligan), que por sua vez, era prima de Nick e casada com o milionário Tom (Joel Edgerton). E vivendo a margem destes acontecimentos, Nick Carraway vai tentar unir este casal, mesmo sabendo das consequências que aquilo traria para a vida de todos os envolvidos.


Quando Fitzgerald escreveu "O Grande Gatsby" não recebeu seu devido valor na época, foi depois de muitos anos que os norte-americanos começaram a vê-lo com um marco em sua literatura, e este reconhecimento o levou aos cinemas, sendo que até então a obra mais marcante havia sido o de 1964, dirigido por Jack Clayton e protagonizado por Robert Redford. É até compreensível o fascínio da sétima arte por esta obra, o mistério sobre quem é exatamente Jay Gatsby, o retrato amargo do sonho americano e um romance quase que shakespeariano, com direito a um final trágico e marcante. E longe daquele tradicional comportamento em transpor histórias de época para as telas, surge um renovado Baz Luhrmann, totalmente dedicado em fazer o que poucos filmes conseguiram este ano, ou o que quase nenhum de época teve a ousadia em fazer. Por isso, é difícil vê-lo como mais um sobre Gatsby ou como um remake, é um trabalho totalmente original, que foge e muito do que já conhecemos, Luhrmann inova, trás um visual deslumbrante em prol de um filme difícil de ser esquecido. Há, porém, muito de "Moulin Rouge" aqui, seja do protagonista derrotado ao inicio prestes a contar uma história trágica, seja dos movimentos das câmeras ou das referências estéticas das festas mostradas. Existe um exagero constante, quase que caricato, muitos apontarão como algo negativo, mas vejo de outra forma, vejo como uma obra de um diretor que foge a todo instante em nos trazer algo ordinário, "O Grande Gatsby" poderia, com sua história, ser só mais um filme de época, no entanto, ele é grandioso, ousado, diferente de tudo o que vi nos cinemas este ano.

"Você vai ficar aí só olhando, ou vai participar?", pergunta Tom Buchanan a Nick Carraway na primeira metade do filme. É assim que vive este personagem, o coadjuvante de sua própria jornada, que se vê em um constante dilema, sempre se sentindo dentro e fora dos acontecimentos de sua vida. É Nick, o único que sabe de toda a verdade por trás de todas as especulações, por trás de quem é Gatsby e de seu amor por Daisy, por trás das traições de Tom. É interessante a relação que ele tem com os demais personagens, sempre a margem de tudo ainda que seja o elo entre todos, a história precisava dele para prosseguir, mesmo ele estando por fora. 

E assim como Nick, nós, como público, vivenciamos tudo aquilo, sabemos o que há por trás de cada sentimento não revelado e sofremos por isso, entretanto, também desfrutamos de cada cena e graças a Baz Luhrmann que fez cada sequência parecer um sonho, as festas que são um deleite para os olhos e ouvidos e cada momento do filme que é tão belo que foi difícil se desapegar, acreditar que uma hora iria terminar, é tudo bom demais só para ver, dá mesmo é vontade de querer participar, vivenciar toda aquela beleza, beleza que só o cinema pode nos presentear, e que bom que Luhrmann compreendeu isso e explorou o máximo essa função da sétima arte. Os figurinos foram os grandes destaques, belíssimos e que dão a sensação de que foram projetados para cada ator, pois ficam perfeitos em cada um deles, os cenários, as locações, tudo bem pensado, bem colocado em cada cena, construindo um visual tão rico em detalhes, demonstrando um cuidado quase que perfeccionista do diretor e de toda a equipe. A trilha sonora também chama a atenção, por ser moderna, que espanta de início, mas logo demonstra ser mais uma ousadia do filme, composta por Jay.Z, a trilha ainda trás nomes como Florence + The Machine, Lana Del Rey, Jack White e Beyoncé.  

Por trás deste visual, há um elenco interessante, que fazem desta impressionante experiência valer muito mais a pena. Leonardo DiCaprio, por mais difícil que seja acreditar, surpreende, há muito tempo não o via interpretando este tipo de personagem, romântico, que faz de tudo por aquela que ama, é muito interessante o que ele faz de Gatsby, suas expressões, seus olhares, um jeito único, de maneira muito distinta de todas as suas outras atuações. Assim também é com a belíssima Carey Mulligan, que encanta cada cena, com sua voz firme e doce, que vai muito além de "só um rostinho bonito", ela está simplesmente impecável com Daisy Buchanan. Tobey Maguire não tem muito espaço para brilhar como o restante do elenco, mas não faz feio em cena, faz o que precisava ser feito e faz bem. Joel Edgerton tem a missão de trazer a tensão para a trama, e consegue e com muito êxito e chama a atenção com sua forte interpretação. Outra que se destaca é Isla Fisher, que surge em cena irreconhecível como Myrtle, e mesmo com uma participação menor, é simplesmente inacreditável seu talento e sua capacidade em se transformar em cada filme que faz.

"O Grande Gatsby" é um filme de época como nunca se viu igual, pretensioso, grandioso, inovador. E para minha felicidade, toda a qualidade técnica da obra não ofusca a beleza de sua história, um tipo de romance quase que esquecido, aquele puro, ingênuo, com diálogos bem pensados, que emocionam, que encantam pela simplicidade. E ao seu término, todo aquele furacão de sentimentos que a obra expõe se transforma em silêncio, pois apesar de toda sua energia e agilidade, trata-se uma trama trágica, triste, melancólica, o amargo sonho americano, onde toda aquelas cores e festividade nada mais eram que uma ironia a decadência, sobre o quão vazias eram aquelas pessoas, em busca de um sonho tão frágil que o dinheiro não conseguiu construir. Enfim, belo em todos os sentidos, em seu visual e em suas ideias, "O Grande Gatsby" é mais um marco na carreira de Luhrmann. Inovador, fascinante, encantador e emocionante. Recomendo. 

NOTA: 9






terça-feira, 2 de julho de 2013

Crítica: Além da Escuridão - Star Trek (Star Trek Into Darkness, 2013)


J.J. Abrams é o diretor do momento. Escalado para levar adiante a franquia de Star Wars, ele possui a grande qualidade de saber comandar um blockbuster. É um nome a se destacar do cinema de Hollywood, conseguindo trazer as telas filmes extremamente ágeis e muito bem elaborados, como foi o caso de "Super 8" (2011) e o primeiro "Star Trek" (2009), que agora ganha sua bem-vinda sequência. A saga que já teve inúmeros seriados e filmes, ganhou um novo fôlego com as mãos de Abrams, um filme empolgante e que tem tudo para agradar os fãs.

por Fernando Labanca

O longa se inicia com o Capitão Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto) em uma missão num planeta desconhecido, o plano falha e Spock quase morre, deixando Uhura (Zoe Saldana) inconformada devido a sua rápida aceitação diante da morte. Logo após, uma nova missão surge para os tripulantes da Entreprise, ir atrás de um misterioso homem, John Harrison (Benedict Cumberbatch), que tem realizado atos terroristas contra a Frota Estelar. E nesta busca, todos tentam descobrir as verdadeiras intenções de Khan, enquanto que Spock, com sua ausência de sentimentos e excesso de lógica, precisa lidar com a arrogância de seu companheiro, além de traçar sua própria jornada de auto descobertas.


Se na década de 60, com o lançamento da série original, o que existia era um grupo de tripulantes numa jornada pelo espaço em busca de lugares desconhecidos, onde tudo era focado na exploração do universo, hoje, com este reboot, e também devido a alta tecnologia, o que vemos na tela é uma guerra interminável, com batalhas, perseguições e explosões. Apesar de ainda haverem os personagens clássicos, como Kirk, Spock, Uhura, McCoy, Sulu, Chekov e Scotty, o que JJ.Abrams fez é muito mais do que apenas mais uma sequência, ele reconstrói a saga, dá um novo sentido, abandona a calmaria e coloca a Enterprise em perigos mais "reais", dando um novo fôlego, uma roupagem mais moderna, e se utilizando de antigas referências, consegue atingir desde o público mais fanático até os mais novos. E como já é tradição também, "Além da Escuridão" coloca a frente de seus conflitos, um vilão marcante, neste caso, Khan, interpretado pelo ótimo Benedict Cumberbatch (de "Desejo e Reparação" e "O Espião Que Sabia Demais"). No entanto, o que acaba mais chamando a atenção neste novo "Star Trek" e acredito que este seja seu maior trunfo, é a bela sintonia entre todo o elenco, agem como se realmente se conhecessem, há uma naturalidade nas cenas, o que acaba reforçando ainda mais aquilo que a trama se propõe, falar sobre união e amizade, apesar de clichê, os sentimentos (ou a ausência deles) transmitidos pelo elenco são tão convincentes que acreditamos nisso, acreditamos naquela convivência.

Por outro lado, não consigo deixar de ver o que houve de negativo nesta "versão mais moderna" de Star Trek. Para começar, achei o primeiro de 2009 bem mais interessante e infelizmente há uma diferença gritante entre os dois filmes. Enquanto que no primeiro, o bom roteiro valorizava os bons diálogos, o desenvolvimento e a evolução de cada personagem, dava espaço para a construção de uma história, ou seja, fazia pensar. Neste, o que vi, para minha total decepção, foi um amontoado de sequências de cegar qualquer um, explosões, batalhas que nunca terminam, ação do primeiro ao último minuto, não há espaço para nenhum diálogo decente, uma conversa que tenha alguma conclusão, a todo instante, um obstáculo surge e tudo é motivo para mais explosões. Quase não vi os personagens, quando estavam em cena, estavam correndo ou lutando. Em seu final, apelam para o emocional, inserindo uma "comovente" sequência, dando um contraste tão absurdo com o restante do filme, que ficou vazio, sem sentido. O vilão que prometia tanto pelo trailer, é fraco, nem mesmo a boa atuação de Cumberbatch conseguiu salvá-lo do fiasco. O que mais me espanta, é que precisaram de três pessoas para escrever esta brilhante história. Achei uma grande pena, desperdiçaram o potencial de ótimos atores e um diretor competente, entregando um filme na medida para o sucesso, mas a meu ver, desrespeita o que conhecemos por ficção científica, é um puro filme de aventura, que cega seu público com tantos efeitos especiais, tapando os buracos de seu frágil roteiro.

O elenco, assim como no primeiro, é de grande destaque, Chris Pine e Zachary Quinto mandam muito bem na pele de Kirk e Spock, não há dúvidas de que merecem estar ali, os dois são ótimos e graças a eles o filme se mantém num bom nível. Do restante, todos ótimos, mas muito apagados devido ao roteiro que não deu espaço para ninguém mais, nomes como Zoe Saldana, Karl Urban, Anton Yelchin, John Cho e Simon Pegg são alguns deles, além da perdida Alice Eve que não faz nada no filme além de ser bonita. Outro bom destaque da produção, claro, os efeitos especiais e sonoros, são extremamente bem feitos, como há muito não se via no cinema, JJ.Abrams mais uma vez provando seu talento neste tipo de filme, comandando com competência a ação. Vale citar também, a trilha sonora de Michael Giacchino dando o fôlego e a emoção que o longa precisava, além da belíssima direção de arte, seja de maquiagem, cenários e figurinos, tudo em perfeito estado. "Além da Escuridão", mesmo estando muito abaixo das minhas expectativas, não posso negar suas qualidades e não me surpreendo se agradar muita gente, é bem provável que agrade. Achei muito bem realizado como um todo, se sua proposta era divertir, entreter seu público com muita aventura, conseguiu e com muito êxito, porém, seu grande erro está justamente na base de tudo, seu roteiro, e não há efeito especial capaz de maquiar isso, com direito a um final sem clímax e nenhuma cena marcante que fique na memória. 

NOTA: 7



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