
por Fernando Labanca
Após a morte de seu filho adolescente, Sam (Billy Crudup) abandona a carreira de executivo e se vê cada vez mais perto do fundo do poço. Desmotivado, ele acaba encontrando forças quando recebe de sua ex-esposa (Felicity Huffman), uma caixa com objetos que pertenciam ao garoto. Ali, ele encontra letras de músicas e algumas gravações originais, descobrindo, então, um lado de seu filho que desconhecia, um talento jamais revelado. É então que Sam resolve subir ao palco e cantar essas canções como forma de superar sua perda, não demorando muito até que o jovem Quentin (Anton Yelchin) entre em seu caminho, fascinado por sua qualidade musical, ele se mostra disposto a montar uma banda com o desconhecido. Sucesso em um bar local, eles montam a "Rudderless", sem ninguém imaginar o que realmente motiva aquele estranho homem solitário a continuar cantando.
Existem dois filmes aqui. Aquele que assistimos sem saber a verdade sobre a trama e aquele que passamos a assistir depois que tudo é entregue. São duas formas completamente distintas de encará-lo e interpretá-lo e só pela obra oferecer isso já a torna digna de ser vista. É interessante como, aparentemente, não há mistério até o momento que ele é revelado e é neste instante quando o filme se torna realmente poderoso. É surpreendente, chocante e nos faz olhar com outros olhos tudo o que vimos até ali. Sempre me comove essas histórias entre pais e filhos e a maneira como isso é tratado no longa é de uma extrema sensibilidade, a distância, a perda e o fato da música ser a única forma de uní-los novamente é de um poder estrondoso, doce, delicado, mas ao mesmo tempo, impactante, cruel. E o roteiro compreende a força da história e justamente por isso, permite com que ela flua naturalmente, sem dramatizar demais, mesmo tendo um assunto extremamente delicado em mãos, o massacre em colégios, que já fora abordado em outras obras e retorna aqui, com uma nova perspectiva, uma nova maneira de encarar eventos trágicos como este. Outro grande acerto de seu texto, é nunca querer compreender seu protagonista e também não perde tempo o julgando, somente ele sabe de suas intenções e não cabe a nós saber como é estar dentro dele, dentro da confusão que é sua mente, porque jamais saberemos, jamais chegaremos perto de saber. Por outro lado, o filme termina e deixa uma estranha sensação de que poderia ter ido além, havia pano pra manga ali, havia mais detalhes a ser discutidos e situações e conflitos que poderiam ter sido mais aprofundados.

Digo que foi um grande começo para William H.Macy como diretor. É um trabalho sensível, bonito de acompanhar e ouvir e que prova a cada instante que precisava ter sido feito, logo que se trata daquele tipo de história que merece ser contada. Simples, no entanto, extremamente profundo e tocante, que nos insere perfeitamente em sua trama, com toda sua good vibe e termina nos dando um lindo soco na cara. Confesso que não esquecerei tão cedo a última cena com o pai, a canção que ele canta, as palavras que ele diz e principalmente, não esquecerei de seu olhar. Aquele olhar de Billy Crudup me destruiu. A dor e o vazio deixados pela ausência daquilo que realmente o motivava. Brilhante. Recomendo.
NOTA: 8,5
País de origem: EUA
Duração: 105 minutos
Distribuidor: Paramount
Diretor: William H.Macy
Roteiro: William H.Macy
Elenco: Billy Crudup, Anton Yelchin, Felicity Huffman, Laurence Fishburne, Selena Gomez, William H.Macy
Ótima crítica, realmente o filme é poderoso e você disse tudo o que pensei ao terminar de assistir o filme.
ResponderExcluirQue bom que gostou da crítica, Vanessa! Senti muita coisa no final, mas acho que consegui me expressar e que bom que concordamos!
ExcluirObrigado pelo comentário
Olha, gosto de dramas, daqueles que me fazem pensar mais na vida, gosto de pontos de vistas diferentes, e consegui tudo nesse filme, já assisti uma 5 vezes, sem cansar, quando me perguntam de filmes para assistir, sempre falo desse. Caramba que drama, tudo o que o pai senti, ele simplesmente sai do mundo perfeito dele onde ele obtêm sucesso atras de sucesso e se depara com o que ele mesmo diz como uma " falha ", uau, e mesmo assim você só entende disso no final do filme, todos os ângulos e parâmetros que você cria até então sobre o filme invertem as posições. Esta ai um filme que me deixou de queixo caído, acredito que o final foi muito bem explicado, e que sim dava para ter aproveitado mais no filme, porém, o filme em si cria um mistério e nos deixa com a sensação de superação deste pai, que nos quebra em mil pedaços. Muito bom esse filme até baixei as músicas que também são ótimas. nota 10.
ResponderExcluir105 minutos é pouco tempo para explorar tudo que a trama proporciona. Algumas situações poderiam ser mais exploradas, porem em tudo o filme é excelente
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