quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Oscar 2012 - Os Vencedores


por Fernando Labanca

Aconteceu neste último domingo, dia 26 de fevereiro, a grande premiação do cinema, o Oscar. Foi, literalmente, uma noite marcada pela nostalgia, pelo antigo, pela tradição. Seja pela retomada de um conservadorismo maior, prezado durante anos, sem inovações e sem muitas enrolações, seja pelos principais premiados, ambos os projetos, homenageiam o cinema. "A Invenção de Hugo Cabret" com 5 premiações técnicas e podemos dizer, o grande vencedor da noite, "O Artista", também com 5 estatuetas, porém, as mais importantes, Filme, Diretor para Michel Hazanavicius, Ator para Jean Dujardin, Trilha Sonora e Figurino. 

Os prêmios foram bem justos, no geral. Ainda vejo o filme de Terrence Malick, "A Árvore da Vida" como ao melhor dentre os indicados. Entretanto, a obra parece grande demais para o Oscar, era óbvio que não ganharia, acredito que "O Artista", estando mais nos padrões da Academia e por ser o melhor dentre os favoritos "Hugo Cabret" e o fraco "Os Descendentes", mereceu levar o de Melhor Filme. Foi justo.


Erros. Acredito que os injustiçados da noite tenha sido em apenas três categorias. Efeitos Especiais, que premiou "A Invenção de Hugo Cabret", sendo que na mesma categoria havia nomes como "Harry Potter e as Relíquias da Morte-Parte 2" e "O Planeta dos Macacos - A Origem", que definitivamente mereciam mais o prêmio. E a estatueta para Fotografia, também entregue para "Hugo Cabret", que possui sim um belo trabalho, mas o que dizer de "A Árvore da Vida"? O uso da fotografia neste filme é de um nível extremamente superior, as cenas são fantásticas, tão belas que não justificam sua derrota. Mas favorito é favorito. Além de "Os Descendentes" vencendo como Melhor Roteiro Adaptado, lamentável, os outros concorrentes era bem melhores neste quesito, como "Hugo" e "Tudo Pelo Poder".

Melhores Momentos. Entre os melhores momentos da noite, citaria a premiação de Octavia Spencer como Melhor Atriz Coadjuvante, foi belíssimo ver sua emoção, mais belo ainda foi ver toda a platéia a aplaudindo de pé. Ver Meryl Streep surpresa também rendeu um ótimo momento a noite, a veterana que já possuí 2 Oscars, venceu seu terceiro e parecia não acreditar e ainda dizia que ouvia metade dos norte-americanos reclamando por sua vitória. Ela mereceu. Christopher Plummer e o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, sendo o mais velho ator a vencer o prêmio. Teve ainda uma incrível performance do Cirque du Soleil com composição de Danny Elfman, suprindo a falta das Canções Originais que pela primeira vez não foram apresentadas ao vivo.



Vamos aos vencedores...

MELHOR FILME
O Artista

MELHOR DIRETOR
Michel Hazanavicius (O Artista)

MELHOR ATRIZ
Meryl Streep (A Dama de Ferro)

MELHOR ATOR
Jean Dujardin (O Artista)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Octavia Spencer (Histórias Cruzadas)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Christopher Plummer (Toda Forma de Amor)

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
A Separação (Irã)

MELHOR ANIMAÇÃO
Rango (Gore Verbinski)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Meia Noite em Paris

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Os Descendentes

MELHOR TRILHA SONORA
Ludovic Bource (O Artista)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Man or Muppet (Os Muppets)

MELHOR FOTOGRAFIA
A Invenção de Hugo Cabret

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
A Invenção de Hugo Cabret

MELHOR MAQUIAGEM
A Dama de Ferro

MELHOR FIGURINO
O Artista

MELHOR EFEITOS ESPECIAIS
A Invenção de Hugo Cabret

MELHOR EDIÇÃO DE SOM
A Invenção de Hugo Cabret

MELHOR MIXAGEM DE SOM
A Invenção de Hugo Cabret

MELHOR EDIÇÃO
Millennium- Os Homens Que Não Amavam as Mulheres

MELHOR CURTA-METRAGEM
The Shore

MELHOR DOCUMENTÁRIO
Undefeated

MELHOR DOCUMENTÁRIO (curta-metragem)
Saving Face

MELHOR ANIMAÇÃO (curta-metragem)
The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Crítica: O Artista (The Artist, 2011)

Lançado no último Festival de Cannes no qual venceu o prêmio de Melhor Ator para Jean Dujardin, "O Artista" recupera características do cinema antigo para fazer uma deliciosa e divertida homenagem à sétima arte, mudo e em preto e branco, o filme virou sensação em Hollywood, mesmo que poucos acreditassem que em pleno século XXI ainda haveria público para um projeto como este. Vencedor de prêmios importantes como Melhor Filme-Comédia ou Musical no Globo de Ouro 2011, Filme e Diretor no último BAFTA, César e Independent Spirit Awards, e ainda é o favorito ao Oscar. Além de algumas outras premiações pelas partes técnicas e pelas grandes atuações de Jean Dujardin e Bérénice Bejo.

por Fernando Labanca

Dirigido por Marcus Hazanavicius e indicado à 10 Oscars, "O Artista" nos mostra uma história ocorrida nos bastidores de Hollywood entre os anos de 1927 e 1932, transição do cinema mudo para o cinema falado. É neste cenário que conhecemos George Valentin (Juan Dujardin), um ator querido por todos, famoso e desejado pelas mulheres, fazia cinema mudo como ninguém. Certo dia conhece uma linda mulher, Peppy Miller (Bérénice Bejo), que sonhava em ser atriz e com a ajuda de Valentin, consegue. É então que surge uma novidade, o som, os atores poderiam se expressar através de suas vozes e Peppy passa ser a nova sensação deste cinema falado, enquanto que seu amigo, George vai perdendo cada vez mais espaço e por não conseguir se adaptar se joga numa depressão profunda. A decadência versus a ascensão.

"O Artista" de Hazanavicius merece todo o respeito e admiração, o que vemos na tela é simplesmente genial. Temos a oportunidade, em pleno ano de 2012 de entrar numa sala de cinema e sentir como se voltássemos no tempo, ter a sensação de como era ir no cinema naquela época. E a brincadeira funciona, justamente pelo fato do diretor ter conseguido reunir todas as características fundamentais do cinema antigo numa trama original, com a fotografia em preto e branco, formato quadrado, trilha sonora constante, entregando grande parte das emoções ao público, neste quesito, as composições de Ludovic Bource, que venceu o Globo de Ouro e o BAFTA, cumpre perfeitamente sua função e são ótimas. Ainda vemos as atuações exageradas para suprir a falta do som, as expressões e os trejeitos forçados e para isso Hazanavicius conta com um excelente elenco. O longa ganha força ao encontrar diversas outras formas de se expressar, de passar uma idéia, sem a necessidade da fala. E tudo o que era necessário para o público conseguir acreditar estar diante de um filme daquela época estão em cena e com grande qualidade.


A história do ator em declínio e a mocinha em ascensão não é tão novidade assim, mas o filme ainda consegue nos proporcionar tendo como base essa pequena premissa momentos de grande genialidade. Já na primeira cena vemos George Valentin dentre de um outro filme (metafilmagens não faltarão) gritando, desesperado: "Não falarei uma só palavra" e este era seu ideal ao decorrer da história, não se renderia ao que o cinema precisava, mas sim aquilo que o faria feliz. É interessante como o longa consegue nos convencer de que o som é estranho, naqueles instantes, o som passa a ser novidade para gente, como quando o ator começa a ter sensações terríveis e passa a ouvir as coisas ao seu redor. Não poderia deixar de citar a tal cena do sapateado, onde os atores tiverem que treinar por cinco meses, que foi uma das coisas mais adoráveis que vi no cinema este ano, quando nos apresenta um outro gênero, o musical, ficou realmente incrível, fora gravada no mesmo estúdio do clássico "Cantando na Chuva", filme, aliás, que serviu de grandes inspirações.

Um dos grandes pontos positivos de "O Artista" são as atuações. Destaque para os dois protagonistas, indicados ao Oscar por suas interpretações, Jean Dujardin e Bérénice Bejo. Jean é divertidíssimo, esbanja um carisma como há muito não se via numa performance masculina, além de dançar incrivelmente bem, o ator surpreende por sua grande atuação, realiza momentos memoráveis até mesmo nas cenas mais dramáticas, merece vencer o Oscar este ano. Para azar de Bérénice que este ano tivemos ótimas atrizes coadjuvantes que provavelmente levarão o prêmio, mas isso não tira seu brilho, seu talento está ali, comprovado, a atriz se entrega de uma forma deliciosa, leve, consegue divertir e nos emocionar, é bastante expressiva e extremamente carismática. Dentre os coadjuvantes, outros atores expressivos que divertem e convencem em cena como John Goodman e Missy Pyle, além do cachorro que mandou muito bem em diversas sequências. 

"O Artista" perde um pouco o ritmo ao dramatizar a situação de George Valentin, seus momentos de depressão o faz cair na mesmice, provando que o forte do filme foram os momentos cômicos, mas para minha felicidade, ele se recupera na parte final e termina de forma brilhante. Vale pela experiência, ver um filme mudo em preto e branco e ainda se deparar com algo novo, algo que emociona e diverte em grande estilo, que me fez ficar com um sorriso no rosto toda sua duração. Vale por estes dois grandes atores, Jean Dujardin e Bérénice Bejo, que juntos realizam cenas que ficarão na mente. O filme acaba e fica um gosto de "quero mais". Se este está entre os favoritos ao Oscar, declaro aqui minha grande torcida por ele, o único favorito que realmente merece este prêmio. 


NOTA: 9


sábado, 25 de fevereiro de 2012

Crítica: A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, 2012)

Um dos favoritos ao Oscar 2012, sendo o filme mais indicado do ano, com 11 nomeações ao todo. "A Invenção de Hugo Cabret" é baseado no livro de Brian Selznick e marca o retorno do veterano Martin Scorsese atrás das câmeras, que já guarda em sua prateleira o Globo de Ouro 2012 de Melhor Diretor. O longa registra um grande momento na carreira do diretor, que depois de tantos anos marcado com seus filmes violentos sobre máfia e gangsters, ele, na tentativa de provar a seu público que é capaz de fazer outras coisas e também como forma de realizar uma obra que sua pequena filha pudesse assistir, Scorsese se jogou na fantasia e se permitiu renovar, num filme que nada mais é que uma grande homenagem ao cinema. 

por Fernando Labanca

Somos levados ao século XX, numa estação ferroviária em Paris, década de 30. É lá onde mora Hugo Cabret (Asa Butterfield). Hugo perdeu seu pai (Jude Law) e passou a morar e a trabalhar com seu tio (Ray Winstone) como funcionário da estação, na manutenção dos relógios, mas logo fora abandonado por ele. A única lembrança que guardava de seu pai era um "autômato" velho, que durante um tempo tentaram, juntos, consertá-lo. Agora, sozinho, Hugo acredita que o robô pode trazer uma mensagem de seu falecido pai, é então que o caderno de anotações para o conserto vai parar nas mãos de George (Ben Kingsley), um triste senhor que trabalha numa loja de brinquedos, nisso, o jovem garoto acaba conhecendo sua sobrinha, Isabelle (Chloe Moretz), uma jovem que adora aventuras e passa a ajudar Hugo em sua missão. Até que Hugo Cabret vê no pescoço de sua amiga um colar com uma chave em formato de coração, exatamente aquela que faria seu autômato funcionar. E para a surpresa dos dois, a mensagem deixada pelo robô é uma misteriosa relação entre o pai do garoto, George e a história do cinema.

O George em questão é George Méliès. Considerado um dos precursores do cinema. De mágico e ilusionista, ele utilizou da fotografia e de seus experimentos para realizar sequências de imagens, o primeiro a ter um estúdio, o primeiro a utilizar "efeitos especiais", o primeiro que viu e compreendeu a magia do cinema. Ele morreu pobre e não reconhecido por seu trabalho. A premissa de "Hugo Cabret" é criar este mundo paralelo, onde Méliès, dado como morto na Primeira Guerra Mundial, na verdade trabalha como dono de uma loja na estação de Paris. Essa mesma premissa permite que nós, como público, vejamos uma das mais belas e sinceras homenagens ao cinema, na verdade, nunca havia visto nada como esta homenagem. Com direito a cenas originais de filmes antigos, como o clássico de Méliès, "Viagem à Lua" de 1902, entre outras. Scorsese vai fundo e ainda recria o estúdio do ilusionista, nos mostrando alguns truques de filmagens da época, tudo de forma mágica, sensível, que a todo tempo parece querer provar o porquê de ser conhecida como sétima arte. Martin Scorsese realiza uma grande homenagem, merece reconhecimento por isso e ainda por cima faz o que talvez poucos norte-americanos consigam, reconhecer que algo grandioso tenha sido criado em outro país, no caso, na França.


Por trás da bela homenagem, porém, o roteiro, assinado por John Logan, trás algumas falhas. As inúmeras tramas do filme parecem perdidas na história, sejam as dos coadjuvantes, como as tramas do guarda (Sacha Baron Cohen) e a florista (Emily Mortimer) ou os senhores dos cachorros, onde em nenhum momento o roteiro se esforça para criar um link com o restante do filme ou um verdadeiro motivo para estarem ali, além de preencherem tempo. Até mesmo a trama principal por vezes parece não muito sólida, parece forçado a história do pai morto, que relaciona com um autômato, e depois já estamos falando da história do cinema, como se não houvesse muita ligação entre uma coisa e outra e no final do filme já esquecemos como tudo começou pois nada pereceu ser muito coerente. Pecou também em seu desenvolvimento, onde mesmo com falta de ritmo em muitas passagens, tudo ocorre de forma muito rápida, em um só dia, Isabelle e Hugo se conhecem, se tornam amigos, ele encontra o colar, descobrem o segredo, enfim, quando o dia acaba e as personagens nos revelam que tudo fora um dia, ficamos surpresos. Mas acredito que a grande falha do filme tenha sido o fato de nunca alcançar seu ápice, a fantasia nunca parece tão mágica e tão encantadora, a aventura nunca empolga de verdade, nada que acontece consegue surpreender muito, faltou intensidade nas emoções, faltou atitude, não causa empatia, não sofremos pelas personagens, não nos emocionamos, e tudo no fim parece tão pequeno, os mistérios, os segredos. Dá uma triste sensação de "foi só isso?"

"A Invenção de Hugo Cabret" tem a incrível trilha sonora de Howard Shore, também indicada ao Oscar, merecidamente, as composições são de fato fantásticas. O filme ainda conta com a bela fotografia e um belíssimo figurino de Sandy Powell. Os efeitos especiais são de extrema qualidade, assim como o uso da tecnologia 3D, talvez o melhor desde "Avatar", a profundidade das cenas é nítida e faz diferença, Scorsese usando e ousando nos efeitos para o bem de sua obra.

Dentre os atores, todos ótimos. Desde os protagonistas mirins Asa Butterfield e Chloe Moretz aos veteranos Ben Kingsley, impecável e Helen McCrory. Sacha Baron Cohen trazendo humor, mas de forma mais limitada, ainda temos a sempre doce Emily Mortimer, que apesar de inútil na trama é sempre bom vê-la. Christopher Lee também está lá, numa personagem incógnita, mas correto. Além de participações de Jude Law e de Ray Winstone.

Um filme belo, que funciona perfeitamente como homenagem à história do cinema, que nos faz voltar ao tempo e nos relembra o porquê desta arte ser tão mágica e assim como Hugo fora ensinado por seu pai, o cinema é aquele lugar onde os homens podem sonhar ao meio do dia. Entretanto, por trás da homenagem existem as falhas de um roteiro bem intencionado, mas de idéias pequenas, limitado, onde há vários elementos em cena e em nenhum momento se esforça para uní-los, com direito a subtramas desnecessárias e personagens descartáveis. Foi vendido como filme de aventura, não é. Foi vendido como filme para a família, não é. As crianças provavelmente detestarão, pelo menos foi o que ocorreu enquanto estava na sala do cinema e dei razão a elas. Não teria gostado se fosse criança. O que então, não justifica os momentos infantilizados. É um filme para adultos, mais especificamente aqueles que admiram o cinema. É para poucos. Quem não se interessa pela história da sétima arte dificilmente encontrará outro motivo para querer chegar a seu fim. É inteligente, bem realizado, mas acredito que não tenha alcançado muito bem sua proposta. 

NOTA: 7,5


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Crítica: Os Descendentes (The Descendants, 2012)

Vencedor do prêmio de Melhor Filme - Drama e Melhor Ator (George Clooney) no último Globo de Ouro, vencendo também, neste último domingo, o prêmio do Sindicato dos Roteiristas, como Melhor Roteiro Adaptado, o novo filme do conceituado Alexander Payne é um dos favoritos ao Oscar 2012. Tendo o Havaí como cenário, o longa mostra com delicadeza a relação de uma família e a dificuldade de enfrentar a morte de alguém que se ama. Com características indies, o filme inova em absolutamente nada, sendo assim, um dos mais fracos a ter sido indicado ao Oscar este ano.

por Fernando Labanca

George Clooney interpreta Matt King, mora numa ilha no Havaí, é um pai e marido ausente que só pensa no trabalho. Até que recebe a notícia de que sua esposa sofreu um acidente de barco e está em coma, respirando por máquinas, mas que infelizmente não haveria salvação, estava a caminho certo da morte. É então que ele vai atrás de suas filhas, a pequena Scottie (Amara Miller) e Alexandra (Shailene Woodley), a mais velha, que estudava fora e passa a acompanhar o pai numa missão nada confortável, visitar todos os parentes e revelar a difícil situação de sua mãe, para que todos pudessem se despedir. E nessa jornada, Matt precisa a reaprender a ser pai, mas tudo piora, quando Alexandra revela que sua mãe o estava traindo. Enquanto avisava os parentes, ele, então, passa a pesquisar sobre quem era este amante, além de ter que lidar com uma outra grande responsabilidade, vender ou não um grande terreno da família. 


Consagrado por filmes como "As Confissões de Schimdt" e "Sideways- Entre Uma e Outras", Alexander Payne realiza seu trabalho mais fraco com "Os Descendentes". Baseado no livro de Kaui Hart Hemmings, o filme vem recebendo várias premiações por seu roteiro e fiquei me perguntando o porquê. Não há nada que apareça neste filme que já não tenha aparecido em outro e de forma mais interessante, o roteiro abusa de clichês, não inova. A velha história do pai ausente, e o pior que em nenhum momento isso é provado, só que vimos é um pai que faz de tudo por suas filhas, mas é muito mais bonito falar que ele era ausente para o público se emocionar, mas não funciona, não há como nos comover ao ver a aproximação desta família se nunca sentimos o quanto o afastamento os afetava. A história da revelação de uma traição após a morte também não é nova, e aqui acontece de forma fria e a busca de Matt por descobrir quem é o amante gera momentos de humor forçado. Também temos a antiga história daquele homem que precisa decidir se vende as terras da família mas a consciência pesa ao perceber que aquilo era uma grande herança. Não preciso revelar qual foi a decisão dele ao final do filme. Todo o roteiro é extremamente previsível, nada que surge na tela nos surpreende e nada justifica a sua realização. 

"Os Descendentes" é uma obra sutil, simples, sem nenhum grande momento, nada que fique na memória após seu término. E ao utilizar de fórmulas já muito usadas no cinema se torna uma obra ainda mais dispensável. Além dos já citados clichês, o filme ainda utiliza meios um tanto quanto patéticos para arrancar risos de seu público, como a inserção de um tal de Sid (Nick Krause) na história, melhor amigo de Alexandra que acompanha a família em sua jornada, o problema que ele é aquele jovem padrão de filmes para adolescentes norte-americanos, forte e bobão, colocando em risco a maturidade com que a obra "pretende" passar. Algumas atitudes de Matt beiram ao ridículo como a corridinha que ele faz para investigar sobre o caso de sua esposa com outro homem, mais uma vez, forçando o humor, ou como quando ele se esconde atrás de arbustos para este tal amante não vê-lo, de forma infantil, que me fez questionar qual era a real intenção desses roteiristas. O filme parece ser maduro, mas nunca alcança um nível aceitável de maturidade, parece querer ser indie, mas a base de um filme desses, é ser original, e em nenhum momento este é. Também não diverte como pretende, muito menos emociona como pretende. Um filme que literalmente morre na praia.

Como roteiro, o longa decepciona, a direção de Alexander Payne não inova em nada também, não fazendo sentido sua indicação ao Oscar. Outra nomeação que me pareceu um pouco injusta foi a categoria Melhor Ator para George Clooney. E assim como todo filme que ele faz o vendem como "a melhor atuação de sua carreira", mas não, não é. Fez trabalho infinitamente superior em "Amor Sem Escalas" de 2009, aqui, o ator faz um pouco de si mesmo com um pouco de alguns outros papéis que já interpretou, por vezes, realiza cenas lamentáveis como a já citada "corridinha com chinelos", é péssimo quando tenta forçar humor. Por outro lado, há boas cenas como quando ele se despede de sua esposa, um dos melhores momentos do filme. Do restante do elenco, nomes como Judy Greer e Matthew Lillard, todos corretos, mas quem realmente se destaca é a jovem Shailene Woodley, que faz um trabalho notável, realizando algumas das melhores cenas.

Há um pouco de Cameron Crowe em algumas sequências, como as cenas de família, as conversas paralelas ou quando Matt observava os quadros nas paredes enquanto histórias dos ancestrais eram contadas (todas inúteis e insistentes, aliás), remetendo "Vanilla Sky" e "Elizabethtown", mas de forma menos interessante. É isso o que Alexander Payne faz, reutiliza fórmulas e realiza uma obra vazia e sem nenhuma criatividade, num roteiro mal desenvolvido e de pouca profundidade, até mesmo a narração em off está lá, a personagem principal narrando a própria vida, impedindo o público de fazer suas próprias conclusões. Por fim, "Os Descendentes" acaba valendo a pena por algumas cenas, pelas boas locações que criam um clima bem único para o filme auxiliado pela trilha sonora havaiana e pela boas e sinceras atuações e Shailene Woodley, acredito que tenha sido a melhor coisa do filme. Se tivesse sido lançado no meio do ano, não há dúvidas de que teria sido ignorado pelas premiações, provando estar entre os indicados só para realmente preencher a cota de filmes indie do ano, mas infelizmente esteve longe de alcançar o primor de obras deste "sub-gênero", como inclusive "Sideways" do próprio Alexander. Vale a pena arriscar, mas não crie muitas expectativas.


NOTA: 5


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Especial 300ª Postagem - O Poderoso Chefão


Comemorando a 300ª postagem aqui no Cinemateca, nada mais conveniente do que fazer um especial. Já fizemos um sobre o Batman de Christopher Nolan e também um especial sobre o roteirista Charlie Kaufman, a cada cem novas postagens. A obra escolhida da vez foi a trilogia de Francis Ford Coppola, "O Poderoso Chefão", filmes que se tornaram clássicos e até hoje são vistos como grande referência. Tive a oportunidade de vê-los recentemente, e tentarei colocar em palavras o que vi e senti desses filmes.

por Fernando Labanca

Os três filmes foram dirigidos por Francis Ford Coppola. O primeiro, grande sucesso do cinema, teve sua estréia no ano de 1972 e fora baseada na obra de Mario Puzo, publicada três anos antes, considerado o primeiro romance a introduzir a realidade da máfia. O filme teve duas sequências, "O Poderoso Chefão: Parte II" de 1974 e "O Poderoso Chefão: Parte III" de 1990. Contou com atuações de Al Pacino, Diane Keaton e Talia Shire, que permaneceram nas três partes, além de contar com algumas participações importantes como Robert De Niro, Andy Garcia, Robert Duvall e a antológica interpretação de Marlon Brando, eternamente conhecido por seu Don Vito Corleone.


O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972)

Primeiro filme. Primeira impressão. Coppola realiza um filme único, grandioso, que merece ser chamado de "obra-prima", seja pela bela adaptação, seja pela grande direção do cineasta veterano, da idéia que é muito bem mostrada, ou até mesmo pelas grandes atuações. Venceu três Oscars, Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator, merecidamente para Marlon Brando.

O filme começa com uma das mais belas cenas da trilogia e talvez a mais importante de todas. O casamento de Connie (Talia Shire), filha de Don Vito Corleone, conhecido como "padrinho" entre as grandes e poderosas famílias italianas que moravam nos Estados Unidos. De origem siliciana, Don, conta sempre com o apoio de sua família, sua adorável esposa e seus filhos, Sonny (James Caan), o filho adotivo Tom Hagen (Robert Duvall) que eram os herdeiros deste "poder" e Michael (Al Pacino) que não se envolvia nos negócios do pai, vivia tranquilamente ao lado de sua namorada Kay (Diane Keaton), além de Fredo (John Cazale), que não possuia nenhum talento. O padrinho ouvia pedidos de homens que vinham de todos os cantos, e sempre que podia ajudava, mostrando sempre ser um homem cauteloso, sério e de grande influência entre todos.

Até que os Corleones negam o pedido de outra família, os Tattaglia, o que eles não esperavam é que assim, deram início a uma guerra entre os mafiosos. Don Vito é baleado ao caminhar pela rua, ficando extremamente ferido, deixando seus filhos Sonny e Tom no comando. Entretanto, Michael que sempre se manteve distante, compreende a seriedade do problema e passa a se envolver nos negócios, protegendo seu pai e se mostrando cada vez mais apto a ser o novo "poderoso chefão", indo contra a pessoa que mais amava, Kay e indo contra suas antigas convicções.


Sem sombra de dúvida, o melhor dentre os três filmes. "O Poderoso Chefão" é um marco no cinema e a cada cena que vemos, o longa vai deixando isso bem claro, nos esclarecendo os motivos por hoje ser visto como "obra-prima". O roteiro é ótimo, tem a assinatura de Coppola também, além de Mario Puzo, consegue nos provar em alguns diálogos a importância da família Corleone, item importantíssimo para a compreensão dos acontecimentos seguintes. O desenvolver das personagens é incrível, é admirável como Michael Corleone vai crescendo na trama, passando por um processo, sempre de forma gradual e verossímil. É interessante como o roteiro respeita cada personagem em cena, onde cada um tem suas características, seus idealismos, do tímido Tom Hagen ao explosivo Sonny. Sem contar no grande destaque do filme, as aparições marcantes de Marlon Brando como Don Vito, faltam palavras para descrever a grandiosidade daquelas cenas, tão perfeitas, tão bem cuidadas.


Há um clima tão único nesta obra, Francis Ford consegue nos passar a idéia perfeitamente, de como é o cotidiano dessas famílias mafiosas, sem contar a maneira realista com que trata esse cotidiano, nos mostrando a cultura dessas pessoas, desde os figurinos, a música sempre constante, as festas. Nos insere dentro da trama facilmente, acreditamos naquele universo. A trilha sonora de Nino rota é um outro marco da obra, conseguindo ajudar com eficiência a construção das cenas. Cenas, aliás, tão bem construídas que chegam a ser memoráveis.

Entre as atuações, o grande destaque, obviamente, Marlon Brando. Dá até um arrepio quando ele entra frente à câmera. Seus trejeitos, seu sotaque, tudo construído de forma única para a personagem. Al Pacino, bom, ajudado pelo bom roteiro que desenvolve perfeitamente sua trajetória, mas nada que surpreenda em sua interpretação, assim como Diane Keaton. Outros grandes destaques foram James Caan e o sempre ótimo Robert Duvall.

Uma ótima história, com grandes personagens, que surpreendem por seus atos. Roteiro convincente e muito bem desenvolvido e Marlon Brando, que sem ele, a obra não seria tão marcante.

NOTA: 9,5



O Poderoso Chefão: Parte II (The Godfather, 1974)

Também baseado na obra de Mario Puzo, a Parte II tem como premissa mostrar o início dos Corleones, a chegada de Don Vito aos Estados Unidos e como ele se tornou o "poderoso chefão", enquanto isso mostrar como seu reinado fora comandado por Michael Corleone após sua morte. Venceu o Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante para Robert De Niro, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora, sendo a única sequência da história a vencer o prêmio de Melhor Filme, tendo a primeira parte também vitoriosa.

Vemos Michael (Pacino) comandando os negócios dos Corleones após a morte de seu pai, mais maduro e muito mais compenetrado em seu trabalho, ele decide, sempre com o apoio de Tom Hagen (Duvall) e sempre ouvindo os sábios conselhos de sua irmão, Connie (Talia Shire), expandir os negócios da família, investindo em Cassinos em Las Vegas e Havana. Entretanto, Michael se torna um tanto quanto paranóico, sempre acreditando que está sendo perseguido, e ao descobirir que um grande inimigo estava prestes a assassiná-lo, começa a usar a premissa "mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais ainda" e assim, pede ajuda a ele, se mostrando interessado em ser seu pupilo para dar o grande golpe. Enquanto isso tem que lidar com o afastamento de sua esposa, Kay (Keaton) e a traição de seu irmão, Fredo (Cazale). Paralelamente, conhecemos a chegada de Don Vito, ainda criança, à América, tentando sobreviver na "terra das oportunidades". Já adulto, ele (Robert De Niro) passa a fazer alguns "serviços", se tornando um homem influente entre os outros moradores.


A idéia de "O Poderoso Chefão: Parte II" é ótima, entretanto, muito mal executada. Mostrar como Don Vito se tornou aquele mafioso poderoso é extremamente necessário, porém, o roteiro não respeitou esta grande idéia, uma criança sozinha chega a América e do nada cresce e já tem uma família e dinheiro, fazendo tudo perder seu sentido, como ele sobreviveu àquela terra? Enfim, nenhuma dificuldade é mostrada e tudo piora quando mais uma vez, do nada, assim, de repente, ele mata um homem e passa a ser requisitado a fazer outros "serviços", por quê? Como? E já na próxima cena, Don Vito já um poderoso mafioso. Ou seja, tudo acontece de forma nada convincente, tudo ocorre como se essa situação fosse super natural, além de haver nenhum processo, em uma cena ele é um homem normal, na outra, um assassino de aluguel. O problema é que houve muito tempo para se desenvolver uma história melhor, mais verossímil e mais gradual, são três horas e meia de filme, em outras palavras, muito tempo desperdiçado.

Para desperdiçar ainda mais seu tempo, o resto da trama é ainda mais fraca. Enquanto o primeiro filme se preocupava em mostrar de forma gradual os acontecimentos, de forma realista, o segundo, se resume em assassinatos em série, onde inúmeras pessoas morrem, ao comando de Michael e toda a bela trama é perdida, o que vemos na tela é este mafioso sentado em sua poltrona enquanto outras pessoas fazem o trabalho sujo, de fato, não há nenhum história, o filme, resumidamente, é isso. O que também não fez muito sentido foi ver que a maioria das pessoas que eram assassinadas "por ele" eram pessoas idosas, com o pé já na cova, alguns já nem mais saiam da cama, o que faz dessa guerra injusta e sem sentido. Assim, Michael Corleone se torna uma personagem vazia, onde nenhuma grande idéia é mostrada, somente mortes. Enquanto isso, bons personagens como Kay e Tom Hagen perdem espaço, o que foi uma grande perda. E para piorar, inúmeras personagens novas são inseridas, do nada, e em nenhum momento se provam úteis a trama, ou seja, uma troca injusta.

A direção de arte, vencedora do Oscar, por sua vez, é ótima. Seu visual é bem cuidado, desde a bela fotografia, as locações, os cenários, os figurinos. Francis Ford Coppola, por sua vez, se mostra mais inseguro, o filme perde seu ritmo, há passagens extremamente cansativas, além de vários cortes bruscos com inúmeros erros sequênciais. A trilha sonora, mais uma vez, composta por Nino Rota é fantástica e ainda ajuda com competência a construção deste universo.

Marlon Brando e seu Don Vito Corleone faz falta. Enquanto isso, Al Pacino se mostra ainda mais fraco que o primeiro, não se esforça em nenhuma cena, não consegue expressar nenhum sentimento, nem quando a sequência exigia isso, o que faz com que o filme perca ainda mais pontos. Diane Keaton e Robert Duval, ótimos, mas não são valorizados como deveriam. Talia Shire, por sua vez, cresce na trama e passa a ser um bom destaque do longa. Já Robert De Niro, premiado com Oscar por sua interpretação é outra lástima do filme, parece a todo instante passar a idéia de "ah, é, tenho que fazer como o Marlon Brando", mas acaba sendo somente uma imitação barata da grande interpretação do veterano. Algumas cenas parece normal, na próxima mais rouco, como se tivesse esquecido de imitá-lo, enfim, uma atuação extremamente fraca e constrangedora.

É visto como "obra-prima" também, como uma das melhores continuações do cinema. Queria muito ter conseguido enxergar isso, mas não consegui. Só consegui ver um filme que usa a marca "Poderoso Chefão" para construir uma trama fraca de idéias, sem bons conflitos, que desrespeita tudo o que foi bom no primeiro. Três horas e meia. Três horas e meia. Horas que foram desperdiçadas, o que poderia ter sido tempo mais que suficiente para o roteiro explorar o melhor de todas as situações, o que vemos é um filme vazio de ação, roteiro preguiçoso que em nenhum momento se preocupa em construir uma trama de qualidade. Superestimado.

NOTA: 4



O Poderoso Chefão: Parte III (The Godfather: Part III, 1990)

A terceira parte mostra a vida dos Corleone vinte anos após os acontecimentos do segundo filme. Considerado o pior da trilogia, o longa consegue se manter quase sempre no mesmo nível do segundo, o que não é um elogio. Indicado à sete Oscars, inclusive o de Melhor Filme, a "parte III" só conseguiu levar para a prateleira o Framboesa de Ouro de Pior Coadjuvante e Pior Revelação para até então atriz Sofia Coppola, filha do diretor. 

A família perdeu mais um importante membro, Tom Hagen e Fredo, este último, a pedido do próprio Michael. O "padrinho", que abandonou sua mansão, divorciado, ele passa a morar em Nova York afim de melhorar sua reputação e reerguer seus negócios, seu caminho é facilitado quando doa uma boa quantia em dinheiro à igreja, em nome de sua Fundação, no qual sua filha, Mary (Sofia Coppola) é presidente honorária. Melhorando sua imagem e conseguindo grandes parcerias com o Banco do Vaticano. Mary é seu maior orgulho, enquanto isso, seu filho, Anthony (Franc D'Ambrosio), ainda assombrado pela morte de seu tio, Fredo, sempre se manteve afastado de Michael. A pedido de sua irmã, Connie, Michael aceita conhecer seu sobrinho, filho de Sonny, Vincent (Andy Garcia) que se diz interessado em trabalhar com ele, porém, essa nova parceria, faz com que o "poderoso chefão" volte a ativa, tentando sempre acabar com seus inimigos. E no meio de tudo isso, Michael ainda encontra espaço para recuparar os anos perdidos, reconquistar seu filho e sua grande paixão, Kay.


Se a segunda parte já não fez tanto sentido, a terceira perde completamente o fio da meada. A idéia é até interessante, a chegada de Vincent, interpretado por Andy Garcia até chega a dar um pouco mais de esperança, e não há como negar que a personagem é interessante e dá um novo ritmo a trama, a salvando por diversas passagens, no entanto, ele não é suficiente para suprir as inúmeras falhas do filme. Mais uma vez, o grande erro do roteiro foi no desenvolver das personagens. Começando por Tom Hagen, brilhantemente interpretado por Robert Duvall nos dois primeiros capítulos é simplesmente descartado da história e o filme já começa sem sua presença com a desculpa de sua morte. Desrespeitando e muito o que já havia sido feito por ele. Os filhos de Michael, agora crescidos, são duas almas vazias perambulando pelo filme, e eles ainda nem são os mais perdidos no roteiro, logo que Francis Ford Coppola e Mario Puzo resolveram inserir inúmeras personagens somente para nos confundir, onde surgem do nada, não alteram em nada na história, não fazem ou dizem algo de útil, mas ainda assim, estão ali, preenchendo a tela como se fossem importantes. 

Para piorar ainda mais, o longa erra feio ao tentar criar um momento de redenção à Michael Corleone. O mafioso já havia causado inúmeros danos, causado inúmeras mortes, é até compreensível chegar o momento do arrependimento, mas não da maneira como fora mostrada. Mais uma vez, o roteiro falhando pela ausência de processo, em uma cena é o homem mal, na outra é o coitado que quer ser salvo, chegando ao cúmulo de pedir perdão a um padre!! Forçado e apelativo, não conseguindo emocionar ainda que fosse nítida a intenção e não criando nenhum elo com que fora realizado até então. Michael Corleone, por sua vez, parece outra personagem, Al Pacino passa a ter mais expressão como ator, não sendo mais o robô que fora nos outros filmes, entretanto, acaba sendo uma falha, quando não há nenhuma relação com suas atitudes, seu jeito de agir e falar com o antigo Mike. Outro ponto extremamente negativo do roteiro foi o fato de a todo instante fugir de algum conflito que exigisse mais do filme, tudo ocorre de forma fácil, não há nenhum grande conflito na história, como por exemplo, a facilidade com que Michael se aproxima de seu filho, ele havia matado seu querido tio e mesmo assim o perdoa sem hesitar, enfim, jogada fora a chance de se criar um bom conflito. 

Al Pacino está melhor, mas não surpreende, só o fato de parecer mais humano já o transforma num personagem mais interessante que nos dois primeiros filmes e evolui ainda mais quando nos mostra o quanto o que fez de mal o atormenta como quando grita o nome de seu irmão morto ao sofrer um ataque cardíaco. Andy Garcia, por sua vez, é a salvação do filme, não que atue tão bem, mas no meio de tantos atores fracos, ele acaba que brilhando mais, sem grandes esforços. Diane Keaton acaba que tendo mais espaço na trama, para o bem do filme, a atriz se mostra mais confiante e faz um bom trabalho ao lado de Pacino. Talia Shire também cresce e muito como atriz, se destaca e realiza grandes cenas. Já Sofia Coppola, infelizmente, com grande destaque na trama, constrói uma interpretação assustadoramente ruim, sorte de todos nós que ela resolveu se aposentar de sua carreira como atriz e se tornar diretora (que aliás, já realizou grandes obras!). O filme ainda conta com a ótima participação de Eli Wallach.

Parte técnica ainda impecável, desde sua bela fotografia a sempre ótima trilha sonora. O final do filme, tenho que admitir, me surpreendeu, um final inesperado e interessante. Ou seja, "O Poderoso Chefão: Parte III" tem lá seus méritos, mas é muito fraco perto do primeiro filme, por poucas vezes ainda consegue superar a segunda parte, mas no geral, se mantém no mesmo nível. Francis Ford Coppola perde a mão aqui e realiza uma obra esquecível, mais uma vez, sem ritmo e sem um bom roteiro que o sustente. Que sustente, aliás, sua longa duração. Indo contra o que todos dizem: Não, não fecha a trilogia com chave de ouro", é lamentável que muitos vejam dessa forma, é como se fosse crime ou pecado rejeitar uma obra de Coppola ou rejeitar uma obra que todos glorificam. 

NOTA: 4






Por fim, prefiro acreditar que toda essa "trilogia" se resume a um único filme, o primeiro, o único que me fez entender o porquê de ser chamado "obra-prima", o único que de fato merece este título. De resto, tanto a "Parte II" quanto a "Parte III" são filmes que faço questão de esquecer, fraco de idéias, roteiro mal desenvolvido, longa duração muito mal preenchida por histórias confusas e mal explicadas, que fogem da dificuldade em criar conflitos interessantes, sempre trilhando por caminhos fáceis, roteiros que não perderam tempo em desenvolver bem suas personagens, jogavam na trama o que bem entendiam, sem explicar o porquê nem como, como a redenção de Michael, como a morte de Tom Hagen, como a estranha transição de bom homem para um mafioso cruel de Don Vito Corleone. Desrespeitando boas personagens em contra partida destacando personagens inúteis. Falhas atrás de falhas. Em resumo, o grande erro das duas últimas partes: o roteiro. Mas o péssimo desenvolver dessas partes não ofuscam o brilho do primeiro filme, este sim, uma obra marcante, que merece ser vista e apreciada e que mesmo depois de tantos anos desde seu lançamento, ainda é algo admirável.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Crítica: Histórias Cruzadas (The Help, 2012)

Vencedor nas categorias de Melhor Elenco, Melhor Atriz (Viola Davis) e Melhor Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer) tanto no último SAG Awards quanto no Critics Choice Movie Awards, além de ter vencido o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Globo de Ouro 2012, "Histórias Cruzadas" é um dos indicados a Melhor Filme no Oscar 2012. Baseado na obra "A Resposta" de Kathryn Stockett, o filme é um típico "feel good movie", que mostra de forma leve assuntos polêmicos como a segregação racial nos Estados Unidos na década de 60, longe de querer ser um filme político, sempre se apoiando em grandes atuações para ser um entretenimento agradável.

por Fernando Labanca

Na trama, somos apresentados a Eugenia Skeeter (Emma Stone), que batalha para ser uma renomada escritora após o término da faculdade. Vive na conservadora e pequena cidade de Jackson, no estado de Mississipi, sul dos Estados Unidos, onde suas melhores amigas já são mães e contam com apoio de empregadas domésticas negras para cuidarem de seus filhos e de suas casas, mulheres que não podiam cuidar dos próprios filhos para cuidar dos brancos, mulheres que não tinham o simples direito de usar os mesmos talheres e os mesmos banheiros de suas patroas. Uma cidade que até mesmo possuia leis de segregação, onde negros e brancos não poderiam usufruir dos mesmos direitos. Quando Skeeter consegue um emprego como jornalista, escrevendo pequenos artigos sobre dicas domésticas, ela decide ir mais longe, decide escrever pelo ponto de vista de quem mais entendia do assunto, as próprias empregadas, dando um espaço que elas não tinham direito de ter, falando sobre suas perdas, suas dores, seus sofrimentos.

É então que entra em cena Aibileen Clark (Viola Davis) e Minny (Octavia Spencer), duas mulheres negras que depois de passarem por situações complicadas decidem usar a escrita de Skeeter como a voz que nunca tiverem, mas sempre com receio de serem descobertas, isso porque na cidade havia mulheres como Hilly Holbrook (Bryce Dallas Howard), uma jovem dona de casa, que simbolizava o auge do racismo daquela sociedade, que usava de sua forte influência para humilhar os negros, em sua oposição, havia a dondoca Celia Foote (Jessica Chastain), esposa do grande amor de Hilly, e que não conseguia se encaixar naquela comunidade, sendo assim, a única que não conseguia enxergar a separação entre os brancos e negros.


Como havia escrito antes, "Histórias Cruzadas" não tem a intenção de ser um filme político, por vezes nos situa de forma bem sutil os acontecimentos históricos como os discursos inspiradores de Martin Luther King, a morte de um militante negro, além das ações da KKK. A intenção é fazer um filme agradável, leve, que consiga trazer reflexões, sem ser polêmico, mas que ainda não subestime a inteligência de seu público, criando a todo momento conflitos interessantes, com fundamento, mostrando as faces de suas personagens e nem sempre caminhando pelo caminho mais fácil. Apesar de explorar em inúmeras sequências o clichê, o filme soube dosá-lo de forma correta, sem prejudicar o bom roteiro, que consegue explorar sempre boas situações de cada personagem, dando espaço então, para as grandes atrizes ali presentes, brilharem. No fundo, é isso o que o filme é, o filme das atrizes, onde cada uma brilha a sua maneira, onde o roteiro e o diretor souberam expor o melhor de cada uma em cena. Ou seja, um filme honesto em sua proposta, que consegue e com muito êxito emocionar e divertir.

O filme conta com a direção de Tate Taylor, iniciante por trás das câmeras, muitas vezes deixa isso claro, quando em algumas cenas o filme carece de uma direção mais segura. Mas no geral, consegue conduzir bem o longa, principalmente ao conseguir explorar o melhor de suas atrizes. "Histórias Cruzadas" ainda conta com a ótima trilha sonora do sempre eficiente Thomas Newman, além de ter o apoio de ótimas canções de Johnny Cash, Bob Dylan, entre outros, que ajudam a compor a época ali mostrada, é válido citar ainda os bons figurinos e cenários, tudo muito bem cuidado.

"The Help", no original, ainda que possuindo inúmeras qualidades que provam o sucesso inesperado que teve nas bilheterias norte-americanas, acaba que tendo como o seu grande ponto positivo, as atuações, que provavelmente sem elas, o filme não teria a força que teve. Emma Stone é jovem, mas aqui prova mais uma vez que veio para ficar, que mesmo estando diante de atrizes tão talentosas e tão experientes, não perde seu brilho e consegue ter a força necessária para protagonizar a obra, e que por mais que sua veia seja cômica, não desaponta nos momentos mais dramáticos. Outra protagonista que vem arrecadando inúmeros elogios é Viola Davis, que merece o Oscar no qual está sendo indicada, eleva o nível do longa, trás tanto sentimento para sua personagem, é impossível não se emocionar com sua Aibileen. E ainda temos as coadjuvantes de ouro, a provável vencedora do Oscar, Octavia Spencer, que trás humor para o longa, também merece seu prêmio, é ótima e parece a vontade em seu papel. Para alívio cômico também temos a sempre fantástica Bryce Dallas Howard, que consegue com sua grande interpretação impedir que sua personagem seja uma mera caricatura, e mostra uma força diante das câmeras, fazendo uma das vilãs mais adoráveis dos últimos tempos. Além delas, as veteranas Sissy Spacek, Allison Janney e Mary Steenburgen. E para fechar com chave de ouro, uma das grandes e gratas surpresas do filme, Jessica Chastain, que surge parecendo uma mera personagem, mas sua presença parece ser a prova de que o filme é muito maior do que parece, sua Celia Foote surpreende, e sua atuação é incrível, não há nada que me lembrasse dela em "A Árvore da Vida", consegue trazer humor e drama em seus diálogos, merecendo também sua indicação ao Oscar, mais do que isso, a vitória. Uma grande coadjuvante.

"História Cruzadas" é um filme que de início parece pequeno, caricato, que nos faz ter a certeza de que não sairá daquilo. É então que ele nos surpreende, e ao decorrer da trama, vai nos provando, através dos bons conflitos, dos belos diálogos e das memoráveis atuações, a força que parecia esconder de imediato. É mais do que só um filme agradável para se ver e se sentir bem consigo mesmo, é um filme poderoso, marcante, que sabe ser leve sem ser medíocre, ordinário. Uma obra que diverte com seu humor e que sabe conduzir seus conflitos para cenas fortes de emoção, por vezes, o longa parece forçar para conquistar as lágrimas de seu público, e na maioria delas, consegue e com muito êxito, e mesmo utilizando do clichê para isso, o longa consegue emocionar. Provavelmente não levará o Oscar de Melhor Filme, mas sem sombra de dúvida, já é um dos melhores a ter sido indicado. 

NOTA: 9


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Crítica: O Espião Que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy, 2011)

Elogiado por sua direção no terror sueco "Deixe Ele Entrar", Tomas Alfredson prova seu grande talento por trás das câmeras neste filme sobre espionagem em plena Guerra Fria, mostrando de forma mais humana um tema já bastante usado na sétima arte, entretanto, a originalidade da obra não é suficiente para sustentar as suas longas duas horas de duração.

por Fernando Labanca

A trama parece simples, mas não é. No início da década de 70, a Circus, divisão de elite do serviço secreto inglês, liderada por Control (John Hurt) falha em uma missão de extrema importância, fazendo com que ele e seu fiel escudeiro, George Smile (Gary Oldman) sejam demitidos. Enquanto o veterano Smile vivia sua vida de "aposentado", ele é encontrado pelo governo que o avisa sobre a morte de Control e de que ele havia deixado uma missão, o chefe acreditava que havia um traidor na Circus, um agente duplo, que também trabalhava com os soviéticos, e somente Smile poderia levar esta missão adiante. A partir de então, o veterano volta a ativa para descobrir qual dos seus companheiros é o traidor, entretanto nada é fácil quando os agentes suspeitos são extremamente bem treinados a dissimular uma situação, onde cada informação muito bem guardada do passado pode ser válida para se descobrir a verdade.

Guerra Fria, espionagem, agente duplo. Nada disso é novidade, e não precisa ser um expert na sétima arte para já ter visto esses elementos juntos em uma trama, a grande diferença, porém, de "O Espião Que Sabia Demais" é o fato do roteiro ter se preocupado em mostrar um lado mais humano desses agentes, onde aos poucos vamos conhecendo segredos do passado, e nisso vamos assistindo o cotidiano, momentos que dificilmente vimos em outras obras, e ainda mais interessante é ver a desglamourização da espionagem, onde a vida dessas personagens não é nada badalada, com perseguições e explosões, tudo é mostrada de forma fria, lenta, sem grandes emoções. Acredito que este tenho sido o grande feito deste filme. Por falar nos destaques positivos, vale citar a fantástica trilha sonora de Alberto Iglesias, que merece a vitória no Oscar, extremamente bem realizada e muito bem inserida nas cenas, ajudando a compor o clima de tensão e mistério da trama, além da ótima fotografia, dos figurinos e dos cenários, tudo feito com um cuidado que prova o interesse de Alfredson em construir algo grandioso. 


Entretanto, o filme peca por sua lentidão, falta de rítmo, isso não seria um problema se as situações mostradas na tela conseguissem ao menos criar um elo com o público, o que de fato não acontece. Quem não é fã de espionagem dificilmente se envolverá com a história, e quem é, terá que fazer um grande esforço para conseguir chegar até o final do filme. A verdade é que não há nada em "O Espião Que Sabia Demais" que consiga criar um interesse naquele assiste, até mesmo as personagens que de tão vazias não geram empatia. A história acontece sozinha, sem o envolvimento do público, isso, devido também, o roteiro confuso, que dá inúmeras voltas, entre passado e presente, passando por personagens que surgem do nada, onde nada parece fazer realmente algum sentido. E o filme consegue ser tão chato que é difícil encontrar forças para compreender a história. Além de conversas intermináveis sobre assuntos e personagens que não damos a mínima, construção de conflitos que não nos comovem, que não nos faz torcer, nem nos importar sobre quem é o grande traidor, e quando personagens morrem, não há como lamentar. Um filme sem emoção, sem um grande motivo para ter sido feito, sem reviravoltas, sem conflitos que mereçam a atenção do público.

As atuações são boas, apesar das personagens estarem longe de serem interessantes. Gary Oldman está incrível, mas nada que justifique sua indicação ao Oscar. Entre os coadjuvantes, nomes de peso que juntos na mesma cena, parece até valer o ingresso, como Colin Firth, Toby Jones e Benedict  Cumberbatch. O destaque mesmo vai para o veterano John Hurt, que apesar de fazer uma participação não tão grande dá um pequeno show de interpretação. Além dele, Tom Hardy constrói algumas das mais belas cenas do filme e acaba que sendo, talvez a única personagem na história que consiga criar um elo entre o público, por conseguir se mostrar mais humano que os demais. E vale citar também outro destaque muito positivo, Mark Strong, tirando de vez sua máscara de vilão e se mostrando um ator mais versátil. 

"O Espião Que Sabia Demais" tem ótimas atuações de um elenco poderoso, além de contar com a boa direção de Tomas Alfredson e um visual bem acabado. No entanto, é válido dizer que há muito tempo não saía da sala do cinema com tanta raiva como saí desta sessão, há muito tempo não via tantas pessoas resmungando, nem cochilando e nem saindo antes de terminar o filme. Uma obra para um público menor, e eu definitivamente não faço parte deste público que o admira e o enche de críticas positivas. Um filme bem feito, mas é extremamente difícil permanecer assistindo até seu final. Para se ver uma vez na vida e nunca mais. Não recomendo, a não ser que esteja a procura de um bom sonífero.

NOTA: 4


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Especial - Os Melhores Filmes 2011

 

2011 chegou ao fim e como já é de costume aqui no blog, TOP 20 dos melhores filmes do ano. Relembrando o que houve de melhor nesses doze meses que passaram. Antes, vale citar os destaques...

por Fernando Labanca

Teve o retorno de grandes diretores como Pedro Almodóvar em "A Pele Que Habito", Terrence Malick em "A Árvore da Vida", Woody Allen em "Meia Noite em Paris" e Lars Von Trier em "Melancolia". A premiação Oscar ocorrida em fevereiro revelou alguns destaques positivos como "Cisne Negro", o vencedor "O Discurso do Rei" e "127 Horas" do diretor Danny Boyle. 

Entre os europeus, vale citar a comédia italiana "O Primeiro Que Disse", o francês "O Concerto", o vencedor do Oscar dinamarquês "Em Um Mundo Melhor". Teve também "Cópia Fiel" de Abbas Kiarostami. Os nacionais de destaque, para o bem ou para o mal, foi o fraco "Cilada.Com", o divertido "De Pernas Pro Ar", o emocionante "O Palhaço", o ótimo "Bruna Surfistinha", "Assalto ao Banco Central", além dos dramas "Estamos Juntos" e "Meu País". Vale citar ainda a singela homenagem a Jorge Amado em "Capitães da Areia".

Sucessos de bilheteria. O final épico de "Harry Potter", o romance "Amanhecer-Parte 1", a terceira parte de "Transformers" e a quarta da até então trilogia "Piratas do Caribe". Entre as animações, tivemos as sequências de "Carros" e "Kung Fu Panda", os ótimos "Enrolados", também conhecido como a 50ª animação da Disney e "Rango" de Gore Verbinski. Os fracos "Gato de Botas", "Rio" e "Happy Feet 2". Também tivemos os heróis "Capitão América", o retorno dos X-Men's em "Primeira Classe", "Lanterna Verde", "O besouro Verde", e tendo como único destaque positivo, "Thor" de Kenneth Branagh, diria que foi o "filme de herói do ano"

Menções Honrosas:  "Super 8" de J.J. Abrams, provando que é possível resgatar um cinema antigo, homenagear uma época sem ter a necessidade de fazer um remake, e sim, usando a criatividade e originalidade. "Enrolados" da Disney, que também faz um delicioso resgate dos antigos contos de fadas, mas sem deixar de usar a originalidade, construindo uma obra digna de respeito. "Pânico 4" e a divertida e sarcástica trama de comédia e terror de Wes Craven. E "Compramos um Zoológico" de Cameron Crowe, que conseguiu fazer um filme família brilhante sem subestimar a inteligência do público.


Vamos ao TOP 20...


20º. O Planeta dos Macacos - A Origem (Rise of the Planet of the Apes)
de Rupert Wyatt / EUA


O longa-metragem mostra o início da tão conhecida trama de "O Planeta dos Macacos", mas em nada se assemelha com os outros filmes já feitos. Vemos o cientista Will (James Franco, correto) e sua busca pela cura do Mal de Alzheimer, já que seu pai sofre da doença, enquanto cuida de um filhote de macaco, nomeado César, já que este é dotado geneticamente desta mesma cura, logo que sua mãe era uma cobaia. César é quase que um membro da família, mas devido a um acidente, é engaiolado, tendo assim, contato com outros símios, criando uma revolta dentro de si e se mostrando cada vez mais humano. Um filme inteligente, com roteiro bem realizado, efeitos especiais que surpreendem pelo realismo. Respeita e muito o que já fora feito com essa história, e usa sua tecnologia em prol de uma obra de qualidade, sem exageros, dando sempre prioridade ao conteúdo.



19º. O Primeiro Que Disse (Mine Vaganti)
de Ferzan Ozpetek / Itália


A história de uma excêntrica família italiana e seus inúmeros segredos. Decidido a não receber de herança a responsabilidade de cuidar da fábrica do pai, Tommaso (Riccardo Scamarcio) resolve a contar a verdade que escondia em um jantar de família, que é gay. Todos seus planos mudam quando seu irmão mais velho é mais rápido e se revela homossexual, sendo expulso de casa e levando seu pai a ter um ataque cardíaco, fazendo com que Tomasso continue vivendo uma mentira, assim como todos os membros da família, que aos poucos se mostram frágeis humanos que a todo momento insistem em ignorar as verdades. Um filme divertido, engraçado, que usa do bom humor para contar uma trama madura e muito bem contada por um roteiro brilhantemente escrito, além de se mostrar competente nas cenas dramáticas, conseguindo também, emocionar pela sensibilidade com que trata seus temas.



18º. Rango (Rango)
de Gore Verbinski / EUA


A animação de 2011. Um camaleão que fingi em um aquário de família na cidade grande ter uma vida cheia de aventuras, eis que por um acidente acaba parando numa cidadezinha do Velho Oeste, se deparando com uma população que sofre pela seca. É então que para se encaixar naquela nova vida, ele se autodenomina Rango, aventureiro e violento, que mata sete com apenas uma bala. É nomeado Xerife e passa a ser a esperança daquelas pessoas, e vai em busca dessa água, permitindo assim, que o personagem que criara para si mesmo se tornasse sua verdadeira personalidade. Inteligente, maduro, engraçado, ousado quando diferente de todas as animações, não se preocupa na construção de personagens coloridos e bonitinhos, mas sim, numa história muito bem contada com personagens bem inseridos e desenvolvidos, que divertem pela originalidade. Cheia de boas referências, "Rango" marca um ótimo retorno de Gore Verbinski fora da saga "Piratas do Caribe", se mostrando um diretor ainda muito competente.




17º. O Discurso do Rei (The King's Speech)
de Tom Hooper / Inglaterra

O vencedor do Oscar 2011 de Melhor Filme e Melhor Diretor, trouxa para as telas a inusitada história de George (Colin Firth, a melhor atuação masculina do ano) que sofria com sua gagueira e não conseguia se ver diante de um público para fazer discursos mesmo sendo da Família Real. Até que sua esposa (Helena Bonham Carter) o leva até o terapeuta Lionel Logue (Geoffrey Rush) para salvá-lo, lhe ensinando algo muito valioso, a auto-confiança. Utilizando métodos nada convencionais, Lionel passa a guiá-lo como também psicólogo, mais do que isso, como um amigo, principalmente quando George precisava assumir a coroa como Rei. Um filme simples, com diálogos objetivos e sinceros, extremamente bem acabado, com cenários e figurinos de época e uma trilha sonora eficiente. Atuações marcantes de um elenco competente e uma história surpreendentemente divertida e também emocionante.



16º. Os Agentes do Destino (The Adjustment Bureau)
de George Nolfi / EUA



É um daqueles filmes que encontramos sem querer na locadora, assistimos sem grandes expectativas e quando terminamos de assistir vem aquele suspiro, aquele sentimento de escolha certa. Uma pequena e sutil obra-prima da ficção científica, gênero que dificilmente lança alguma obra digna de respeito e admiração, e "Os Agentes do Destino" é um desses, para ser admirado. O filme lança a interessante premissa de que o mundo é guiado por agentes do destino, homens que manipulam todas as nossas ações para que aquilo que nos fora predestinado aconteça no futuro. O conflito acontece quando um político (Matt Damon) se esquiva desse "plano" e descobre a verdade, e acaba sendo perseguido por esses homens, que nada mais querem que ele não se apaixone pela bailarina Elise (Emily Blunt), pois isso não fazia parte do destino dos dois. Uma mistura adorável de ficção científica e romance, com direito a idéias bem criativas que surpreendem, ótimas cenas de perseguição, uma direção segura de Nolfi e algumas discussões válidas, como a do livre arbítrio.



15º. Amizade Colorida (Friends With Benefits)
de Will Gluck / EUA

A história de Jamie (Mila Kunis, ótima) que se faz de durona em relação a seus relacionamentos amorosos, sem gostar de se envolver com ninguém, mas que no fundo admira as comédias românticas Hollywoodianas que plantam uma falsa idéia da chegada de um príncipe encantado em sua vida. Até que conhece Dylan (Justin Timberlake), se tornam amigos e logo fazem um pacto, sexo por sexo, sem envolvimento, sem conflitos, sem drama. O problema é que o tempo acaba mostrando a importância que um tem na vida do outro, criando uma conexão muito forte, não planejada. Comédia romântica de qualidade, qualidade rara. O filme ganha força ao satirizar o próprio gênero, mostrando o quanto as relações amorosas perdem ao acreditar nas mentiras do cinema, pois o romance perfeito, definitivamente não existe. Destaque para a deliciosa química entre Kunis e Timberlake, que brilham na tela e fazem um dos casais mais adoráveis do ano. Divertido, encantador e eficiente.



14º. Amor a Toda Prova (Crazy, Stupid, Love)
de Glen Ficarra e John Requa / EUA


Comédia romântica para homens. Pronto, já merece respeito por isso, por mostrar um outro ponto de vista, que o cinema dificilmente mostra. Conhecemos Cal (Steve Carell) que vê sua vida desabar quando sua esposa Emily (Julianne Moore) revela que o estava traindo e queria o divórcio. É então que depois da forte depressão ele retorna a vida de solteiro com a ajuda de um novo e misterioso amigo, Jacob (Ryan Gosling), sedutor e que conhece todas as táticas de um relacionamento. O filho de Cal, por sua vez, tenta de diversas formas conquistar sua babá que é alguns anos mais velha que ele, que por sua vez, é apaixonada pelo patrão, Cal. Também vemos a conquista de Jacob em uma jovem (Emma Stone) cansada de se fazer de tonta para os homens. Uma teia de vidas que se cruzam em um roteiro bem desenvolvido, com direito a sábias lições sobre relacionamentos, seja de uma jovem para com um homem casado, seja de um divorciado, seja de uma criança, amor em todas as formas, o amor louco, infantil, impulsivo. O longa mostra todas essas vertentes deste complexo sentimento humano e prova que com clichês é possível construir obras decentes, com inteligência e maturidade.



13º. Entre Segredos e Mentiras (All Good Things)
de Andrew Jarecki / EUA


Surpreendente e hipnotizante suspense sobre o nascimento de um psicopata. David (Ryan Gosling) é filho de um empresário bem sucedido (Frank Langella), mas que nunca desejou seguir os passos do pai. Até que se apaixona verdadeiramente por Katie (Kirsten Dunst), eles se casam contra a vontade do pai e tentam viver uma vida tranquila longe da cidade grande, vivem anos de intenso amor, de pura felicidade. Até que ele é chantageado pelo próprio pai a trabalhar em sua empresa, pois sua mesada dependia disso, e decidido a dar uma vida digna a sua esposa, ele aceita. A partir de então, a vida feliz de casado é transformada em pesadelo quando surgem ações inesperadas de um David mais cansado, estressado e cada vez mais misterioso, tomando atitudes que passam a revelar uma personalidade bem fora do comum. Atuações memoráveis de Ryan Gosling e Kirsten Dunst, que surpreendem com um simples olhar, uma simples fala, em cenas tensas que prendem o público facilmente, num roteiro quase que documental, mostrando com muita competência as nuances e oscilações deste homem. O filme se torna ainda mais impactante quando sabemos que toda a história fora baseada em fatos reais. Enfim, maravilhoso, sem mais.



12º. Um Dia (One Day)
de Lone Scherfig / EUA


A história de Emma (Anne Hathaway) e Dexter (Jim Sturgees) contada ao longo de 20 anos, onde vemos todas as mudanças de suas vidas a partir de um único dia, 15 de julho. A inocência da adolescência, o primeiro trabalho, as primeiras decepções, as perdas, as vitórias, o amadurecimento, e sempre um contando com o outro, como amigos, como companheiros. Porque na verdade não é um filme de romance, é sobre amizade, é sobre contar com o apoio de alguém seja nos bons ou nos maus momentos da vida, é sobre o tempo, e como ele nos transforma, como ele é o grande vilão da história, aquele que melhora, que trás respostas, mas que também é traiçoeiro e nos tira aquilo que não aproveitamos. Uma bela história, a história de duas pessoas, que nos encanta, nos emociona, uma espécie de Harry e Sally do século XXI. Destaque para o roteiro que consegue contar toda uma trajetória sem ter a necessidade de mostrá-la, que nos convence a cada transformação das personagens, e também para os belos figurinos e fotografia que ajudam a compor a passagem do tempo.



11º. Reencontrando a Felicidade (Rabbit Hole)
de John Cameron Mitchell / EUA


O filme nos mostra um casal (Nicole Kidman e Aaron Eckhart) tentando conviver com a morte do filho, passando por um encontro de pessoas que perderam outras que amavam, discussões sobre quem foi o culpado, questionamentos sobre Deus e sobre a vida que muitas vezes é injusta. Até que a esposa reencontra o jovem que matou seu filho e tenta como último ato de seu luto, perdoar, e este procura a redenção enquanto escreve um livro sobre o que realmente sente, sobre a toca do coelho, aquele buraco na terra que entramos para querer fugir da realidade. O filme é justamente sobre isso, sobre como muitas vezes sentimos a necessidade de fugir, não encarar o real e passar a ter fé num mundo de fantasia, o único universo onde a felicidade possa realmente existir. Belo, sincero, com sentimentos honestos em diálogos profundos que nos emociona facilmente sem em nenhum momento parecer forçado, o drama surge naturalmente, mostrando um belíssimo jogo de cena entre dois grandes atores em performances memoráveis.



10º. Um Novo Despertar (The Beaver)
de Jodie Foster / EUA


A inusitada e bizarra história de Walter Black (Mel Gibson), que sofria de uma forte depressão, é expulso de casa, não valoriza mais seu trabalho e tenta o suicídio. Até que encontra um fantoche de castor jogado no lixo e o coloca em sua mão, é então que ele passa a usar o Castor para se reerguer na vida, tentando reconquistar sua família e seu espaço no trabalho. Até que chega a crise de identidade e Walter passa a não saber mais quem é. Um filme estranho, ousado, inovador, que alcança um nível de brilhantismo e complexidade que poucos filmes este ano alcançaram. O roteiro, em nenhum momento escolhe trilhar o caminho mais fácil, colocando suas personagens em situações surpreendentes e que emocionam de forma intensa e profunda. Atuações marcantes de Mel Gibson, Jodie Foster e dos jovens Anton Yelchin e Jennifer Lawrence. 



09. O Vencedor (The Fighter)
de David O'Russell / EUA


Baseado em fatos reais, vemos a trajetória de Dicky (Christian Bale), um lutador que fez sucesso no passado, mas que se perdeu no mundo as drogas, é então que ele e sua mãe (Melissa Leo) passam a apoiar o irmão mais novo, Micky (Mark Wahlberg) a ser um lutador, porém, essa excêntrica família sempre acaba estragando seus planos, o que muda quando ele começa a namorar a doce Charlene (Amy Adams) que também o apóia em sua carreira, e que o incentiva a tratar sua jornada como lutador de forma mais profissional e não mais pessoal, se libertando enfim da pressão familiar. O filme tem a presença luxuosa de um elenco fantástico, destaque para os coadjuvantes de peso, Amy Adams, Melissa Leo e do irreconhecível Christian Bale. História bem contada, que diverte e emociona e conta com a direção notável de David O'Russell.



08º. Meia Noite em Paris (Midnight in Paris)
de Woody Allen / EUA, Espanha


Woody Allen nos embarca em uma história nada menos que genial, que mistura realidade e fantasia e que encanta por sua simplicidade e por sua idéia original. Ele leva ao pé da letra a idéia de que a ficção e a literatura servem como forma de fuga da realidade, onde o escritor e roteirista Gil (Owen Wilson) que numa viagem a Paris, a cidade que mais amava, descobre que à meia noite, quando uma carruagem passava em um local, ela o levava para outra época, a Paris da década de 20, local onde ele encontra ícones da cultura francesa, de Salvador Dalí a uma belíssima musa inspiradora (Marion Cotillard) com quem se apaixona. Um filme brilhante, criativo, que mostra o cinema em sua melhor forma, nos relembra o porquê da sétima arte existir, para nos fazer viajar e esquecer a nossa própria vida durante alguns minutos, e é isso o que o filme faz, nos faz estar ali, com os personagens, nos faz esquecer de tudo. É de forma geral, delicioso, encantador, admirável, adorável. Um dos mais fantásticos trabalhos de Woody Allen. 




07º. Missão Madrinha de Casamento (Bridesmaids)
de Paul Feig / EUA


A meu ver, a comédia do ano. Nem todo mundo conseguiu embarcar nessa história, o público brasileiro praticamente o rejeitou, isso porque não é um filme convencional, apesar de ser comédia, não é para todo tipo de público. Vemos a trajetória dessa incrível personagem, Annie (Kristen Wiig) que depois de perder o homem que amava e ver seu comércio falir, ou seja, uma total fracassada, tanta se concentrar nos preparativos do casamento de sua melhor amiga, logo que fora nomeada, a madrinha de casamento. O problema é que ela descobre que terá que dividir a função com a "miss perfeição" Helen (Rose Byrne), começa então o combate entre as duas, tentando provar quem é a melhor. E neste divertido cenário, vemos Annie indo ao fundo ao poço, perdendo o controle da própria vida. O filme é justamente sobre isso, como às vezes fracassamos, mas na verdade, somos o nosso próprio inimigo, ao mesmo tempo em que somos os únicos que podem nos salvar, onde a reviravolta depende unicamente de nós mesmos. O filme mais engraçado do ano, que diverte pelas piadas e pelo elenco brilhante que nos faz rir de verdade, ao mesmo tempo em que nos emocionam, onde o filme, apesar de ser comédia, consegue com competência caminhar para o drama. Hilário e inteligente. 



06º. Tudo Pelo Poder (The Ides of March)
de George Clooney / EUA


O filme nos apresenta com eficiência o atual cenário político, os bastidores, as pesquisas, as chantagens, o jogo frio em nome do poder. Conhecemos o assessor de imprensa Stephen (Ryan Gosling), idealista e sonhador, ele trabalha ao lado do candidato a presidência Mike Morris(Clooney), e acredita que ele é o homem que mudaria o mundo, até que sem querer acaba descobrindo algumas verdades que eram escondidas e muda completamente seu modo de enxergar a política. Com atuações memoráveis de Gosling, Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti e de Evan Rachel Wood, o longa nos mostra o quanto é difícil lutar e acreditar num mundo melhor, o quanto este sentimento se torna cada vez mais utópico quando estamos em um lugar onde os valores da sociedade são invertidos, onde a corrupção, a traição e a frieza dos atos se tornam naturais para se alcançar a vitória. Um filme chocante, polêmico, que mesmo sendo tão sutil consegue impactar. Um filme que merece ser visto. Aliás, um filme que precisa ser visto. Roteiro bem desenvolvido e direção segura de George Clooney. 



05º. A Árvore da Vida (The Tree of Life)
de Terrence Malick / EUA


Daqui para a frente, os filmes já merecem o primeiro lugar. "A Árvore da Vida" é um filme que é extremamente difícil de encontrar palavras para descrevê-lo. É uma daquelas obras que chegam ao cinema uma vez a cada década, uma experiência tão única, tão profunda, de beleza rara, que nos faz sentir tocados de alguma forma, que nos faz encontrar sentimentos até mesmo desconhecidos, que nos emociona pela simplicidade, que nos apresenta a beleza e o milagre da vida. A história de uma família pelo ponto de vista de uma criança, o medo do pai opressor, a paixão pela mãe e sua intensa relação com a natureza e com Deus, a sensibilidade das relações e a importância dessas pessoas na construção do que somos. O filme vai além quando prova que a nossa jornada é só uma pequena fração na história do universo e nos faz refletir sobre o que fazemos para preencher este rápido instante de vida. Tudo é surreal, tudo é maravilhoso, tudo é intenso, verdadeiro, o visual é de tirar o fôlego e a trilha sonora de Alexandre Desplat é brilhante. A história do filme pode até ser esquecida, mas a experiência de vê-lo jamais será.



04º. O Palhaço (O Palhaço)
de Selton Mello / Brasil


O filme mostra um amadurecimento do cinema nacional, que não mais se preocupa em mostrar a nossa realidade, que não mais se preocupa em parecer real. Somos apresentados a trupe do Circo Esperança, que tem como líderes os palhaços Pangaré é Puro Sangue, pai e filho, o filho por sua vez, Benjamin (Selton Mello) passa por um momento complicado, perdeu a esperança, não mais encontrava sentido no que fazia, gostaria de encontrar alguém que o fizesse rir, pois a vida já havia perdido a graça. Vemos então, sua jornada de auto conhecimento, tentando redescobrir quem realmente era. Um filme delicado, que encanta pela beleza de seu visual e por sua sensibilidade ao desenvolver dos conflitos, além de contar com o apoio de atuações marcantes e um humor que há muito tempo não se via no cinema, ingênuo, inteligente, e...engraçado. Um filme que emociona e diverte na dose certa, uma obra de extrema qualidade e que merece ser apreciada. 



03º. Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 (Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 2)
de David Yates / EUA, Reino Unido


Foi o fim. Uma das sagas mais importantes e mais bem realizadas da história do cinema chegou a seu final. Um final não menos que épico. Vemos os últimos passos do trio Harry, Hermione e Rony a procura das Horcuxes, enquanto o vilão Lorde Voldemort decide encarar seus inimigos de frente, travando enfim a tão esperada batalha entre o bem e o mal. Poucas sagas da história conseguiram o feito de Harry Potter, construir uma história extremamente bem adaptada e contada, contar com o apoio constante de toda a equipe e chegar a seu final com tanto êxito. O último filme, não só foi o melhor de toda a saga, como foi um dos melhores filmes deste ano, com grandes efeitos especiais, cenas extremamente bem construidas por este diretor brilhante chamado David Yates. Aventura de qualidade, que é feita na medida para agradar aqueles que admiraram a saga do bruxo desde criança, que respeita seu público e entraga um final fantástico. Uma saga honesta que merece palmas, respeito e um pedaço na memória da história do cinema. Final antológico.





02º. A Pele Que Habito (La Piel Que Habito)
de Pedro Almodóvar / Espanha


A grande surpresa do ano, quando todos esperavam que Pedro Almodóvar enfim perderia o jeito de filmar, quando este anunciou que faria algo diferente do usual, o suspense. Para a grata a surpresa de quem admira o diretor, este entra para o grupo dos melhores que o espanhol já realizou. Conhecemos a inusitada história do cirurgião plástico Roberto (Antonio Banderas) que faz uma misteriosa mulher de refém em sua própria casa. Ele a usa como cobaia de estudo sobre a construção de uma nova pele. E aos poucos o roteiro vai nos revelando os mistérios que cercam essas duas pessoas, o porque dele resolver fazer uma nova pele e o porque de ser aquela mulher a escolhida para estar ali. Digo com toda a certeza, "A Pele Que Habito" trouxe para os cinemas em 2011 a melhor história dentre todos, o suspense, o drama, as surpresas, as reviravoltas surpreendentes de um roteiro muito bem escrito. Não há como não se surpreender, é algo de tirar o fôlego, parece que nos faz esquecer até mesmo de respirar, onde as surpresas não chegam somente no final, a cada nova cena, a cada novo diálogo, surge um elemento que altera tudo o que prevíamos. Maravilhoso, original, ousado, surpreendente e memorável.



01º. Cisne Negro (Black Swan)
de Darren Aronofsky / EUA


É um daqueles filmes que permanecerão por muito tempo na memória, o filme que marca o ano de 2011. Vemos a grande atuação de Natalie Portman premiada com o Oscar por sua personagem, a bailarina obsessiva pela perfeição Nina, que faz de tudo para ser a protagonista de um espetáculo, O Lago dos Cisnes, mas para isso teria que se dedicar ainda mais para interpretar duas personagens, o Cisne Branco e o Cisne Negro. O Cisne Branco, por sua vez, era a alma presa dentro de um animal, alguém que lutava por sua liberdade, assim era Nina, aquela que vivia presa sob a pressão das pessoas ao seu redor, de seu diretor (Vincent Cassel), de sua mãe (Barbara Hurshey), e da pressão pessoal de ser tão boa quanto sua antecessora (Winona Ryder) e de ser melhor que sua concorrente, a belíssima bailarina Lilly (Mila Kunis) que tem tudo para substituí-la no espetáculo. A partir de então, Nina entra num universo obscuro, onde perde a noção do que é real e fantasia, sempre procurando a perfeição de seus atos.

"Cisne Negro" prova o talento deste jovem diretor, Darren Aronosky, que nos embarca nesta trama surreal de terror psicológico. Atuações marcantes de Portman e de seus coadjuvantes, que brilham nesse thriller impressionante, impactante e perturbador, que nos prende e nos hipnotiza. Surpreendente, repleto de ótimas cenas e um final magnífico.





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