
por Fernando Labanca
Na trama, somos apresentados a Eugenia Skeeter (Emma Stone), que batalha para ser uma renomada escritora após o término da faculdade. Vive na conservadora e pequena cidade de Jackson, no estado de Mississipi, sul dos Estados Unidos, onde suas melhores amigas já são mães e contam com apoio de empregadas domésticas negras para cuidarem de seus filhos e de suas casas, mulheres que não podiam cuidar dos próprios filhos para cuidar dos brancos, mulheres que não tinham o simples direito de usar os mesmos talheres e os mesmos banheiros de suas patroas. Uma cidade que até mesmo possuia leis de segregação, onde negros e brancos não poderiam usufruir dos mesmos direitos. Quando Skeeter consegue um emprego como jornalista, escrevendo pequenos artigos sobre dicas domésticas, ela decide ir mais longe, decide escrever pelo ponto de vista de quem mais entendia do assunto, as próprias empregadas, dando um espaço que elas não tinham direito de ter, falando sobre suas perdas, suas dores, seus sofrimentos.
É então que entra em cena Aibileen Clark (Viola Davis) e Minny (Octavia Spencer), duas mulheres negras que depois de passarem por situações complicadas decidem usar a escrita de Skeeter como a voz que nunca tiverem, mas sempre com receio de serem descobertas, isso porque na cidade havia mulheres como Hilly Holbrook (Bryce Dallas Howard), uma jovem dona de casa, que simbolizava o auge do racismo daquela sociedade, que usava de sua forte influência para humilhar os negros, em sua oposição, havia a dondoca Celia Foote (Jessica Chastain), esposa do grande amor de Hilly, e que não conseguia se encaixar naquela comunidade, sendo assim, a única que não conseguia enxergar a separação entre os brancos e negros.
Como havia escrito antes, "Histórias Cruzadas" não tem a intenção de ser um filme político, por vezes nos situa de forma bem sutil os acontecimentos históricos como os discursos inspiradores de Martin Luther King, a morte de um militante negro, além das ações da KKK. A intenção é fazer um filme agradável, leve, que consiga trazer reflexões, sem ser polêmico, mas que ainda não subestime a inteligência de seu público, criando a todo momento conflitos interessantes, com fundamento, mostrando as faces de suas personagens e nem sempre caminhando pelo caminho mais fácil. Apesar de explorar em inúmeras sequências o clichê, o filme soube dosá-lo de forma correta, sem prejudicar o bom roteiro, que consegue explorar sempre boas situações de cada personagem, dando espaço então, para as grandes atrizes ali presentes, brilharem. No fundo, é isso o que o filme é, o filme das atrizes, onde cada uma brilha a sua maneira, onde o roteiro e o diretor souberam expor o melhor de cada uma em cena. Ou seja, um filme honesto em sua proposta, que consegue e com muito êxito emocionar e divertir.
O filme conta com a direção de Tate Taylor, iniciante por trás das câmeras, muitas vezes deixa isso claro, quando em algumas cenas o filme carece de uma direção mais segura. Mas no geral, consegue conduzir bem o longa, principalmente ao conseguir explorar o melhor de suas atrizes. "Histórias Cruzadas" ainda conta com a ótima trilha sonora do sempre eficiente Thomas Newman, além de ter o apoio de ótimas canções de Johnny Cash, Bob Dylan, entre outros, que ajudam a compor a época ali mostrada, é válido citar ainda os bons figurinos e cenários, tudo muito bem cuidado.


NOTA: 9
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