terça-feira, 2 de julho de 2013

Crítica: Além da Escuridão - Star Trek (Star Trek Into Darkness, 2013)


J.J. Abrams é o diretor do momento. Escalado para levar adiante a franquia de Star Wars, ele possui a grande qualidade de saber comandar um blockbuster. É um nome a se destacar do cinema de Hollywood, conseguindo trazer as telas filmes extremamente ágeis e muito bem elaborados, como foi o caso de "Super 8" (2011) e o primeiro "Star Trek" (2009), que agora ganha sua bem-vinda sequência. A saga que já teve inúmeros seriados e filmes, ganhou um novo fôlego com as mãos de Abrams, um filme empolgante e que tem tudo para agradar os fãs.

por Fernando Labanca

O longa se inicia com o Capitão Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto) em uma missão num planeta desconhecido, o plano falha e Spock quase morre, deixando Uhura (Zoe Saldana) inconformada devido a sua rápida aceitação diante da morte. Logo após, uma nova missão surge para os tripulantes da Entreprise, ir atrás de um misterioso homem, John Harrison (Benedict Cumberbatch), que tem realizado atos terroristas contra a Frota Estelar. E nesta busca, todos tentam descobrir as verdadeiras intenções de Khan, enquanto que Spock, com sua ausência de sentimentos e excesso de lógica, precisa lidar com a arrogância de seu companheiro, além de traçar sua própria jornada de auto descobertas.


Se na década de 60, com o lançamento da série original, o que existia era um grupo de tripulantes numa jornada pelo espaço em busca de lugares desconhecidos, onde tudo era focado na exploração do universo, hoje, com este reboot, e também devido a alta tecnologia, o que vemos na tela é uma guerra interminável, com batalhas, perseguições e explosões. Apesar de ainda haverem os personagens clássicos, como Kirk, Spock, Uhura, McCoy, Sulu, Chekov e Scotty, o que JJ.Abrams fez é muito mais do que apenas mais uma sequência, ele reconstrói a saga, dá um novo sentido, abandona a calmaria e coloca a Enterprise em perigos mais "reais", dando um novo fôlego, uma roupagem mais moderna, e se utilizando de antigas referências, consegue atingir desde o público mais fanático até os mais novos. E como já é tradição também, "Além da Escuridão" coloca a frente de seus conflitos, um vilão marcante, neste caso, Khan, interpretado pelo ótimo Benedict Cumberbatch (de "Desejo e Reparação" e "O Espião Que Sabia Demais"). No entanto, o que acaba mais chamando a atenção neste novo "Star Trek" e acredito que este seja seu maior trunfo, é a bela sintonia entre todo o elenco, agem como se realmente se conhecessem, há uma naturalidade nas cenas, o que acaba reforçando ainda mais aquilo que a trama se propõe, falar sobre união e amizade, apesar de clichê, os sentimentos (ou a ausência deles) transmitidos pelo elenco são tão convincentes que acreditamos nisso, acreditamos naquela convivência.

Por outro lado, não consigo deixar de ver o que houve de negativo nesta "versão mais moderna" de Star Trek. Para começar, achei o primeiro de 2009 bem mais interessante e infelizmente há uma diferença gritante entre os dois filmes. Enquanto que no primeiro, o bom roteiro valorizava os bons diálogos, o desenvolvimento e a evolução de cada personagem, dava espaço para a construção de uma história, ou seja, fazia pensar. Neste, o que vi, para minha total decepção, foi um amontoado de sequências de cegar qualquer um, explosões, batalhas que nunca terminam, ação do primeiro ao último minuto, não há espaço para nenhum diálogo decente, uma conversa que tenha alguma conclusão, a todo instante, um obstáculo surge e tudo é motivo para mais explosões. Quase não vi os personagens, quando estavam em cena, estavam correndo ou lutando. Em seu final, apelam para o emocional, inserindo uma "comovente" sequência, dando um contraste tão absurdo com o restante do filme, que ficou vazio, sem sentido. O vilão que prometia tanto pelo trailer, é fraco, nem mesmo a boa atuação de Cumberbatch conseguiu salvá-lo do fiasco. O que mais me espanta, é que precisaram de três pessoas para escrever esta brilhante história. Achei uma grande pena, desperdiçaram o potencial de ótimos atores e um diretor competente, entregando um filme na medida para o sucesso, mas a meu ver, desrespeita o que conhecemos por ficção científica, é um puro filme de aventura, que cega seu público com tantos efeitos especiais, tapando os buracos de seu frágil roteiro.

O elenco, assim como no primeiro, é de grande destaque, Chris Pine e Zachary Quinto mandam muito bem na pele de Kirk e Spock, não há dúvidas de que merecem estar ali, os dois são ótimos e graças a eles o filme se mantém num bom nível. Do restante, todos ótimos, mas muito apagados devido ao roteiro que não deu espaço para ninguém mais, nomes como Zoe Saldana, Karl Urban, Anton Yelchin, John Cho e Simon Pegg são alguns deles, além da perdida Alice Eve que não faz nada no filme além de ser bonita. Outro bom destaque da produção, claro, os efeitos especiais e sonoros, são extremamente bem feitos, como há muito não se via no cinema, JJ.Abrams mais uma vez provando seu talento neste tipo de filme, comandando com competência a ação. Vale citar também, a trilha sonora de Michael Giacchino dando o fôlego e a emoção que o longa precisava, além da belíssima direção de arte, seja de maquiagem, cenários e figurinos, tudo em perfeito estado. "Além da Escuridão", mesmo estando muito abaixo das minhas expectativas, não posso negar suas qualidades e não me surpreendo se agradar muita gente, é bem provável que agrade. Achei muito bem realizado como um todo, se sua proposta era divertir, entreter seu público com muita aventura, conseguiu e com muito êxito, porém, seu grande erro está justamente na base de tudo, seu roteiro, e não há efeito especial capaz de maquiar isso, com direito a um final sem clímax e nenhuma cena marcante que fique na memória. 

NOTA: 7



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