
por Fernando Labanca
Mark O'Brien (John Hawkes) teve poliomielite aos seis anos de idade, a doença o deixou com o corpo paralisado com exceção da cabeça e sobrevive por um aparelho que ele mesmo chama de "pulmão de aço". Aos trinta e oito anos de idade e com sua mente totalmente lúcida, Mark dedica a sua vida em escrever e ao ser convidado para publicar um artigo sobre relações sexuais entre pessoas deficientes, percebe que precisava abrir as portas para aquilo que sempre negou por se achar incapacitado, o sexo. Religioso, ele vai atrás de um padre, Brendan (William H.Macy) e pede autorização para que entre em contato com uma terapeuta do sexo, uma mulher que possa ensiná-lo a como ter relações em um caso tão específico como o dele. É então que conhece Cheryl (Helen Hunt), que através de seis sessões passa a iniciá-lo ao sexo através de exercícios de consciência corporal.
"Deixe-me tocá-la com minhas palavras, pois minhas mãos quedam inertes como luvas vazias."
"As Sessões" é um filme corajoso. Em cada diálogo, cada cena, vejo uma coragem daqueles que o realizaram, pois se trata de um tema complicado, pouco explorado, e assim, vemos o nítido cuidado que tiveram com o roteiro, pois conseguiram trabalhar com uma trama tão complexa, tão difícil e transformá-lo em algo leve, agradável e acima de tudo, poético. Colocam em pauta o sexo entre deficientes, exploram uma realidade pouco vista de forma sensível e honesta. A relação sexual e conhecimento do próprio corpo surgem na tela de maneira natural, longe de ser obsceno, despem seus personagens de forma literal, não havendo glamourização do corpo e os colocando em situações que os façam ignorar qualquer tipo de consenso, os libertam de julgamentos e moralismos.


"As Sessões" é um belíssimo filme que vale muito a pena ver e apreciar. Me surpreendi, esperava ver apenas um drama simpático...sim, ele também pode ser considerado um "drama simpático", mas é muito mais que isso, é uma obra ousada, corajosa, que desenvolve uma trama difícil, de forma leve, sensível, que emociona profundamente mesmo sem exageros. Honesto, inteligente e poético. Recomendo.
NOTA: 9
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