“Bem-vindo aos 40” é uma espécie de
sequência/prequel da comédia de grande sucesso “Ligeiramente Grávidos”
de 2007, que contava com os protagonistas Seth Rogen e Katherine Heigl. Dessa
vez, ainda dirigido por Judd Apatow, o longo foca no casal de amigos que
apareceram no primeiro, Pete e Debbie, interpretados Paul Rudd e Leslie Mann.
Tinha tudo para dar certo, uma boa ideia, ótimos atores e um diretor
competente, entretanto, as longas duas horas e meia deste filme só nos faz ter
certeza de que foram horas perdidas de nossas vidas em uma obra que nada tem a
contar.
Por Fernando Labanca
Vemos o casal na semana em que ambos completam quarenta
anos. Para uns, a idade do sucesso, para outros, aquele momento da vida onde o
ser passa a refletir sobre suas escolhas. Pete e Debbie, que vivem numa
situação financeira complicada e que batalham diariamente para
sustentar a casa, onde também moram as duas filhas, Sadie e Charlotte, que
vivem brigando. Nesta semana, os dois decidem fazer as coisas diferentes, se
alimentar melhor e se aproximarem mais um do outro.
Gostei muito de “Ligeiramente Grávidos”, gostei ainda mais
de “Funny People” (2009), comédia desconhecida com Adam Sandler e Seth Rogen. E tudo o
que vem com o selo de qualidade “Judd Apatow”, sempre acaba criando uma certa
expectativa. Por isso, “Bem-vindo aos 40” é tão decepcionante, tem o mesmo
clima dos filmes anteriores, aquela comédia sutil sobre pessoas comuns, com
situações bem contadas, diálogos ágeis e inteligentes com pitadas de drama.
Para minha surpresa, presenciei seu pior filme em anos. As fortes
características de seu cinema continuam e a boa direção também, mas a
originalidade e a inteligência não.
O filme demora a decolar, mostrar a que veio, joga situações
aleatórias na tela e não consegue convencer em nada. O problema é que esta
impressão permanece até seu final e até lá ficamos na espera de acontecer algo,
ficamos somando os diálogos tentando achar um sentido para tudo aquilo, mas não
há. Os bons atores em cena contribuem para nossa expectativa de que ele vai
melhorar, até porque conseguir colocar Melissa McCarthy, Jason Segel, Chris
O’Dowd, John Lithgow, Albert Brooks e a revelação Lena Dunham no mesmo elenco,
devia haver uma razão. A conclusão é que Judd Apatow apenas quis reunir seus
amigos para fazer um filme, esqueceu o roteiro, esqueceu o público.
O problema piora quando resolvem estender este imenso vazio
por duas horas e meia. A duração não é um defeito quando se tem o que contar, o
que é bem diferente deste caso. Todas as cenas de Megan Fox são descartáveis,
não consegui entender o que ela faz ali, e todas as situações envolvendo ela, a
loja de Debbie e os furtos realizado pela também descartável Charlyne Yi. Jason
Segel, sem sal, também não acrescenta a trama. Além dos coadjuvantes inúteis
que servem apenas para somar cenas desnecessárias que nem ao menos fazem rir,
Judd Apatow resolveu inserir situações patéticas e concluí-las de forma ainda
mais patética. O que dizer da insistente referência a “Lost”? Não contentes,
resolveram contar o final da série também, fazendo uma bizarra ligação com a
relação de Pete e Debbie. As filhas do casal é outro problema, onde o diretor
as coloca em cena apenas por serem suas filhas na vida real, mas esquece de
escrever algo decente a elas, que irritam em nível extremo, quando surgem ou
estão brigando ou estão berrando, é chato e de péssimo gosto.
“Bem-vindo aos 40” é, por fim, uma sequência de erros, tinha
uma premissa interessante, mas o roteiro se perde em tantas tramas e situações
desnecessárias, que não emocionam e não divertem, que ao seu final fica apenas
a sensação de um tempo de nossa vida perdido. O filme parece a todo instante se
esquivar em se aprofundar em algo, de tirar melhor proveito de seu tema, provando
que tanto sua ideia inicial como se aproveitar dos personagens de “Ligeiramente
Grávidos” foram apenas motivos furados para seu desenvolvimento. Vale por Paul
Rudd e Leslie Mann, que não trazem nenhum atuação inovadora, mas pelo menos funcionam
muito bem juntos, possuem uma bela sintonia, há certamente uma deliciosa naturalidade entre os dois e somente eles nos fazem aguentar
até o final.
NOTA: 5
Assisti em 2021 e vim pra internet ver o que dizia a crítica.
ResponderExcluirE, cara! Descreveu exatamente o que eu achei.
E eu reparei que na época do lançamento varios pagaram pau pra esse filme
Eu acabei de ver! E fiquei exatamente com essa impressão.
ExcluirNão sei se me distrai, mas no final, quando estão no show, é alguma banda diferente ou aquele mesmo estilo que ele insiste e não da certo?
Eu acabei de ver! E fiquei exatamente com essa impressão.
ExcluirNão sei se me distrai, mas no final, quando estão no show, é alguma banda diferente ou aquele mesmo estilo que ele insiste e não da certo?
Eu acabei de ver! E fiquei exatamente com essa impressão.
ExcluirNão sei se me distrai, mas no final, quando estão no show, é alguma banda diferente ou aquele mesmo estilo que ele insiste e não da certo?