sábado, 24 de janeiro de 2009

Crítica: O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button, 2008)


Uma vida ao contrário! Quem um dia já pensou nessa possiblidade, de nascer velho e ir ficando mais jovem a cada dia? Será que iríamos ser mais felizes? Será que saberíamos aproveitar melhor o nosso tempo? Pois então, um homem chamado F. Scott Fritzgerald levou essa brilhante idéia adiante e escreveu um conto sobre Benjamin Button, um homem que nasce velho e conforme e tempo passa, ele vai rejuvenescendo. Até que desse conto nasce um grande filme, O Curioso Caso de Benjamin Button, dirigido pelo incrível David Fincher e com mais que merecidas 13 indicações ao Oscar e 5 indicações ao Globo de Ouro. Quer mais? 11 indicações ao Bafta (o Oscar Britânico)

por Fernando

Em meados de 1918, um homem foi contratado para construir o relógio principal de uma grande estação de trem. Entretanto, ele acabara de perder o filho na Primeira Guerra Mundial e teve a idéia, como uma maneira de protesto, talvez, fazer um relógio onde os ponteiros girem ao contrário, para que os filhos perdidos na Guerra pudessem voltar no tempo e continuar suas vidas. Eles não voltaram. Mas não muito longe dali essa história teve um efeito.

Nasce Benjamin Button, sua mãe morre no parto e seu pai, Thomas Button, o rejeita apesar de prometer a sua mulher que cuidaria dele, isso porque Benjamin nasce com rugas, uma criatura estranha. Thomas o abandona em um asilo, quem o acha é Quennie (Taraji P.Henson - indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante) que o leva para dentro e cuida como seu fosse seu filho, ele é tratado por um médico que chega a estranha conclusão de que ele sofre de todas as doenças de um idoso. Para muitos, Benjamin estava prestes a morrer, mas ele sobrevive e cada dia que passa vai ficando mais forte, mais disposto e passa a conviver com os velhos do asilo.

Até que um dia conhece Daisy, uma jovem que sempre vai visitar sua avó, eles fazem amizade e a partir daquele momento, Benjamin jamais esquecera dela. E conforme os anos passam, ele vai ficando cada vez mais jovem, enquanto todos ao seu redor vão envelhecendo cada vez mais e desde cedo aprendeu a mais dolorosa lição da vida, a perda.

Button começa então a enfrentar o mundo, se envolve em grandes histórias, vai para um bordel e perde a virgindade cedo, começa a trabalhar em um grande barco com um marinheiro que se diz artista, participa da Segunda Guerra Mundial durante um tempo breve. Mas ao mesmo tempo nunca esquece de Daisy que vai ficando mais adulta.

Os dois vão se reencontrando aos poucos, em diferentes épocas, mas vivem vidas distintas, cada um vive seu mundo, o tempo se torna o inimigo deles, que nunca podem se relacionar de verdade, até que a idade deles se encontram, ambos com 40 e poucos anos. E nesse tempo eles se entregam um ao outro, vivendo uma verdadeira paixão, mas sabem que como tudo na vida, tudo isso uma hora vai acabar. Ele vai ficar mais jovem, vai ter outros interesses, vai ficar criança, em contra-partida, ela irá envelhecer, ter outras responsabilidades. Resumindo, uma história de amor impossível.

Benjamin Button não vive histórias tão grandiosas quanto Forrest Gump (que aliás é do mesmo roteirista) e nem tão fantasiosas quanto Edward Bloon (de Peixe Grande), mas vive uma história que jamais foi contada, por isso o mérito do filme, ser tão inovador, tão interessante, revolucionário. Vindo de David Fincher, não há surpresa, pois ele revoluciona em tudo que faz. Fez um dos melhores filmes de suspense até hoje com história bem arquitetadas em Se7en (1995), um dos melhores de ação, para aqueles que gostam de pancadaria e boas idéias com direito a um final surpreendente em Clube da Luta (1999) e um dos melhores filmes de serial killer já feito, Zodíaco (2007). E entre todos, juntamente com Benjamin Button, há uma semelhança, todos fazem o público pensar, são filmes para aqueles que querem mais do que diversão, querem refletir, pensar, repensar.

O Curioso Caso de Benjamin Button já virou um clássico do cinema, Fincher caprichou em tudo. Desde o roteiro bem amarrado de Eric Roth, a bela trilha sonora até a impecável maquiagem, que faz Cate Blanchett convencer tanto quanto uma mulher de 20 anos até uma senhora de 80 e poucos e Brad Pitt parecer velho, apagando de vez sua face de galã, e entrando na lista dos atores mais respeitados da atualidade.

Brad Pitt surpreendeu, ganhando o Oscar ou não, ele arregaça!! Até em cenas simples, ele parece outra pessoa, não há nada que me fez lembrar dele em outros filmes. Cate Blanchett está ótima também, e como sempre ela acerta no papel que faz e já coleciona em sua filmografia grandes filmes e excelentes atuações. Os coadjuvantes fazem bonito também, destaque para Tlda Swinton, que faz uma participação como uma das primeiras paixões de Button e Taraji P.Henson.

Muito se comenta da longa duração do filme, de 166 minutos, quase três horas. Mas em nenhum momento isso incomoda e está longe de ser um problema no longa. A história é simplesmente incrível e envolve a cada minuto de projeção. Há muito tempo não via um roteiro tão diferente e inusitado como este.

O Curioso Caso de Benjamin Button nos faz refletir sobre o tempo de nossa vida, se estamos ou não fazendo aquilo que queremos dela, se estamos tirando o melhor aproveito da vida, pois nada é para sempre, tudo acaba, até os melhores acontecimentos dela, até mesmo os grandes amores.

NOTA: 9

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