domingo, 27 de setembro de 2009

Crítica: Uma Prova de Amor (My Sister's Keeper, 2009)


Do diretor, Nick Cassavetes, o mesmo de "Diário de Uma Paixão" e o mais recente "Alpha Dog", traz as telas um dos filmes mais comoventes do ano, ou até mesmo, em anos!

por Fernando

O filme, baseado no best seller de Jodi Picoult, nos mostra a jornada de uma família no auge do caos, graças ao câncer de uma das filhas, e essa doença aos poucos vai corroendo o sentimento de cada um. Nos mostra a jornada de uma garota de 15 anos que deixa de sonhar e ter uma vida plena para sofrer em uma cama do hospital, e mais que isso, o que essa doença acaba refletindo em cada membro dessa família.

Sara (Cameron Diaz) e Brian (Jason Patrick) um casal completamente apaixonados, se deparam com uma terrível notícia, a leucemia da filha pequena, a mais jovem até então, Kate. O outro filho, Jesse, infelizmente não tem compatibilidade suficiente para salvar a vida dela, devido as transfusões de sangue e doações de órgãos que deveria ser feita e há poucos doadores, e a possibilidade de compatibilidade e muito pequena o que aumenta as chances da criança morrer logo, é quando o casal decide fazer um filho de proveta, reunindo os genes de Sara com o de Brian para criar a filha perfeita para salvar Kate. Nasce Ana, que aos 11 anos (interpretada por Abigail Breslin) percebe o que faz na Terra e tira as conclusões sobre sua vida, nasceu para salvar sua irmã, não foi um acidente nem coincidência, foi planejada.

Refletindo sobre tudo isso, e lembrando no fato de que os seus 11 anos de vida, foram resumidos em idas obrigatórias ao hospital para exames de sangue, retiradas de sangue, operações, cirurgias, injeções, tudo para a melhoria de Kate (Sofia Vassilieva), ela decide ter liberdade sobre seu corpo e poder ter direito a ter uma alternativa, decide poder escolher entre ir ou não ir ao hospital, entre querer e não querer fazer uma cirurgia. Ana vai até um famoso advogado, Campbell Alexander (Alec Baldwin), junta uma grana, vendendo algumas coisas valiosas e com a ajuda de seu irmão Jesse (Evan Ellingson), ela vai atrás dele para levar seu caso para o tribunal, e assim poder ter controle sobre o próprio corpo.


A notícia chega em casa, para o espanto de todos, principalmente para Sara, que não admite a atitude da filha. O caso é estudado pela juiza (interpretada por Joan Cusack) que decide levá-lo ao tribunal. Kate aprova a atitude de Ana e sabe que ela tem consciência sobre o que está fazendo. A verdade é que uma operação em Ana está próxima, vai doar um rim para Kate, mas essa operação é muito arriscada, e as chances de salvar Kate são mínimas e pior, pode deixar lesões em Ana. E por isso a jovem decide enfrentar a própria família para poder sobreviver e ter uma vida digna, não ser um objeto para salvar outra pessoa.

Conflitos a parte, essa família nos dá uma lição de superação, enfrenta os problemas com cabeça erguida, por mais dolorosos que eles sejam. Ana ama muito a todos, inclusive a Kate e deixa claro que faria qualquer coisa para salvá-la, mas é preciso ter uma opção. Kate, por sua vez, tenta enxergar a vida da melhor forma possível, vive com dores e idas constantes ao hospital, mas tenta superar e ter esperança acima de tudo, mesmo que seja difícil aceitar a possibilidade da morte, sendo tão jovem, sabendo que tem tanta coisa para viver. Kate junta em uma caderno, fazendo um mosaico de fotografias, recordando tudo o que já viveu de bom, todas as boas lembranças, e são muitas. E mesmo que sua passagem na vida seja breve ela quer ter certeza que passou por ela e que deixou sua marca.

Por outro lado, Sara, que abandonou seu trabalho como advogada para ajudar a filha, retoma para ir no tribunal contra a decisão de Ana. Ela vai lutar com todas as forças para impedir que Ana consiga o que quer, simplesmente para salvar Kate, não por ferir Ana, mas por saber que essa é a única saída, caso contrário, ela perderia a filha que tanto ama. Ela vai passar por todos os obstáculos e enfrentar quem tiver de enfrentar para ter Kate saudável mais uma vez.





Uma família que tinha todos os motivos para desistir, mas todos resistem, cada um de sua forma, cada um tem um motivo para sofrer, por outro lado, cada um tem um motivo para querer seguir em frente, a própria família. Uma Prova de Amor entra na mente de cada personagem para entendermos o que se passa na mente de cada diante de uma situação tão difícil e a maneira que cada um encontra para superar essas dificuldades.


O filme nos dá a sensação de algo "retrô", algo passado, como se fossem lembranças quase apagadas, com uma iluminação clara e marcante como se desfigurasse as imagens. O filme funciona mesmo como lembranças, alternando entre o passado e o presente, a mesma tática usada por Cassavetes em Diário de Uma Paixão, que funciona mais uma vez. E inevitavelmente comparando os filmes, Cassavetes usa da delicadeza e sensibilidade para conquistar o público, deixando de lado seu realismo e cenas pesadas com um clima mais agressivo do seu, também excelente, Alpha Dog. Uma Prova de Amor, é leve, calmo, mas ao mesmo tempo, nos trás uma história forte, marcante e extremamente emocionante.


As atuações são magníficas. A novata Sofia Vassilieva surpreende, dando a Kate um tom tão belo quanto triste, mostrando com sinceridade o sofrimento da jovem com câncer, fazendo com que torcemos e ao mesmo tempo, sofremos com ela. Cameron Diaz também é outra que surpreende, sempre vista nas comédias, mostrando seu belo sorriso e sua facilidade com o humor, ela encara de frente esse drama pesado, arrisca e acerta bonito com sua desesperada Sara, emociona o público com sua luta interminável para salvar a vida da filha, é tão bonito ver sua passagem, compreendemos suas atitudes, por mais agressivas que sejam, Diaz dá um show na tela, principalmente nas cenas em que chega ao ápice do desespero. Abigail Breslin é uma jovem atriz extremamente talentosa, quem sabe, a melhor de sua geração, se entrega a uma personagem com tal facilidade que alguns atores já crescidos não conseguem, emociona e diverte o público com sua simplicidade e carisma, dá um toque tão real naquilo que representa, é natural, interpreta como sendo uma garota de 11 anos na mesma situação, não como um adulto em forma de criança. Ela é perfeita para o papel e tem um desempenho incrível na frente das câmeras. Além das boas participações de Jason Patrick, Evan Ellingson, Joan Cusack e Alec Baldwin.


Uma Prova de Amor, é belíssimo, comovente ao extremo, impossível não se deixar levar e se emocionar com a jornada dessa família, tão incrivelmente exposta por Nick Cassavetes e por atores tão competentes. As cenas são belas, a trilha sonora se encaixa perfeitamente no clima nostálgico do filme, assim como a fotografia e a iluminação, tudo em perfeita sintonia. Diálogos memoráveis e cenas marcantes, como quando Ana enfrenta sua família pela primeira vez, palmas para Abigail Breslin, ou quando Kate ao manusear seu álbum de fotografias, em pensamento, perde perdão para a família, impossível não se emocionar, ou com os desesperos de Sara, ou com o discurso inicial do filme, sobre as conclusões de Ana sobre sua vida, onde o filme já começa perfeitamente bem, ou com os diálogos profundos sobre família, vida e morte, entre outros. Um filme que nos apresenta grandes reflexões. Um daqueles filmes que ficarão na memória por muito tempo.

NOTA: 9

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