
Comemorando a 200ª postagem do CINAMETECA, e mais do que isso, horas se dedicando a algo, assim como eu, minha amiga e companheira aqui do blog (Babi), que fazemos com muita vontade, logo que cinema é nosso grande hobbie. Para "celebrar" essas tantas postagens, resolvi escrever sobre uma personalidade que tanto admiro quanto me intriga, um dos roteiristas mais importantes do cinema atual, Charlie Kaufman.
Nada mais oportuno que fazer isso, em homenagem a este indivíduo, e portanto exatamente em seu aniversário, 19 de novembro.
por Fernando Labanca
Vida
19 de novembro de 1958 (segundo IMDB), nasce Charlie Kaufman, a mente por trás de filmes como Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças e Quero Ser John Malkovich. Nasceu em Nova York, numa família judia, mas logo se mudou. Estudou cinema em importantes faculdades, inclusive, um de seus colegas de classe foi Chris Columbus (Harry Potter 1 e 2). Passou a escrever em jornais e revistas, até mesmo em artigos cômicos, é por aí que compreendemos seu humor sempre presente em seus roteiros.
Se mudou para Los Angeles, foi quando passou a escrever para séries de televisão, o que não teve tanto destaque, e sua genialidade foi conhecida nos cinemas, quando em 1999 lança "Quero Ser John Malkovich", filme dirigido por Spike Jonze. Hoje ele vive em Califórnia, com sua esposa e seus dois filhos.
Carreira

Compreendendo Charlie Kaufman

Seus filmes são sempre algo muito pessoal, consegue colocar muito de si mesmo em suas obras, sua filmografia são como crônicas de sua auto-biografia. Em "John Malkovich", de início não se percebe, mas quando visto todos seus filmes, claramente, voltamos no tempo e temos a certeza de que, seu "eu" era a personagem de John Cusack, aquele que faz loucuras para escapar de sua vida e viver uma outra, infeliz com sua própria realidade. Esse desejo da fuga de ser quem é, sempre esteve presente em seus roteiros.

Charlie Kaufman sempre, então, explora em seus roteiros a vontade de ter outra vida, mais do que isso, a incompreensão e insatisfação com sua própria existência. E nada está ligado ao suícidio, mas sim, uma busca infinita para entender quem realmente é, nunca se compreende, nunca se encaixa no mundo e se vê distante de todos ao seu redor, distante de tudo além das próprias idéias, além do mundo que ele mesmo cria, para se sentir, digamos, alguém importante.Vemos isso, claramente em "Sinédoque", onde a personagem principal comete loucuras para se compreender, entender sua função no mundo e ir além, fazer algo importante antes de morrer.
Podemos dizer, que seu maior intuito é compreender a vida, suas estranhezas, sua complexidade, e através de seus filmes, fazer um estudo psicológico profundo neste assunto, com personagens complexos e histórias mais ainda. Ironicamente, quando decide fugir de suas ideologias, é quando alcança maior sucesso, "Brilho Eterno...", pode se dizer, é seu mais fantástico trabalho e o que mais foi compreendido. É difícil chegar a uma conclusão sobre suas obras, são tão particulares, são como quadros abstratos, onde só o autor poderá compreender por completo, e aqueles que assistem, tiram suas próprias conclusões.
OBRAS
Quero Ser John Malkovich (Being John Malkovich, 1999)

de ser um macaco, pois consciência... é uma maldição terrível."
Seu primeiro trabalho nos cinemas como roteirita e produtor executivo, quando pela primeira vez as pessoas viram e pensaram: "o cara que escreveu esse filme tem problema", hoje essa dúvida foi esclarecida. Dirigido por Spike Jonze, conta com Catherine Keener, Cameron Diaz e John Cusack no elenco, além, é claro, de John Malkovich.
Além das indicações ao Oscar, o filme foi indicado ao Globo de Ouro, nas categorias de Melhor Filme (comédia ou musical), Melhor Roteiro e Melhor Atriz Coadjuvante para Catherine Keener e Cameron Diaz. Venceu o Independent Spirit Award como Melhor Roteiro de estréia. No Bafta, ganhou Melhor Roteiro Original e foi indicado a Melhor Atriz Coadjuvante para Cameron Diaz. Fora do país, o filme foi muito bem recebido também, sendo indicado na França, ao Prêmio César de Melhor Filme Estrangeiro.

Eis que certo dia, ele descobre no trabalho um portal, uma porta que se abre e escorregando em um túnel sujo se depara na mente de outra pessoa. Até que logo ele percebe que essa mente nada mais é que a mente de John Malkovich, um ator de cinema não muito famoso, mas todos adorariam ser e lá permanece por 15 minutos até ser jogado no acostamento de uma rodovia. Deslumbrado com a situação, descobriu como encontrar a satisfação mais uma vez em sua vida, logo que amava manipular os fantoches, pois tinha a chance durante alguns minutos viver outra vida, ter outra alma e esquecer de si, e agora ele poderia ser John Malkovich. Mas satisfação não é tudo, ele também precisa comer, e logo conta para Maxine sua descoberta e juntos passam a alugar o portal, anunciaram, e de repende milhares de pessoas, desesperadas, infelizes com suas vidas, pagavam para ser outra pessoa, independente de quem fosse.


"-Craig, por que você gosta tanto de marionetes?
-Talvez seja a idéia de ser outra pessoa por um instante. Estar em outra pele... pensar e mover-se diferentemente...sentir de outra maneira."
Muita coisa, não? Isso não foi nem a metade das grandes surpresas do filme, que quando achamos que já tinha alcançado o ápice do absurdo, vai muito mais longe. E numa idéia tão mirabolante, Charlie Kaufman consegue dar um fim digno, transformando de vez o filme numa obra-prima, que com certeza será lembrada ainda daqui há muitos anos, já sobreviveu 11 anos e ainda é algo moderno, inovador.


Um filme divertido, estranho, extremamente inteligente e original, diferente de tudo do que já se fez, memorável. Palmas não só para o brilhante roteiro de John Malkovich, mas também, para a direção de Spike Jonze, que sem ele, essa loucura talvez não desse certo.
NOTA: 9
Confissões de Uma Mente Perigosa (Confessions of a Dangerous Mind, 2002)

"Meu nome é Charles Hitchbarris. Eu escrevi canções... eu fui um produtor de televisão...eu sou responsável por poluir o ar com minhas idéias burras de puro entretenimento. Em adição, eu assassinei 33 seres humanos. Estou condenado ao inferno."
Chuck Barris
Dirigido por George Clooney, não, você não leu errado, George Clooney, o astro de Hollywood também dirige e muito bem, por sinal. O filme tem outros astros em papéis de destaque como a revelação da época, Sam Rockwell, Drew Barrymore e Julia Roberts e também George Clooney. Primeira adaptação de um livro, ou seja, primeiro filme que faz sem se basear num roteiro original, baseado no livro autobiográfico de Chuck Barris, ou melhor, em sua autobiografia não autorizada, assim como sugere o filme.
Sabe aquele sábado e domingo que você ficava em casa quando criança assistindo TV com sua família e via programas idiotas com gincanas e brincadeiras ao estilo Programa Silvio Santos, Domingo Legal ou Domingão do Faustão, jogos entre casais, jogos de paquera entre estranhos, show de calouros, enfim, essas baboseiras que só a televisão nos oferece. Acredite, isso não foi invenção do patrão falido, mas sim, de Chuck Barris, o que causou tudo isso.


Na verdade, Chuck Barris chega ao fundo do poço e decide escrever um livro, sua biografia não autorizada, "Confissões de Uma Mente Perigosa", para tentar compreender sua trajetória e mostrar aos outros como não viver uma vida.

Temos 3 caras velhos com armas carregadas em cena. Eles olham pra trás, nas suas vidas para ver o que eles foram, o que eles fizeram e quão perto eles chegaram de realizar seus sonhos. O ganhador é o que não atira nos seus miolos. Ele ganha um refrigerador."
Chuck Barris
Charlie Kaufman e Goerge Clooney constroem um filme bem diferente e divertido, apesar de ter uma temática um tanto quanto pesada, Clooney opta por seguir outra linha, transformando num filme leve e que vale a pena ser assistido. E acima de tudo, um filme muito estiloso, bem "cool".
O que mais chama a atenção no longa, porém, é a dúvida que salta no final, seria a vida que ele conta sua história real? A verdade é que Chuck Barris realmente existiu, a televisão está aí para provar, porém, sua segunda vida que ele revela e foi como uma bomba na época em que lançou o livro, fica na incerteza, não foi preso por seus 33 assassinatos, não há prova deles, ninguém viu os agentes e não há indícios de suas existências. Seria seus assassinatos uma metáfora para os cérebros que queimou e as pessoas que ficaram mais burras depois de suas idéias? Estariam seus crimes somente em sua mente, assim como sugere o título? Ninguém sabe até hoje, e o filme só veio para alimentar essa dúvida.

Em "Confissões de Uma Mente Perigosa", por ser uma adaptação, as idéias de Kaufman voam menos alto, e mesmo sendo um especial de Charlie Kaufman, o filme vale mesmo por Sam Rockwell.
NOTA: 8,5
Adaptação (Adaptation, 2002)

- Está bem, mas aviso que não vai ter sexo, armas, nem perseguições de carros, entende? Nem personagens aprendendo grandes lições de vida, fazendo as pazes, ou superando obstáculos no final. O livro não é assim, nem a vida. Ela não é assim."
Charlie Kaufman
Mais uma vez com a parceria com Spike Jonze que dirige, assim como havia dito, seu filme mais pessoal, isso porque é como uma biografia do autor, não de sua vida, mas de uma experiência muito única que teve. Ou seja, o personagem principal é Chalie Kaufman, intrepretado por Nicolas Cage. O filme ainda conta com atuações marcantes de Maryl Streep e Chris Cooper.
Vencedor do Bafta de Melhor Roteiro e Indicado ao Oscar na mesma categoria, "Adaptação" é citado como roteiro adaptado, e não roteiro original de Kaufman, eu o vejo como uma mescla dos dois. A intenção inicial era fazer uma adaptação do livro "Ladrão de Orquídeas" de Susan Orlean, o livro foi entregue a Kaufman para ele fazer o roteiro para o cinema, mas como fazer um filme somente sobre orquídeas? Os realizadores do longa queriam algumas mudanças no scrip para se tornar algo aceitável a nível de Hollywood. É quando Charlie escreve um filme sobre ele adaptando o livro de Susan. Metafilmagem total.

e o que ela tem em sua vida de tão importante que valha a pena viver.
Sem criatividade para seguir com o roteiro, Charlie pede ajuda de Donald e de um expert
e palestrante em roteiros (Brian Cox), e tantando fazer dessa obra algo mais publicável, cria uma relação de amor entre Susan e John, um acidente de carro, mortes e lições valiosas de vida, tudo para ser aceito, uma história somente de orquídeas nunca daria certo, era preciso adaptar o roteiro e ao mesmo se adaptar às necessidades do público, sobre uma história de adaptação.
e palestrante em roteiros (Brian Cox), e tantando fazer dessa obra algo mais publicável, cria uma relação de amor entre Susan e John, um acidente de carro, mortes e lições valiosas de vida, tudo para ser aceito, uma história somente de orquídeas nunca daria certo, era preciso adaptar o roteiro e ao mesmo se adaptar às necessidades do público, sobre uma história de adaptação.

Susan Orlean

A insatisfação como ser volta na pele de Charlie (Cage), durante o filme acompanhamos uma narrativa em off do personagem e muito compreendemos sobre sua personalidade, a todo momento se irrita com sua falta de cabelo, por ser gordo, por ser feio, por não conseguir se encaixar e sempre se sentir deslocado, e não há quem não se identifique com seus pensamentos, nem que pelo menos uma frase, pois é tudo muito sincero e muito espontâneo.

Maryl Streep está maravilhosa, encantadora, indicada ao Oscar e vencedora do Globo de Ouro por sua atuação, comove e conquista o público fácil com sua personagem, apesar de madura e independete, é frágil e sensível. Chris Cooper também surpreende, vencedor do Oscar por seu John Laroche, que tem uma atuação digna de prêmios, um dos melhores momentos de sua carreira e Nicolas Cage me pegou de surpresa também, depois de tantos fiascos em sua carreirta recentemente, não tinha noção do talento do ator e do que ele é capaz de fazer, infelizmente não soube escolher muito bem seus trabalhos, mas "Adaptação" ficou marcado e para mim, foi, diaparado, sua melhor atuação. No elenco, ainda vemos Tilda Swinton, Brian Cox, Judy Greer, Cara Seymour e Meggie Gyllenhaal.

Detalhe: Donald Kaufman não existe e mesmo assim seu nome é visto nos créditos do filme como roteirista, e ainda foi indicado ao Oscar ao lado de Charlie. O primeiro indicado fictício.
NOTA: 9
Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004)

Mary (Kirsten Dusnt), citação do poeta Alexandre Pope.
Retornando na direção, Michel Gondry que foi aclamado por sua direção e foi seu trabalho mais notável. Mais aclamado ainda foi Chalie Kaufman, que se supera, numa carreira já incrível, ele consegue a proeza de ir mais longe e realizar um dos filmes mais inovadores da história do cinema, que definitivamente, entrou para a história. E que finalmente veio em suas mãos o tão desejado Oscar de Melhor Roteiro.
Em "Brilho Eterno..." vemos uma história de amor ao contrário, das brigas finais, passando pela triste rotina, chegando no auge da paixão e enfim chegando ao primeiro encontro. Tudo isso porque Clementine (Kate Winslet) decide apagar todas as lembranças que tem com seu namorado, Joel (Jim Carrey). Depois de muitas brigas, ela enfim toma uma decisão, e entra em contato com uma empresa, a Lacuna, onde eles possuem uma tecnologia inovadora que pode apagar as memórias indesejáveis. Sem saber, Joel não entende o porquê dela não o reconhecer mais quando se encontram, até que ele descobre o ocorrido e decide fazer o mesmo.


"O que Howard faz ao mundo: deixar as pessoas recomeçarem. É lindo. Olhamos para um bebê e é tão puro, tão livre e tão limpo. Os adultos são essa confusão de tristezas e fobias"
Mary
Genial, simplesmente Genial. De ficar sem palavras quando o filme termina, não há nada como "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças", um filme maravilhoso, que alcança a perfeição. O roteiro de Kaufman é simplesmente impecável, correto em tudo, e a direção de Michel Gondry foi essencial, acredito que tenha sido a melhor em toda a carreira de Charlie, o melhor diretor que soube transpor sua idéia maluca para as telas.


Um filme obrigatório, não vai mudar a vida de ninguém, mas vai mudar a percepção do que é realmente cinema e o que ele pode nos proporcionar, uma experiência divertida, emocionante, única. Um filme revolucionário, que inova na maneira de contar uma história e de se fazer filme.
NOTA: 10

Trecho de uma das cenas finais, do último encontro nas lembranças de Joel, ou seja, do primeiro encontro do casal. Que conscientes de que no dia seguinte não se recordarão da relação que mantinham, se despedem. Uma das cenas mais belas do filme e uma de minhas prediletas:
"- Eu preciso ir.
- Então vá.
-Eu fui...achei que talvez fosse maluca. Mas você era interessante.
-Queria que tivesse ficado.
-Eu também queria ter ficado. Agora eu queria ter ficado, queria ter feito um monte de coisas.
-Eu desci e você já tinha ido.
-Eu saí, saí pela porta.
-Por quê??!!
-Eu não sei. Me senti um menino apavorado. Era mais forte que eu.
-Estava com medo??!
-Estava. pensei que soubesse que eu era assim. Corri de volta para a fogueira, tentando superar minha humilhação, eu acho.
-Foi alguma coisa que eu disse?
-Foi. Você disse: 'Então vá', com tanto desdém, sabe?
-Me desculpe.
-Tudo bem.
-E se você ficasse dessa vez?
-Eu fui embora pela porta, não sobrou nenhuma lembrança.
-Volte e faça uma despedida, pelo menos vamos fingir que tivemos uma. Tchau, Joel
-Eu te amo.
-Encontre-me em Montauk!!"
Sinédoque, Nova York (Synecdoche, New York, 2008)

Caden Cotard
Definitivamente, seu filme menos compreendido, tirando "Natureza Quase Humana" que nem conta, "Sinédoque, Nova York" é seu filme mais tenso, mais difícil de se assistir e talvez mais complicado de se entender, muitos dizem que ele extrapolou, alguns até o veem como alguém com problemas mentais de verdade após verem o filme. Pois, mais uma vez é possível ver muito de Charlie Kaufman no filme, e seu "alter ego" vai longe demais, é doentio, suas atitudes são incompreensíveis e assustadoras.
Sem premiações importantes, o filme foi simplesmente ignorado pela Academia. Primeiro longa dirigido pelo próprio Kaufman, que muitos acreditam ser um dos grandes problemas do longa. Caden Cotard (Philip Seymour Hoffman) é um diretor de teatro, é casado com Adele (Catherine Keener) e tem uma filha, Olive. Até que depois de muitas brigas, Adele decide abandoná-lo e viver com uma mulher (Jennifer Jason Leigh) na Europa, o problema que ela leva a filha junto, acabando de vez com a vida de Caden. Livre do relacionamento, ele passa a se relacionar com a doce Hazel (Samantha Morton), sua grande amiga e companheira.
Como prêmio honorário de sua brilhante carreira no teatro, aposentado, Caden ganha uma grande quantia em dinheiro. Insatisfeito com sua própria vida, com todas as coisas que aconteceram e por ele sempre ter se sentido um grande bosta, resolve utilizar esse dinheiro para fazer algo grandioso, algo que o marcaria na história antes de morrer e mais do que isso, um estudo sobre sua própria existência.

Até que ele passa a perder o controle de tudo isso, e viver duas vidas paralelas começa a ficar cada vez mais difícil. Perde a razão, e começa a confundir não só a si mesmo como as passoas ao seu redor, e sem ter a noção de que cada um tem sua própria vida, ele não consegue enxergar nada além de sua peça e do que ele quer construir, algo maior que sua própria existência, não importando com pagamentos, nem espaço físico, deixando de se importar com sua vida real e se
dedicando com sua vida fictícia.
dedicando com sua vida fictícia.

Sammy
Impressionante, de deixar qualquer de boca aberta, alguns poderão até desistir de chegar até o final, mas garanto que vale a pena, e apesar das críticas negativas (a maioria, positiva), acredito que seja um filme poderoso, assustador sim, pois os acontecimentos são surpreendentes e inimagináveis, e o filme cresce tanto que quando chega ao fim, parece que nem mais respiramos, o longa, assim como a própria história, ganha proporções tão grandes, é espantoso ver o resultado e as idéias deste ser, que realmente extrapolou, mas em nome da arte, e como cinema, o filme é maravilhoso, muito original, surpreendente em cada cena, cada fala.
Seria Charlie Kaufman tão maníaco obsessivo pela própria existência? Capaz de ir tão longe a ponto de se descobrir, sem se importar com as pessoas ao seu redor? A verdade é que todos seus filmes foram o palco de "Sinédoque", e a cada trabalho, uma experiência nova, mas um mesmo intuito, se compreender como pessoa, entender seu objetivo de vida, buscar por um significado, por algo importante, algo para amar. "Sinédoque, Noa York" é a junção de tudo isso, é como uma explicação de toda sua obra.


NOTA: 9,5
"(...) Eles dizem que não existe destino, mas existe. É o que você cria. E mesmo que o mundo continue por essas eras e eras...você está aqui apenas por uma fração de uma fração de segundo. A maior parte de seu tempo é gasto sendo morto ou ainda não nascido. Mas enquanto está vivo, você espera em vão desperdiçando anos por um telefonema, uma carta ou um olhar, (...) algo para fazer você se sentir conectado, algo para fazer você se sentir inteiro, algo para fazer você se sentir amado."
Caden Cotard
As frases foram retiradas de trechos dos respectivos filmes, para ilustrar a genialidade de Charlie Kaufman. Os diálogos são sempre um ponto alto em seus longas, também, assim como toda a história, bem originais.
Quem já teve a oportunidade de ver algum dos filmes de Kaufman, não deixe de ver os outros, vale muito a pena. Sua filmografia não é tão grande e já é muito poderosa e importante. Recomendo todos, sem excessão. Um ser talentoso, inteligente e cheio de conteúdo, seus filmes são feitos para serem refletidos e por isso, se tornam memoráveis.
Quem já teve a oportunidade de ver algum dos filmes de Kaufman, não deixe de ver os outros, vale muito a pena. Sua filmografia não é tão grande e já é muito poderosa e importante. Recomendo todos, sem excessão. Um ser talentoso, inteligente e cheio de conteúdo, seus filmes são feitos para serem refletidos e por isso, se tornam memoráveis.