sexta-feira, 4 de maio de 2012

Crítica: American Pie: O Reencontro (American Pie Reunion, 2012)

Poucos filmes merecem o termo "marcou uma geração". Este feito, "American Pie", famoso por seu besteirol americano, conseguiu. A obra que é um retrato irônico dos jovens da década de 90 prova em seu quarto filme oficial que o tempo não o fez parecer uma obra esquecível, muito pelo contrário. Parece que o tempo fez bem para Jim e seus companheiros. Hoje, vendo a quarta parte, o longa carrega em si um delicioso clima nostálgico e é engraçado como, devido ao esperto e bem elaborado roteiro, "O Reencontro" se mostra não só o capítulo mais maduro de todos os filmes, mas é aquele que parece fazer mais sentido, mesmo retratando uma vida passada. Uma sequência de qualidade que homenageia toda uma geração, que faz o que seria impossível: prova ser o besteirol mais importante dos últimos anos.

por Fernando Labanca

Treze anos após o término do colégio, a classe de 99 se reúne para celebrar aquele tempo passado e se reencontrar com os velhos amigos. Jim (Jason Biggs), casado com Michelle (Alysson Hanigan) e agora com um pequeno filho retornam para o final de semana épico, fazendo a velha equipe se unir novamente. Kevin (Thomas Ian Nicholas) que também está casado, Oz (Chris Klein) que se tornou um famoso âncora de programa esportivo, além de ter participado do "Dancing With Stars" e Finch (Eddie Kaye Thomas) que passou anos se aventurando pelo mundo. Decididos a não chamarem Stiffler (Seann William Scott), o plano logo de início dá errado quando o destino os coloca juntos outra vez. Com a presença do amigo, eles acabam fazendo justamente o que não queriam, se meter em encrencas.

Entretanto, por de trás deste reencontro, cada um tenta conviver com seus próprios conflitos. Jim e Michelle que já não mantém uma relação sexual tão ativa quanto antes, Kevin que se depara com sentimentos antigos ao rever Vicky (Tara Reid), sua primeira grande paixão, assim como Oz que se reencontra com Heather (Mena Suvari). E Stifler que acaba aprendendo a mais dura das lições, os tempos do colégio passaram, ele já não é o maioral, as coisas mudaram, os anos dourados ficaram, infelizmente, para trás. E juntos percebem que a vida os guiou para rumos bem diferentes do que haviam planejado no passado. 


No cinema existem sequências e sequências. Existem aquelas que são feitas por dinheiro e existem aquelas que possuem um intuito, um propósito. "American Pie: O Reencontro", sem sombra de dúvida, sem encaixa no segundo grupo. Como disse anteriormente, os anos fizeram bem para a série de filmes, é interessante ver como o longa faz sentido nos dias de hoje, o que nos leva a um ponto ainda mais interessante: American Pie de 1999 foi um filme vanguardista, que pensou além de seu tempo. Não estou dizendo que os adolescentes retratados no filme são perfeitamente baseados na realidade, pois não são, são uma versão bem distorcida e cômica, mas que dentro de sua proposta, sempre funcionou muito bem. Neste quarto filme, os roteiristas conseguiram fazer toda a saga fazer sentido, o que antes eram só jovens atrás de sexo, hoje é um filme de comédia inteligente, com conceito.

Quando digo vanguardista, me refiro principalmente a inserção de uma tecnologia que na época era rara, os vídeos no youtube, as redes sociais, a velocidade da informação. O roteiro brilhantemente, ainda aproveita e faz boas piadas sobre essa nova geração. O que há de diferente no mundo de hoje, como os telefones celulares que na época não eram tão comuns entre os jovens. E para isso, eles colocam a turma de Jim em oposição a essa nova geração, é então que a diferença fica bem clara e passamos a analisar o quanto as coisas mudaram. É hilário ver Stifler ter que apelar para a saga Crepúsculo para conseguir transar e o quanto seu tipo de humor não faz o menor sentido entre as pessoas desta época. O filme ainda é recheado de boas sacadas, piadas nada inocentes assim como a série se tornou popular, ainda apelando para cenas de nudez, quase todas desnecessárias, mas que fazem parte do pacote. E apesar de retratar os jovens da década de 90, os roteiristas elaboram um universo capaz de agradar os iniciantes em "American Pie", mas é claro, aqueles que acompanharam os episódios anteriores compreenderão muito mais as piadas e acharão muito mais graça na trama.

A intenção de "O Reencontro" é justamente nos trazer um clima nostálgico. Ver aqueles personagens na tela é nos lembrar de como o tempo passou e é quase inevitável não sentir um pontada no coração. A cada personagem antigo que surge é uma lembrança nova. O filme tem este sentimento causado no público como seu maior triunfo. E a trama é sobre essas pessoas que um dia foram adolescentes, mas que cresceram, tiveram que crescer, arranjar um emprego, amadurecer, cuidar de uma família, encarar as responsabilidades da vida adulta e perceber que não somos aquilo que esperávamos, não seguimos os passos que acreditávamos em nossa juventude que iríamos seguir. E quando estes personagens se veem de volta no tempo é quando se deparam com os sonhos que não foram realizados, erros do passado que não foram corregidos, histórias que não foram devidamente terminadas. E é justamente por esses elementos que a quarta parte marca o momento mais maduro de "American Pie", mais do que isso, consegue se manter no mesmo nível que "O Casamento" e assim, sendo ao lado do terceiro filme, o melhor. Por isso que o tempo fez bem para a história, porque ela foi sendo aperfeiçoada.

Outra grande graça deste novo filme foi ter conseguido reunir todo elenco original. Mesmo que alguns apareçam em pontas especiais, a experiência de revê-los já vale o ingresso. E assim como a própria história, as personagens ganharam uma versão melhorada. Jason Biggs faz o Jim ser uma personagem patética, mas ainda assim engraçado e ao lado de Alysson Hanigan provam que ainda existe uma química adorável entre a dupla. A dupla Chris Klein e Mena Suvari também ganham bom destaque, não só pela trama mas por serem bons atores. Até mesmo Eugene Levy, que faz o pai de Jim, está melhor e mais engraçado. Entretanto, quem acaba se destacando ainda mais é Seann William Scott, que trás mais uma vez, uma atuação memorável, e faz de Stifler um personagem único, brilhante. Ainda vemos aqueles coadjuvantes clássicos, como a mãe do Stifler (Jennifer Coolidge), Nadia (Shannon Elizabeth), Jessica (Natasha Lyonne) e Sherman (Chris Owen), o Sherminator.

"American Pie: O Reencontro" tem seus erros. O excesso de piadas relacionadas a sexo, que poderão deixar muitas pessoas constrangidas, somadas a nudez que surge gratuitamente. E as cenas que parecem não ter muita coerência, uma junção de situações que são jogadas na tela sem a intenção de criar algo lógico. Mas é isso, um besteirol, que tem como único intuito entreter. Mas diferente de muitos filmes do gênero, não é do tipo, desligue o cérebro e vá em frente. É uma obra que respeita o público seleto que o admira, uma comédia de qualidade que ainda possui seus doces momentos de romance. Não recomendo para todos, é preciso gostar e não ligar para o que é politicamente incorreto. Para aqueles que vivenciaram a década de 90 e sentem falta dela!


NOTA: 8,5










2 comentários:

  1. Adorei o Post, Fer! Já estava com vontade de ver o filme, agora, mais ainda! Beeijo!

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  2. hehe, valeu Nat!! Pode assistir tranquila, o filme vale a pena msm!!

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