
por Fernando Labanca
Seria cômico se não fosse tão trágico. Essa frase sintetiza bem o que é este filme, que mescla humor, uma boa dose de vergonha alheia e um constante clima melancólico. "Bem-Vindos ao Meu Mundo" é, também, o trabalho que mais exigiu da atuação de Kristen Wiig, que longe do palco cômico do SNL, busca reconhecimento como atriz e este, definitivamente, é seu melhor momento, ela é a alma de tudo isso. Aqui, Wiig dá vida a Alice Klieg, uma mulher solitária que sofre de transtorno bipolar e que vê sua rotina se transformar quando ganha na loteria. Grande apreciadora dos ensinamentos de Oprah, Alice acredita que o dinheiro lhe trará a chance de brilhar, de finalmente estar no holofote e para isso acontecer, ela entra em contato com uma emissora de TV decadente, oferecendo milhões para ter seu próprio programa, com roteiro, direção e produção feitos por ela mesma.
Há algo de "O Show de Truman" aqui e aquela estranha curiosidade pela vida alheia, mesmo que sendo uma realidade simulada. Existe, principalmente, a estranheza de "Sinédoque, Nova York" - a obra mais conturbada e mais autoral de Charlie Kaufman - presente em suas criações, neste egocentrismo da protagonista, que reformula, diante dos outros, como um produto a ser vendido, a própria vida. E que o faz para compreender sua existência, entender o que antes era confuso, reviver para dizer o que não havia dito. Mesmo que jamais alcance o brilhantismo das obras citadas, "Welcome To Me" tem seu valor. Diferente delas, também, temos uma forte protagonista feminina, insana, exagerada e extremamente interessante, que realiza bizarrices diante de nossos olhos, que nos faz rir de improváveis situações. Não encaro o roteiro como um estudo sério sobre sua doença, a bipolaridade é apenas um pequeno detalhe que justifica as ações impensadas de Alice. No geral, é um texto divertido, inusitado, original, que brinca naturalmente com o absurdo. O programa de auditório criado é simplesmente hilário, que acaba por fazer sátira ao que encontramos na TV e neste fascínio que a audiência encontra na tragédia do próximo.


NOTA: 7,5
País de origem: EUA
Duração: 105 minutos
Distribuidor: Universal Pictures
Diretor: Shira Piven
Roteiro: Eliot Laurence
Elenco: Kristen Wiig, Wes Bentley, Linda Cardelline, James Marsden, Joan Cusack, Thomas Mann, Tim Robbins, Jennifer Jason Leigh
Arrazô na crítica. O filme não é brilhante, mas é uma super crítica recheada de momentos hilários e uma atuação irretocável da protagonista.
ResponderExcluirValeu!!! Muito obrigado!
ExcluirE sim...o filme vale pelas críticas que faz e pela atuação dela
Não, o filme é absurdamente semelhante à realidade de quem tem transtorno de personalidade borderline (que nada tem a ver com bipolaridade). Só entendeu o filme de verdade quem realmente estuda o transtorno. O filme é incrivel, até o abandono do terapeuta é a realidade do transtorno, ninguém aguenta os borders, o egoismo patologico esta muito bem retratado, não existe o outro para eles. É um transtorno egoico. A maneira como o border envolve as pessoas e transforma os ambientes. Para mim nota 10.
ResponderExcluirNão acho que só quem estuda o transtorno vai entender o filme. Não faria nem sentido fazê-lo. Na minha visão, "Bem-vindos ao Meu Mundo" é uma obra de comédia, que tem como intuito, entreter, sem deixar de ter boas sacadas e ser inteligente. Ainda acredito que não há uma intenção do roteiro em ser um estudo profundo sobre a doença.
ExcluirAcho que quem não estuda o transtorno, vai entender como algo hilario como varios colocaram aqui, com boas sacadas e inteligente como vc mesmo colocou, mas quem estuda enxerga de outra maneira. O abandono da medicação anti psicótica, todo border faz isso, o ego, a ausencia de obediencia à lei, no mundo deles isso não existe, pois é um transtorno que remete a infancia. Amei o filme, nunca vi esse transtorno tão bem retratado. Eles são fora da casinha daquele jeito mesmo.E estão misturados à multidão. Para mim o filme merece 10, e com louvor.
ExcluirQue pesado! “ Ninguém aguenta os borders”. Você realmente estuda o transtorno? Conheço muitos borders bem sucedidos e que tem um ótimo ciclo de amizade e familiar. A psicofobia começou com essa frase.
ExcluirFoi o melhor filme sobre o assunto que assisti até hoje, colocou no bolso garota interrompida. Uma injustiça dar 7,5 e dizer que é sobre bipolaridade. Creio que o cineasta teve que estudar muito p chegar nessa formula. Recomendei para amigas que são psicólogas.
ResponderExcluirdei boas gargalhadas!
ResponderExcluira gente sabe q vai dar merda, e dá mesmo! a atriz faz um trabalho excelente!
tb fiqueifiquei olhando os créditos no final e me intrigaram: dailies, digital intermediate, avids...
Sim! Achei engraçado também, além de ter gostado muito do trabalho da atriz.
ExcluirO filme retrata uma personagem com transtorno de personalidade borderline. E não entendo qual o Graça do filme se não for para observar isso.
ResponderExcluirNão se trata de bipolaridade, mas do transtorno de personalidade borderline, e isso é dito diversas vezes no filme, claro até mesmo para quem não conhece a doença. Recomendo maior atenção à trama antes de dar um 7,5 como nota, sem sequer entender de fato do que se trata - Bipolar é MUITO diferente de Borderline .
ResponderExcluirVendo alguns comentários aqui, vi que cometi um erro grosseiro no texto, acabei escrevendo que a protagonista é bipolar e não citei seu transtorno de personalidade boderline. Conheço muito pouco sobre o assunto e realmente não sabia que se tratavam de coisas diferentes. Neste sentido, agradeço os comentários me alertando sobre isso.
ResponderExcluirMas de qualquer forma, não mudaria a nota do filme, não vejo 7,5 como nota baixa e quem ler a crítica completa verá que fiz muitos elogios sim. E sabendo ou não sobre a doença, não posso ignorar os defeitos do filme também.
Mas durante o filme é falado que ela fora diagnosticada primeiramente com transtorno bipolar e depois border. Essa confusão entre diagnosticos há até no meio de quem estuda.
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