sexta-feira, 11 de julho de 2014

Crítica: O Primeiro Amor (Flipped, 2010)

Dirigido por Rob Reiner, nome por trás de alguns clássicos do cinema como "Conta Comigo" e "Harry e Sally", o filme fora baseado no livro de Wendelin Van Draanen e lançado diretamente nas locadoras aqui no Brasil. É daqueles que você nunca ouviu falar, assisti sem querer e acaba se apaixonando.

por Fernando Labanca

A obra segue aquela antiga ideia de que o primeiro amor ninguém nunca esquece. Acompanhamos, então, este encontro, entre duas crianças e como aquele sentimento definiu parte de suas vidas. Vemos sob o ponto de vista de cada um, do garoto, Bryce Loski (Callan McAuliffe) e como ele sempre rejeitou a presença de sua nova vizinha, Juliana Baker (Madelina Carcoll), que por sua vez, o achava incrível e sempre arranjava maneiras de estar perto. Tudo muda quando Chet (John Mahoney), avô de Bryce, muda para sua casa, e não demora muito até que ele se aproxime de Juliana, devido sua dedicação pela jardinagem, nascendo ali uma inusitada amizade, e fazendo com ela esteja ainda mais presente na vida de Bryce, e são nesses instantes em que ele começa a vê-la com outros olhos, e o mesmo acontece com Juliana, o problema é que seus sentimentos passam a ser o oposto, compreendendo aos poucos que talvez o jovem rapaz não fosse tão incrível quanto ela acreditava que era.



Por opção do próprio diretor, a trama, que no livro acontecia nos tempos atuais, passou a ser retratada nos anos 60, época em que ele viveu essa fase da vida. É nítido na tela essa afinidade que o diretor sente pela história, o cuidado em retratar aqueles momentos, aquela época. Me pareceu um trabalho mais pessoal do diretor, talvez pelo olhar mais intimista, talvez por ser, diferente de seus outros filmes, uma obra menor, sem um elenco conhecido do grande público, e sem apostar naquele formato convencional - e mais lucrativo - como seu anterior "Antes de Partir". Talvez seja mesmo uma das obras mais simples que ele já realizou, ainda assim, acredito eu, num de seus trabalhos mais admiráveis, mais adoráveis. Reiner, que já realizou, anos atrás, clássicos como "Conta Comigo", parece revitalizar novamente aquelas sensações, parece compreender novamente a infância, a inocência, os dilemas de uma fase que se foi, mas que recordamos com bom olhar. E assim, quase como um filme antigo, "O Primeiro Amor" desperta em nós, como público, uma constante sensação de nostalgia, não só pela época retratada, mas pelo cinema em si, simples porém de uma qualidade notável.

O bom roteiro é um dos grandes méritos da obra. É interessante a forma como a história vai sendo moldada, sempre mostrando o ponto de vista do garoto e da garota, indo e voltando no tempo, e mesmo mostrando os mesmos acontecimentos, a mudança do ponto de vista nos dá a chance de construir ao lado dos personagens seus sentimentos, nos dá a chance de ver a trama de uma perspectiva muito maior que seus próprios protagonistas, os únicos que não compreendem que merecem ficar juntos. E assim como o pai de Juliana diz em certo momento, que é preciso olhar a paisagem, a soma de todas as partes, não dos elementos isolados, "O Primeiro Amor" é justamente isso, a soma desses olhares, de partes da mesma história e o resultado é simplesmente mágico, encantador. Gosto também de como a nostalgia funciona na obra, não apenas daquilo que é produzido no expectador, mas é também o que motiva algumas ações de seus personagens, como a amizade que nasce entre Chet e a vizinha que o faz lembrar de seu amor quando mais jovem, ou quando o pai de Bryce se cala ao ver os músicos promissores, deixando nítido que era a vida que ele deixou para trás para sustentar sua família, é como se esses indivíduos estivessem, de certa forma, presos ao passado, ironicamente, neste filme de época. E isso nos afeta também, temos a vontade de estarmos presos lá também, não exatamente na época, mas na fase da vida retratada, onde as coisas eram mais fáceis, onde o ápice das aflições era quando daríamos o primeiro beijo.

Como é bom ver um elenco como este, para variar. Sem nomes fortes do cinema de Hollywood, mas ainda assim, extremamente afiados e talentosos. Madeline Carroll é o grande destaque, a jovem atriz surpreende e realiza grandes cenas, principalmente ao lado de sua família, é quando Aidan Quinn surge como seu pai e dá um belo show de interpretação. O jovem Callan McAuliffe também convence e sai bem como protagonista. Ainda vemos nomes como Rebecca De Mornay, Penelope Ann Miller e Anthony Edwards, todos ótimos.

"O Primeiro Amor" é uma obra deliciosa, muito bem realizada por este veterano do cinema, Rob Reiner, que capicha em toda sua construção, desde cenários, figurinos, fotografia e trilha sonora. Um filme gostoso de se ver, impossível sentir o tempo passando, durante seus minutos, ficamos ali vidrados naquela história simples, porém, tão bem escrita e interpretada. Se ainda existem aqueles que vivem dizendo que "não se fazem mais filmes como antigamente", este, com certeza, é um desses filmes, perdido por aí, a espera de ser achado e admirado. Uma obra fascinante, apaixonante. Recomendo.

NOTA: 9 




País de origem: EUA
Duração: 90 minutos
Distribuidor: Warner
Elenco: Madeline Carroll, Callan McAuliffe, Anthony Edwards, Aindan Quinn, Rebecca De Mornay, Cody Horn, John Mahoney, Penelope Ann Miller, Israel Broussard
Diretor: Rob Reiner
Roteiro: Rob Reiner, Andrew Scheinman

5 comentários:

  1. Assisti na TV a cabo e se passar mais 10 vezes (assim como Conta Comigo), assisto fácil. Nota 10.

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  2. Concordo totalmente com sua critica, é um filme super fofo e amoroso. Nele mostra que nunca vamos esquecer nosso primeiro amor!É muito linda a parte em que o Bryce planta uma árvore no jardim da garotinha, achei tão linda essa demonstração de amor, que me fez chorar várias vezes. Vale muito apena assistir a esse filme, ele é lindo!

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    1. Sim, essa cena é muito bonita mesmo...sinto que ela representa muita coisa ali naquele contexto! Com certeza vale a pena ver!

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