sexta-feira, 6 de junho de 2014

Crítica: Refém da Paixão (Labor Day, 2013)

Sinto que atualmente no cinema, requer muita coragem para se fazer um filme de romance, falar sobre o amor sem parecer piegas, sem cair no clichê, sem fugir daquilo que já foi tão explorado. Como é maravilhoso, então, quando nos deparamos com obras como "Labor Day", que em pleno 2014 encontrou um jeito novo de ser romântico e o brilhante roteiro parece ter encontrado as palavras certas para decifrar este sentimento, que é ao mesmo tempo, honesto, inteligente e tocante. O filme também marca mais um bom momento na carreira deste grande diretor, Jason Reitman e da atriz Kate Winslet, indicada ao Globo de Ouro por sua atuação.

por Fernando Labanca

Baseado no livro "Fim de Verão" de Joyce Maynard, o filme narra um inusitado final de semana de uma família. Henry (Gattlin Griffith) é um jovem que passa por uma fase de descobertas, sente atração pelas garotas da escola e pelas belas mulheres que estampam as capas de revista, e dentro de casa se esforça para ser um homem modelo, se esforça em salvar sua mãe, Adele (Kate Winslet), da solidão, que mesmo anos depois, não conseguiu se recuperar do término de seu casamento, além de um segredo do passado que a impede de ser feliz. Até que num fatídico feriado, o Dia do Trabalho, os dois resolvem fazer algumas compras, é lá que se deparam com Frank (Josh Brolin), um homem misterioso e intimidador, que pede por ajuda e os convence a levá-lo para casa, é lá que ele se revela um criminoso foragido. E aos poucos, Frank vai conquistando a confiança de ambos, vai preenchendo o vazio daquela casa, daquelas vidas.


sexta-feira, 30 de maio de 2014

Crítica: A Rosa Púrpura do Cairo (The Purple Rose of Cairo, 1985)


Premiada comédia de Woody Allen, "A Rosa Púrpura do Cairo" é uma grande homenagem do diretor ao cinema. E com uma ideia bastante criativa, Allen, mais uma vez, nos entrega um roteiro brilhante, inteligente e repleto de boas sacadas. Um dos melhores do cineasta.

por Fernando Labanca

Conhecemos Cecília (Mia Farrow), uma garçonete que trabalha duro para sustentar seu marido bêbado e violento, e não há esperança de uma vida melhor, ambos vivem nos tempos difíceis da Grande Depressão. A única coisa que alivia sua realidade é o cinema, onde assiste inúmeras vezes as sessões de seus filmes favoritos. Eis que indo pela quinta vez assistir "A Rosa Púrpura do Cairo", Cecília é surpreendida ao ver o herói do filme, no qual era apaixonada, Tom Baxter (Jeff Daniels), sair da tela grande e seguir em sua direção lhe oferecendo uma vida melhor, exatamente aquela que existia no cinema. O problema começa quando os personagens do filme não conseguem mais realizar a história sem ele, fazendo com que o ator que o interpreta, Gil Shepherd (Daniels) decida ir em busca de sua própria criação, o impedindo desta loucura de querer viver a vida real.


terça-feira, 20 de maio de 2014

Crítica: Praia do Futuro (2014)

Lançado no último Festival de Berlim, no qual concorria ao Urso de Ouro, "Praia do Futuro" marca o retorno do diretor cearense Karin Aïnouz (Madame Satã, O Céu de Suely) e conta com atuações marcantes de Wagner Moura e Jesuíta Barbosa. Uma produção caprichada, que cria na tela, cenas de uma beleza irreparável. Uma obra rara, que não se prende a um tema, mas que expõe de forma intensa, sensações.

por Fernando Labanca

Difícil escrever sobre este filme. Não é do tipo que tem uma história pronta e personagens de fácil compreensão. Acredito que assim como qualquer obra de arte, "Praia do Futuro" poderá significar coisas diferentes para outras pessoas, cada um verá algo, sentirá algo, não há uma única maneira de encará-lo e compreendê-lo, portanto, naturalmente, uns poderão amá-lo, outros, odiá-lo, consequência desta trama que é tão subjetiva, tão ampla, tão aberta. Escrevo aqui, o que vi, e só digo de antemão, fiquei extasiado.

Donato (Wagner Moura) é um salva-vidas na Praia do Futuro, em Fortaleza. Certo dia,  falha ao não conseguir salvar uma vítima de afogamento, porém acaba conhecendo o amigo desta mesma vitima, o alemão Konrad (Clemens Schick), com quem acaba se envolvendo. Até que Donato resolve morar ao lado dele em Berlim, abandonando seu trabalho e sua família. Anos depois, quando Ayrton (Jesuíta Barbosa), seu irmão mais novo, completa dezoito anos, resolve ir atrás dele, entender as razões por ele ter ido embora, entender o porquê aquela vida não o satisfazia.



sábado, 17 de maio de 2014

Crítica: Fruitvale Station - A Última Parada (Fruitvale Station, 2013)


Sucesso no Festival de Sundance de 2013, no qual levou o Grande Prêmio do Júri e do Público e vencedor no Independent Spirit Award pela direção estreante de Ryan Coogler, "Fruitvale Station" causou certo burburinho pelas premiações, no entanto, acabou sendo ignorado pelo Oscar. Um drama realista e impactante, que trás uma história universal capaz de causar indignação, que deixa um vazio em seu final por se tratar de algo que infelizmente faz parte de nosso cotidiano, de nossa cultura.

por Fernando Labanca

Na virada do ano de 2008 para 2009, na estação de trem de Fruitvale Station, San Francisco, um momento é registrado por câmeras dos passageiros inconformados, Oscar Grant (Michael B.Jordan) e um grupo de amigos se veem cercados por policiais em uma disputa armada, sem nenhuma razão aparente, culminando num evento trágico. A ideia do filme é mostrar o humano por trás deste ser, vitima de uma injustiça, de um ato sem lógica. Voltamos 24 horas antes do ocorrido, o último dia deste homem, norte-americano, negro, que saiu da prisão e tenta restabelecer sua vida, assistimos seu envolvimento com sua esposa (Melonie Diaz), sua pequena filha e com sua mãe (Octavia Spencer).

"Fruitvale Station" é um filme que merece atenção. Sua intenção é nobre, relatar quase que de forma documental, o dia deste ser tão comum, que poderia ser qualquer um de nós, mostrar o humano por trás daquele fatídico evento, mostrar a história por trás da manchete. É difícil observar sua rotina, conhecer a relação que ele tem com as pessoas, sua luta diária, sabendo como tudo irá terminar. Ainda que parte do impacto da obra se perca pelo fato de já sabermos seu final, a jornada deste personagem se torna mais árdua, quando olhamos sua vida sabendo como tudo será injusto, como este tempo é irreparável, o sábio roteiro nos retira aquele olhar esperançoso, aquela fé de que algo bom pode acontecer, e seu término doloroso, como disse, deixa um vazio. Há uma tensão em cada instante neste longa, e a boa direção de Ryan Coogler mostra tudo com sua câmera trêmula, acentuando o realismo e a urgência de cada situação.


sexta-feira, 9 de maio de 2014

Crítica: Um Brinde à Amizade (Drinking Buddies, 2013)

Escolha sua bebida, sinta-se entre um grupo de amigos jogando conversa fora, em um dia qualquer, num bar qualquer e prepare-se para a ressaca que sentirá ao final deste filme.

por Fernando Labanca

"Um Brinde à Amizade" é mais uma exceção à regra das comédias românticas. Com ar descompromissado, os atores esbanjam naturalidade em cena, e a trama surpreende ao não cair nas armadilhas do gênero, oferecendo um final bastante original, além de todo o seu decorrer que em nada me lembrou outro filme. Acompanhamos a vida de dois amigos, Kate (Olivia Wilde) e Luke (Jake Johnson), que trabalham em uma fábrica de cerveja e sempre que podem, separam algumas horas do dia para beber e conversar. Há entre eles uma bela sintonia, entretanto, ambos estão compromissados, ela com o responsável Chris (Ron Livingston) e ele com a professora Jill (Anna Kendrick). Eis que em um final de semana, os quatro decidem se reunir para uma viagem no campo, e entre bebidas, todos terão suas amizades testadas, é quando sentimentos antigos vem a tona e novos desejos são revelados.

O que mais me impressionou nesta obra, e isso me ocorreu já nos primeiros minutos, foi o realismo mostrado em cena, seja dá ótima composição desses personagens e a naturalidade com que os atores se entregaram, mas também de toda a construção deste "universo", dos momentos no trabalho e aquela liberdade que nasce entre os "buddies", às conversas nos bares, tudo é mostrado de forma crível, extremamente próximo à realidade, e por isso os dramas e conflitos que acabam nascendo se tornam tão aceitáveis, pois já estamos muito bem inseridos naquele mundo.


sexta-feira, 25 de abril de 2014

Crítica: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2013)

Vencedor do Prêmio da Crítica Internacional no último Festival de Berlim, o filme é baseado no curta de 2010 "Eu Não Quero Voltar Sozinho", dirigido por Daniel Ribeiro, que também assina a direção e roteiro do longa. Se trata de um caso raro no cinema nacional, que sem uma divulgação forte e sem o selo "Globo Filmes", acabou tendo como sua maior publicidade, seu conteúdo, e a curiosidade que foi surgindo no boca-a-boca. Com sua simplicidade e delicadeza, o filme tem tudo para ganhar mais espaço e merece, é um trabalho admirável, sensível e bastante humano.

por Fernando Labanca

A ideia é exatamente a mesma do curta-metragem. A diferença agora é que os personagens são mais velhos (e os atores, obviamente, também) e assim a trama ganha outras nuances, amadurecimento e maior complexidade. Acompanhamos a vida de Leonardo (Guilherme Lobo), um adolescente cego que precisa lidar com a super proteção de seus pais enquanto luta por ganhar mais independência, é onde nasce o desejo de fazer intercâmbio, viajar para longe, ter outra vida. Tem o apoio constante de sua melhor amiga, Giovana (Tess Amorim), com quem sempre relata o que pensa e sente. Porém, tudo muda com a chegada de um novo aluno no colégio em que estudam, Gabriel (Fabio Audi), que acaba despertando novos sentimentos nos dois amigos, principalmente em Leonardo, que acaba conhecendo um pouco mais de si, mais sobre sua sexualidade.


sexta-feira, 11 de abril de 2014

Crítica: Walt nos Bastidores de Mary Poppins (Saving Mr.Banks, 2013)

Todos conhecem o clássico da Disney "Mary Poppins", porém, finalmente o que houve por trás desta obra vira um filme. De fato, é daqueles histórias que precisavam ser contadas. A jornada da autora P.L. Travers que escreveu o livro, ao mesmo tempo em que vemos a jornada de Walt Disney por conseguir os direitos do mesmo. Cheio de nuances e boas surpresas, o longa dirigido por John Lee Hancock é muito mais do que um convite à fantasia, é um convite à vida.

por Fernando Labanca

Lançado em 1964, pouco se soube até então do grande esforço de Walt Disney em conseguir adaptar "Mary Poppins" para os cinemas. E durante vinte anos ele tentou. Vinte anos. O longa inicia quando a autora do livro, Pamela Travers (Emma Thompson), com uma carreira estagnada e sem planos futuros, viaja aos Estados Unidos, depois de muita recusa, a pedido do próprio Walt (Tom Hanks) para que ela acompanhasse a produção de perto, onde apenas assinaria os direitos de sua obra se concordasse com as adaptações feitas, logo que sempre deixou bem claro que era contra o uso de animações e músicas, exatamente como pretendiam fazer no filme, não queria, justamente, um filme "Disney". Desta forma, Walt e sua equipe precisam lidar com a difícil personalidade de Pamela, ao mesmo tempo em que precisam fazer alguns sacrifícios, desistindo de várias ideias para atender os caprichos da autora. Enquanto isso, voltamos na infância desta mulher, onde conhecemos sua verdadeira trajetória, onde conhecemos a real inspiração de "Mary Poppins".


sexta-feira, 4 de abril de 2014

Crítica: Inside Llewyn Davis - Balada de Um Homem Comum (Inside Llewyn Davis, 2013)

Havia um tempo em que uma obra dos irmãos Coen passasse tão despercebida quanto "Inside Llewyn Davis", logo que são sempre lembrados pelas importantes premiações. De fato, não entendi, este filme em nada perde para outros títulos dos diretores. História simples, porém arrebatadora, que fala sobre a música folk enquanto nos revela a fracassada trajetória deste homem tão ordinário, digno de ser esquecido pelos outros mas que se torna memorável aos olhos dos Coen.

por Fernando Labanca

Antes de qualquer coisa, preciso admitir, nunca gostei dos filmes de Ethan e Joel Coen, não tenho um argumento forte para isso, mas acontece que suas obras de alguma forma não me tocam, algumas chego ao ponto de detestar como "Matadores de Velhinhas" e "Queime Depois de Ler", ou até obras aclamadas como "Bravura Indomita" não me agradam. Ainda assim, porém, toda vez que eles lançam algo me bate uma estranha curiosidade, mas no fim, sempre me decepciono. Acontece que nunca fui tão empolgado ver um longa da dupla quanto "Inside Llewyn Davis", talvez pela vibe folk e principalmente pelo elenco. Pois bem, pela primeira vez sai da sala do cinema com um sorriso do rosto após ver um filme deles. É, definitivamente, um filme fantástico, que merece uma chance, merece atenção, é algo a ser admirado.

Numa Nova York dos anos 60, caminha solitário este cantor fracassado de folk chamado Llewyn Davis, que vive da música, ainda que não tenha planos futuros e não tem a menor ideia aonde pretende chegar. Vive se deslocando entre apartamentos de amigos ou apenas conhecidos, sempre em busca de um teto para passar suas noites, sem nunca saber o que faria no dia seguinte, é então que sempre vai atrás de sua ex, Jean (Carey Mulligan), que está grávida e não sabe de quem é o filho, se de Llewyn ou de seu atual namorado Jim (Justin Timberlake), que também é cantor, porém muito mais promissor e mais bem sucedido. E indo atrás de gravadoras para conseguir uma carreira solo, já que seu ex parceiro se suicidou, Llewyn Davis acaba embarcando numa viagem com pessoas estranhas, ainda perdido, ainda sem saber aonde ir ou que realmente quer fazer de sua vida.


sexta-feira, 28 de março de 2014

Especial - Os Melhores Filmes de 2013


Como todo começo de ano, aqui no Cinemateca, venho postar meu TOP 20 dos melhores filmes do ano que passou, neste caso, 2013. Para muitos, provavelmente não serão realmente os melhores, expresso aqui apenas minha opinião, e sei que ela difere da de muitas pessoas, portanto, deixo um espaço para que comentem, critiquem, deem sugestões e claro, façam suas listas também. O que faço neste TOP 20 é apenas citar aqueles filmes que de alguma forma me marcaram, e que pra mim, foram os melhores, ainda que, confesso, tenha sido muito difícil selecionar apenas vinte, muitos filmes bons ficaram de fora. Por isso, antes de mais nada, para relembrar as obras que passaram por 2013, faço uma breve retrospectiva. 

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