segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Crítica: O Plano de Maggie (Maggie's Plan, 2015)

Crônicas de uma vida excêntrica vivida por Greta Gerwig.

por Fernando Labanca

Casada com o diretor e roteirista Noah Baumbach, Greta teve, ao lado dele, a chance de levar um pouco de si mesma ao cinema. Quase como uma trilogia não programada, "O Plano de Maggie" muito se assemelha com os outros filmes da dupla, "Frances Ha" (2012) e "Mistress America" (2015). É, mais uma vez, a atriz vivendo ela mesma ou essa persona adorável que resolveu construir para si. A mulher que se recusa a crescer e que fracassa constantemente na intenção de acertar. Mesmo que escrito e dirigido por Rebecca Miller (O Mundo de Jack e Rose), que nada tem a ver com os projetos anteriores, parece ter desenvolvido toda sua obra visando ter Greta como protagonista. De fato, Maggie não existiria sem a excentricidade e carisma dessa musa do cinema indie.


A trama é bastante bizarra e faz rir pelo absurdo. Maggie, uma mulher independente e profissionalmente estável, segue segura no plano que vai redefinir sua vida: fazer uma inseminação artificial e ter, finalmente, o filho que sonha em ter. Como seus relacionamentos nunca foram muito duradouros, o plano sempre lhe pareceu como a única opção. Tudo muda quando ela conhece John (Ethan Hawke), casado mas que segue infeliz ao lado da esposa Georgette (Julianne Moore). É um cara despojado, intelectual e que parece uma nova saída para seu futuro. Anos se passam, ela tem uma filha dele e ambos constroem uma vida juntos. Entretanto, o que parecia um sonho sendo realizado, se torna em uma rotina infeliz, o que faz Maggie ter um outro plano nada convencional...devolvê-lo para sua ex.

"O Plano de Maggie" ganha pela originalidade. Se trata de uma comédia romântica bem maluca, com personagens e trama nada previsíveis. Não há nunca como saber os próximos passos do filme, que segue sempre optando pelo menos óbvio possível. Isso é ótimo e torna a experiência de vê-lo algo novo, porém, não necessariamente em algo bom. Confesso que assim que me deparei com Greta Gerwig interpretando a mesma pessoa, mais uma vez, me deu bastante preguiça. Ainda que seja uma ótima atuação, inclusive com nuances mais sensíveis que seus papéis anteriores, ela não sai de sua zona de conforto e isso, por fim, faz mal a Maggie, faz mal ao filme. É como se o roteiro precisasse a todo instante se encaixar aos seus moldes e não ao contrário. Seus trejeitos cansam e tornam esta sua persona, que antes tão adorável, irritante.

Acaba sendo difícil adentrar ao universo proposto quando suas ideias soam tão fantasiosas, mesmo partindo como base, indivíduos tão frustrados e desiludidos como todos nós. A jornada do trio principal força a barra e chega um ponto onde se torna impossível defender ou torcer por algum deles. Por fim, sobra a força do elenco em sustentar a obra e nesse quesito não há do que reclamar. Enquanto Maya Rudolph e Bill Hader divertem em papéis secundários, Gerwig e Ethan Hawke fazem uma boa dupla, ainda mais quando em suas mãos existem bons diálogos, no entanto, sem muitas surpresas, é Julianne Moore quem se destaca. Daquelas coadjuvantes que tomam o filme para si, a atriz faz da produção um evento mais atrativo. Descompromissado, leve e com ideias peculiares, "O Plano de Maggie" até diverte e mesmo que traga frescor às comédias românticas, nunca prova ser uma experiência muito relevante. Se assistir Ok. Se não assistir tudo bem também, a vida segue da mesma forma.

NOTA: 6,5


País de origem: EUA
Duração: 92 minutos
Distribuidor: Sonny Pictures
Diretor: Rebecca Miller
Roteiro: Rebecca Miller
Elenco: Greta Gerwig, Ethan Hawke, Julianne Moore, Maya Rudolph, Bill Hader, Travis Fimmel



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