Mais um ano acabou e eu não poderia deixar de fazer a clássica lista com os melhores filmes que vi no cinema. Talvez seja uma lista um tanto quanto controversa, logo que muitas obras que citei não vi presente em outras que li em outros sites. Foi difícil selecionar apenas 20 e sofri por descartar tantos títulos que mereciam estar aqui também, então, fiquem livres para deixar nos comentários aqueles que sentirem falta ou o que foi o melhor na opinião de vocês.
Lembrando, sempre, que os filmes que cito são apenas aqueles lançados no Brasil em 2016, independente do ano em que foram lançados em seus respectivos países de origem. Seja no cinema, Netflix ou aqueles que chegaram apenas em home video. Espero que gostem dos selecionados!
por Fernando Labanca
MENÇÕES HONROSAS: "Capitão América: Guerra Civil" pode ser chamado de o filme dos Vingadores que deu certo. A Marvel acertou a mão e fez um dos melhores filmes de ação do ano. "O Homem nas Trevas" marcou o retorno de Fede Alvarez na direção, onde continua a fazer um bem enorme ao terror, trazendo uma obra dinâmica e incrivelmente bem construída. "O Que Fazemos nas Sombras" é umas das comédias mais irreverentes e divertidas que o cinema teve notícia nos últimos anos. E "Rogue One: Uma História Star Wars" provou que um spin-off pode ter vida própria e assim fomos presenteados com mais um belo capítulo da saga.
Sem sombra de dúvidas, uma das maiores surpresas de 2016. Em uma espécie de "sequência espiritual" do terror-sensação de 2008 "Cloverfield", J.J.Abrams resolveu desenvolver seu projeto em total sigilo e surpreender o público. Felizmente a jogada deu certo e a rápida expectativa criada foi superada em uma obra que tem muito a dizer sobre como são feitas as continuações em Hollywood, reinventando este conceito e construindo ao longo de seus minutos sua própria personalidade. Um filme bem conduzido, brilhantemente escrito por Damien Chazelle, que coloca três personagens incríveis dentro de um pequeno espaço e elabora um jogo tenso, intrigante, onde jamais sabemos a índole de cada um deles. É um raro exercício cinematográfico, que nos faz questionar qual fora a última vez em que o terror havia sido tão cool e divertido quanto aqui.
Nunca fui fã de spin-off e sempre vi como desnecessário a criação de "Creed". Nos primeiros minutos o filme se impõe, prova ter vida própria e prova a todo instante que precisava ter sido feito. A trama gira em torno do legado deixado por Rocky, personagem clássico de Sylvester Stallone e na introdução de Adonis, vivido de forma intensa e irreparável por Michael B.Jordan, no mundo do boxe. Muito mais do que uma obra sobre o esporte, temos aqui mais uma bela história de superação, que encanta, emociona e nos faz vibrar por cada acontecimento. Uma grande homenagem. Um vencedor!
Esse filme me deixou confuso. Sério! Até certo ponto não conseguia compreender do que se tratava e porque as coisas estavam acontecendo da maneira como estavam acontecendo. Talvez "Demolição" não faça muito sentido mesmo, mas é tão bom quando uma obra desperta isso em nós. Nos deixa intrigados por sua estranheza. Mais do que intrigado, o longa me deixou extasiado pelo caos que propõe e um tanto quanto emocionado pela forma sensível com que fala sobre a morte e sobre se reinventar após perder alguém. Encontrei aqui um roteiro bastante original, longe de ser convencional ou óbvio. É uma trama complicada que nunca encontra o caminho mais fácil para suas resoluções. É, também, um produto revigorante, inteligente, autêntico. E apesar da confusão, se revela ao fim, um filme cheio de significados e humanidade, que nos toca, nos inspira.
O último grande filme de 2016, "Capitão Fantástico" parecia, de longe, apenas mais uma dramédia sobre uma família desajustada. Não era. Era bem mais que isso. Fiquei surpreso quando me deparei com todos os seus discursos e ideologias e feliz por me sentir completamente tocado e preenchido por este belíssimo e encantador universo. Nos faz refletir sobre tanta coisa, nos faz pensar na vida e no rumo que estamos tomando. Poucos filmes conseguem isso e este conseguiu com êxito. É incrível toda a jornada desses adoráveis e excêntricos personagens e ao seu decorrer criamos uma afeição muito grande com cada um deles. Torcemos por cada vitória, sofremos por cada conflito. Um filme poderoso, doce, singelo e mágico.
Penso que "Steve Jobs", além de ser uma das obras mais incompreendidas do ano é, também, uma das obras mais experimentais que tivemos. É bom quando isso vem de um veterano do cinema. Danny Boyle que se renova a cada novo filme, surge com uma proposta totalmente arriscada e completamente distante do que o público e os admiradores de Jobs esperavam. Por isso é tão bom vê-lo, pensar nas inúmeras dificuldades que tiveram em sua filmagem e pensar na coragem de Aaron Sorkin, que se recusou a desenhar o herói da tecnologia e optou por mostrar o homem, com todas as suas falhas e receios, por trás de seu nome. Quase como um teatro, os personagens se esbarram em poucos espaços e vão evoluindo em cena em um curto espaço de tempo. As atuações são soberbas e todo o elenco se destaca ao dar voz a um texto verborrágico e até mesmo agressivo. É uma dinâmica nova, que espanta pela qualidade e pela ousadia. O roteiro é brilhante assim como a belíssima direção. Michael Fassbender impecável na pele de Steve Jobs.
"A Juventude" é um filme difícil de definir, de encontrar as palavras certas que melhor expressem sua grandeza e genialidade. O diretor italiano Paolo Sorrentino oferece imagens de grande impacto visual e na aleatoriedade de sua trama e na delicada construção de cada personagem em cena, ele acha a poesia. Uma obra sensorial, artística e poderosa, que recusa qualquer fórmula do cinema e ainda ganha pontos ao entregar à seu elenco um texto primoroso, que soa quase como um agradecimento a carreira dos veteranos Michael Caine, Harvey Keitel e Jane Fonda, sem deixar de lado o brilho e potencial dos sempre incríveis Paul Dano e Rachel Weisz.
Porque o cinema argentino continua revelando grandes obras e certamente "Truman" merece destaque entre os melhores de 2016. Poucos filmes conseguiram a proeza deste, de falar tanto com tão pouco. De emocionar de forma tão singela do começo ao fim, de conseguir extrair tanto sentimento de uma pequena ideia desenvolvida com cuidado, delicadeza e muita alma. E mesmo falando sobre um tema pesado, a morte, o longa segue de forma leve, bem-humorada, colocando um sorriso em nosso rosto mesmo quando o que mais queremos é chorar. Fiquei realmente tocado por toda a trajetória do protagonista (Ricardo Darín), seus encontros e despedidas, suas últimas atitudes, abraços e palavras. Dizer adeus é uma das coisas mais difíceis a se fazer na vida e justamente por isso, apesar de preencher o coração, "Truman" é, também, bastante real e doloroso.
"Garota de Fogo" foi um dos filmes mais curiosos que vi no ano. Não sabia do que se tratava e durante seus hipnotizantes minutos me vi preso em uma trama engenhosa e me senti estranhamente afetado por sua atmosfera, inquieto por seu desenvolver e chocado pelas tantas surpresas que reserva até a chegada de seu brilhante e surpreendente final. Se trata de um quebra-cabeça bem arquitetado, formado por personagens ambíguos e uma trama imprevisível. Fiquei surpreendido por cada caminho seguido e feliz por descobrir uma obra tão completa, sedutora, bizarra, que mesmo lenta conseguiu me prender mais que qualquer filme de ação.
Resumindo bem o que "Brooklin" significou para mim eu digo que ao seu fim eu queria apenas poder abraçar este filme. Amei tudo o que vi e senti e não foi pouco. Para quem saiu das asas dos pais e se arriscou em outra cidade, é fácil se identificar com tudo o que a obra diz, deste rompimento da protagonista com suas raízes, desta descoberta dela de outro mundo, outra rotina, novos amores. É leve e incrivelmente prazeroso cada instante relatado, onde tudo flui de forma natural e gostoso de assistir. Uma aula de roteiro logo que conseguiram tornar uma ideia tão simples em uma jornada digna de nossa atenção, que não ignora sua previsibilidade e clichês, mas os tornam aceitáveis e belos aos nossos olhos. Não posso deixar de citar o prazer de ver um dos casais mais apaixonantes do ano, que me fez ficar com um sorriso tonto no rosto a cada cena em que surgiam. É lindo do começo ao fim, faz bem pra alma e para o coração também.
Encontrei aqui um dos roteiros mais geniais que já vi. Um momento raro no cinema, de extremo brilhantismo e originalidade. Uma requintada comédia, que abusa do humor negro para fazer uma complexa e interessante análise sobre nossa atual sociedade. É cômico, constrangedor e bizarro e ainda assim, nos deixa sem palavras, perplexos sobre cada nova solução que constrói. Aquele tipo de filme que termina e nos deixa ali, refletindo horas e horas sobre tudo o que acabamos de ver. Repleto de significados e camadas, "The Lobster" merece uma revisita, há muito o que ser absorvido aqui e uma única assistida parece pouco para compreender todo seu imenso e profundo universo.
Penso que "Elle" foi um dos filmes mais corajosos do ano. Enquanto discute temas controversos de forma nada convencional, a obra consegue criar soluções ainda mais inesperadas. Chocantes, eu diria. É aquele tipo de filme que caminha sempre muito longe da previsibilidade, que está sempre a um passo a nossa frente, que encontra respostas difíceis para uma trama relevante, violenta, expressiva. Com roteiro impecável, temos aqui personagens muito bem guiados ao seu decorrer, além de conseguir fechar de maneira brilhante todas as suas ideias. Isabelle Huppert encorpora magistralmente a protagonista, dá alma a Elle e a torna este ser complexo, que nos instiga, nos hipnotiza e estranhamente nos seduz.
Em tempos de tantas mudanças e novos conceitos, "Zootopia" se mostra um filme necessário. A Disney aceitou a missão se reinventar, brincou consigo mesma e teve a ousadia de dizer que a vida real não é tão fácil como a vendida no cinema. E mesmo se tratando de uma animação, o longa é sobre todos nós, sobre nossa atual sociedade e neste nosso sonho utópico de vivermos com diferentes raças em harmonia. É uma obra que agrada os pequenos, mas sem dúvidas, são os adultos que tem o maior proveito, tanto por suas referências, tanto por seus temas e pela forma madura com que constrói sua trama. Inteligente e criativo, "Zootopia" não só é um dos melhores filmes de 2016, como uma das melhores animações dos últimos anos.
O filme de ETs que fala sobre humanos. Que fascinante esta ficção científica de Denis Villeuneuve, que genial toda sua abordagem sobre o tema e como ele se recusa a ser apenas mais um dentro do gênero. É brilhante toda a jornada da protagonista, defendida com força por Amy Adams, e toda sua inusitada experiência e seu contato com o desconhecido. "A Chegada" é uma obra surpreendente, que encontra soluções inteligentes a todo o tempo e finaliza de forma sentimental e reflexiva todas as suas boas ideias. Chega a ser comovente este poder que a trama encontra nas palavras e em como a comunicação entre duas raças distintas é definitiva para a resolução de seus conflitos.
Uma das experiências mais intensas que tive no cinema em 2016. Falar sobre o Holocausto é sempre bastante delicado, no entanto, fazia muito tempo em que uma obra com o tema não causava o espanto que esta nos causa. Este impacto vem de sua inovadora composição, que nos coloca dentro da ação de seu protagonista, enxergando de muito perto o caos de sua perturbadora rotina. É muito único as sensações que a obra nos permite sentir, é chocante e profundamente doloroso cada minuto. Um dos raros filmes de drama que, literalmente, me deixou sem respiração.
Uma viagem sem volta. A história de jovens que abandonaram suas vidas e se jogaram às estradas dos Estados Unidos em busca de dinheiro. Poderia ser um filme qualquer mas a cineasta Andrea Arnold decidiu usar desta pequena ideia para criar um relato profundo e bastante intimista sobre toda uma geração. Todo o vazio existencial, a futilidade, a busca em ser encontrado e a constante busca por si mesmo. Um road movie visualmente impactante, revigorante, que diz em muito em cada olhar, em cada silêncio. Um filme feito para sentir e viajar junto, que não procura suas respostas em um clímax, em uma reviravolta ou em um final feliz. O longa desconstrói esses conceitos e encontra sua identidade, sua poderosa identidade. Os jovens Shia LaBeouf, Sasha Lane e Riley Keough entregam performances surpreendentes, que até esquecemos que estamos diante de uma ficção e não um documentário, tamanha a verdade de cada instante.
Há alguns anos atrás, a ficção científica parecia algo decadente e recentemente tem ganhado um novo fôlego. "Destino Especial", apesar de não ter ganhado fama, entra facilmente para lista desta nova safra de bons filmes dentro do gênero. O diretor Jeff Nichols continua construindo uma carreira notável e entrega aqui uma obra sensorial, intrigante e que conquista pela comoção causada por sua trama. Com boas referências e um delicioso clima dos anos oitenta, temos aqui um filme inteligente, que não se preocupa com as tantas lacunas que deixa pelo caminho, que nos causa um fascínio enorme por seus belos personagens e pela hipnotizante aventura que enfrentam. Me deixa sempre feliz e preenchido quando encontro essas pérolas do cinema, que é coração puro, genuíno, cheio de alma e sentimento. Por isso seu final é quase indescritível de tão belo, sendo uma das coisas mais sensíveis que vi no ano.
Mesmo que eu tenha lido o livro antes, a adaptação em nada me decepcionou. Bem pelo contrário. O filme engrandece as ideias criadas nas páginas e as tornam ainda mais belas. O roteiro é espetacular e consegue desenvolver um universo muito único onde habitam seus excêntricos e apaixonantes personagens. Poderia ser só mais uma história sobre a relação de uma jovem com câncer e um rapaz socialmente rejeitado. No entanto, além de encontrar argumentos novos para uma trama já batida, o longa tem o êxito de se expressar de forma nada convencional, sempre procurando novos caminhos, sempre saindo da zona de conforto e como consequência, entrega uma obra visualmente criativa e com um texto envolvente e que nos encanta profundamente. Seu final é de cortar o coração, com todos os seus discursos e sequências que nos destroem, além de nos fazer querer viver um pouco daquele fantástico mundo criado por Greg, Earl e a garota que vai morrer. Mais do que falar sobre amizade, a obra é um singelo e comovente relato sobre como palavras e pequenas atitudes podem salvar a vida de alguém.
"Sing Street" é um belo sonho em forma de filme. Poucas vezes esse ano me senti tão contagiado e tão empolgado diante de uma obra. Queria entrar na tela e viver um pouco de tudo aquilo, presenciar de perto sua vibe oitentista e sentir a liberdade de toda aquela juventude. Não é apenas um feel good movie. O diretor e roteirista John Carney conseguiu fazer muito mais que isso. É um produto de extrema originalidade, que exala paixão, que transmite um desejo enorme de sair às ruas e realizar algo grande, de viver e obter tudo aquilo que almejamos, por mais loucos e distantes que nossos sonhos pareçam ser. Fiquei encantado por seus números musicais e pela qualidade da produção, que soube usar da melhor forma suas tantas e boas referências sonoras e visuais. É aquele filme que faz bem para o coração, que preenche, que faz tudo parecer mais leve e melhor. Uma grande inspiração.
Um orgulho enorme ir ao cinema e ver um filme nacional deste nível. Tão completo, tão intenso, tão humano, que diz e expressa tanta coisa. Me senti trêmulo, extasiado por estar ali, presenciando tudo aquilo, toda aquela trama guiada com tantos sentimentos e um texto que beira a poesia. "Aquarius" é um verdadeiro espetáculo, que revela o Brasil como é e poucos filmes conseguiram esta proeza nos últimos anos. É corajoso em todas as suas críticas e belo em todas as suas homenagens. É doce e encanta por toda sua sensibilidade. Também afirmo que fiquei hipnotizado por esta incrível protagonista, vivida por uma renovada Sonia Braga, e por tudo o que ela diz e faz. Memorável, uma nova obra-prima no cinema nacional.
Sempre digo e volto a dizer: escolher o primeiro lugar nunca é uma tarefa muito fácil. Vi tantos filmes bons em 2016 e parece até injusto colocar apenas um no topo do pódio. Sem desmerecer qualquer obra lançada no ano, mas algo aconteceu quando assisti "O Quarto de Jack". Algo mágico, algo que me tirou completamente daqui, da vida real. Me senti imerso em seu universo logo no primeiro segundo e sai dele apenas nos créditos finais. Fiquei profundamente comovido por toda a sua trama e encantado pela sensibilidade de seu texto. Guiado pela fala e olhos de uma criança, "O Quarto de Jack" nos faz pensar na vida, nos faz pensar em tudo aquilo que ignoramos em nossa rotina mas que possuem extrema importância em nosso existir. O que define a realidade? O que faz de nós humanos? Queria poder abraçar aquela criança e voltar a ver as coisas com a ingenuidade com que ela vê. Parece que deixamos de ver as coisas simples com tamanha apreciação e o longa nos relembra disso. Isso é um presente. O diretor Lenny Abrahansson nos lança a uma montanha-russa de sensações, da dor que sentimos em sua primeira metade, ao choque daquela conturbada vida dentro de um quarto até a liberdade do despertar de seus personagens. É forte, catártico, milagroso. Nada vem pela metade, tudo surge como um soco profundo na alma. Chorei, sofri e me senti tocado por cada diálogo, cada relação e cada olhar. Acima de tudo, então, digo que vi um algo especial, que me cativou, me inspirou. Uma obra rara, belíssima e que, sem sombra de dúvida, merece um espaço guardado na memória.
E você? Qual o melhor filme que viu em 2016?
Obs: Para aqueles que possuem conta no Filmow, fiz uma lista mais completa por lá!
[OS MELHORES FILMES DE 2016]
Obs: Para aqueles que possuem conta no Filmow, fiz uma lista mais completa por lá!
[OS MELHORES FILMES DE 2016]
Em 2016 houve estréias cinematográficas excelentes, mas o meu preferido foi "Esquadrão Suicida"! Alguns dias atrás, eu vi que esse filme será lançado na plataforma. :) Você pode verificar a programação da HBO Online. Na página, também encontrei informações de produção e atores. ❤️ HBO tem séries inovadoras e filmes de qualidade. Recomendo!
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