
por Fernando Labanca
A campanha de marketing foi boa e logo pelos trailers já nos deixava com uma sensação positiva sobre a obra. A ótima notícia é que "Bingo" é ainda melhor do que vendeu. Supera a expectativa que já estava alta. Um filme divertido, empolgante, que se mantém em bom ritmo e entrega um final brilhante para uma trama que tem tanto a dizer, tanto a oferecer. Poucas vezes, nos últimos anos, o cinema nacional conquistou tamanho brilhantismo, de ser grande, comercial e acessível, sem deixar de ser artístico e admirável em todos os aspectos. É fácil gostar, digerir e querer aplaudir de pé quando os créditos finais começam a subir.
O filme é baseado na enigmática vida de Arlindo Barreto que durante anos deu vida ao palhaço e apresentador Bozo na televisão. Na tela, acompanhamos a trajetória nada comum de Augusto Mendes (Vladimir Brichta), que abandona as produções da pornochanchada para encarar o seu maior desafio, ser o palhaço mais amado pelas crianças do Brasil, reproduzindo uma marca de grande sucesso no exterior, o Bingo. Apresentando um programa diário, ele precisa lidar com a pressão dos bastidores que necessitam de um alto índice de audiência, enquanto se vê cada vez mais distante de seu filho e cercado de novas tentações como drogas, sexo e bebidas.
Da primeira a última cena, não nos deixa dúvidas de que não haveria outro ator - nem mesmo Wagner Moura - para interpretar o personagem título. Vladimir Brichta dá vida a Bingo e lhe entrega tudo, vai de encontro, lhe entrega alma. É irretocável sua construção. Chega a arrepiar em momentos como quando recebe um importante prêmio da TV ou quando comemora o primeiro lugar na audiência e faz um discurso ao vivo. Choca e prova não só a força dele como ator, mas a força de toda a equipe, do roteiro, da direção, que transforma cada pequeno evento em uma sequência memorável. Dos coadjuvantes, apenas Leandra Leal e Ana Lúcia Torre ganham espaço e isso acaba fazendo falta na trama. Personagens como a ex-esposa de Augusto e até a própria Gretchen não passam de figurantes de luxo, descartando talentos como os de Tainá Müller e Emanuelle Araújo. Mas o texto é ótimo e a interação entre todos eles funcionam durante todo o filme. Vale lembrar a pequena participação de Domingos Montagner como um palhaço. É um momento que, sem a intenção, se tornou doce e uma grande homenagem.

NOTA: 9,5
País de origem: Brasil
Duração: 113 minutos
Distribuidor: Warner Bros.
Diretor: Daniel Rezende
Roteiro: Luiz Bolognesi
Elenco: Vladimir Brichta, Leandra Leal, Ana Lúcia Torre, Cauã Martins, Augusto Madeira, Emmanuelle Araújo, Pedro Bial, Tainá Müller, Domingos Montagner
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