quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Os 25 melhores filmes de 2018


Demorei mas, enfim, consegui escrever sobre os melhores filmes que vi em 2018! Nunca é uma lista fácil de se fazer, até porque eu vi muito mais do que só 25 bons filmes durante o ano, mas me pareceu uma quantidade interessante para fazer a postagem. Durante esses doze meses tive o prazer de ver muita coisa boa e espero ter feito uma seleção justa, mas de qualquer forma, deixem nos comentários as obras que vocês gostaram de ter visto.

Lembrando que os filmes avaliados são apenas aqueles lançados entre janeiro e dezembro de 2018 aqui no Brasil, independente do ano em que foram lançados em seus respectivos países de origem. Espero que gostem da lista e caso não tenham visto algum título, fica como diga para as escolhas futuras! Vamos lá!

por Fernando Labanca

MENÇÕES HONROSAS: Deu muito certo a parceria dos Irmãos Coen com a Netflix e tivemos o prazer de assistir o divertido e intrigante "The Ballad of Buster Scruggs". A primeira empreitada do ator Bradley Cooper como diretor foi um sucesso e "Nasce Uma Estrela" foi um dos filmes mais marcantes do ano. O universo dos heróis ganhou um título admirável: "Pantera Negra" fez bonito nos cinemas e de alguma forma merecia ser citado aqui.



25. Ingrid Vai Para o Oeste
de Matt Spicer / EUA
-
Uma comédia dark que nos faz questionar se deveríamos ver humor ao revelar a jornada de Ingrid que viaja à procura de uma influencer digital e se mostra uma verdadeira psicopata ao tentar ser exatamente como sua musa, se apropriando de sua vida cool e tão bela como filtros do Instagram. Temos aqui um filme denso, reflexivo e tão humano quanto perturbador. O roteiro é incrivelmente bem escrito e somos afetados por todas suas ideias justamente porque fala muito sobre nós e sobre a pessoa que inventamos e tentamos vender nas redes sociais. É um retrato triste sobre a modernidade e as consequências de se viver cercado que tudo que não é mais real. "Ingrid Vai Para o Oeste" é uma obra independente muito bem realizada pelo estreante Matt Spicer, que consegue, ainda, tirar excelentes atuações de Aubrey Plaza - em um raro papel sério - e Elizabeth Olsen.



24. Um Pequeno Favor
de Paul Feig / EUA
Paris Filmes
Um filme, no mínimo, bastante intrigante. Dirigido por Paul Feig, que construiu sua carreira em comédias como "Missão Madrinha de Casamento" e "Caça-Fantasmas", a obra surpreende ao conseguir inserir um humor ácido e sarcástico em uma trama pesada, se tornando quase como uma versão divertida e bem-vinda de "Garota Exemplar". É um novelão dos bons, com exageros e revelações forçadas. A graça é que o filme não se leva a sério e faz piada de si próprio, entende que é ridículo e abraça essa ideia com força. Poderia ser uma vergonha alheia sem fim se o roteiro não fosse tão audacioso, criativo e extremamente inteligente. A dinâmica entre as atrizes Anna Kendrick e Blake Lively funciona. Elas estão incríveis e só por vê-las em cena a sessão já vale a pena.



23. A Noite do Jogo
de Jonathan Goldstein e John Francis Daley / EUA
Warner Bros.
Sem dúvidas, uma das obras mais divertidos do ano. Com um roteiro surpreendentemente bem escrito, a comédia brinca o tempo inteiro com o público, criando uma série de acontecimentos imprevisíveis e reviravoltas agradáveis. Aquele produto raro, que faz rir de situações inteligentes e que jamais subestima seu público. Hilário, "A Noite do Jogo" é uma grata surpresa e em tempos em que filmes sérios tomam conta das salas, é um grande alívio encontrar com uma produção descompromissada como essa. As comédias estão morrendo e 2018 nos deu, felizmente, um belíssimo exemplar!



22. Com Amor, Simon
de Greg Berlanti / EUA
Fox Film do Brasil
Leve, teen e despretensioso. "Com Amor, Simon" poderia até ser um simples filme de sessão da tarde se o recado dele não fosse tão poderoso e tão necessário. Ao falar sobre um jovem que vive atormentado por guardar o segredo de sua homossexualidade, a obra acaba por dar, sem grandes pretensões, um enorme passo. Isso porque o cinema comercial nunca ousou colocar um protagonista gay em uma trama romântica e otimista. Desta forma, o protagonista Simon representa muitos jovens e surge como um bom amigo que diz para aqueles que se sentem excluídos: "vai dar tudo certo no fim" e é lindo como isso acontece de forma tão acessível e tão honesta, delicada. Uma obra que inspira porque conversa com aqueles que querem ouvir, porque é um sinal que evoluímos.



21. Ponto Cego
de Carlos López Estrada / EUA
Paris Filmes
Nasce uma nova voz no cinema independente norte-americano. Dirigido por Carlos López Estrada, que construiu sua carreira em vídeo musicais, o filme traz uma agilidade impressionante e inova em sua narração. A obra conta a história de Collin (Daveed Diggs) que enfrenta, ao lado de seu melhor amigo, seus últimos dias de liberdade condicional e nesse período acaba testemunhando a morte de um negro por um policial. Ao mostrar essa dualidade entre o homem negro e o homem branco nas ruas de Oakland, o longa faz um retrato impactante sobre racismo e nos deixa imersos em suas tantas reflexões. Além de ser necessário, "Ponto Cego" é um drama eletrizante e, surpreendentemente, poético.



20. Jogador Nº1
de Steven Spielberg / EUA
Warner Bros.
O futuro nostálgico de Steven Spielberg. Este é o momento mais descompromissado do diretor nos últimos anos, que tem se dedicado aos filmes mais sérios e políticos e, surpreendentemente, acaba por entregar o seu melhor desde muito tempo. O veterano sabe como ninguém equilibrar o excesso de efeitos especiais em uma aventura megalomaníaca com um roteiro esperto, que respeita seus personagens e o desenvolvimento de cada um dentro de seus hipnotizante universo, trazendo de volta as qualidades de seus grandes e respeitados blockbusters. "Jogador Nº1" é um ode à cultura pop, oferecendo inúmeras referências ao se decorrer enquanto nos leva para uma jornada épica e empolgante. Apesar da pirotecnia, a diversão aqui tem alma e por isso afirmo que não haveria diretor melhor para realizá-lo que Spielberg, porque ele é visionário mas nunca deixou de olhar para o passado com paixão.



19. Ilha dos Cachorros
de Wes Anderson / Alemanha, EUA
Fox Film do Brasil
Wes Anderson é um cineasta que possui uma das assinaturas mais marcantes do cinema. 2018 veio e ele continua a oferecer um produto requintado, milimetricamente bem calculado e com aquelas cores e humor que tanto conquistou o público diante de seu valioso trabalho. "Ilha dos Cachorros" é lindo, não só por seu visual, mas por tudo o que ele nos diz. Ele realiza uma animação adulta e expõe discursos atuais e necessários sobre xenofobia e exclusão. Divertido, sutilmente emocionante, temos aqui não só um dos melhores filmes do ano como um dos melhores filmes da carreira do diretor. 



18. Artista do Desastre
de James Franco / EUA
Warner Bros.
"Artista do Desastre" é um filme insano, bizarro e completamente imprevisível. Foi uma bela surpresa para mim que esperava só mais uma comédia estrelada por James Franco e seus amigos. É nítido, sim, o quanto eles se divertiram fazendo isso. O lado bom é que, como consequência disso, nós nos divertimos ainda mais. O roteiro escrito pela dupla Scott Neustadter e Michael H.Weber - conhecidos por "500 Dias Com Ela" - é incrível, tanto pela introdução e desenvolvimento de cada personagem, como pela evolução da história, que flui muito bem por seus hilários minutos. James Franco surpreende e realiza um trabalho fantástico, tanto como ator como diretor, filmando os bastidores de um dos piores filmes da história de forma brilhante. Se trata de uma bela e divertida homenagem, que encontra humanidade e complexidade dentro daquilo que poderia ter sido uma simples piada.



17. Trama Fantasma
de Paul Thomas Anderson / EUA
Universal Pictures
Paul Thomas Anderson é um dos maiores cineastas ainda em atividade e toda vez que ele retorna é um choque. Seu cinema continua irreparável e ele prova, cena após cena, que estamos diante de algo raro e feito com extremo cuidado. Com atuações fantásticas de Daniel Day-Lewis e da revelação Vicky Krieps, somos levados a uma história de amor doentia, complexa e com um desenvolvimento surpreendente. "Trama Fantasma" é uma obra única, exuberante e que nos enche de razões para ainda acreditar na sétima arte.



16. Me Chame Pelo Seu Nome
de Luca Guadagnino / Brasil, EUA, França, Itália
Sony Pictures
O diretor Luca Guadagnino traz toda a elegância do cinema italiano para revelar o momento de descoberta do jovem Elio, interpretado por um inspirado Timothée Chalamet, e sua relação com um homem mais velho. É muito delicado cada gesto e cada ato desse filme. A excitação do início de um romance, a liberdade da juventude, a necessidade de se ter alguém nos braços. Somos invadidos por tudo isso e por inúmeros sentimentos que somente um roteiro tão impecável poderia nos proporcionar. É lindo, é comovente e incrivelmente prazeroso de se ver e sentir.



15. Domando o Destino
de Chloé Zhao / EUA
-
Uma experiência bastante intensa e que nos deixa reflexivos sobre até que ponto é realidade e até quando é a ficção que comanda a cena. Isso acontece porque a diretora Chloé Zhao decidiu fazer um filme sobre o que acabara de acontecer com o jovem Brady Jandreau na vida real, o colocando para interpretar a si mesmo e reviver suas dores diante da câmera. Isso garante a obra uma atmosfera naturalista, crua e que nos afeta justamente porque sabemos que parte daquilo é real, parte daquela dor, daquela solidão, daquela busca por um sonho existe, é palpável e está dentro de cada personagem mostrado. Encontramos aqui um registro primoroso de uma vida humilde, que nos inspira, que nos preenche, mesmo no seu silêncio. Por fim, um filme muito singelo, humano e sensível.



14. A Forma da Água
de Guillermo del Toro / EUA
Fox Film do Brasil
A belíssima fábula de Guillermo del Toro é especial e está longe de ser uma ficção vazia. O conto da mulher solitária e muda que se apaixona por um anfíbio causa uma identificação fácil em nós. É sobre esses outsiders, sobre aqueles que vivem à margem, sobre aquelas criaturas sem voz e que o mundo precisa ouvir. Uma trama simples mas feita de coração, há alma e sentimento em cada pequeno gesto do filme. A equipe de del Toro é caprichosa e entrega um produto rico em detalhes, belo nos cenários, figurinos, cores e trilha sonora. O elenco também entrega ótimas performances, destacando, claro, a brilhante atuação de Sally Hawkins, que emociona na tela ao conseguir expressar tanta coisa sem precisar dizer uma palavra.



13. Um Lugar Silencioso
de John Krasinski / EUA
Paramount Pictures
Um mundo distópico onde não se pode emitir qualquer tipo de som para se manter vivo. Apesar da premissa ser bem interessante, a verdade é que foi uma grande surpresa ver como tudo deu tão certo. John Krasinski, que não tem muita experiência como diretor, veio e entregou um filme brilhante, tenso e incrivelmente bem dirigido. A trama nos prende a atenção do início ao fim e ficamos hipnotizados por seu fascinante desenvolvimento. O elenco é fantástico e o roteiro, felizmente, não esquece de seus bons personagens, emocionando ao tratar com bastante sensibilidade as relações entre eles.



12. As Aventuras de Paddington 2
de Paul King / Reino Unido, França
Imagem Filmes
Uma belíssima aula de como se fazer uma sequência. "As Aventuras de Paddington 2" não falha em nada e tudo está em seu devido lugar. O grande e maior problema dele é que uma hora acaba, isso é ruim porque poucos filmes deste ano foram tão prazerosos de se assistir. Com um visual de brilhar os olhos e personagens incrivelmente carismáticos, temos aqui uma aventura doce, elegante e repleta de boas intenções. Me senti nas nuvens, abraçado por todo o otimismo e ternura que a obra oferece.



11. Em Chamas
de Lee Chang-Dong / Coréia do Sul
Pandora Filmes
Uma experiência cinematográfica rara, que ecoa em nossa mente um bom tempo depois de acabar. Tudo isso porque o roteiro segue uma linha de raciocínio distante do convencional, nos deixando extasiados por cada instante e nos levando para lugares que nunca visitamos antes. A história gira em torno de três jovens e no misterioso jogo que se envolvem quando um deles desaparece e o outro revela um vício sádico. "Em Chamas" nunca é claro em suas intenções e justamente por isso nos deixa tão intrigados, hipnotizados por suas tantas sugestões e teorias. Entre simbolismos e possíveis interpretações, encontramos aqui um produto fascinante, tenso e vibrante.



10. Buscando
de Aneesh Chaganty / EUA
Sony Pictures
Outra grande surpresa de 2018, "Buscando" é um thriller que trouxe uma construção inovadora e uma nova forma de imersão. Bastante ousado, toda a narrativa do filme acontece dentro de telas e registros em redes sociais, alcançando um resultado crível e uma tensão rara vista no cinema recente. Na trama, acompanhamos a busca de um pai por sua filha desaparecida e mergulhamos, ao lado dele, dentro dessa procura, hipnotizados por cada nova informação que o brilhante roteiro nos revela. Se trata de um texto esperto, que está sempre a um passo a frente do espectador. Há excelentes reviravoltas ao seu decorrer, construindo um jogo rico em detalhes e com sequências eletrizantes que nos deixam vidrados do começo ao fim. Ainda há espaço para interessantes críticas e reflexões sobre o que a internet transformou a sociedade moderna.



09. Tully
de Jason Reitman / EUA
Diamond Films
A parceria entre o diretor Jason Reitman e a roteirista Diablo Cody é uma das mais belas do cinema recente. Após "Juno" e "Jovens Adultos", eles retornam para discutir o universo feminino de forma sensível e bastante madura. "Tully" tira todo o glamour da maternidade e revela com profundida a jornada de uma mulher que surta durante a gravidez de seu terceiro filho. É um texto muito honesto, delicado e que ainda nos choca pela irreparável performance de Charlize Theron como protagonista.



08. O Ódio Que Você Semeia
de George Tillman Jr. / EUA
Fox Film do Brasil
Mais do que uma adaptação de um livro, o filme fora baseado nas vidas de muitas pessoas e relatos reais. E essa é a parte que nos quebra, por ouvir seus dolorosos discursos e saber que tudo aquilo aconteceu com alguém. A trama é sobre uma jovem - incrivelmente interpretada por Amandla Stenberg - que após presenciar a morte de um amigo negro por um policial branco, passa a compreender que sua fala pode ser a frente de um grande e necessário protesto. Se trata de uma obra agressiva, forte e que nos oferece um belo e lento soco na alma. Em seus minutos finais, senti uma angústia que acredito que nenhum outro filme me fez sentir durante o ano. Fui tomado por minhas lágrimas e pelos tantos sentimentos que são entregues ali. "O Ódio Que Você Semeia" é poderoso porque dá voz ao que antes era apenas silêncio e milagroso porque faz isso em alto e bom som.



07. Missão Impossível: Efeito Fallout
de Christopher McQuarrie / EUA
Paramount Pictures
É raro quando uma franquia se mantém em altíssima qualidade no cinema e "Missão Impossível" alcança seu ápice nesse capítulo. É surpreendente como eles se renovam sem esquecer os elementos clássicos, retornando com uma energia e uma força admirável. Personagens carismáticos, roteiro com boas sacadas e sequências de ação hipnotizantes, incrivelmente bem orquestradas e editadas. É tudo tão legal de se ver que não há como não colocá-lo como um dos melhores do ano.



06. Projeto Flórida
de Sean Baker / EUA
Diamond Films
Sob a perspectiva de uma criança, a obra visita os terrenos fora do mundo mágico da Disney e toda a triste realidade existente além dos muros do parque. A trama foca na convivência entre uma menina e sua mãe dentro de um hotel e no conflito que nasce quando os vizinhos passam a se incomodar com a criação miserável que ela recebe. "Projeto Flórida" é um filme libertador, revigorante, experimental e que provoca o público ao sair do lugar comum, revelando, desta forma, o brilhante trabalho de Sean Baker como diretor, que extrai de cada imagem uma beleza única. Protagonizado por uma irradiante e talentosíssima Brooklynn Prince, temos aqui um retrato doce sobre a infância, glorioso, cheio de bons momentos. daqueles que trazem o riso fácil mas também partem o nosso coração. É realista e por isso, devastador.



05. Hereditário
de Ari Aster / EUA
Diamond Films
Fazia tempo em que uma obra de terror não mexia tanto comigo. Mais do que medo, "Hereditário" me colocou ao lado daqueles personagens e me fez sentir a dor da culpa, da perda. Me fez temer cada passo dado, engolido por uma atmosfera densa e um sentimento imenso de angústia. O roteiro, incrivelmente bem desenhado, criou uma história pesada e com detalhes ricos que ecoam na mente um longo tempo depois que o filme acaba como um verdadeiro trauma. A direção do novato Ari Aster cria na tela, sequências de puro pavor, mas são nas atuações que nascem os verdadeiros monstros. Toni Collette e Alex Wolff entregaram atuações que me faltam palavras para descrever. Foi brilhante de ver o embate dos dois. Se o demônio pudesse fazer um filme, ele com certeza faria "Hereditário".



04. Sombras da Vida
de David Lowery / EUA
-
O fantasma que usa um lençol branco sobre o corpo e acompanha a vida de sua esposa após sua morte. É um caminho doloroso percorrido por esse protagonista que, ao não conseguir atravessar para o outro plano, assiste o vazio deixado por sua ausência. "A Ghost Story" é um produto sensorial, profundo, melancólico e que nos faz refletir sobre essa efemeridade da vida, sobre como estamos a um passo de nos tornarmos uma simples lembrança. Um convite para a bad, temos aqui um filme comovente, humano e extremamente sensível em cada saída que encontra. É como um sonho absurdo, fascinante, bizarro e que ecoa em nossa mente como poesia. Terminei de vê-lo devastado, com o coração apertado e tendo a certeza de que nenhuma obra do ano poderia oferecer o impacto que senti com essa.



03. Uma Noite de 12 Anos
de Alvaro Brechner / Uruguai, Espanha, França, Argentina
Vitrine Filmes
O filme narra a dolorosa jornada de três homens que são torturados e mantidos reféns durante a ditadura militar no Uruguai. Baseado em uma história real, um deles é José Mujica, que foi presidente no país posteriormente. A produção é incrível e nos faz sentir enclausurados junto com seus protagonistas, diante desta noite que não acada, diante da ausência de tudo, do sol, da vida. É incômodo acompanhar as torturas que enfrentam mas ao mesmo tempo, é belo assistir essa batalha interna que existe dentro de cada um e nesta busca por sobrevivência e esperança de continuar acreditando que a liberdade seja ainda possível. "Uma Noite de 12 Anos", por fim, nos faz lembrar desses pequenos atos pouco valorizados durante nossa vida e nos inspira, nos faz querer abraçar tudo o que é real e palpável. É lindo, humano e intensamente emocionante. Chorei como poucos filmes me fizeram chorar em 2018.



02. Lady Bird
de Greta Gerwig / EUA
Universal Pictures
O coming of age de Greta Gerwig funciona porque nos leva para dentro da tela e é um prazer enorme acompanhar seus deliciosos minutos. Dá vontade de abraçar toda sua criação e agradecê-la por entender tão bem o que é ser jovem, por levar tão a sério os dilemas mais fúteis da adolescência e nos fazer enxergar naquela protagonista tão problemática um pouco de nós. Vi o filme com o coração e simplesmente não consegui ver de outra forma. Fiquei comovido por esta noção que a personagem tem de si e por vê-la crescer mesmo quando todos esperam tão pouco dela. É belo como "Lady Bird" acontece, como inúmeros eventos surgem e desaparecem com rapidez pela jornada da protagonista: as amizades, os amores, tudo passa por ela e logo se vai, uma desilusão seguida de outra, um momento de alegria seguido de outro. "Lady Bird" carrega nosso passado nostálgico, mas suas incertezas e receios é um reflexo atual do que ainda somos e do que sempre seremos.



01. Três Anúncios Para um Crime
de Martin McDonagh / Reino Unido, EUA
Fox Film do Brasil
É sempre difícil escolher "o melhor filme do ano", é quase que injusto, na verdade. Cito "Três Anúncios Para um Crime" nesta primeira colocação por ter sido a experiência mais incrível que tive dentro de uma sala de cinema em 2018. É um filme que me fez esquecer da minha vida e me inseriu completamente dentro de seu insano universo e dali não saí até seus créditos finais. A história da mulher que decide expor o descaso da policia diante do brutal assassinato da sua filha é chocante. O impacto vem porque o texto nunca decai, pelo contrário, só eleva e só nos faz adentrar um caminho cada vez mais complexo, perturbador e vibrante. O roteiro é genial e é composta por diversas camadas, trilhando com inteligência entre a tensão causada pela trama, o drama pessoal dos indivíduos retratados e o humor, que sabiamente invade as sequências e torna a experiência de vê-lo ainda mais agradável e inesperadamente cômica. A grande sacada aqui é a construção dos personagens, onde nenhum deles parece digno de salvação, muito menos do julgamento que lhes é dado de imediato. Estão sempre em evolução, sempre indo a uma direção que não prevíamos antes. Devido a isso, não haveria atores melhores para protagonizar esta fantástica jornada do que Frances McDormand, Woody Harrelson e Sam Rockwell. Com diálogos brilhantemente bem escritos, acaba sendo incrível acompanhar o embate que nasce entre eles. Original e revigorante, "Três Anúncios Para um Crime" é muito mais do que um divertido faroeste contemporâneo. É uma obra marcante, inteligente e que vai muito além de qualquer expectativa.


E para você? Qual foi o melhor filme de 2018?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe um comentário #NuncaTePediNada

Outras notícias