quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Retrospectiva 2018: Os Melhores Atores Coadjuvantes


A retrospectiva 2018 retorna agora para falar sobre as melhores atuações masculinas em personagens coadjuvantes. Confesso que foi uma lista difícil de fazer porque durante o ano tivemos atuações muito boas e chegar em 15 nomes foi quase impossível, mas espero que tenham gostado dos que, enfim, selecionei. Lembrando que tomei como base apenas os filmes lançados comercialmente entre janeiro e dezembro de 2018 aqui no Brasil. Se lembrarem de outros atores, fiquem a vontade para comentar!

por Fernando Labanca


15. Hugh Grant (As Aventuras de Paddington 2)

Na pele do vilão Phoenix Buchanan, Hugh Grant ri de si mesmo e se joga, sem medo algum, em uma divertida paródia repleta de exageros, nos fazendo esquecer completamente do galã que um dia conhecemos. É uma nova fase na carreira do ator que tem ganhado respeito simplesmente por fugir do que sabemos dele. É delicioso vê-lo em cena não só porque ele está incrivelmente a vontade no papel mas porque ele constrói aqui um personagem divertidíssimo. Destaque para a cena musical que ele apresenta no final, um belo e inesperado momento que só o engrandece como profissional.



14. Dominic West (Colette)

Ao lado da bela Keira Knightley, Dominc West brilha no drama de época "Colette" ao interpretar o galanteador Willy, um escritor que ganha vida publicando histórias que não são suas. Apesar de ser um personagem desprezível, West consegue, com todo o seu charme e carisma, nos conquistar. Há um tom teatral aqui, expressivo e ele acaba roubando a cena ao dominar o texto e dar vida à um filme que poderia ser simplesmente esquecido. Um grande ator que nem sempre tem a chance de fazer algo bom como aqui.



13. Steven Yeun (Em Chamas)

O ator que aqui é mais conhecido por interpretar o personagem Glenn em "The Walking Dead", se viu livre da série e logo conseguiu um papel à sua altura. No thriller sul-coreano, ele se transforma e prova de vez seu talento. Se trata de um papel difícil, misterioso, que nunca deixa claro suas reais intenções, no entanto, ficamos altamente fascinados por ele cena, hipnotizados tentando entender seus jogos.



12. Alessandro Nivola (Desobediência)

O aguardado novo trabalho do cineasta Sebastián Lelio tinha criado uma grande expectativa em torno das atuações das protagonistas Rachel McAdams e Rachel Weisz, no entanto, inesperadamente, quem acaba brilhando aqui é o coadjuvante Alessandro Nivola. Não se trata de um grande personagem e nem de uma atuação desafiadora, no entanto, ele merece o destaque por simplesmente estar irreconhecível no papel, o que me fez descobrir que era ele apenas nos créditos finais. Na pele de um rabino, Nivola encontra o tom certo para o personagem. Seus olhares, suas expressões, seu jeito de falar e agir. Nada me lembra o ator e por isso, surpreendentemente, vem dele a melhor atuação do filme.



11. Jesse Plemons (A Noite do Jogo)

Tenho vontade de rir só de lembrar da hilária e surpreendente presença de Jesse Plemons na comédia "A Noite do Jogo". O embate que existe entre ele e os atores Jason Bateman e Rachel McAdams é divertidíssimo, isso porque ele faz o vizinho estranho e misterioso que sempre aparece nas horas indevidas. Seu personagem é ótimo e ele acaba tendo bastante relevância na trama. Sorte é ter um ator tão versátil como Plemons, que depois de tantos papéis sérios, surpreende agora na comédia.



10. Woody Harrelson (Três Anúncios Para um Crime)

Woody é aquele ator que todo ano merece estar entre os melhores. O cara tem uma carreira incrível e sempre acerta nos projetos em que se envolve. "Três Anúncios Para um Crime" é mais um desses filmes que dão espaço para ele mostrar seu enorme potencial. Na pele do xerife Willoughby, o ator brilha, navegando com perfeição nas tantas nuances de seu belo personagem. 



09. Michael Shannon (A Forma da Água)

Como o brutal coronel Strickland em "A Forma da Água", Michael se entrega de forma intensa na pele desse vilão que tinha tudo para cair na caricatura, mas ele consegue revelar diversas camadas e no fim, entrega um personagem poderoso.



08. Sam Elliott (Nasce Uma Estrela)

Sempre encarei o veterano Sam Elliott como um ator subestimado. O cinema, poucas vezes nos últimos anos, o encarou com seriedade. Eis que ele ressurge fantástico em "Nasce Uma Estrela" e mesmo que em um personagem pequeno, Sam revela ali um talento quase nunca explorado. Há uma comoção muito forte em seu personagem, devido a conturbada relação que tem com seu irmão, e mesmo que nunca seja muito claro o que existe ali, o ator emociona porque é intenso e porque transmite muita verdade.



07. Russell Hornsby (O Ódio Que Você Semeia)

Logo na primeira cena de "O Ódio Que Você Semeia" entendemos que teremos ali um personagem forte interpretado por um ator incrivelmente potente. Seus discursos ao longo do filme são poderosos, cheios de rancor e honestidade, no entanto, eles só nos atingem com tamanha força porque Russell é daqueles atores que se entregam por inteiro, que surge em cena e deposita muito sentimento ali. Saí do cinema imensamente comovido por sua belíssima interpretação.



06. Harry Melling (The Ballad of Buster Scruggs)

Sem dúvida alguma,  a aparição mais surpreendente do ano. Enquanto assistia sua passagem por um dos capítulos de "The Ballad of Buster Scruggs" - aliás, um dos melhores capítulos do filme - fiquei completamente hipnotizado por sua atuação e mal sabia de quem se tratava. Seu personagem, que não tem braços e nem pernas, caminha por terras apresentando um teatro itinerante. É um ser triste, vazio mas que ilumina o palco diante de seu pequeno público. Apenas quando o filme terminou fui atrás de descobrir quem era o ator: Harry Melling, conhecido por interpretar Dudley Dursley, o primo chato de Harry Potter. Foi um baque porque jamais poderia imaginar o puta ator que ele se transformaria. Que venha mais oportunidades para ele!



05. Willem Dafoe (Projeto Flórida)

Willem é o gerente Bobby de um movimentado hotel beira-de-estrada. É um personagem terno, sempre pronto para um ato solidário, sempre pronto para ouvir ou entender o que se passa na vida daqueles moradores, ainda que nunca perca sua postura profissional de gerente. Conhecido por interpretar alguns vilões no cinema, Willem surpreende neste personagem doce, incrivelmente humano e que prova que ele pode ir muito além do que esperamos dele. Um ator fantástico!



04. Michael Stuhlbarg (Me Chame Pelo Seu Nome)

Além de brilhar em "A Forma da Água", Michael teve outro grande destaque nos cinemas neste ano: como o pai de Elio no drama "Me Chame Pelo Seu Nome". Ainda que seja um personagem mais introspectivo, houve um momento específico que lhe deu, finalmente, a chance de brilhar. A cena em que ele conversa com seu filho na sala e abre seu coração, falando sobre amor, perdas e dores é tão perfeita e prova, diante daqueles diálogos tão bem escritos, o potencial dele como ator. É uma sequência poderosa, emocionante e que não teria esse impacto sem a atuação de Michael Stuhlbarg.



03. Barry Keoghan (O Sacrifício do Cervo Sagrado)

Foi um desafio e tanto para Barry estar em "O Sacrifício do Cervo Sagrado", thriller do grego Yorgos Lanthimos. É o tipo de papel que exige bastante de um ator e ele surpreende por ser tão jovem e ainda assim ter conseguido construir este retrato tão perturbador. Sua simples presença em cena nos assusta mas ao mesmo tempo nos hipnotiza, nos faz querer entendê-lo, compreender o que há por trás daquele olhar tão enigmático. Um dos personagens mais estranhos e mais incríveis deste ano. Que bom que Yorgos encontrou o ator perfeito para dar vida a ele.



02. Alex Wolff (Hereditário)

A verdade é que nunca esperei nada de Alex Wolff e quando vi que colocaram ele para atuar ao lado de Toni Collette fiquei até preocupado. Eis que ele surpreende no papel e vai muito além. Penso, inclusive, que pouco foi falado sobre sua grandiosa atuação aqui. A antológica sequência do acidente de carro me fez sentir algo muito forte e tudo devido à sua expressão. Não é apenas uma expressão assustada, tem algo ali indescritível, que somente um grande ator conseguiria transmitir. Que atuação fantástica! O momento do jantar também é memorável, onde ele constrói um embate poderoso com Collette e nos faz arrepiar. Há ódio, há medo, há muita coisa em seu profundo olhar e suas palavras nos atingem como um doloroso soco na alma.



01. Sam Rockwell (Três Anúncios Para um Crime)

Eis que o cinema finalmente redescobriu Sam Rockwell devido o seu brilhante desempenho em "Três Anúncios Para um Crime". Por anos ele esteve ali como um ator subestimado e foi bom ver um personagem que o coloca onde ele merece estar: no topo do pódio. Carismático, expressivo, versátil, eu poderia listar inúmeras qualidades para o enorme talento de Rockwell como ator e fico feliz que o filme deu espaço para ele provar ao público e aos críticos tudo isso. Na pele de um policial psicopata, ele consegue explorar todas as possibilidades que o roteiro permitia, indo da comédia ao drama e encontrando humanidade em seu brilhante personagem.


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