quarta-feira, 31 de julho de 2019

Crítica: Upgrade




Por uma realidade menos dolorosa.  

 por Fernando Labanca

“Upgrade” marca o retorno de Leigh Whannell, conhecido por criar a franquia Jogos Mortais. É interessante podermos ver outra faceta do roteirista e diretor que traz, novamente, uma grande ideia e com potencial para ser explorada em outras sequências. Provável que não aconteça, o que não é ruim visto que a história se fecha bem aqui. Se trata de uma ficção científica cyberpunk, aos moldes de Black Mirror, com alguns traços de terror e cenas com extrema violência. 

O filme brinca com a possibilidade de seres humanos elevados, após um “upgrade” na consciência. O protagonista acaba sendo parte de uma experiência que faz com que tenha força e inteligência muito além do comum. Ao início, somos apresentados a uma versão um tanto quanto fria do futuro. A vida das pessoas se tornou extremamente prática devido ao excesso de aplicativos que tomou conta por completo de ações rotineiras. Longe de tudo isso e contra a esse controle das grandes empresas de tecnologia vive Grey Trace (Logan Marshall-Green), que após sofrer um terrível ataque, onde perde sua esposa e o torna paralítico, aceita ser cobaia deste teste que o faz ter poderes sobre-humanos, não apenas para recuperar os movimentos de seu corpo mas, principalmente, por colocar em prática sua vingança. 


Este cenário distópico criado nos convence por não ser tão distante do que vivemos hoje e por revelar um futuro completamente possível, diante da nossa total dependência da tecnologia para todos as nossas ações. Os bons efeitos visuais e todo o design de produção tornam esta ideia ainda mais crível. Vale lembrar, ainda, a montagem do filme, que entrega sequências eletrizantes de ação, muito bem coreografadas e filmadas, dando a curiosa sensação de que realmente o protagonista está sendo controlado por uma força maior. Aliás, destaque para a excelente atuação de Logan Marshall-Green que, mesmo sem perder o humor, traz uma carga dramática necessária para a composição de seu personagem. 

“Upgrade” acaba usando daquele discurso de que, no fim, a realidade é cruel demais para não nos deixarmos ser levados por esses vícios, pois é nosso escape, o que nos tira daqui. Com bons argumentos, temos aqui um roteiro completamente enxuto, objetivo e sem muita dramatização ou enrolação e nem por isso é frio, pelo contrário, somos facilmente levados pro suas ideias e ficamos intrigados por suas pirações. A recompensa é alta, logo que a reviravolta do final é brilhante. Uma obra eletrizante e um prato cheio para quem gosta de boas cenas de ação e adrenalina. 

NOTA: 8


País de origem: Austrália
Ano: 2018
Duração: 95 minutos
Distribuidor: -
Diretor: Leigh Whannell
Roteiro: Leigh Whannell
Elenco: Logan Marshall-Green, Betty Gabriel, Harrison Gilbertson



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