quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Retrospectiva 2019: As Melhores Atrizes Coadjuvantes

A retrospectiva continua aqui no blog e agora vou comentar sobre as atuações femininas em papeis coadjuvantes que marcaram o ano de 2019. Algumas atrizes vieram como uma revelação, outras veteranas retornaram em grande forma. Foi um ano bom para o cinema em geral e muitas mulheres talentosas se destacam em cena.

Espero que gostem das selecionadas e se lembrarem de outros nomes, deixem nos comentários. Lembrando que cito apenas aqueles filmes lançados no Brasil em 2019, independente do ano em que foram lançados em seus países de origem.

por Fernando Labanca



10. Da'vine Joy Randolph (Meu Nome é Dolemite)
Não apenas o protagonista Eddie Murphy brilha em "Meu Nome é Dolemite". No meio de uma divertida e bem executada homenagem ao blaxploitation, Da'Vine Joy Randolph surge como uma grande revelação do cinema. Na pele da carismática Lady Reed, ela demonstra uma espontaneidade admirável na tela. É naturalmente engraçada, grosseira, e facilmente roubas as cenas em que participa, inclusive nos momentos mais dramáticos. Nunca decepciona.




09. Margot Robbie (Duas Rainhas)
Tem sido um momento muito bom para a atriz Margot Robbie, que tem provado, a cada novo trabalho, seu enorme talento. Além de ter brilhado nas poucas cenas em que aparece como Sharon Tate em "Era Uma Vez em Hollywood", Margot também teve outro grande momento neste ano ao dar vida à rainha Elizabeth I. Com maquiagem forte no rosto, ela surge irreconhecível em cena. Seus trejeitos, modo de falar, nada nos remete aos seus trabalhos anteriores.




08. Nicole Kidman (Boy Erased)
Nicole Kidman é uma daquelas atrizes que não tem mais o que provar. Só dela estar em cena, parece já ser digna de algum prêmio. Ainda assim, é incrível como ela tem se envolvido nos projetos certos e continua entregando atuações marcantes, revelando lados que ainda não tínhamos visto dela. "Boy Erased" é um filme que evita uma dramaticidade, mesmo quando sua trama é forte, ainda assim, ela consegue se sobressair, emocionante mesmo na sua sutiliza. Ao viver Nancy, a mãe de um jovem que é colocado em uma terapia de cura para sua homossexualidade, Nicole entrega momentos de pura comoção. Seu diálogo final com o filho, quando revela sua dor por nunca tê-lo apoiado, é profundo e incrivelmente lindo de se ver.




07. Natalie Portman (Vox Lux)
A personificação de uma estrela decadente. Na pele de Celeste, uma diva pop, Natalie Portman entrega um dos papeis mais improváveis de toda sua carreira. Jamais poderíamos imaginar a atriz dançando e cantando em cima de palco. Sua atuação, obviamente, vai muito além disso. É fora do palco que ela realmente brilha. Sua personagem é revigorante, cheia de trejeitos e ainda que seja sim uma caricatura, a maneira como Natalie encarna Celeste é realmente impactante de se ver. E, definitivamente, ela carrega o filme nas costas e só por isso merece estar aqui.




06. Laura Dern (História de Um Casamento)
Ainda que seja um tipo de personagem confortável para Laura Dern, ela dá um rápido show em cena. É nítido o quão a vontade ela se sente na pele da advogada Nora em "História de Um Casamento". Seu monólogo sobre o papel da mulher no casamento, inclusive, viralizou, não apenas pelo belo texto que recebeu, mas por sua entrega ao pronunciar este potente discurso. Laura acontece e não há sequer um momento seu no filme em que não esteja simplesmente radiante.




05. Julie Walters (As Loucuras de Rose)
É incrível como Julie Walters consegue dizer tanta coisa com sua personagem sem precisar dizer. Seu olhar fala tanta coisa. Ela interpreta Marion, mãe de Rose, uma jovem cantora country que acabou de sair da prisão. É muito forte a relação entre as duas personagens, ao mesmo tempo em que existe a culpa e o rancor, também existe o apoio, a proteção, o suporte incondicional. Julie me fez chorar com sua presença, tamanha a grandeza de sua atuação. É sutil, mas ainda assim ela consegue ser gigante.




04. Jennifer Lopez (As Golpistas)
Jennifer Lopez é um furacão. Na pele da stripper Ramona, a atriz renasce e prova aquilo que esquecemos ao longos dos anos: a grande atriz que ela é. Ela parece ter nascido para esse papel e se entrega como se sua carreira dependesse disso. Lopez esbanja carisma, sensualidade e garra e mostra em cena uma força que nunca havia revelado no cinema. Ficamos hipnotizados por sua presença, que rouba o filme para si e torna todos seus instante incrivelmente fascinantes de se assistir.




03. Rachel Weisz (A Favorita)
Rachel Weisz é aquela atriz que não faz muitos filmes, mas quando surge é sempre uma grata surpresa. Em "A Favorita" ela entrega uma das melhores e mais interessantes composições de toda sua belíssima carreira. Ao interpretar a audaciosa Lady Sarah, Rachel nos hipnotiza. Seus diálogos são sempre muito bons e o mistério a cerca de sua personalidade nos deixa vidrados por suas ações. É muito novo ver uma mulher em um filme de época ganhar essa caracterização, ser independente, ser dona de suas escolhas e ter a coragem e ousadia de manipular todos ao seu redor. Que bom que este papel veio para Rachel, porque ela é uma atriz completa e está altura desta grandeza.




02. Emma Stone (A Favorita)
Emma Stone parece melhorar a cada novo retorno. É lindo acompanhar esta sua evolução no cinema e como ela cresce de um papel para outro. Sua presença em "A Favorita" é fantástica. Ela é tão grande ali que passa a ser quase que uma protagonista da história. Sua Abigail é divertida, forte e bastante complexa. É ela quem nos guia pela trama e por muitas vezes, é ela quem recebe nossa grande torcida. Emma brilha ao dar vida à todas essas oscilações de sua personagem, que vai de mocinha à vilã na mesma sequência e só uma grande atriz poderia realizar isso de forma tão perfeita.




01. Fernanda Montenegro (A Vida Invisível)
Ver Fernanda Montenegro na tela grande foi um dos maiores presentes que 2019 deixou. É difícil explicar a magnitude daquele momento ou do quão grande ela consegue ser como atriz. Já na reta final do belíssimo "A Vida Invisível", Fernanda entra em cena e em poucos minutos consegue nos levar às lagrimas. Sua participação é muito rica e vem para fechar o filme da forma mais sensível possível. O que ela fez foi lindo, memorável.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Retrospectiva 2019: Os Melhores Atores Coadjuvantes



2019 nos presenteou com grandes filmes e, como consequência, tivemos o prazer, também, de nos depararmos com grandes atuações. Confesso que minha lista estava grande, mas me esforcei para deixar apenas 10 nomes, até para deixá-la mais concisa e conseguir reunir o que, de fato, foram os melhores, na minha opinião. 

Com vocês, então, as 10 melhores atuações masculinas em papeis coadjuvantes. Lembrando que cito os filmes que apenas foram lançados no Brasil em 2019, independente do ano em que foram lançados em seus respectivos países de origem. Se vocês lembrarem de outros nomes que mereciam estar aqui, deixem nos comentários. Espero ter sido justo e espero que gostem dos selecionados. 

por Fernando Labanca



10. Jonathan Pryce (O Homem Que Matou Dom Quixote)
Para encarar o surrealismo de Terry Gilliam é preciso estar aberto a um roteiro sem muitas regras. O que para um ator deve ser uma oportunidade única, libertadora. É assim que o veterano Jonathan Pryce abraça esta grande chance, dando vida às loucuras de um texto criativo e irreverente. Ele dá vida a um ordinário sapateiro que após ser chamado para viver Dom Quixote em um projeto de universitários, ele passa a acreditar que realmente é o personagem de carne e osso de Cervantes. Um herói pronto para salvar sua donzela em perigo. É cômico, mas existe uma boa dose de tragédia. Jonathan é um ator incrível e consegue tornar o filme melhor do que realmente é. 




09. Wesley Snipes (Meu Nome é Dolemite)
Uma das boas surpresas da Netflix em 2019, sem dúvidas, foi o longa "Meu Nome é Dolemite". No meio de diversos personagens carismáticos está Wesley Snipes, que ressurge depois de muitos anos longe da tela. É muito bom vê-lo em cena porque ele retorna provando ser aquilo que sempre duvidamos dele: sendo um bom ator. Snipes interpreta D'Urville Martin, que aceita dirigir o filme de Dolemite. É um personagem cheio de afetações e poderia ser apenas um retrato caricato ali se não fosse a habilidade dele em tornar aquele indivíduo tão irritantemente adorável.




08. Anthony Hopkins (Dois Papas)
"Dois Papas" se concentra, basicamente, nos diálogos entre o cardeal Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce) e o papa Bento XVI. Acompanhamos ao longo de seus minutos, os dois discutindo sobre os mais diversos assuntos e obviamente, nada disso teria dado certo sem a escalação perfeita dos veteranos Pryce e Anthony Hopkins. Os dois parecem ter nascido para esses papéis. É lindo de ver eles contracenando e justamente por isso, cito Hopkins aqui. É um coadjuvante de ouro, que brilha e consegue debater a altura do talento de Pryce. Sabe ser cômico e comovente na mesma medida, sem perder a seriedade de seu personagem e trazendo honestidade em cada palavra que pronuncia.




07. Al Pacino (O Irlandês)
Em 2019, Martin Scorsese resolveu dar um presente ao público e, de certa forma, homenagear a própria carreira. É assim que ele conseguiu reunir, em "O Irlandês", três dos grandes atores que já trabalharam com ele. Al Pacino é um deles e retorna com fôlego admirável. No papel de Jimmy Hoffa, ele traz uma força em cena que tínhamos esquecido que ele era capaz. Se trata do personagem mais intrigante da obra, que oscila e ao mesmo tempo em que nos faz torcer por ele devido seu carisma, nos faz temer os caminhos que ele seguirá. Um trabalho de mestre.




06. Jake Gyllenhaal (Vida Selvagem)
Talvez tenha sido o papel menos prestigiado da carreira recente de Jake Gyllenhaal. Quase ninguém viu, pouco se falou. No entanto, ele consegue demonstrar aqui, em poucos minutos de cena, uma força notável e uma atuação digna de prêmios, que infelizmente foi ofuscado pela pouca divulgação da obra. Na pele de um pai de família frustrado, Gyllenhaal emociona e traz um embate potente ao lado da atriz Carey Mulligan. 




05. Brad Pitt (Era Uma Vez em Hollywood)
Depois de alguns anos afastado de bons papeis no cinema, Brad Pitt se reinventa neste novo trabalho de Tarantino. Ele dá vida à Cliff Booth, um dublê decadente de filmes, assistente pessoal e amigo de Rick Dalton, interpretado por Leonardo DiCaprio. São dois personagens inseparáveis ali, cada um com suas características marcantes. Brad está ótimo em cena e traz um charme inegável. Vem bastante canastrão também, mas sempre fugindo de uma possível caricatura. É um anti-herói cheio de mistérios e nos deixa vidrados por sua jornada dentro da história. 




04. Timothée Chalamet (Querido Menino)
Baseado na relação real entre um pai e um filho, "Querido Menino" dá ao jovem ator Timothée Chalamet uma chance de brilhar e ele agarra essa oportunidade com força. Ele interpreta o filho Nic Sheff, que prestes a entrar na universidade, se perde no mundo das drogas. Seu vício, obviamente, acaba abalando a relação da família e o ator dá um show nesses instantes. É muito corajoso sua entrega, traz honestidade para um tema tão sério e nos faz acreditar, no tempo de filme, em toda a dor enfrenta. 




03. Song Kang-ho (Parasita)
Esta não é a primeira parceria entre o ator e o diretor sul-coreano Bong Joon-ho. Depois de filmes como "Memórias de Um Assasino", "O Hospedeiro" e até mesmo o hollywoodiano "Expresso do Amanhã", os dois retornam nesta belíssima obra-prima que é "Parasita". Na pele do pai desafortunado da família Kim, Song surge cômico, mas permite que seu personagem cresça ali, se transformando e nos fazendo questionar até que ponto ele suportaria a situação em que vive. Ele demonstra uma naturalidade muito grande, chegando a ser difícil imaginar ele sendo outra coisa além daquilo que mostra em cena. É real e acreditamos nele. 




02. Joe Pesci (O Irlandês)
Joe Pesci não atuava desde 2010 e somente Scorsese poderia retirá-lo dessa aposentadoria. E que bom que o mestre o trouxe de volta e nos presenteou com sua atuação em "O Irlandês". Na pele do mafioso Russell Bufalino, ele rouba a cena. É um personagem carismático e que nos hipnotiza por sua força em cena, por fazer tão bem aquilo nas mãos de outro ator seria esquecível. É um ambiente familiar e Pesci prova que somente ele poderia estar ali.  




01. Richard E.Grant (Poderia Me Perdoar?)
Foi no começo do ano e eu sabia que essa atuação seria imbatível. É, de longe, meu coadjuvante favorito de 2019. Há um tempo tenho notado a boa presença do britânico Richard E.Grant em algumas produções (inclusive em Star Wars recentemente) e finalmente lhe foi dado o papel que ele merecia, um papel a sua altura. Ao dar vida ao caloteiro Jack Hock, Richard consegue expor todo seu talento como ator. É cômico na mesma medida que é trágico. É o vilão ao mesmo tempo em que é parceiro. Sua dinâmica ao lado da fantástica Melissa McCarthy foi um dos mais belos presentes do ano. Que gostoso foi ver os dois atuando juntos, dividindo a cena e trocando diálogos tão bem escritos. Richard destrói e me fez querer entrar dentro do filme e agradecê-lo por construir um indivíduo tão bem, por ter me afeiçoado a ele e por ter me feito emocionar como poucos personagens conseguiram em 2019. Foi lindo. 

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

As 20 melhores cenas de 2019


É com muita empolgação que escrevo essa lista! Gosto sempre de fazer essas retrospectivas aqui no blog e venho agora relembrar as melhores cenas de 2019. Todo filme que assisti durante esses doze meses, criei o hábito de anotar meus momentos favoritos para que eu pudesse fazer uma lista que realmente fizesse sentido, citando instantes que, de alguma forma, me marcaram. 

Foi um ano muito bom para o cinema. Tivemos momentos realmente marcantes e espero que gostem dos selecionados. Lembrando que os filmes citados são aqueles lançados aqui no Brasil em 2019, independente do ano em que foram lançados em seus países de origem. 

por Fernando Labanca



20. O Strip de Ramona (As Golpistas)
dirigida por Lorene Scafaria
Diamond Films
Eu poderia, simplesmente, listar todos os momentos em que Jennifer Lopez aparece em "As Golpistas". Sua presença em cena é potente e ela consegue transformar cada pequeno evento em um show a ser admirado. Cito, então, sua fantástica introdução em que sua personagem, a espirituosa Ramona, sobe no palco na boate em que trabalha como stripper e faz sua belíssima e sensual apresentação. É hipnotizante todos os seus movimentos e, no auge de seus 50 anos, a atriz revela não apenas seu forte sex appeal como sua coragem em fazer um pole dance e o faz como se fizesse isso a vida toda, tamanha naturalidade.




19. Vanellope encontra as Princesas 
(WiFi Ralph - Quebrando a Internet)
dirigida por Rich Moore e Phil Johnston
Disney
Nada menos que um encontro memorável. "WiFi Ralph" nos proporcionou uma das cenas mais icônicas de 2019, que de tão icônica parece ter feito até mais sucesso que o próprio filme. Enquanto Vanellope e Ralph se aventuram pela internet, ela acaba parando em um quarto onde estão presentes todas as princesas da Disney. Poderia ser só um momento aleatório se não fossem os divertidos diálogos da cena, que fazem ótimas piadas com as características marcantes de cada uma delas. E poxa! É muito legal ver todas elas reunidas, super confortáveis de pijama, conversando como se fossem amigas.




18. Encontro Musical (Fora de Série)
dirigida por Olivia Wilde
Imagem Filmes
"Fora de Série" é um comédia cheia de momentos inventivos e, inclusive, merecia ser citado mais de uma vez aqui, mas vou comentar sobre esta cena que me fez abrir um sorriso largo e me fez admirar ainda mais a belíssima direção da atriz Olivia Wilde. Surge como uma bem-vinda ruptura, onde sua protagonista sai do plano real e imagina como seria seu grande encontro com o boy que tanto quer pegar na última festa do colégio. Molly (Beanie Feldstein), então, se lança aos braços de Nick (Mason Gooding) e os dois protagonizam um instante musical. Propositalmente forçado, mas divertido e gracioso de se ver.




17. Uma Rápida Visita (O Irlandês)
dirigida por Martin Scorsese
Netflix
Martin Scorsese sempre foi seco na hora de matar seus protagonistas. Parece não haver apego algum quando precisa eliminar um personagem importante na história. Em um dos momentos mais importante de "O Irlandês", Frank (Robert De Niro) faz uma rápida visita a seu amigo de longa data, Jimmy Hoffa (Al Pacino), a pedido do mafioso Russell (Joe Pesci). É um momento desconfortavelmente tenso de assistir, porque sabemos daquela relação e do laço que ambos construíram ao longo dos anos. Frank atira pelas costas assim que ambos entram na casa, sem problema algum, de forma fria e pouco calculada. Como um grande e rápido choque, Hoffa está morto.




16. Good Vibrations (Nós)
dirigida por Jordan Peele
Universal Pictures
"Nós" é um filme extremamente tenso e nunca sabemos exatamente o que vai acontecer. Após o mundo ser atacado pelos "duplos", assistimos a uma série de incontroláveis assassinatos. O momento em questão - e um dos melhores de todo o filme - é quando a mansão da família de Kitty (Elizabeth Moss) é invadida pela cópia da própria família e todos são brutalmente assassinados ao som otimista de "Good Vibrations" do The Beach Boys.




15. O Abraço (Selvagem)
dirigida por Camille Vidal-Naquet
-
Ao narrar a jornada do jovem que vive sua vida nas ruas se prostituindo, "Selvagem" acaba falando muito sobre essa solidão existente no mundo gay atual. Nesse descaso, nesse constante sentimento de abandono, que na ausência de amor nos deixam carentes de afeto, de algo mais real. A cena que cito é quando o protagonista, Léo (Félix Maritaud), visita uma médica e, em um ato quase que involuntário, ele a abraça. O abraço permanece por longos segundos e é belo de se ver. Parece um pedido um socorro, de alguém que apanha demais da vida e sente essa falta de um lar, de proteção.




14. Reencontro dos Amantes (Dor e Glória)
dirigida por Pedro Almodóvar
Universal Pictures
Provavelmente um dos trabalhos mais pessoais do mestre Pedro Almodóvar, onde ele coloca um diretor de cinema confrontando seu passado. Salvador Mallo (Antonio Banderas) deixou muitas histórias para trás, mas nunca se curou completamente de um romance que viveu com Federico (Leonardo Sbaraglia). Depois de longos anos sem se verem, eles decidem se reencontrar e conversar. É um momento doloroso porque vemos como o tempo separou aquilo que poderia ter dado tão certo. Existe uma paixão ardente e ela é nítida no olhar dos dois, nítida em cada palavra e no beijo caloroso que eles dão na despedida. É lindo.




13. O Ritual do Sexo (Midsommar)
dirigida por Ari Aster
Paris Filmes
Não há sequer uma cena em que não seja extremamente bizarra em "Midsommar". O filme de Ari Aster nos levou ao limite com suas provocações. Uma das sequências mais incômodas (e talvez, por isso, uma das melhores) foi o ritual de sexo protagonizado por Christian (Jack Reynor). Após um interminável jantar de coroação de sua namorada, ele se entrega aos seus desejos e vai atrás da jovem que demonstrava interesse por ele, culminando em uma esperada traição. O que ele não esperava, nem o público, é que teria que encarar um ritual bizarrissimo, onde cercado por mulheres nuas, é forçado a transar. Não há absolutamente nada de sensual ali, pelo contrário, é assustador. Um pouco cômico sim, mas intensamente desconfortável de assistir.




12. Piratas no Espaço (Ad Astra)
dirigida por James Gray
Fox Film do Brasil
James Gray não é um diretor comum e "Ad Astra" deixou isso bem claro. Mesmo quando ele usa cenários e situações já exploradas por outras ficções no Espaço, traz algo de muito único e especial em seu olhar, na maneira como ele filma e expõe o que na mão de outro diretor poderia ser só mais um evento ordinário. Durante o caminho do engenheiro espacial Roy (Brad Pitt), algo de muito inusitado ocorre. Enquanto ele e outros profissionais percorrem a Lua em direção à base, eles são atacados por Piratas. A cena em si é incrivelmente bem filmada e editada e toda a ideia de imaginar piratas atacando na Lua é tão absurdamente intrigante que torna aquele instante fascinante de assistir.




11. Última Conversa no Bar (Poderia Me Perdoar?)
dirigida por Marielle Heller
Fox Film do Brasil
Mais do que falar sobre as falcatruas reais da escritora Lee Isreal (Melissa McCarthy), "Poderia Me Perdoar?) é também um filme sobre amizade. É sempre muito agradável assistir os encontros entre Lee e seu parceiro do crime, Jack Hock (Richard E.Grant) e em um dos momentos mais especiais da obra, quando tudo de ruim e mais errado já havia acontecido, ambos se reencontram em um bar e abrem o coração. É uma das cenas mais lindas que tive o prazer de ver este ano, não apenas pela grande atuação dos dois ali, mas pelos diálogos, tão naturais e tão cheios de comoção. É um instante que nos faz chorar e rir ao mesmo tempo. Há muito sentimento presente e eu só queria poder entrar no filme e abraçar os dois personagens.




10. A Escadaria (Coringa)
dirigida por Todd Phillips
Warner Bros.
Com cigarro na boca, maquiagem na cara e seu terno vermelho. É assim que Joaquin Phoenix e o diretor Todd Phillips entregam uma das sequências mais memoráveis deste ano. A escadaria de Shakespeare Avenue no Bronx, que serve como cenário, se tornou ponto turístico. Ao som de "Rock'n Roll Part 2" de Gary Glitter, Coringa desce a longa escada dançando, pela primeira vez, livre. Parece um instante de ruptura em sua jornada, quando o personagem finalmente entende quem é e quem pretende ser dali para frente. O palhaço que ri, o palhaço que dança.




09. Glasgow (As Loucuras de Rose)
dirigida por Tom Harper
Diamond Films
Uma sequência que me fez chorar e me fez sentir, por aquele breve instante, os profundos sentimentos da protagonista. Após compreender a importância de sua família e o peso que eles tem em sua escolhas, a cantora de country sobe ao palco e canta "Glasgow". Em um refrão que repete e frase "não há lugar como o lar", Rose finalmente encara sua mãe e naquele forte olhar há um pedido de desculpas e agradecimento. Jessie Buckley canta muito e sua voz vai direto em nossos corações. Sem muitas pretensões, é um momento intensamente emocionante.




08. Última Discussão (História de Um Casamento)
dirigida por Noah Baumbach
Netflix
Um dos últimos grandes lançamentos da Netflix nos presenteou com uma das melhores cenas do ano. "História de Um Casamento" fala com bastante honestidade sobre o processo de divórcio de um casal. Depois do estresse causado por diversos eventos, Nicole (Scarlett Johansson) vai até o apartamento de Charlie (Adam Driver) para que eles pudessem resolver os conflitos pacificamente. No entanto, ambos se descontrolam e acabam revelando verdades dolorosas um sobre o outro. Os diálogos são incríveis e Driver e Johansson dão um show de atuação ali.




07. Festa de Aniversário (Parasita)
dirigida por Bong Joon-ho
Pandora Filmes
"Parasita" é um filme bastante imprevisível, no entanto, a todo instante estamos prontos para que a bomba, finalmente, exploda. A cena em questão é justamente quando a merda é jogada no ventilador mesmo e tudo de pior acaba acontecendo. Tudo caminhava tranquilo na festa de aniversário do caçula da família Park, eis que as coisas começam a desandar e enquanto algumas máscaras são reveladas ali, a revolta guardada dentro dos personagens colocam seus planos por água abaixo, os levando a cometer atrocidades. É um choque atrás do outro e ficamos ali, simplesmente espantados e hipnotizados pelo caminhar da história.




06. Você Quer Viver ou Morrer? (Bacurau)
dirigida por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles
Vitrine Filmes
Nem Tarantino conseguiu ser tão violento e audacioso em 2019 quanto Kleber Mendonça Filho em "Bacurau". A cena é quando o filme dá uma belíssima e aguardada reviravolta, colocando os mocinhos em outra posição, deixando de ser a caça e virando os verdadeiros predadores. Sem roupas, dois moradores da cidade exterminada surgem armados e explodem a cabeça de um dos "caçadores", à que sobrevive com graves ferimentos resta a pergunta: "Você quer viver ou morrer?".




05. Como um foguete (Rocketman)
dirigida por Dexter Fletcher
Paramount Pictures
Essa cena é tão poderosa que faltam palavras para descrevê-la. É potente, fantasiosa e cheia de sentimentos. No ápice de seus excessos e desespero, o astro Elton John (Taron Egerton) tenta cometer um suicídio na piscina de sua mansão enquanto ocorre uma festa para amigos e familiares. Ao mergulhar, ele se encontra com sua versão criança, vestido de astronauta cantando "Rocketman". Quando, enfim, é socorrido pelos convidados, ele se recupera, vai para o hospital em um energético e empolgante musical e termina seu ato milagroso em um show, voando como um foguete.




04. A Dança Inicial (Climax)
dirigida por Gaspar Noé
Imovision
Antes de nos levar para o inferno, Gaspar Noé encontra um jeito bem peculiar de apresentar seus tantos personagens. Sua câmera, então, percorre entre os movimentos de um grupo de dançarinos talentosos. É um deleite para os olhos acompanhar tamanha expressão corporal e ficamos vidrados por cada passo dado por eles. É um instante revigorante, energético e quando termina, nos deixa querendo por muito mais.




03. A Carta (A Vida Invisível)
dirigida por Karim Aïnouz
Vitrine Filmes
Ao longo de "A Vida Invisível", ouvimos cartas não entregues entre duas irmãs. O grande momento do filme, então, é quando a que nunca recebeu as cartas, Eurídice (magistralmente interpretada por Fernanda Montenegro), finalmente tem acesso aos textos deixados pela irmã Guida (Julia Stockler). É um instante potente, hipnotizante e profundamente emocionante. É muito doloroso toda a jornada das duas e naquele momento, depois de longos anos uma sem informação da outra, elas se encontram naquelas palavras salvas no papel. É simplesmente impossível segurar as lágrimas ali.




02. A Foto (Cafarnaum)
dirigida por Nadine Labaki
Sony
Os últimos minutos de "Cafarnaum" vem como um grande soco. É uma história pesada, contada por um olhar realista e que nos emociona fortemente. O corte final, então, vem como um grande alívio. O protagonista Zain, de apenas 12 anos, que após processar os pais por negligências e abusos, é colocado à frente de uma parede. Nós, como público, somos o olhar de um fotógrafo desconhecido que pede para que ele sorria para a câmera. Zain sorri. Ele é um garoto pobre a abandonado no Líbano e terá, finalmente, seu primeiro documento. A primeira prova de que ele realmente existiu. É triste sim, mas impossível não sorrir junto com ele, pela esperança deixada ao final.




01. Ao Vivo (Coringa)
dirigida por Todd Phillips
Warner Bros.
Uma das razões por "Coringa" ser um filme tão assustador é a forma realista com que o diretor Todd Phillips realizou suas sequências. É cru, seco e sua violência causa um enorme desconforto. No ápice da loucura, Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) é convidado a participar de um programa de TV, comandado por Murray (Robert De Niro), que claramente o chama para ridicularizá-lo ao vivo diante de sua platéia. Maquiado e pronto para assumir sua nova identidade, Arthur compreende a humilhação que aquele homem procura e decide dar início a um jogo perturbador, que termina com tiro no rosto do apresentador. É uma cena pesada, desconfortável de assistir e que choca pela coragem da obra em seguir tal caminho. Toda a conversa dos personagens é hipnotizante e sentimos, desde o início que ela não terminaria bem. Joaquin Phoenix está monstruoso e, definitivamente, me fez esquecer que era uma atuação ali.



E para você? Qual foi a melhor cena de 2019?

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Os 25 melhores pôsteres de 2019


2019 está acabando e, com ele, damos início, aqui no blog, a Retrospectiva do ano, relembrando o que tivemos de melhor nesses últimos 12 meses. Para começar, vou citar os melhores cartazes de filmes que, na minha opinião, se destacaram. Seja pela composição, cores, tipografia, seja pela excelência em expor, através de elementos gráficos, a essência de cada um desses títulos. 

Lembrando que cito apenas filmes lançados em 2019 aqui no Brasil, independente do ano em que foram lançados em seus países de origem.  

por Fernando Labanca


25. O Mau Exemplo de Cameron Post





24. O Rei Leão 





23. Godzilla II - Rei dos Monstros





22. Fé Corrompida





21. Midsommar - O Mal Não Espera a Noite





20. It - Capítulo 2





19. Vidro





18. Vida Selvagem





17. Nós 





16. Homem-Aranha no Aranhaverso





15. Capitã Marvel





14. Suspíria - A Dança do Medo





13. Parasita





12. Clímax





11. O Homem Que Matou Dom Quixote





10. Coringa





09. Ad Astra - Rumo às Estrelas





08. John Wick 3 - Parabellum





07. Malévola - Dona do Mal 





06. Duas Rainhas





05. Dogman





04. Diamantino





03. A Favorita 





02. Rainha de Copas 





01. Assunto de Família



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