
por Fernando Labanca
Apesar de já ter tido muitos de seus livros adaptados na tela grande, o escritor inglês Nick Hornby (Alta Fidelidade, Um Grande Garoto) tem se dedicado, nos últimos anos, aos roteiros para o cinema e tem se saído bem nesta linguagem. Após escrever filmes como "Educação" (2009) e "Livre" (2014), Hornby retorna agora com mais uma adaptação, e sem dúvidas, o grande trunfo de "Brooklyn" é seu roteiro. Na tela, acompanhamos a belíssima jornada de Eiles Lacey (Ronan), uma jovem irlandesa que sem perspectiva de vida em seu país, aceita a ajuda de um padre (Jim Broadbent), que lhe cede um passaporte e um trabalho nos Estados Unidos, a terra das oportunidades. Tímida e muito apegada a sua família, Eiles abandona tudo e parte sem saber o que lhe espera, encontra moradia em uma pensão, passa a trabalhar como atendente e a se dedicar aos estudos, mas apenas quando conhece o carismático Tony (Emory Cohen) é que compreende que aquele pode ser seu novo lar.
"(...) Sentirá tanta saudade, que vai querer morrer,
e não há nada que possa fazer a respeito, a não ser esperar.
Mas vai esperar. E isso não vai te matar. E um dia, o sol sairá.
Talvez não note de imediato, mas vai sentir,
e logo se dará conta de que está pensando em algo mais,
em alguém que não tem ligação com o passado, alguém que é só seu.
E então vai perceber que este é o lugar onde sua vida está."
Fiquei me perguntando o filme inteiro como pode uma história sem nenhum conflito aparente e sem nenhuma reviravolta muito drástica conseguir ser tão fascinante, tão encantadora e prender tanto a atenção. Este é o grande mérito de seu roteiro, que instiga mesmo com uma trama simples, comum e que talvez nas mãos de outros profissionais poderia até ser esquecível, mas felizmente não é. Acredito que seja muito fácil criar uma empatia pela jornada de Eiles, ainda mais quando temos uma interpretação convincente como a de Saoirse Ronan, e mesmo que seja um retrato ocorrido na década de 50, a trama dialoga muito bem com os dias de hoje, é fácil se identificar com tudo o que vemos, com os dilemas da protagonista, principalmente quando você - assim como este que vos escreve - saiu de casa quando jovem, precisou se adaptar em um lugar que desconhece, deixando pra trás as pessoas que ama. É uma passagem natural na vida de muitos, aceitar que seu lar pode estar distante, amadurecer longe da família e perceber que saudade, por mais que nos destrua, nos torne mais fracos, é também aquilo que nos move e nos transforma.


NOTA: 9,5
País de origem: Irlanda, Reino Unido, Canadá
Duração: 111 minutos
Distribuidor: Paris Filmes
Diretor: John Crowley
Roteiro: Nick Hornby
Elenco: Saoirse Ronan, Emory Cohen, Domhnall Gleeson, Julie Walters, Jim Broadbent
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe um comentário #NuncaTePediNada