segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Crítica: Before We Go (2014)

Sobre se jogar e abraçar o inesperado.

por Fernando Labanca

Chris Evans, mais conhecido do grande público por interpretar o herói da Marvel, Capitão América, nunca escondeu sua afeição à comédia romântica. Mocinho de algumas produções açucaradas, o ator se aventurou a dirigir um filme, surpreendendo por sua escolha em comandar um romance maduro e realista e surpreendendo por alcançar um resultado tão positivo. "Before We Go", de certa forma, vai contra a tudo o que esperávamos dele. Rosto de um cinema mais comercial, Evans constrói um produto refinado, de bom gosto e ainda que seja completamente simples na ideia e no formato, realiza um trabalho notável, sutil, bastante delicado e romântico.

O longa acompanha algumas horas na vida de Nick (Evans) e Brooke (Alice Eve), dois estranhos que se conhecem na noite de Nova York. Em uma estação de trem, ele se encontra perdido em si mesmo, indeciso sobre o que fazer com sua vida, é então que se esbarra com Brooke, que acaba de perder o último trem e sente frustrada pelas consequências que isso trará no seu casamento. Nick decide ajudá-la, principalmente quando descobre que ela perdeu sua bolsa com todos os seus pertences. Juntos, eles caminham para encontrar soluções e no meio disso, trocam experiências de vida, contam histórias do passado e tudo o que os levaram até ali e sobre os planos futuros e o que esperam após aquela noite.



"Você irá conhecer alguém.
Você saberá na hora que ela é problema.
No fim da noite você vai querer falar algumas coisas, mas não diga. 
Não estrague tudo.
Apenas beije-a. Deseje-lhe boa sorte. Agradeça-a.
Por te mostrar que você pode amar mais do que uma pessoa nessa vida." 


Quase como uma versão moderna de "Antes do Amanhecer" (trazendo algumas fortes referências como as cenas do telefonema imaginário), o longa, mesmo que não alcance a genialidade da obra de Richard Linklater, tem seu valor. É delicioso de assistir, de ouvir aquelas conversas aleatórias, de dois seres que não conhecemos, mas que passamos a admirar dentro daquele pequeno universo. Ouvir suas histórias e tudo o que eles tem a dizer sobre a vida faz bem para a alma, porque começamos a perceber que em algum lugar das cidades existem seres tão frustrados quanto nós, incompletos de alguma forma, donos de um passado que não aceitam com facilidade e inseguros sobre o futuro. Esses filmes que mostram uma conversa entre dois adultos sempre refletem um pouco sobre nós e isso sempre é reconfortante, agradável de acompanhar. Através dessas conversas, "Before We Go" também acaba sendo um relato intimista sobre essas ironias do destino, sobre esses seres que esbarram em nossos caminhos e se tornam, de repente, tão importantes.




Seus minutos funcionam bem devido a ótima condução de Evans como diretor e a boa química entre os atores. Claro que algumas sequências teriam sido mais proveitosas se Alice Eve e Chris Evans fossem mais despojados e naturais, mas no fim, isso acaba não interferindo muito, já que ambos defendem bem seus personagens. A delicada trilha musical torna esta viagem ainda mais agradável, com boas canções que ilustram bem as passagens. No entanto, o que mais torna a obra este belíssimo evento é seu roteiro, que trata com naturalidade todos os acontecimentos, que encontra doçura em cada diálogo, que encanta por suas pequenas ideias e consegue ser, diferente de tantas tentativas frustrantes no cinema recente, verdadeiramente romântico. É incrivelmente apaixonante algumas sequências e algumas falas, que são ditas de coração e nos tocam. Não é sempre que temos esta relação com um casal da ficção, que ficamos olhando para tela feito tontos e não conseguindo imaginar um outro final além deles juntos. "Before We Go" tem esse mérito e quando termina nos deixa ali, com sorriso no rosto, sentindo um enorme carinho a tudo o que nos fora apresentado. Para aqueles que procuram um romance mais pé no chão, inteligente e maduro, temos aqui mais um grande exemplar.

NOTA: 8,5




País de origem: EUA
Duração: 95 minutos
Distribuidor: -
Diretor: Chris Evans
Roteiro: Chris Shafer, Jen Smolka, Paul Vicknair, Ronald Bass
Elenco: Chris Evans, Alice Eve


13 comentários:

  1. REALMENTE DOS FILMES QUE LI A CRÍTICA E A VISÃO DE VOCÊS SOBRE, ESSE É SEM DÚVIDA O QUE MAIS DISCORDO, ACHEI UM FILME COM UM ENREDO BATIDO, UMA HISTÓRIA FRACA E SUSTENTADA POR UMA BOA INTERPRETAÇÃO E OUTRA BEM FRAQUINHA, OU SEJA, SE NOTA DESSE PARA FILME ESSE SERIA 5, MAS NÃO COSTUMO CLASSIFICAR DESSA FORMA, NO ENTANTO GOSTEI DE TÊ-LO VISTO POIS FIQUEI COM SONO E CONSEGUI DORMIR ANTES DAS TRÊS DA MANHÃ...

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    1. Obrigado pelo comentário! Realmente a história não é nada inovadora...mas ainda assim me agradou bastante!

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  2. Gostei muito da crítica. Traduziu muito bem o que senti ao ver o filme. O tem um essência interessante !

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    1. Poxa, que bom!! Fico feliz...obrigado por este comentário! :)

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  3. Gostei bastante da sua crítica, o filme é meio lento, mas os diálogos salvam isso,porém sou uma romântica incurável, e preferia que ela não tivesse pego o trem.

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  4. Acho que você resumiu bem o que senti no final do filme...um enorme carinho a essa obra! Achei que toda a trama foi foi bem sutil, simpática e romântica, me surpreendi mesmo! E não vou negar que torci por eles até o fim. E mesmo o desfecho não me decepcionou, porque ficou algo no ar com aquele "vire a página"...simplesmente daqueles tipos de filme que te fazem sorrir!

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  5. Fiquei esperando outro final. Espero que um dia façam a segunda parte.

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  6. Muito obrigada por essa crítica! Descreveu como me sinto a respeito desse filme que não canso de assistir, e cada vez que assisto, observo algo novo e inspirador no roteiro, no jogo de camera, na fotografia... Discordo quando diz que em algumas sequencias eles poderiam ter sido mais despojados e naturais... não percebi isso. Poderia especificar quais sequencias?

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  7. Por favor qual o titulo em português nao estou achando o filme com a tradução e nem em inglês, grato

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  8. alguem me explica esse final pelo amor de Deeeeeeeeus

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  9. Gostaria muito que tivesse a segunda parte...

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  10. Amei o filme inteiro, até chegar o final, sem pé nem cabeça, onde ela lê que é pra virar a folha, vira e ainda não sabemos do que se trata,logo penso, o filme poderia ter tomado qualquer rumo, ela voltar para o marido, conversar e se reconciliar, ou se separar, tanto faz, se ela voltaria pro Chris Evans tbm ou não, desde que mostrasse o que estava escrito atrás do papel, pra pelo menos ter um sentindo o fim, mas não houve, infelizmente, pra quem gosta de romances, aconselho, pra quem assim como eu gosta de finais com sentido, aconselho não assistir

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