
por Fernando Labanca
Alguém precisa realizar uma intervenção com Malick. Urgentemente. Responsável por obras-primas do cinema como "Além da Linha Vermelha" (1998), o diretor que por anos se manteve afastado realizou um retorno surpreendente em 2011 quando lançou o belíssimo "A Árvore da Vida". O que ninguém esperava, porém, é que ele se esgotaria ali. Tudo o que veio após não passou de uma repetição de ideias, temas e personagens. Desta forma, "Song to Song" nada mais é que uma extensão de "Amor Pleno" (2012) e principalmente de "Cavaleiro de Copas" (2015), com indivíduos filosofando sobre a vida - em uma interminável narração em off -, pronunciando pérolas como "Estou perdida / Achava que não tinha mais alma", enquanto caminham desolados a lugar algum, sentindo o peso do mundo sob seus ombros. Ou seja, Malick sendo Malick...e ninguém aguenta mais isso, ninguém mais pede por isso. E afirmo com bastante frustração, pois se trata de um dos meus diretores favoritos.


A narração em off que acompanha o filme todo é a muleta do diretor. Parece a ferramenta que ele encontrou para conectar suas sequências que não possuem lógica alguma. A narração cansa por ser vazia e por fim, jamais alcança sua intenção, logo que temos aqui mais uma obra sem sentido em sua desgastada filmografia. Não há roteiro. Fato. O que Malick tem feito é simplesmente entrar em contato com atores brilhantes, deixar que eles fiquem ali, agindo de forma aleatória, dizendo qualquer coisa e depois ele decide o que fazer com o material coletado. É assim que, no fim das contas, o longa que se chamaria "Weightless" e teria Christian Bale e Haley Bennett como protagonistas - e sim, eles chegaram a gravar suas cenas - são descartados do corte final e, de repente, temos outra trama e a vida segue assim. Isso soa um tanto quanto irresponsável por parte do criador e deixa a sensação que nem mesmo ele sabia o que queria, mas resolveu editar e lançar o filme mesmo assim. Por outro lado, é nítido que existe cinema ali, a montagem com cortes rápidos é hipnotizante, as locações são belíssimas, assim como a irretocável fotografia, onde marca mais uma parceria com Emmanuel Lubezki. Logo, é triste ver um produto tão elegante e charmoso como "De Canção em Canção" ser descartável e tão sem sentido. Tão vazio. Apenas mais um projeto experimental prepotente e pretensioso de Terrence Malick.

País de origem: EUA
Duração: 128 minutos
Distribuidor: Supo Mungam Films
Diretor: Terrence Malick
Roteiro: ?
Elenco: Rooney Mara, Ryan Gosling, Michael Fassbender, Natalie Portman, Holly Hunter, Cate Blanchett, Linda Emond, Val Kilmer
É bom, mas um pouco confuso! Terrence Malick é um daqueles diretores que ou se ama ou se odeia. Sua estética apurada, de linguagem rebuscada e muito existencialismo conquista o público com a mesma intensidade que o afasta, e um exemplo dessa relação de amor e ódio é seu novo trabalho DE CANÇÃO EM CANÇÃO, que novamente traz um elenco estelar com Michael Fassbender, Ronney Mara, Ryan Gosling (Do óptimo Novo Filme Blade Runner 2049 ), Natalie Portman e ainda conta com várias outras participações mais do que especiais, que falaremos mais a frente. DE CANÇÃO EM CANÇÃO é a prova de que o talento contemplativo e filosófico de Malick pode abordar vários temas e tomar várias formas, afinal, não importa o que façamos ou como vivamos – a reflexão sempre será necessária. Nossa existência depende disso, pois assim como disse o filósofo francês René Descartes no livro O Discurso do Método de 1637: “Desde que eu duvide, eu penso; porque eu penso, eu existo”.
ResponderExcluir