segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Meu Nome é Ray (3 Generations, 2015)

Elle Fanning surge irreconhecível para contar a história de um garoto trans. A ideia, que sempre pareceu tão incrível, decepciona quando o que vemos a nossa frente é apenas um filme fraco, preguiçoso e sem personalidade alguma. 

por Fernando Labanca

A trajetória do longa metragem é bastante curiosa. Lançado em festivais em 2015 com o título "About Ray", as críticas não foram muito favoráveis o que fez com que a diretora, Gaby Dellal, tivesse uma decisão bastante arriscada: reeditar seu filme. Logo, depois de tantas datas de lançamento serem alteradas e com um novo nome, passando a se chamar "3 Generations", a obra que já era bastante aguardada devido seu promissor trailer, caiu no esquecimento. Inclusive, aqui no Brasil, sua estréia sempre foi incerta e anos depois, finalmente, chegou apenas na Netflix. Depois dessa demora para podermos conferir "Meu Nome é Ray", a decepção é grande. Não é nada do que parecia ser. Se isso foi resultado de sua reedição, jamais saberemos. O que é nítido, apenas, é que ele está muito abaixo do esperado.


Talvez essa mudança de título tenha uma razão para ter acontecido. Se antes, Ray era o provável destaque da trama, no fim, ele é apenas um coadjuvante nesta história que deixou de ser sua e passou a ser sobre as três gerações desta família nada comum. Três mulheres fortes que precisam lidar com a decisão de Ramona (Elle Fanning) em se tornar fisicamente aquilo que ela sempre foi, um garoto. A mãe, interpretada por Naomi Watts, se torna a protagonista aqui e mesmo que aceite a escolha da filha, precisa lidar com situações complicadas de seu passado. No meio desta relação está a avó (Susan Sarandon), que envolvida com outra mulher (Linda Emond), trouxe por fim, uma nova concepção de família, fazendo com todas elas procurem um pouco de normalidade para suas vidas. 

O grande problema aqui é que nenhuma dessas histórias ganham a força necessária para conseguir passar alguma verdade. O texto, infelizmente, é fraco, pouco inspirado, mesmo quando tinha em mãos uma trama com enorme potencial. O roteiro diminui o máximo que pode a história do garoto trans e as prováveis dificuldades que deveria enfrentar, em prol de um filme mastigado, com alívios cômicos extremamente desnecessários e mal inseridos e o pior, tudo segue para que as situações sejam facilmente resolvidas em um previsível final feliz, que se torna triste ao ser tão irreal e mal conduzido. Elle Fanning, que se entrega a personagem, soa como um grande desperdício. É uma personagem mimada, que não causa empatia no público, o que dificulta a nossa compreensão diante de sua jornada. Culpa do texto, não dela. Assim como Naomi Watts, que é grande demais para os diálogos que precisa pronunciar. Usar Susan Sarandon com o único propósito de fazer o público rir é mais uma das provas da grande irresponsabilidade do roteiro.


Por fim, "Meu Nome é Ray" tinha tantos temas atuais e interessantes para discutir, mas se camufla quando não tem voz própria e coragem para dizer o que deveria. Não há como discutir identidade quando se tem apenas caricaturas vivendo em um universo paralelo e irreal. Vale pelas atuações e por ter Fanning, Watts e Sarandon dividindo uma mesma cena. Vale pela tentativa também, aliás, não é sempre que a transexualidade é debatida no cinema.  E claro, sempre bom encontrar obras escritas, dirigidas e protagonizadas por mulheres, logo que isso, infelizmente, é raro de se encontrar. Erra no texto, mas, nitidamente, tem boas intenções. 

NOTA: 5



País de origem: EUA
Duração: 87 minutos
Distribuidor: -
Diretor: Gaby Dellal
Roteiro: Nikole Beckwith, Gaby Dellal
Elenco: Naomi Watts, Elle Fanning, Susan Sarandon, Linda Emond, Sam Trammell, Tate Donovan


Um comentário:

  1. Eu amei o elenco desse filme, sobre tudo Naomi Watts, ótima atriz. O filme Referem do Medo me manteve tensa todo o momento, No elenco vemos Naomi Watts,e éste é umo dos melhores filmes de Naomi Watts uma das atrizes mais reconhecidas de Hollywood que fazem uma grande atuação neste filme. Realmente a recomendo.

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