quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Um resumo do cinema em 2017


Mais um ano chegando ao fim e é aquela época que começam a chegar aquelas famosas listas do que houve de melhor. Já é uma tradição aqui no blog relembrar os grandes destaques, mas pela primeira vez, antes de soltar as listas, decidi escrever um texto com um resumo de 2017.

Um resumo para relembrarmos o que deu certo e o que não deu durante esses doze meses que passaram! O que teve de bom, o que teve de ruim e o que se destacou e merece, de alguma forma, ser lembrado. Vamos lá!

por Fernando Labanca

Como todo ano, 2017 iniciou com os indicados ao Oscar. É quando começamos aquela nossa listinha básica do que devemos ver a partir dali. Apesar da confusão que ocorreu na cerimônia, a verdade é que temos aqui dois grandes vitoriosos: o musical "La La Land" e o delicado "Moonlight". Além deles, "Manchester à Beira-Mar" trouxe um dos melhores roteiros deste ano e "Um Limite Entre Nós" trouxe um dos embates mais marcantes da tela. Viola Davis e Denzel Washington destruíram. "A Qualquer Custo" mostrou que o faroeste ainda tem espaço no cinema e "Lion", ainda que tenha sido uma estranha propaganda do Google Earth, emocionou com sua bela história. "Até o Último Homem" e "Estrelas Além do Tempo" não provaram ser dignos de tamanha devoção, mas ao menos fizeram sucesso com o público. Correndo por fora, "Jackie" nos mostrou o enorme talento de Natalie Portman em uma das grandes atuações do ano e "Mulheres do Século 20" surpreendeu com um elenco invejável e um texto inspirado.

La La Land (Paris Filmes) 
O universo dos heróis também veio forte em 2017. Ignorando a patética rixa entre DC e Marvel, ambos os estúdios acertaram e erraram neste ano. De fato, os destaques positivos ficam para "Mulher-Maravilha", onde a atriz Gal Gadot brilhou na pele da personagem e a diretora Patty Jenkins sinalizou que Hollywood precisa, enfim, dar espaço e voz para as mulheres que tem tão pouco espaço por trás das câmeras. Outro destaque fica para "Logan", que fechou extremamente bem a jornada de Wolverine. "Guardiões da Galáxia Vol.2" não fez feio, mas esteve distante do primor que foi o primeiro. Apesar do sucesso de bilheterias de "Homem-Aranha: De Volta ao Lar", ninguém mais aguenta tanto reboot do herói e ninguém vai lembrar deste filme ano que vem. "Liga da Justiça" flopou legal assim como o trailer já nos alertava e "Thor Ragnarok" provou que Thor nunca teve um bom momento nos cinemas e fechou como uma trilogia completamente descartável.

Mulher-Maravilha (Warner Bros)
Por falar em sucessos de bilheteria, tivemos alguns blockbusters como o controverso "Passageiros", estrelado por Jannifer Lawrence e Chris Pratt, que não foi tão bom quanto prometia mas também não é a bomba que muitos disseram. O aguardado live action de "A Bela e a Fera" finalmente chegou e apesar de ser bem feito, não nos trouxe nada de muito memorável também. "Atômica" é esquecível mas ao menos tivemos uma exuberante Charlize Theron. As continuações decepcionaram como "Kingsman: O Círculo Dourado", que teve agilidade do primeiro, mas não sua inteligência e criatividade. "Planeta dos Macacos: A Guerra" também não esteve a altura da excelente trilogia que estava sendo construída e fecha sem a força que prometia. Por falar em decepções, "Kong: A Ilha da Caveira" infelizmente não passa de excelentes efeitos visuais e "Valerian e a Cidade dos Mil Planetas" deve ter sido uma decepção para o próprio diretor Luc Besson, que apostou alto em um casal sem carisma (Cara Delevingne e Dane DeHaan) e em uma trama divertida, mas mal desenvolvida.

Decepções não faltaram neste ano e por um consenso geral da nação, alguns títulos não podem deixar de ser citados como: "O Círculo", que teve uma excelente ideia jogada fora, "A Torre Negra" que era uma adaptação bastante aguardada e só serviu para afundar um pouco mais a carreira de Matthew McConaughey. Michael Fassbender também não deu certo este ano, lançando a adaptação dos games "Assassin's Creed" e o thriller "Boneco de Neve". "A Múmia" e "Rei Arthur" tentaram dar uma nova roupagem para títulos consagrados mas falharam. Alguém viu "Ghost in the Shell"?

Blade Runner 2049 (Sony Pictures)
2017 também foi marcado pelas inúmeras sequências. Algumas muito aguardadas pelo público, outras nem tanto. "Cinquenta Tons Mais Escuros" fez sucesso, mas é tão ruim ou até pior que o primeiro filme. Tivemos aquelas continuações que ninguém pediu mas elas vieram mesmo assim como "Annabele: A Origem do Mal", "O Chamado 3", "Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar" e "Alien: Covenant". Aquelas continuações que ficamos surpresos quando descobrimos que ainda existem como "Velozes e Furiosos 8" e "Resident Evil 6: O Capítulo Final". Por outro lado, nem tudo são sombras e o ano nos presenteou com alguns comebacks que valeram a pena esperar como "T2 - Trainspotting" e "Blade Runner 2049" que surpreendeu a todos com o belíssimo olhar do diretor Denis Villeneuve.

Um ano fraco para as animações, que não teve grandes títulos para relembrar. A Pixar, que sempre tão forte, continuou apostando em suas sequências e "Carros 3" passou despercebido, pelo menos o estúdio da Disney nos entregou "Moana: Um Mar de Aventuras" e foi lindo. Gru e os Minions não vieram com o mesmo fôlego em "Meu Malvado Favorito 3" e "O Poderoso Chefinho" até divertiu mas é aquele filme que já esquecemos nesta altura do campeonato. O grande destaque acabou ficando para o belíssimo "Com Amor, Van Gogh", com sua linguagem mais adulta e uma técnica revolucionária. Talvez o filme mais inovador de 2017.

Okja (Netflix)
Falando em inovação, a Netflix continua firma em sua intenção de revelar cada vez mais conteúdos originais, lançando filmes diretamente pelo streaming. "Okja" conseguiu a proeza de estar no Festival de Cannes e abriu uma discussão interessante sobre filmes premiados que não necessariamente passaram pelos cinemas, além, é claro, sobre a crítica que faz à indústria alimentícia. Outros títulos chamaram a atenção do público como "O Mínimo Para Viver", que fala sobre anorexia juvenil, a surpreendente aventura "Onde Está Segunda?" e a elogiada adaptação de Stephen King, "Jogo Perigoso". Ah! Também tivemos a bomba "Death Note".

Bingo: O Rei das Manhãs (Warner Bros.)
O cinema nacional fez bonito e isso não podemos reclamar. "Bingo: O Rei das Manhãs" foi o grande destaque e foi quase o nosso representante no Oscar 2018. A diretora Laís Bodanzky retornou com o fantástico "Como Nossos Pais" e Breno Silveira emocionou o público com "Entre Irmãs". O ator Selton Mello volta na direção com "O Filme da Minha Vida", mas decepciona. O cinema independente também revelou duas pérolas: "Fala Comigo" e "Corpo Elétrico". Fora do Brasil, também tivemos a chance de conhecer um pouco mais sobre o cinema de outros países além do norte-americano, como o iraniano "O Apartamento", o francês "Raw" que fez "pessoas desmaiarem" com sua trama sobre canibalismo e o chileno "Mulher Fantástica" - uma das apostas altas para vencer o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro - que surpreendeu ao colocar uma atriz trans como protagonista. O premiado longa britânico "Eu, Daniel Blake" foi emocionante e "Thelma" marcou o retorno do diretor dinamarquês Joaquim Trier (Mais Forte Que Bombas). O destaque ficou para o coreano "A Criada", com a excelente direção de Park Chan-Wook (Oldboy).

É válido relembrar, também, o retorno de diretores consagrados. Christopher Nolan pode finalmente ter a chance no Oscar com seu excelente e barulhento "Dunkirk". Darren Aronofsky foi longe demais e suas altas pretensões prejudicaram o resultado de "Mãe!", da mesma forma que Terrence Malick falhou com "De Canção em Canção". Steven Soderbergh abandonou sua aposentadoria e nos fez o favor de lançar o divertido "Logan Lucky" e Martin Scorsese retornou e ninguém percebeu. Seu filme "Silêncio" é irretocável. Mulheres se destacam na direção como Sofia Coppola com seu milimetricamente bem realizado "O Estranho Que Nós Amamos" e Kathryn Bigelow com o ótimo "Detroit em Rebelião". Pela primeira vez em muito tempo, ninguém esperou por Woody Allen. Ele, que lança um filme por ano. Talvez efeito das tantas acusações que já sofreu de abusos e um sinal de que Hollywood está finalmente abrindo os olhos. "Roda Gigante" é seu título e ninguém se importou com ele.

Corra! (Universal Pictures)
Termino comentando sobre as surpresas do ano, sobre aqueles filmes que ninguém esperava que seriam tão bons. Sobre aqueles filmes que não sabíamos que precisávamos. "A Guerra dos Sexos" é total Oscar bait, mas é também uma obra necessária e muito bem realizada. "Em Ritmo de Fuga" mostrou mais uma vez que Edgar Wright é o cara mais cool do cinema e "Bom Comportamento" provou que estávamos errados sobre Robert Pattinson. "Quase 18" fala sobre adolescência e acerta no tom, assim como "Doentes de Amor" que surpreendeu com sua deliciosa história. "O Estado das Coisas" parecia ser good vibe, mas foi a obra mais bad vibe de todas, trazendo fortes reflexões sobre nossas crises existenciais. "Z: A Cidade Perdida" traz novamente o talento de James Grey na direção, "Fragmentado" coloca M.Night Shyamalan de volta aos holofotes e "Sete Minutos Depois da Meia-Noite" prova que o cineasta espanhol J.A. Bayona está trilhando o caminho certo. O terror ganhou nova cara em 2017 e títulos que vieram dar um novo fôlego ao gênero. "A Morte Te Dá Parabéns" é uma farofa divertida e funciona em sua proposta."It: A Coisa" traz uma adaptação interessante do clássico de Stephen King. "Ao Cair da Noite" continua a safra do "pós-terror" e "Corra!" se firma como a grande surpresa de 2017, com seu humor ácido e uma trama surpreendente e que pode, finalmente, levar o gênero às grandes premiações. 

Para fechar de vez, o mês de dezembro veio com a aguardada adaptação de "Extraordinário", que fez chorar assim como o previsto. O musical estrelado por Hugh Jackman, "O Rei do Show", trouxe aquele otimismo que todo final de ano merece. E claro, nosso tão amado Star Wars fecha 2017 com altíssima qualidade, no excelente episódio "Os Últimos Jedi".

E para você? O que te marcou neste ano?




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