
A ascensão de um ícone (e nenhuma verdade por trás disso)
por Fernando Labanca
"Bohemian Rhapsody" é, sem surpresa alguma, um dos lançamentos mais aguardados desse ano. Um filme sobre Freddie Mercury e o sucesso do Queen é um evento que, de fato, precisávamos. O longa se assume como essa carta de amor ao fãs e principalmente a este mito que, com seu jeito irreverente, entrou para a história da música. É emocionante estar na sala de cinema e ouvir, por um som potente, os refrões de tantos clássicos como We Will Rock You, Love of My Life, Radio Ga Ga, entre tantos sucessos da banda. Para os admiradores do Queen, a obra é um presente dos mais agradáveis, no entanto, para aqueles que esperam encontrar a história por trás dos ícones, a decepção pode ser grande.
O filme narra a rápida ascensão do Queen e como os integrantes tiveram que lidar com os excessos do vocalista. Se trata de um recorte bem tradicional, que jamais foge dos clichês que o cinema definiu quando fala de astros da música. A busca por sucesso, as divergências com produtores e a arrogância que leva ao isolamento. O roteiro, assinado por Anthony McCarten, que já foi responsável por outras biografias como "A Teoria de Tudo" e "O Destino de Uma Nação", segue passo a passo a cartilha hollywoodiana e jamais entrega a história que o Queen, definitivamente, merecia. É apressado quando não deveria e tão didático quanto uma pesquisa no Google. São informações que já sabíamos pinceladas por um texto preguiçoso, que aborda a homossexualidade, a AIDS e a "vida tumultuada" da banda de forma superficial. É difícil adentrar na jornada dos músicos justamente porque nada transmite verdade.
