sexta-feira, 10 de maio de 2013

Crítica: Gênio Indomável (Good Will Hunting, 1997)

Nunca é tarde para ver um filme e "Gênio Indomável" é um daqueles que sempre vi a capa, sempre tive vontade de ver e nunca via, eis que tive a oportunidade e faço questão de colocá-lo aqui. É quase como um clássico dos anos 90, dirigido pelo renomado Gus Van Sant. Para aqueles que se surpreenderam recentemente ao ver Ben Affleck como diretor em "Argo", é válido lembrar que este cara, subestimado por muitos, já esteve por trás das câmeras antes, não só como diretor mas também como roteirista, o que é este caso, escrevendo ao lado do talentoso Matt Damon, onde aliás, venceram o Oscar de Melhor Roteiro. O filme fora lançado em 1998 aqui no Brasil.

por Fernando Labanca

Matt Damon, que além de escrever, protagoniza o filme. Ele interpreta Will Hunting, um jovem dotado de grande inteligência, mas que possui uma vida perdida, alguém que não sabe a que rumo seguir, além do fato de desperdiçar seu tempo se envolvendo em brigas de rua ao lado de seu amigo Chukie (Ben Affleck) e trabalhando em empregos que não exijam qualificação. Após inúmeras passagens pela polícia, Will exerce uma atividade como pena, limpando os corredores de uma faculdade, é onde, para surpresa de um dos mais renomados professores do local, Gerard Lambeau (Stellan Skarsgard), ele consegue encontrar a resposta de um indecifrável teorema matemático. Percebendo o alto potencial do garoto, Lambeau faz um acordo com o juiz, onde o jovem passaria a fazer terapia como forma de se livrar de sua sentença. Eis que depois de várias tentativas, o professor entra em contato com um antigo amigo, Sean (Robin Williams), um psiquiatra que possui um passado parecido com o deste gênio indomável. São nessas conversas com Sean, que Will encontra sua força para seguir em frente, superando seu difícil passado e encarando de vez seu futuro, tendo força inclusive para conquistar a garota que amava, Skylar (Minnie Driver).


"Gênio Indomável" possui um excelente roteiro, assinado por Matt Damon e Ben Affleck, que são amigos de infância, poderiam muito bem ter feito aquele filme descontraído, criado enquanto conversavam numa mesa de bar, entretanto, o que vemos na tela é uma obra densa e de grande complexidade. Eles nos convencem sobre cada relação ali tratada. sobre cada conflito, é tudo muito sensível, muito humano, ele nos toca aparentemente de forma sutil, mas quando menos percebemos estamos sofrendo por dentro, sofrendo por estes grandes personagens, extremamente bem escritos e muito bem interpretados. Há, certamente, descontração, nitidamente uma obra feita por amigos, por pessoas que se conhecem, há uma naturalidade em cada cena, em cada diálogo, e assim, rapidamente nos sentimos afeiçoados por cada situação.

O filme é cheio de grandes ideias, é daqueles que poderá ser visto e interpretado de formas diferentes, cada pessoa levará consigo algo, é uma obra que deixa rastros, nos faz pensar e refletir sobre muita coisa. É sobre amizade, sobre como pessoas podem ser salvas por outras, sobre como uma palavra, uma conversa, pode ser confortante, inspiradora. É de se analisar também o desenvolvimento de Will Hunting, aquele que evita o próprio crescimento, sua agressividade, sua loucura, é resposta de seu medo, medo de admitir a própria genialidade, mais do que isso, medo do desapontamento e foi apenas isso que o limitou, medo de ser decepcionado, seja quando não consegue aceitar os planos de Lambeau, seja quando evita um relacionamento mais profundo com Skylar. "Gênio Indomável" é a bela prova de que não está nos livros a resposta para uma vida plena, a resposta disso está no dia-a-dia, está na convivência, nas relações humanas, de que há uma diferença entre inteligência e conhecimento, de que um indivíduo não é apenas composto pelo conhecimento teórico que ele adquiri, seu conhecimento está relacionado ao que adquiriu com a vida, com as conquistas, perdas e a sabedoria de lidar com tudo isso. E que sucesso não é necessariamente conquistado por um diploma.

Outro grande mérito da obra são suas atuações. Matt Damon dá um belo show de interpretação, um personagem difícil mas que o ator conseguiu dosar bem cada uma de suas oscilações, melhor ainda é quando ele divide a cena com o mestre Robin Williams, que há muito tempo nos deve uma atuação tão boa como esta, se mostrando como poucos conheceram, um incrível ator dramático. Os coadjuvantes são ótimos também e possuem grande espaço e importância na trama, como Ben Affleck e Stellan Skarsgard, mas é Minnie Driver quem se destaca, realizando cenas surpreendentemente boas. É interessante como estes personagens surgem na trama, surgem como meros conhecidos, aquelas pessoas que passam por nossas vidas e mal reparamos, de repente, enxergamos todos como grandes amigos e quando menos esperamos estamos com um sorriso no rosto com cada diálogo, cada abraço, e assim, porém, sentimos também nossas lágrimas, por cada erro que cometem, cada confissão, cada despedida. Gus Van Sant é definitivamente um grande diretor, teve em suas mãos a difícil missão de transmitir a excelente ideia de Damon e Affleck, e conseguiu com grande êxito. Destaco também a belíssima trilha sonora. Um filme para se guardar na memória. Recomendo.

NOTA: 9



2 comentários:

  1. Assisti ontem e realmente concordo. O roteiro merece elogios assim como as grandes atuações.

    Abraços

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    1. Valeu pelo comentário, Renato! Realmente esse filme só merece elogios!

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