
por Fernando Labanca
O aguardei por muito tempo pelo simples motivo de ter Doremus por trás do projeto. Diretor de "Like Crazy" (2011) e "Paixão Inocente" (2013), ele ainda foi responsável por realizar uma das coisas mais belas e românticas que vi nos últimos anos, a mini série "The Beauty Inside". Desde então, Drake se tornou um nome notável, há algo muito singelo e doce na forma como o diretor constrói suas ideias e fiquei curioso por vê-lo nesta ficção científica. É uma pena, porém, que seus trabalhos nunca tenham chance nos cinemas aqui no Brasil e "Equals" é outro lançado apenas em home vídeo.
Após um longo bombardeio que dizimou grande parte da população na Terra, nasce dos remanescentes um novo grupo de seres-humanos, os Equals, que vivem em harmonia dentro de um complexo que possui alta tecnologia. O que os difere é o fato de não terem mais nenhum tipo de emoção, os tornando seres pacíficos, justos e compenetrados em suas funções dentro daquele novo ecossistema. Eis que uma doença é detectada e qualquer pessoa que demonstre qualquer tipo de sentimento é diagnosticada com SOS (Switched-On-Syndrome), que por não haver cura, será banida da sociedade. É neste universo controlador que Silas (Nicholas Hoult) descobre ser portador da doença, mas acaba encontrando esperança quando percebe que Nia (Kristen Stewart), uma colega de trabalho, também possui sentimentos. Os dois se apaixonam e precisam encontrar maneiras de se envolver sem serem descobertos, logo que qualquer tipo de relação afetiva é proibida.
Doremus acaba por explorar um gênero não tão comum, uma espécie de sci-fi romântico, onde nunca está tão interessado em como se deu início aquele universo ou na rotina daquelas pessoas. Isso até é mostrado, mas jamais aprofundado. O longa está interessado nesta complicada relação que nasce entre dois seres que supostamente não podem sentir, o amor aqui é visto como doença, algo a ser evitado e os conflitos nascem a partir desta premissa. A obra merece um certo respeito simplesmente por não ter tido um livro como base ou por não ser um remake, logo que o gênero carece de ideias originais no cinema. Por outro lado, todas suas criações soam recicladas, desde os figurinos até a cultura de sua sociedade, tudo nos remete a outras distopias juvenis lançadas nos últimos anos. Ainda é, claro, admirável a sensibilidade do diretor, marca registrada em sua filmografia. Há algo de autoral nele, bonito de ver, é maduro e trata seus temas com seriedade, entretanto, peca por não conseguir nos inserir em seu mundo, não há como torcer ou sofrer por seus protagonistas, o que por fim, diminui sua força e estraga o que poderia ter sido uma experiência mais profunda. O filme acaba, deixa boas reflexões, mas a vida segue facilmente.


NOTA: 7
Duração: 101 minutos
Distribuidor: Imagem Filmes
Diretor: Drake Doremus
Roteiro: Nathan Parker
Elenco: Nicholas Hoult, Kristen Stewart, Guy Pearce, Jacki Weaver, Kai Lennox, Bel Powley
Achei totalmente inoportuna tua crítica quanto à Kristen Stewart neste filme.Na minha visão a química entre o casal de protagonistas é perfeita e ela consegue demonstrar claramente as transformações que a sua personagem sofre sem ser teatral demais o que nem seria o caso aqui.
ResponderExcluirValeu pelo comentário, Jimi! Quanto a atuação da Kristen Stewart, em nenhum momento foi teatral, realmente...e talvez não tenha deixado claro na crítica que ela não estraga o filme. Eu só acredito que ela não consiga separar um personagem que ela já interpretou de outro, acho que ainda falta mais entrega, um pouco mais de verdade!
ExcluirConcordo com Jimi.
ExcluirConcordo com o Jimi 2 ;)
ExcluirOlá Fernando, realmente a mensagem do filme é muito boa olhando para o contexto social que temos vivido. E também é verdade que me fez lembrar de vários outros filmes recentes, como jogos vorazes, e principalmente a saga divergente. Será que Equals será uma saga como os outros?
ResponderExcluirAcredito que a mensagem que traz é o que filme tem de melhor. Mas então, apesar de nos remeter bastante a essas outras distopias, tenho quase certeza de que não terá continuações.
ExcluirGostei muito da sua crítica. Achei sensata. Concordo plenamente que o filme é bom. Gostei da química do casal. Acho que a atriz melhorou desde a saga crepúsculo, porém me passou a impressão de que não conseguiu mostrar sentimentos mesmo quando podia. A verdade é que, se ela tivesse que ter a mesma inexpressão do começo ao fim do filme ela ganharia o oscar!
ResponderExcluirObrigado pelo comentário! Que bom q gostou da crítica! Eu até gosto de algumas das atuações da Kristen como em "Café Society" e "Na Estrada", mas no geral ainda percebo que ela traz sempre os mesmos trejeitos e isso acaba prejudicando alguns personagens q interpreta e esse foi um deles...como vc disse, há momentos em que ela tinha espaço para demonstrar sentimentos mas ela não consegue. Mas sim...é válido ressaltar...é um bom filme.
ExcluirMuito boa a crítica e o filme!
ResponderExcluirMuito obrigado Francisco! Que bom que gostou da crítica...e valeu pelo comentário
ExcluirBoa a crítica, é um bom filme sim. Mas na minha opiniao4 pessoal, o final deixa a desejar, gostaria de ver pra onde eles fugiram.
ResponderExcluirObrigado Letícia! O filme é bom msm e fico feliz que tenha gostado da crítica!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAmei o Filme e a Crítica também.
ResponderExcluirGostaria muuuuuuito que o filme tivesse uma continuação. Seria muito bom.
Muito obrigado Werica!! Fico feliz que tenha curtido a crítica tbm! Seria interessante uma sequência...mas não sei se rolaria.
ExcluirBonito filme em tons pastéis sobre uma sociedade sem emoções, retirando-as e as escondendo, tão logo possa captá-las em seus habitantes - num futuro possível. Casal bom, Kristen fazendo algo morno porém interessante aqui. Final bonito, rendendo considerações sobre como emoções nos direcionam na vida.
ResponderExcluirGostei da crítica. Assiste ao filme sem grandes pretensões, achei melhor que a média dos filmes de ficção que tem sido lançados nos últimos anos. Os atores pideriam ser melhores. Ele parece uma criança desde o início e não muda ao longo da trama. Ela está melhor, no entanto é impossível não ver os trejeitos a que você se refere: vejo os lábios tremerem, os olhos fecharem, boca sedenta, uma ânsia de morte que lembra a Bella de Lua Nova. Ela está melhor em Shooper, mas ainda assim muita presa a essas muletas. Apesar deles, que não estragam o filme, mas não acrescentam muito, gostei da direção, do roteiro e do cenário.
ResponderExcluirTambém não gostei da atuação da Kirsten neste filme, os mesmo trejeitos da Bella.Gostei dela no filme Camp x-ray, atuação irretocável, talvez ela esteja escolhendo os papeis errados.
ResponderExcluirGostei bastante do filme! Tenho que confessar, contudo, que não me soou tão original assim, já que guarda incríveis semelhanças com "Admirável Mundo Novo" (baseado no romance homônimo de Aldous Huxley): reprodução em laboratório, controle comportamental, inibição de sentimentos, ... um romance proibido. De toda sorte, provoca reflexões necessárias, o que não tem sido exatamente a tônica de nossa sociedade de consumo. Parabéns pela crítica!
ResponderExcluirAo ver o filme não consegui deixar de pensar em fatos históricos reais como a proibição de casamentos interraciais e a castração química de homossexuais. O que é central no filme não representa uma realidade nada nova. No entanto, me parece que nem mesmo seus realizadores perceberam isso, caindo em clichês clássicos ao apresentar um casal hetero, branco e que ao final engravida.
ResponderExcluirO lado bom da humanidade é que gostos e opinião é igual cú. Cada um tem o seu. Eu particularmente amei o filme e adoraria uma continuação.
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