
por Fernando Labanca
Desde quando vi o trailer de "Manchester by the Sea" me questionei do porquê era visto como um dos favoritos ao Oscar e se ele realmente merecia tal posto. Alguns críticos ainda o citaram como uma das melhores obras de 2016 e pelo o que havia sido vendido, parecia algo simples como um drama familiar qualquer. Justamente por isso, a sensação que se tem ao assisti-lo é de uma constante surpresa. É muito maior do que o trailer sugeriu e a trama, incrivelmente bem escrita, emociona de forma profunda e nos deixa atordoados por cada brilhante detalhe.
Casey Affleck é um dos grandes responsáveis pela grandeza de "Manchester À Beira-Mar". Seu olhar vazio diz muito e seus silêncios são ensurdecedores. Um personagem difícil que o ator defende com força e muita honestidade. Ele dá vida a Lee Chandler, um homem que vive uma rotina insignificante em uma pacata cidade. Tudo muda quando seu irmão (Kyle Chandler) morre e com isso precisa retornar à sua cidade natal para avisar seu sobrinho, Patrick (Lucas Hedges), sobre o ocorrido. No local, Lee passa a relembrar todos os trágicos acontecimentos que o fizeram partir dali e no meio do caos que sua vida se torna, ainda recebe a notícia de que o irmão lhe deixou a guarda do filho.
É bastante curioso todo o desenvolver de "Manchester". Com ritmo lento, as informações nos são dadas sem pressa e aos poucos, juntando seus pedaços, vamos compreendendo a profundidade e complexidade de suas tantas ideias. Temos aqui um filme que nos deixa constantemente reflexivos e se no começo não entendemos sua dinâmica e a confusa relação do protagonista com a vida, ao fim, estamos completamente entregues. Jamais poderemos entender sua dor e o roteiro não facilita este elo entre o público e Lee, mas ao menos, quando seus tantos e bons mistérios são revelados, sentimos afeição àquele ser e entendemos o quão difícil é para ele enfrentar o luto, as perdas, a memória implacável de quem não tem mais forças para seguir em frente, de continuar em pé. O quão difícil é aceitar ser pai quando seu maior erro foi não ter sido um.

Além de Affleck que entrega uma performance irretocável, o restante do elenco não decepciona. Lucas Hedges é uma boa revelação e faz algumas sequências bastante delicadas. Já Michelle Williams aparece pouco, mas fez tanto em uma única cena que garantiu suas tantas indicações a prêmios. Uma cena memorável em que sua personagem discute com o ex-marido. É um momento estranhamente chocante, de uma honestidade rara e de uma qualidade espantosa. Seu embate com Casey é poderoso. Outro destaque é a fotografia e a trilha sonora, que acentuam este clima fúnebre de toda a obra.
Não vi todos os indicados, mas certamente este já é um dos que mais gostei. Me surpreendeu com todos os seus belos detalhes, por suas reviravoltas e por constantemente me fazer ver o filme com outros olhos, a cada nova informação que me dava. Senti uma dor tremenda e fiquei em estado de choque em determinados instantes. Senti meu coração partido. Mas é preciso adentrar a sua proposta - que não é muito óbvia e nem de fácil digestão - para sentir tudo isso. "Manchester À Beira-Mar" é incrível. Um drama poderoso, honesto e que poderá ser lembrado mesmo depois da grande premiação do cinema acabar.
NOTA: 9
País de origem: EUA
Duração: 135 minutos
Distribuidor: Sony Pictures
Diretor: Kenneth Lonergan
Roteiro: Kenneth Lonergan
Elenco: Casey Affleck, Lucas Hedges, Michelle Williams, Kyle Chandler, Heather Burns, Matthew Broderick
Muito bom. Ao lado de Lion, achei mais filme do que o ganhador deste ano. Apesar de ser um drama, não é tedioso como muitos que vemos por ai. Tem um bom ritmo, boa trilha sonora e o personagem de Affleck é muito bom.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário e concordo com vc, Carlos! Foi um dos que mais gostei no Oscar deste ano e achei um drama muito bem conduzido, realmente não me entediou. O personagem do Affleck é muito bom msm, assim como a atuação dele.
Excluirgostei do filme apesar do péssimo trabalho do irmão de Ben Affleck, simplesmente o cara quase estraga um ótimo drama com suas pseudo atuações, mas sei que não foi opinião comum visto que a péssima entrega do Oscar esse ano acabou o premiando em detrimento do melhor no ano que foi o Denzel, outras entregas lastimáveis foram vistas como melhor filme para o fraco e comum Monnlight, a péssima atuação de Emma Thompson ganhar em detrimento de uma Ruth Negga que fez um papel muito mais difícil e incomensuravelmente mais consistente, e a escolha de um coadjuvante que não participa nem de 10 minutos de um filme também provou que essa foi a pior festa do Oscar que já vi...
ResponderExcluirNão acho que o Casey Affleck tenha uma "pseudo atuação". Se puder dar uma chance na filmografia dele, poderá ver outros grandes trabalhos do ator. O filme é, mas penso que a atuação dele só o engrandece. O Denzel também merecia o Oscar, então qualquer um que ganhasse o prêmio seria justo.
ExcluirObrigado pelo comentário!
Gostei muito do filme. Não sei analisar como vcs mas achei o filme muito realista sobre os sentimentos dos pais e mães.
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