Ambientada na década de 70, a trama mostra os primeiros passos dos personagens vividos por Samuel L.Jackson e Robert De Niro em "Jackie Brown" (1997), Ordell Robbie e Louis Gara, agora interpretados por Yasiin Bey e John Hawkes, respectivamente. Assim como a obra de Quentin Tarantino, "Sem Direito a Resgate" fora baseado na obra de Elmore Leonard, que faleceu em 2013. Mesmo que falte personalidade a este filme, vale pela curiosidade de reencontrar a dupla já conhecida e pela história, mais uma vez, inteligente e bastante inusitada.
por Fernando Labanca
Logo de início, o longa já nos apresenta ao plano de Ordell (Bey), que com a ajuda de Gara (Hawkes) e do neonazista Richard (Mark Boone Junior), pretende sequestrar Mickey (Jennifer Aniston), a esposa do milionário Frank Dowson (Tim Robbins), afim de conseguir 1 milhão de dólares pelo resgate. Tudo segue como o planejado, porém o que eles não contavam é que Frank não estaria disposto a pagar o dinheiro, isso porque, pouco antes do sequestro, ele já havia dado entrada ao divórcio. A partir de então, Ordell passa a apelar para conseguir o que quer, inclusive, se unir à amante do milionário, Melanie (Isla Fisher). Por outro lado, Mickey não parece fazer muita questão em retornar aos braços do marido, principalmente quando sente uma grande afinidade com aquele que a sequestrou, Louis.
"Sem Direito a Resgate" tem todos aqueles elementos de um bom romance policial. Dinheiro em jogo, trapaças, boas reviravoltas, diálogos espertos, somando à tudo isso, personagens desajustados e muito humor. Mesmo que traga o mesmo cenário de "Jackie Brown", o jovem diretor Daniel Schechter, em sua primeira grande produção, opta por seguir outros caminhos. Enquanto que Tarantino trazia o blaxploitation, como conceito de sua filmagem, Schechter constrói algo mais cru, sem muitos artifícios. É bom sentir esta diferença, se atrelar a algo que um outro diretor já fez, nunca é um bom caminho a seguir, e só pelo filme ter conseguido isso, ter escapado dessa armadilha, já vale pontos. Por outro lado, o longa segue com a constante sensação de que falta algo, falta alma, energia, falta a vitalidade e impacto que a trama, nitidamente, necessitava. É tudo, estranhamente, redondo e comportado demais para uma história que requer outro rumo, outro tom.
Acho bastante injusto querer comparar outros atores à Samuel L.Jackson e Robert De Niro. Se Yasiin Bey (que antes era o Mos Def) some no filme, não o culpo, é um ótimo ator, só faltou um personagem à sua altura. Tim Robbins não convence, muito pelo contrário, é sempre muito bizarro vê-lo em cena, parece não compreender muito o que está fazendo ali. Isla Fischer, sempre muito boa, assim como Jennifer Aniston, que se esforça e se destaca. John Hawkes é o melhor do elenco e a boa química entre ele e Aniston eleva o nível da obra.
Acho bastante injusto querer comparar outros atores à Samuel L.Jackson e Robert De Niro. Se Yasiin Bey (que antes era o Mos Def) some no filme, não o culpo, é um ótimo ator, só faltou um personagem à sua altura. Tim Robbins não convence, muito pelo contrário, é sempre muito bizarro vê-lo em cena, parece não compreender muito o que está fazendo ali. Isla Fischer, sempre muito boa, assim como Jennifer Aniston, que se esforça e se destaca. John Hawkes é o melhor do elenco e a boa química entre ele e Aniston eleva o nível da obra.
Provavelmente aqueles que esperam por uma comédia, se decepcionarão. É divertido, mas não é engraçado. Não gosto muito de encaixar filmes em determinados gêneros e "Sem Direito a Resgate" é um desses casos, não há um gênero para definí-lo, e isso pode até parece confuso para quem assisti-lo, no entanto, acredito que esta indefinição não diminui a graça da obra. Se trata de algo não muito memorável, é o tipo de filme que funciona ali, durante aqueles limitados minutos, nada além. É bom reencontrar os personagens, é bom ver este elenco reunido e é bom ver um filme que parece não fazer parte desta época, há algo de desconexo nele, me remeteu a um cinema mais antigo, diferente de como as tramas são desenvolvidas atualmente, e mesmo que pareça lento algumas vezes, tudo está no seu devido lugar e tudo acontece na hora certa, sem exageros e sem altas pretensões. Falta personalidade e uma direção mais segura, ainda assim, vi aqui um exemplo de um ótimo roteiro, que poderia, claro, ter resultado num filme melhor, entretanto, não deixa de ter suas qualidade. Tenho certeza que não encontrará o público certo, mas pra mim, valeu a pena. É inusitado, inteligente e possui um ótimo final.
NOTA: 7,5
País de origem: EUA
Duração: 98 minutos
Distribuidor: H2O Films
Elenco: John Hawkes, Jennifer Aniston, Yasiin Bey, Will Forte, Isla Fisher, Mark Boone Junior, Tim Robbins
Diretor: Daniel Schechter
Roteiro: Daniel Schechter
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