
por Fernando Labanca
O diretor espanhol J.A. Bayona chamou a atenção de Hollywood com o excelente terror "O Orfanato" (2007). Anos depois comandou o drama "O Impossível" (2012), provando um talento por trás de histórias fortes, conseguindo ainda usufruir de forma eficiente ótimos efeitos visuais. Enquanto se assiste este seu novo trabalho, não resta dúvidas de que ele - vencedor do prêmio de Melhor Direção no último Goya - era o profissional ideal para dar vida a uma trama tão especial e ainda assim, de inúmeras dificuldades. Nada é fácil aqui e o diretor (e toda sua fantástica equipe) conseguiu criar soluções inovadoras, sem jamais esquecer a beleza de cada instante e o impacto que tudo aquilo teria naquele que assiste. A verdade é que existe beleza em cada frame, em cada personagem, em cada diálogo. É aquele produto feito puramente de coração e isso nos atinge de forma intensa, porque nada ali soa gratuito ou sem um grande conceito por trás. Tudo vem de forma honesta e profunda. Acima de qualquer avaliação que o filme vem a receber, estamos diante de algo lindo, mágico e inspirador.
Na trama, conhecemos Conor (Lewis MacDougall), um garoto de treze anos que passa por uma fase difícil em sua vida. Enquanto que na escola vive sendo humilhado por seus colegas, em casa precisa lidar com a doença de sua mãe (Felicity Jones), que sofre de um câncer terminal. A ausência de seu pai (Toby Kebbell) e a chegada nada bem-vinda de sua avó (Sigourney Weaver) não tornam sua rotina mais fácil. Eis que certa noite, a bela árvore que avista em sua janela ganha vida, se transformando em um monstro (Liam Neeson) que passa a persegui-lo, deixando claro que cada vez que o relógio marcasse sete minutos depois da meia-noite retornaria para contar três histórias, sendo que a quarta deveria vir de Conor. O garoto resolve, então, entrar em seu jogo, passando a acreditar que a valentia daquela criatura salvaria sua mãe e todos os seus outros problemas.


Sabe aquele filme que te conquista na primeira cena e durante todo o tempo só te prova inúmeros motivos pelo qual você não deveria estar vendo outra coisa? Sabe aquele filme que vai crescendo e te comovendo de forma intensa e quando termina você é só lágrimas? Pois bem, este é "Sete Minutos Depois da Meia-Noite", que foi lançado bem tímido na tela grande no começo deste ano e ofuscado por tantas produções do Oscar. Não há como se preparar para a obra e todas as sensações que ela te passará, mas já digo desde agora que foi um dos grandes presentes do cinema em 2017. Seu belo texto fala de coisas que nos toca, como fé e como nos prendemos a ela para termos força e naquele amor puro existente entre um filho e seus pais. Conor tenta encarar a vida como um conto de fadas, onde existem os mocinhos e os vilões, onde há a quem ser culpado e a quem ser salvo. O monstro que deveria tornar as coisas mais simples vem, então, para lhe dizer que nada na vida é fácil e que pessoas e relações são sempre complicadas. Somos seres complexos, buscamos constantemente por acreditar em mentiras que nos confortam, mesmo que no fundo, reconhecemos que por trás delas existem sempre uma verdade dolorosa. E assim seguimos em frente, precisamos seguir. Como é bom encontrar obras como esta, que nos encantam, nos preenchem, nos inspira e ainda assim nos deixa destruídos com toda a emoção que nos causa. Foi um grande prazer conhecer!
NOTA: 10
País de origem: Canadá, Espanha, EUA, Reino Unido
Duração: 108 minutos
Distribuidor: Diamond Films
Diretor: J.A. Bayona
Roteiro: Patrick Ness
Elenco: Lewis MacDougall, Liam Neeson, Sigourney Weaver, Felicity Jones, Toby Kebbell
Tem excelente trabalho do elenco e bons personagens. Este livro conta uma história extraordinária, por isso quando soube que estrearia o filme A Monster Calls soube que devia vê-la. Parece surpreendente que esta história tenha sido real, considero que outro fator que fez deste um grande filme foi a atuação do Lewis MacDougall, seu talento é impressionante.
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