sexta-feira, 16 de março de 2012

Crítica: Melhor é Impossível (As Good as It Gets, 1997)

Vencedor do Oscar 1998 de Melhor Ator para Jack Nicholson e Melhor Atriz para Helen Hunt, "Melhor é Impossível" é um longa-metragem norte-americano que conta com a direção de James L.Brooks, mais conhecido por ser roteirista e produtor executivo da série de TV "Os Simpsons". Além do seriado, James trabalhou como diretor em filmes como "Laços de Ternura" (1983) e "Espanglês" (2004). O filme em questão é uma comédia dramática, mas que alcança, devido a seu ótimo roteiro, momentos de grande emoção com seu romantismo.

por Fernando Labanca

Jack Nicholson interpreta Melvin Udall, um escritor de romances de Nova York e que sofre de transtorno obsessivo-compulsivo, que não pisa nas rachaduras das calçadas e joga fora seu sabonete após um único uso, sem contar outras tantas manias que ele utiliza para se sentir bem consigo mesmo. Não o suficiente, Melvin é racista, homofóbico e misantropo, aquele que tem aversão a qualquer outro tipo de vida. Com todas essas características, o escritor tem grandes problemas de convivência, principalmente com seu vizinho homossexual, Simon (Greg Kinnear) e com a garçonete Carol (Helen Hunt), a única que compreende suas estranhezas e o modo como ele gosta de ser atendido, mas se irrita facilmente quando ele resolve abrir a boca.


Tudo muda na vida de Melvin Udall quando Simon é agredido e passa a ter um fracasso total em sua profissão, entrando em uma profunda depressão e Udall é o único vizinho que aceita cuidar do suicida pois tinha uma grande simpatia por seu cachorro, animal que faz nascer sentimentos desconhecidos no escritor. Para piorar, Carol sai do restaurante para cuidar de seu pequeno filho que sofre de asma. É então, que para ter sua garçonete de volta, Melvin contrata um médico particular ao garoto, para que ela pudesse trabalhar e servi-lo. De imediato, achando tudo estranho, Carol compreende que o irritante senhor havia salvado sua vida. E numa troca de favores, a vida de Melvin, Carol e Simon irão se entrelaçar de formas inimagináveis. Três pessoas completamente diferentes com uma única coisa em comum, o medo de encontrar a normalidade em suas vidas. 

"Melhor é Impossível" conta com um roteiro brilhantemente escrito também por James L.Brooks. É um dos pontos altos do filme. Tudo o que vemos na tela é de extrema originalidade, não remete a quase nada do que o cinema já fez. E assim, cada passo das personagens se torna inesperado. A total ausência dos clichês a torna uma obra imprevisível. Interessantíssimo a composição dessas personagens, aliás. Melvin Udall é muito bem desenvolvido na trama, a construção de suas estranhas características o fazem um indivíduo muito único na história do cinema. Assim como a garçonete Carol, com seu medo de ter uma vida normal, feliz, pressionada por suas responsabilidades. A união desses indivíduos acaba que resultando em cenas adoráveis e de extrema inteligência. O roteiro de Brooks também se destaca por seus diálogos, muito originais, que surpreendem. Há muito humor, um humor diferente mas que funciona quase sempre. Os diálogos se tornam ainda mais interessantes quando o filme se joga no romance, e surpreende também, pois no meio daquela comédia surge um romantismo tão belo, tão profundo, cheio de boas intenções e emociona. Desde o comovente pedido de desculpas de Carol às belíssimas declarações de amor de Melvin, tudo muito bem escrito, algo a ser admirado. 


Jack Nicholson é Jack Nicholson. É um grande ator e isso é inegável. O que ele faz na tela é maravilhoso, sabe ser cativante, engraçado, sabe muito bem emocionar, é expressivo e sem ele, a força desta incrível personagem não seria nítida. Consegue com perfeição demonstrar este "estranho mundo de Melvin". Helen Hunt também realiza um trabalho admirável, surpreende muito na tela, faz cenas que chegam a ser memoráveis, se entrega com vontade, convence. Acredito que ela tenha sido o grande brilho do filme, uma atriz poderosa, que chega em cena e faz qualquer diálogo ser melhor do que já é. Não foi a toa que Nicholson e Hunt levaram o Oscar para casa. Ainda temos o coadjuvante de ouro, Greg Kinnear, no papel de sua carreira. É incrível o que o ator faz, principalmente na primeira metade do longa, Greg consegue carregar muita emoção em seu olhar. E ver os três atores contracenando é algo que já vale e muito a pena conferir a obra. Além deles, Cuba Gooding Jr, ótimo.

Com uma direção segura de James L.Brooks, que soube mostrar o melhor de seus atores, além das belas composições de diversas sequências, o filme ainda possui a bela trilha sonora de Hans Zimmer que realça ainda mais o trabalho de Brooks. "Melhor é Impossível" peca por alguns conflitos repetitivos na trama, como as diversas discussões entre Melvin e Carol que parecem começar sempre do mesmo ponto, sempre pelos mesmos motivos e terminam sempre da mesma forma, e mesmo que nessas discussões o brilhante roteiro soube inserir belíssimos diálogos, ainda não foi suficiente para apagar o sentimento de "déjà-vu". Vale por esses incríveis diálogos, vale pela originalidade da obra, pelos belos momentos românticos, que mesmo sendo uma comédia soube emocionar muito mais que filmes do próprio gênero romance. Vale principalmente pelas incríveis atuações de Jack Nicholson, Helen Hunt e Greg Kinnear. Divertido, original, inteligente, romântico e emocionante. Recomendo.

NOTA: 8



7 comentários:

  1. Gostei do artigo, já agora, parabéns pelo site.

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  2. Valeu, Pedro!!!
    eh sempre bom saber q alguém tah curtindo!!

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  3. fantasticoooooooooooooooooo
    supremooooooooooooooooooooooooo
    espaciallllllllllllllllllllllllllllllllllllll

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  4. Com uma crítica tão boa, impossível não assistir ao filme. Obrigado pela dica.

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  5. Ótimo filme. Já perdi a conta de quantas vezes assisti. Parabéns pelo blog . Me identifiquei bastante com sua opinião. Vc escreve e explica muito bem.

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