domingo, 29 de agosto de 2010

Especial: M.Night Shyamalan


Manoj Nelliatu Shyamalan. Mais conhecido como M.Night Shyamalan, cineasta que nasceu na Índia em 6 de agosto de 1970, mas logo na infância foi morar junto com sua família na Filadélfia, EUA. Aos oito anos de idade ganhou uma câmera, foi quando percebeu, digamos, o sentido de sua vida, na época já era admirador do cinema devido os traballhos de Steven Spielberg (E.T, Contatos Imediatos de Terceiro Grau, entre outros que fizeram sucesso em sua infância). A partir de então começou a fazer filmes caseiros, mas sua carreira decolou, talvez muito mais do que um dia imaginou. Hoje, um dos diretores mais influentes e comentados, um diretor que marcou seu nome e sua carreira na história do cinema.

por Fernando Labanca



Quando terminou o colégio, já constava em sua carreira mais de 45 filmes (??!!!), caseiros e completamente amadores, claro. Substituiu Nelliatu por Night já na faculdade, em Nova York, na Escola de Artes. Seus pais, médicos, queriam que ele seguisse o mesmo caminho, mas o amor pela arte falou mais alto.

No último ano de faculdade, em 1992, M.Night escreveu e dirigiu um filme semi-autobiográfico chamado "Praying With Anger", sobre um jovem hindu que voltara à terra natal em busca de auto conhecimento. Devido a pouca verba, ele ainda protagoniza o filme, e para sua surpresa, foi bem recebido por alguns críticos e foi parar no Festival de Toronto, além de ganhar o prêmio de Melhor Filme de estréia no Instituto de Filmes de Los Angeles. O Filme não chegou no Brasil.

Este filme possibilitou que ele tivesse contato com a Miramax, e com ela rodou Olhos Abertos (Wide Awake) em 1998. A história de um garoto que ao perdeu seu avô resolve ir atrás de Deus, enfrentando alguns problemas na escola. Segundo ele, foi os três piores anos de sua vida. Era tratado com desrespeito pela produção, como diretor de "segunda linha", além de perder alguns membros de sua equipe e o longa ter demorado mais de 18 meses a ser rodado, e para piorar recebeu várias críticas negativas e ainda não teve retorno comercial.

Decidido a não passar por isso outra vez, ele reflete sobre sua carreira e resolve escrever um roteiro brilhante, tão brilhante que o faria ser respeitado. Escreveu a história de um garoto que via gente morta, isso mesmo, você já viu essa história, no filme que até hoje é considerado o melhor de sua carreira, "O Sexto Sentido" de 1999. O filme contava com o garoto prodígio Halley Joel Osment e os veteranos Bruce Willis e Toni Collette. Foi um estouro, elogiadíssimo, seis indicações ao Oscar, inclusive de Melhor Filme e Diretor. Hoje, visto como um dos melhores filmes da década de 90 e muito mais que isso, um dos melhores filmes de suspense de todos os tempos e foi citado como o novo Alfred Hitchcock.

Nos anos seguintes, M.Night foi assombrado por "O Sexto Sentido", desde então, aqueles que se tornaram seus fãs e os críticos esperavam que ele fizesse algo melhor ou tão bom quanto seu grande filme de 99, para muitos, isso até hoje não aconteceu. Todo vez em que surge com um novo filme vem a expectativa e a comparação inevitável, é melhor que "O Sexto Sentido"? O bom M.Night está de volta? E com toda essa expectativa por cima de seus trabalhos, muitos não enxergam as maravilhas que esse diretor já proporcionou ao cinema.

Seu carreira foi marcada pelos suspenses, talvez, ele mesmo via a necessidade de resgatar o sucesso de "O Sexto Sentido". Nos anos seguintes, ele mesmo escreveu seus roteiros, produziu e dirigiu seus filmes, além de sempre fazer algumas pontas. Corpo Fechado (2000), Sinais (2002), A Vila (2004), A Dama na Água (2006) e Fim dos Tempos (2008). Seu primeiro roteiro de uma adaptação foi no recente "O Último Mestre do Ar". E ainda, o que muitos não sabem, é que em 1999 ele ainda escreveu o roteiro, não dirigiu, o infantil O Pequeno Stuart Little.

Método

M.Night Shyamalan sempre optou pelo "não óbvio", trouxe ao cinemas novas possibilidades, inovou o que chamamos de suspense, não só pelo "O Sexto Sentido", mas também pelos também ótimos Sinais e A Vila.

Em seus filme nos deparamos com finais surpreendentes, se não, simplesmente de muito bom gosto. Ele consegue nos fisgar e nos surpreender de uma maneira que pouquíssimos conseguem nesse gênero. E diferente de muitos outros diretores e roteiristas, M.Night não usa o suspense como algo para ser vazio, simplesmente para haver mortes e nada a mais, seus filmes sempre passam alguma mensagem, sempre há o que refletir e pensar em seus roteiros, as tramas não são vazias, além de vários simbolismos que ele utiliza para transmitir algo.

Além dos excelentes roteiros, M.Night, sempre soube trabalhar muito bem com as partes técnicas, como a trilha sonora, os cenários e os figurinos, muito ricos em todos, sim, em todos, os seus filmes. Outro detalhe que sempre surpreende são as atuações, ele mostra na tela o que há de melhor nos atores, expoe alguns artistas de uma maneira que nunca havíamos visto antes. Bruce Willis e Toni Collette surpreendem em "O Sexto Sentido", além da grande revelação de Halley Joel Osment e de sua antológica cena "Eu vejo gente morta". Mel Gibson em um de seus melhores desempenho como ator em "Sinais" e Joaquin Phoenix provando seu talento em "Sinais" e "A Vila". Ainda vemos Paul Giamatti, mellhor do que nunca em "A Dama na Água" e a grande revelação Bryce Dallas Howard por este e "A Vila". Samuel L.Jackson e Adrien Brody foram outros destaques.

OBRAS



7º Fim dos Tempos (2008)


Seu pior trabalho, definitivamente. Mas dizer seu pior trabalho não que dizer que o filme seja ruim. Muito criticado, Fim dos Tempos não foi tão ruim quanto muitos disseram, com tantos filmes péssimos de suspense/terror, esse, acaba que, relativamente, se comparado com cada porcaria que chega nos cinemas, um filme até que bom. Eu particularmente, adorei!! Conta com Mark Wahlberg e a belíssima Zooey Deschanel no elenco, e fala sobre uma espécie de vingança da natureza para com os homens, onde uma toxina é liberada pelas plantas e faz com que os seres humanos, envenenados, perdem o controle de suas vidas e simplesmente, se matam.

Uma brincadeira de M.Night, com influencias "trash", ele faz aqui o filme mais "pipoca" de sua carreira, entretenimento puro, sem suas simbologias e finais surpreendentes. É divertido, cada morte que surge, uma nova possibilidade, mostrado de uma maneira crua e nada previsível. Um terror mesclado com humor, e funciona.


6º Corpo Fechado (2000)


Muito elogiado, Corpo Fechado conta com Bruce Willis e Samuel L.Jackson. O filme conta a saga de um homem que misteriosamente sobrevive a um acidente de trem, o detalhe, é que ele foi o único. Espantado, ele parte em busca para entender o ocorrido, até que se depara com um estranho que trás revelações bizarras sobre sua existência, como por exemplo, ser uma espécie de super herói moderno.

Poderia até ser tema de uma HQ qualquer, se não fosse a seriedade e realismo a qual M.Night trabalha nessa trama que se encaixaria numa aventura barata, mas ele consegue inseri-la num drama muito bem guiado por sua excelente direção. Bruce Willis, mais uma vez, impecável, que aliás, M.Night foi quem provou ao mundo o talento do ator. Vale a pena.



5º O Último Mestre do Ar (2010)



Ainda nos cinemas, o filme baseado no desenho norte-americano "Avatar (Livro 1: Água)", trás sua primeira adaptação, ele que sempre optou por escrever roteiros originais, e ainda pretende fazer suas sequências. A história de Aang, um jovem que congelado, acorda, 100 anos depois, e assume seu destino como Avatar, aquele que trás o equilíbrio entre as quatro nações existentes, a da Água, Terra, Ar e Fogo.

Pela primeira vez também, o diretor assume um verdadeiro bluckbuster, cheio de bons efeitos especiais. Sua equipe técnica também capricha nos figurinos, cenários e trilha sonora. Um filme interessante que vale a pena ser conferido.

4º Sinais (2002)


Não é uma história verídica, mas que ocorre, muitos não sabem o porquê, mas ocorre. Numa plantação, misteriosamente, aparecem sinais, o que muitos acreditam ser de alienígenas. Aproveitando o assunto que assusta e indaga muitas pessoas, M.Night conta a história de um ex-reverendo (Mel Gibson) que deixou de acreditar em Deus após a morte de sua esposa, vive com seus filhos (Abigail Breslin e Rory Culkin) e seu irmão (Joaquin Phoenix) numa fazenda, em uma plentação de milho, até que nesta plantação, misteriosamente, surgem sinais.

Espantados com o ocorrido, a família tenta achar resposta, e descobrem que é uma maneira que seres de outro planeta tentam se comunicar com os seres humanos, e a questão passa a ser: O que eles querem dizer, afinal? E no meio de revelações surpreendentes, eles vão descobrindo que nada é por acaso nesta vida, tudo tem um propósito, e cada perda, cada vício, cada anomalia desta família pode ser um sinal para suas salvações, e mais do que isso, sinais para uní-los novamente. Fantástico!

3º A Dama na Água (2006)



Saindo um pouco dos suspenses, M.Night resolveu inovar, foi para um conto "infantil" para adultos. Em seus filmes de suspense, o diretor sempre conseguia com maestria encaixar um drama em suas histórias, e aqui, tendo o talento necessário em mãos, ele escreve e dirige este drama comovente e inspirador, e ainda tem uma participação maior como ator.

O filme, que foi negado pela Disney, até então, distribuía todos os seus filmes, não renova o contrato por não gostar da idéia "sem pé nem cabeça" de M.Night. Ele consegue contrato com a Warner que apoiou a fantástica jornada de Creveland Heep (Paul Giamatti), um zelador de um hotel, que certa noite se depara com um ser mitológico na piscina, uma narf, conhecida por contos infantis. Uma jovem chamada Story, perseguida por seres misteriosos e que precisa encontrar o caminho de volta a seu mundo. E para isso ele une cada membro do hotel, cada um com sua crença e etinia para salvá-la.

Muito criticado pelo público, pouco compreendido. Aqui, M.Night se firma como o autor incompreensível, onde até mesmo no longa ele brinca com isso, onde seu personagem escreve um livro e que por previsões descobre que não será aceito, e que depois de muitos anos, sua obra seria compreendida. Aqueles que entraram no jogo que Shyamalan cria na tela, curtem, um filme diferente de tudo, que não é entendido se visto apenas com os olhos, é preciso entrar de cabeça nessa viagem, abrir a mente e deixar a imaginação fluir. Um filme cheio de simbologias, aliás, A Dama na Água nada mais é que uma teia de metáforas, cada frase, cada elemento, até mesmo os nomes das personegens tem significado. Um longa que diz tanta coisa, um roteiro brilhante, sobre esperança, sendo que ele sempre optou pelo caos em seus filmes, sobre cada um acreditar em si mesmo e que, apesar de piegas, a união pode sim salvar a história, no filme, isso ocorre literalmente. Belo, magnífico! Além de contar com a incrível atuação de Paul Giamatti, onde o diretor aposta no ator de uma maneira que nenhum diretor havia feito, mostrando o que ele realmente capaz de fazer.

2º A Vila (2004)



O segundo melhor filme de M.Night Shyamalan, A Vila, foi o mais perto que o diretor conseguiu chegar de seu maior sucesso, O Sexto Sentido. O filme foi muito criticado pelo público e quando fui assistir simplesmente não esperava nada, acredita que seria um "lixo", assim como muitos diziam. Entretanto, quando terminei de vê-lo, pensei: genial!

O filme conta o cotidiano de uma vila, onde pessoas com costumes antigos vivem cercadas pro uma floresta misteriosa e que por leis do local criada pelos anciões não podem atravessá-la, pois encontrariam os "seres que ninguém menciona", criaturas que assustam e colocam medo nas pessoas do local. Até que um dos moradores (Joaquin Phoenix) é ferido, e para salvar a vida de seu amado, uma jovem (Bryce Dallas Howard) decide atravessar a floresta para chegar na cidade e encontrar remédios, o detalhe é que ela é cega e a única que não pode temer as criaturas, logo que o que os olhos não vêem o coração não sente. Mas antes dessa loucura, seu pai (William Hurt), um dos anciões, decide contar a história por trás dessas tradições, um segredo bem guardado que mudou o rumo de todos ali presentes.

A Vila é brilhante, um suspense muito bem guiado pela fabulosa direção de M.Night, além dos bons figurinos e a ótima trilha sonora que nos faz perder o fôlego em determinadas cenas. Ainda conta com atuações memoráveis de Joaquin Phoenix e principalmente de Bryce Dallas Howard e Adrien Brody. Uma história fantástica e diferente de muitos suspenses existentes, o roteiro consegue brilhantemente inserir um drama, de forma com que não assuste mas também emocione.

Uma história interessante que nada mais é que um retrato crítico na sociedade norte-americana, guiada pelo medo, o medo os define. Além de colocá-los cercados por limites que eles mesmos impoem, isolados de todo o resto do mundo. Além de temas que M.Night adora, como fé e esperança.


1º O Sexto Sentido



O garoto que via gente morta e começa a ter a ajuda de um psicólogo, não há mais o que comentar. O resto todo mundo conhece, do ínicio a um dos finais mais surpreendentes da história. O considero o melhor não porque todos o acham, mas por ter elementos tão incríveis que fazem deste filme, um dos melhores que já vi. É único. Pouquíssimos suspenses conseguiram o que este conseguiu, construir uma história excelente, com uma dose de drama (de emocionar qualquer um, melhor que qualquer drama) e ainda te prender do início ao fim, construindo personagens memoráveis, com atuações marcantes de três atores que ao meu ver entraram para a história, desde o sumido Halley Joel Osment, do decadente Bruce Willis a uma das atrizes mais respeitadas da atualidade Toni Collette.

Enfim, não há muito o que dizer, aliás, quem não viu O Sexto Sentido? Para quem não assistiu, não dexe de vê-lo, imperdível!


Novos projetos

Como últimos trabalhos, o diretor se envolveu recentemente no roteiro de "Devil", filme de terror que pela primeira vez não dirigiu. O filme estréia em setembro nos EUA e conta com a direção dos irmão Drew Dowdle e John Erick Dowdle. O filme se baseia em contos que ele mesmo escreveu, "Night Chronicles", e ele pretende lançar um a cada ano a partir de 2010. O filme conta com Chris Messina no elenco e tráz a história de cinco pessoas que ficam presas num elevador, sendo que uma delas esconde um segredo, é o diabo!

Outro projeto, que não começou a ser rodado, mas que já tem roteiro pronto e que provavelmente ele será o diretor, sem nome e sem nenhuma informação sobre o script, há rumores que Bruce Willis, Bradley Cooper e a bela Gwyneth Paltrow estejam no elenco. Esperar para conferir!


M.Night Shyamalan. Um ator injustiçado e incompreendido, que fala sobre o mundo, critica a sociedade, e traz mensagens de fé e esperança, de acreditar em si mesmo, e que nada é por acaso neste mundo improvável, que cada um tem motivo para estar aqui, ninguém é inútil, assim como dizia a Dama na Água.

Não estou aqui para dizer que ele é o melhor diretor da atualidade, pois tenho que admitir, não, ele não é. Mas é com certeza um dos diretores que mais admiro por sua inteligência e ousadia, em apostar naquilo que acredita não naquilo que sabe que vai fazer sucesso.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Crítica: O Último Mestre do Ar (The Last Airbender, 2010)

Primeiro longa adaptado do diretor M.Night Shyamalan, o filme baseado no desenho norte-americano, com forte influência dos animes orientais, Avatar (que aliás, perdeu o direito do nome para James Cameron), traz uma forte mudança no gênero "blockbusters" aos cinemas, e mais do que isso, um trabalho de um diretor tentando retormar seu espaço perdido.

por Fernando Labanca

M.Night Shyamalan que sempre escreveu seus próprios filmes, resolveu inovar e tentar, apelar, talvez, para algo mais popular, e durante dois anos, o roteirista tentou escrever uma adaptação justa ao desenho Avatar, sucesso garantido, inclusive aqui no Brasil, que reune milhares de fãs. Infelizmente, não tive a oportunidade de assistir o desenho inteiro e acompanhar a história do início ao fim, portanto como adaptação não terei nem o direito de opinar muito, vi O Último Mestre do Ar, não como fã da animação, mas sim, como admirador do diretor/roteirsta.

A história é básica. Durante anos, quatro reinos viviam em paz, o reino da Água, da Terra, do Ar e do Fogo. E para que esses mundos tão distintos vivessem em paz, sempre teve a existência do Avatar, ser que tem o poder de se comunicar com o mundo espiritual e assim manter o equilíbrio dos reinos. Eis que o Reino do Fogo, possuído pelo desejo do poder e ser a nação mais forte, que oprime as demais, inicia uma guerra. No sul do Reino da Água, dois jovens, Sokka (Jackson Rathbone) e Katara (Nicola Peltz) que tem o dom de manipular a água, encontram um jovem perdido, Aang (Noah Ringer) e seu bizão, e logo descobrem que ele nada mais é que o último Avatar, simplesmente por ter o dom de dominar o ar, o último mestre do ar. Há anos ele fugiu de sua comunidade, após saber seu destino como Avatar, e congelado, pára no tempo, e acorda, ainda jovem, muitos anos depois, e disposto a aceitar seu caminho e trazer a paz e o equilíbrio de volta.

E para isso, ele começa a ter treinos e a aprender a dominar todos os elementos. Enquanto isso, sabendo da volta do Avatar, o Reino do Fogo traça uma busca do garoto, como a última forma de conseguirem o poder total. E nesta busca, há Zuko (Dev Patel), que mais do que trazer o poder ao seu reino, ele deseja a atenção de seu pai. E num mundo onde tudo parecia estar perdido, Aang trás a esperança a todos os povos e luta ao lado de seus amigos para finalmente alcançarem a paz.


Como eu havia dito anteriormente, M.Night Shyamalan inova no que conhecemos por "blockbuster". Avatar tem tudo para ser um, a história, os elementos fantásticos, efeitos de ótima qualidade, mas o diretor coloca na tela, aquilo já esteve bastante presente em sua carreira, o espiritualismo, tudo ocorre de uma forma mais "zen", mais pacífica, sem explosões e barulhos desnecessários.

Como roteiro adaptado, o considero bom, sem mesmo ter assistido o desenho, M.Night consegue em menos de duas horas preencher de forma conveniente todos os minutos, todo ocorre no tempo certo, e este é o maior triunfo do filme, não acelera em diálogos que para muitos seria inútil, para deixar mais tempo nas batalhas finais, aqui ele sabe maravilhosamente utilizar seu tempo, as lutas, sem exagero, não cansa, até mesmo o humor entra em hora devida. Tudo no momento e dose certa.

Os efeitos são ótimos, assim como a incrível fotografia, aqui o trabalho de M.Night como diretor cresce, seu primeiro com tantos efeitos e mesmo assim, ele soube administrá-los de forma correta. Mas quem fica responsável por tirar o fôlego, foi James Newton Howard, o veterano compositor responsável pela trilha sonora de alguns filmes do diretor, ele mostra seu incrível talento mais uma vez, a trilha é fantástica e nos hipnotiza em determinadas cenas.

Os atores não são tão ruins, até que se esforçam, Noah Ringer, infelizmente, não tem o carisma necessário para um protagonista, o melhor do elenco é mesmo Dev Patel, de "Quem Quer Ser um Milionário", no papel do filho incompreendido. Mas o defeito mesmo do longa é tentar explicar demais, todas as cenas o roteiro nos revela informações importantes, detalhes, histórias passadas, enfim, não descansamos nunca, a todo tempo, ele tenta nos fazer entender algo, haja cérebro para armazenar tanta informação.

Como comparação ao original, infelizmente, não sei dizer, mas como filme em si, O Último Mestre do Ar funciona bem, não é melhor desempenho de M.Night, mas também não é o pior. Com tantas explicações no longa, acredito que o roteirista tentava chamar a atenção de pessoas que não o acompanhavam na TV, e ao meu ver, conseguiu, pelo menos, me senti extremamente atraído por este longa, que apesar dos defeitos, é um deleite aos olhos, há beleza não só nas imagens como nos diálogos, e ainda, o filme nos dá a entender que terá uma continuação, e finalmente quando o filme acaba, diferente de todos os blockbusters, sentimos...paz! Recomendo.

NOTA:8,5



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Crítica: Meu Malvado Favorito (Despicable Me, 2010)

Pois é, animação não é mais prioridade de Pixar e Dreamworks, o tempo passou, as duas ainda estão no "império" e ainda produzem excelentes filmes, porém, existem outros estúdios capazes de fazer bons filmes, exemplo é o estreante "Illumination Entertainment" que fez "Meu Malvado Favorito", distrubuido pela Universal, o filme está sendo um sucesso, liderando nos cinemas pela segunda semana, impedindo até Stallone de reinar mais vez, com seu "Os Mercenários".

por Fernando

"Ser bonzinho é muito ultrapassado", usando essa idéia, os roteiristas, Ken Daurio e Cinco Paul resolveram inovar, fizeram um protagonista-vilão. Esse é Gru, um cara malvado, muito malvado, não respeita ninguém, nem mesmo as crianças, até para pegar rosquinhas na padaria, ele utiliza de suas armas super poderosas para não pegar fila, ou com seu master carro a jato que passa em cima de todos na rua, sem nem se preocupar com os danos que causa. Mas os tempos passaram, ele já não é mais o mesmo, as pessoas se acostumaram e ele não amedronta mais ninguém, fato que ele nunca admite. E para seu azar, outro vilão está na área, Vitor, ou melhor Vetor, um rapaz nerd que fez a pior de todas as maldades, roubou uma pirâmide do Egito.

Revoltado com a situação, Gru decide fazer algo muito pior para voltar a ser o vilão nº1 novamente. Roubar a lua. E para isso ele precisa de uma máquina capaz de diminuí-la, porém esta máquina vai parar nas mãos de Vetor, e para infiltrar na mansão do vilão, ele resolve adotar três garotinhas que vendem biscoitos na rua. Entretanto, o que ele nunca imaginou em sua vida era ser pai e não possui nenhum dom para isso, e coloca as meninas em sua vida como se fossem objetos, sem nenhum valor. Mas lembranças do passado vem a tona, a infância de um garoto que nunca teve a atenção de sua mãe, e mesmo que inconscientemente, Gru passa a ver a chegada das garotas como um novo começo e dar a elas o que nunca teve, e passa a se dividir entre elaborar os maquiavélicos planos para o assalto que entraria para a história ou dar vida aquilo que estava morto dentro de si, seu coração.


Ao meu ver, uma história bem criativa. Os roteiristas não se pouparam em inovações, tanto a história de roubar a lua até os desenhos das armas, a arquitetura inovadora mostrada na animação, como o interior da casa de Gru, enfim, muita coisa diferente é exibida. Entretanto, os roteiristas também não se bloquearam aos clichês, as garotinhas meigas no estilo de "Boo" de Mostros S.A, o vilão que vira herói e a musiquinha feliz no final do filme.

Colocando a parte dos clichês fora, Meu Malvado Favorito diverte fácil, aliás, muito fácil. Rapidamente somos envolvidos na vida de Gru, definitivamente, um dos melhores personagens de animações já criado. Ele é hilário, o modo como vive, o modo como encara as situações que lhe são impostas, tudo muito incrível, divertido ao extremo. É muito difícil segurar o riso com esse filme, onde do começo ao fim o humor é prioridade e de muito, muito bom gosto. As piadas surgem fácil e logo somos cativados pelas situações e personagens. No original, dublado por Steve Carell e Jason Segel, e aqui no Brasil a dublagem fica por conta dos "caras de pau" Marcius Melhem e Leandro Hassum, que aliás, eu nunca entendo porque colocar famosos para dublar se nem ao menos vemos eles, será que alguém vai ver um filme de animação pelos dubladores? Não, acho que não. E no final das contas, os dois acabam fazendo um bom trabalho.

Enfim, vale muito a pena retirar umas horas do final de semana para se divertir com esse personagem completamente fora do normal. Um filme carismático, engraçadíssimo e até mesmo emocionante. Recomendo.

NOTA: 8



quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Especial: Sandra Bullock


Sandra Bullock. Atualmente seu nome vem sendo bastante citado nas principais mídias, isso devido ao fato da revista "Forbes" ter lançado a lista que mostra as atrizes mais bem pagas do mercado, e Bullock alcançou o primeiro lugar, graçás ao sucesso de seus dois últimos trabalhos, Um Sonho Possível e A Proposta. Além disso, este ano a atriz ganhou, simplesmete, o Oscar e o Globo de Ouro (drama) de Melhor Atriz por Um Sonho Possível, e ainda, recentemente ganhou o "Teen Choice Awards" como melhor atriz em comédia e drama, além de várias outras indicações e ainda foi homenageada no "MTV Movie Awards" desse ano por sua brilhante trajetória, provando, que sim, a atriz chegou ao estrelato, e depois de tantos altos e baixos em sua longa carreira, Sandra Bullock conquistou seu espaço e hoje tem um dos nomes mais importantes e influentes do cinema atual.

O Cinemateca não poderia ficar de fora. Com vocês...Sandra Bullock...

por Fernando Labanca

A atriz nasceu em Virginia, Estados Unidos, em 26 de julho de 1964. Filha de uma cantora de Ópera, desde criança, Sandra já era acostumada aos palcos e devido a isso, na década de 80, se formou em Teatro. Após os estudos, resolveu ir para Nova York atrás de uma carreira como atriz, deixando o conforto dos pais de lado e arriscando tudo pelo sonho. Para sustentar mais um curso de teatro na capital, ela trabalhava de garçonete.

Sandra foi parar na Broadway, onde conseguiu os olhares da crítica e devido ao seu bom desempenho, entrou para o elenco de algumas produções para TV. Com algumas recomendações, iniciou sua carreira nos cinemas com projetos de baixo custo, eis que surge uma grande oportunidade, substituindo uma outra atriz, estrelando ao lado de Sylvester Stalone na ficção ciêntífica "O Demolidor" em 1993 e graçás a esse trabalho, onde chamou a atenção do produtor Joel Silver que a indicou para fazer a protagonista ao lado de Keanu Reeves em "Velocidade Máxima". O filme estreiou em 1994 e foi um grande sucesso, levando a atriz ao estrelato.

Pegando carona em seu sucesso, Sandra Bulluck estrelou mais um filme, em 1995, na comédia romântica "Enquanto Você Dormia" ao lado de Bill Pullman. Um filme leve e bastante agradável que mostrou seu talento podia ir muito mais além que em filmes de ação. O filme foi um sucesso.

Porém, seu estrelato dura pouco. Pouco tempo depois surge nas telas com o suspense "A Rede" e a comédia "Corações Roubados", onde neste filme a atriz mostra mais uma vez seu lado cômico, mas sua boa atuação não é suficiente em tramas fracas e foram verdadeiros fracassos. Logo após surgiu com o filme mais sério de sua carreira em 1996 com "Tempo de Matar", que lhe rendeu elogios, mas ainda não foi suficiente pois logo após a atriz teve a brilhante idéia de voltar na sequência de Velocidade Máxima, que esse sim, foi um dos piores momentos de sua carreira.

Quando alguns já achavam que era seu fim, Sandra Bullock retorna já em 1998, com trabalhos notáveis, como no sensível drama de Forest Withaker, "Quando o Amor Acontece", um belo filme, "sessão da tarde" total, mas um dos melhores do folhetim da globo. Mas sua carreira entra em novos caminhos com a chegada, no mesmo ano de "Da Magia à Sedução", ao lado de Nicole Kidman, uma das duplas mais memoráveis do cinema, o filme foi um sucesso e é lembrado até hoje como um dos mais marcantes de sua trajetória. No mesmo ano, ela ainda dubla uma das personagens no filme "Príncipe do Egito".

Em 1999, ao lado de Ben Affleck, estrelou "Forças do Destino", um filme simples mas bem divertido e com um final até que fora do convencional. Em 2000, Sandra tenta mostrar que também é capaz de ser boa fazendo filmes mais sérios, para isso, protagoniza o drama "28 Dias", que nada mais foi que uma tentativa frustrante, logo que o filme não deu muito certo e foi criticado. Até que no mesmo ano, para sua alegria, surge um dos seus maiores sucessos, na pele de Gracie Hart na comédia Miss Simpatia, que agradou o público e provou de vez o talento da atriz, se livrando de acabar com sua carreira mais uma vez.

Em 2002, a atriz volta com mais sucessos, como a comédia romântica "Amor a Segunda Vista" com Hugh Grant e o suspense "Cálculo Mortal" onde ela mostrou uma incrível habilidade de fazer "a mulher durona". Mas foi somente em 2004 que a chance de ouro chegou em sua mãos, aliás, ela quem foi atrás dessa grande chance, chegou a pedir para participar de "Crash-No Limite", inclusive as viagens que teve que fazer saiu de seu bolso, logo que queria muito estar no elenco, e tinham pouquíssimo dinheiro envolvido no projeto, e essa foi uma das melhores escolhas da atriz, "Crash" venceu o Oscar de Melhor Filme, além de vários outros prêmios e nele, deixou de ser estrela e virou uma atriz de verdade. Logo depois, ela embarcou na sequência de "Miss Simpatia", filme muito criticado, mas que ainda tem seu valor.

Em 2005, Sandra Bullock se casa com Jesse James, um famoso construtor de carros e motos, mas que recentemente foi alvo de muitas polêmicas, e neste ano, inclusive, houve o divórcio e hoje, Sandra é solteira e está envolvida num processo de adoção. Em 2006. ela retorna a parceria com aquele que foi uma de suas melhores duplas no cinema, Keanu Reeves, no romance dramático "A Casa do Lago". No mesmo ano, participou de "Confidencial". Já em 2006, o fiasco voltou em sua carreira, no suspense "Premonições", e neste período a atriz já estava bem afastada, foi mais uma vez quando todos acreditavam que era seu fim, definitivamente.

Eis que em 2009, Sandra volta com tudo, em dois de seus melhores trabalhos, dois de seus maiores sucessos, na comédia romântica "A Proposta" na qual foi indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz-Comédia e "Um Sonho Possível" premiada no Globo de Ouro e Oscar. Ela voltou, não sabemos por quanto tempo, sua carreira sempre foi marcada por altos e baixos, e eu, como muitas pessoas, torço para que ela fique.

Sandra Bullock pode ter estado em vários filmes fracos e sua carreira ter sido marcada por pontos baixos, mas a verdade, é que só os melhores momentos é que são lembrados por aqueles que a seguem. E isso, poucas atrizes alcançaram, Sandra pode não ter a melhor filmografia, mas com certeza, possui o maior número de fãs, a queridinha de todos nós, a atriz que ainda será lembrada por muito tempo.

O Essencial de Sandra Bullock:


10º - Cálculo Mortal (2002)

Ao lado de Ben Chaplin, Sandra interpreta uma detetive que é encarregada de solucionar brutais assassinatos, onde os principais suspeitos são dois estudantes brilhantes, interpretados por Ryan Gosling e Michael Pitt. Um dos filmes sérios de Sandra mais bem sucedidos, um suspense bem amarrado com um roteiro que nos prende do começo ao fim, num papel que não exige tanto da atriz mas que mesmo assim se deu bem no longa.


9º Enquanto Você Dormia (1995)

Uma delicada e divertida comédia romântica, onde Sandra interpreta um mulher solitária que trabalha na bilheteria de uma estação de trem, até que salva um desconhecido de ser atropelado por um. Ele fica em coma e por um desentendido, ela acaba se passando pela noiva do rapaz, e desencorajada mantem a farsa, até que se apaixona pelo irmão dele. A partir deste filme, a atriz toma o gosto por comédias românticas no qual fica famosa por elas, um filme "sessão da tarde", mas bem interessante e que vale a pena ser assistido.


8º Da Magia à Sedução (1998)

Do roteiro de Akiva Goldsman e baseado no livro de Alice Hoffman. O filme mostra o cotidiano de duas irmãs-bruxas que sofrem de uma maldição deixada pela mãe, onde todos os homens que elas se apaixonam...morrem. Sandra Bullock interpreta Sally, a irmã de Nicole Kidman, que já havia perdido um marido num acidente de carro, e agora tem um caso com um homem que a tortura, e Sally volta para salvá-la. Um filme viajado, mas ainda sim, adorável. A dupla marcou presença e se mostraram ao mundo, ambas se tornaram estrelas após o sucesso do filme.


7º Confidencial (2006)

A trama conta a inusitada trejetória de Truman Capote, um escritor e jornalista homossexual que resolveu escrever sobre um assassinato numa pequena cidade do sul dos Estados Unidos, no caso, foram dois assassinos, e Truman reunindo uma série de entrevistas com todos os envolvidos no caso, acaba fazendo uma grande e profunda amizade com os dois. Sandra, aqui, é coadjuvante, interpreta Nelle Harper Lee, uma amiga confidente de Truman. Num filme recheado e estrelas como Sigourney Weaver, Daniel Craig, Hope Davis e Gwyneth Paltrow (fazendo ponta), Sandra consegue se destacar, numa de suas grandes atuações, pena que o filme passou despercebido pela maioria.


6º Amor à Segunda Vista (2002)



Aqui, Sandra é Lucy Kelson, ativista e formada em Howard, ambiciosa ao extremo, até que começa a trabalhar com o milionário Goerge Wade (Hugh Grant) como sua assistente, o problema que ele passa a usá-la para resolver problemas fúteis de sua vida, decidida a sair, ele passa a reavaliar a presença de Lucy e percebe que já não pode caminhar sózinho. Comédia romântica típica, cheia de clichês, Hugh Grant interpretando Hugh Grant, enfim, ainda sim, vale a pena, Sandra Bullock está ótima e muito engraçada, sua dupla com o ator funciona, sendo uma das mais carismáticas de sua carreira.


5º Um Sonho Possível (2009)

Lançado este ano, aqui no Brasil, o longa baseado em fatos reais, conta a trajetória de um rapaz sem família que recebe a ajuda de Leigh Anne, interpretada por Sandra Bullock, que lhe dá um teto e comida, e mais do que isso, motivos para querer crescer na vida e ser um grande jogador de futebol americano. Um filme belo, tem seus problemas, mais ainda sim, vale a pena conferir, principalmente pela grandiosa atuação de Bullock, para quem curte sua carreira, precisa vê-lo. Uma de suas melhores performances e uma das personagens mais incríveis que já interpretou.
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4º A Casa do Lago (2006)

Retornando sua parceria com Keanu Reeves, onde no longa mal se encontram, logo que sua personagem está dois anos na frente que seu amado, isso mesmo. Ela em 2006, ele em 2004 e assim, a médica solitária se relaciona com um arquiteto do passado, e tudo ocorre na exótica casa do lago, onde ambos são proprietários do local, mas em tempos diferentes. Um romance inovador, que diferente de todos que já vi, nos faz pensar e fazer nossos neurônios se exercitarem um pouco. Sandra está fantástica e sua dupla com Reeves funciona mais uma vez, em uma das mais siceras e criativas histórias de amor dos últimos anos.


3º A Proposta (2009)

Uma chefe durona que para não ser deportada para o Canadá, sua terra de origem, conta às autoridades que irá se casar com seu assistente, o cara que a odeia mais que qualquer pessoa, e juntos terão que provar para todos que estão realmente juntos e que se amam e tudo isso num final de semana no Alaska. Diversão pura, Sandra é ótima em comédias e esta é uma das melhores, sem dúvida. Sua parceria com Ryan Reynolds é fantástica, juntos formam um dos casais mais hilários do histórico de comédias românticas, além, é claro, dá brilhante atuação da atriz, que nos faz rir simplesmente com olhares e gestos. Vale a pena...engraçadíssimo!!
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2º Miss Simpatia (2000)

Sandra Bullock interpreta Gracie Hart, uma policial durona que se infiltra num concurso de Miss Estados Unidos para detectar uma grande ameça terrorista. Lendo esse roteiro parace idiota, mas a verdade é que ver uma policial toda masculina virar uma beldade nas passarelas fez de Sandra Bullock o que ela é hoje, simplesmente brilhante. É muito engraçado acompanhar sua trasformação, e ela faz tudo com muita competência, nos convense tanto quanto uma policial quanto uma modelo. Um filme interessante, divertido e que vale muito a pena conferir. Ainda temos Michael Caine, também excelente em seu papel.


1º Crash - No Limite (2004)

Filme vencedor do Oscar de Melhor Filme, Crash acompanha 36 horas na vida de diversas pessoas em Los Angeles, um local onde as pessoas siplesmente não se enxergam e não exergam os outros ao seu redor, vivem suas vidas diariamente separadas por metal e vidro nos trânsitos da cidade. Eis que nessas horas que acompanhamos, algo vai acontecer, todas vão se esbarrar de alguma forma, seja num acidente de carro, num assalto, num sequestro, numa tentativa de assassinato, todas vão sentir o contato, o contato que não há em suas vidas com desconhecidos. O filme, brilhantemente, nos proporciona uma reflexão rara sobre preconceitos, seja de raça ou etnia, onde seus personagens colocam suas veradades, suas culturas e suas crenças em conflito.
Dirigido por Paul Haggis, o filme nos trás um elenco de peso, como Don Cheadle, Matt Dillon, Terrence Howard, Thandie Newton, Brendan Fraser, Ryan Phillippe, Jennifer Esposito, entre outros, todos extremamente incríveis e Sandra Bullock, assim como todos, não é uma mera coadjuvante. Crash marca seu melhor desempenho como atriz nas telas, sua menor participação no cinema, mas seus poucos minutos em cena são suficientes para provar seu enorme talento.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Crítica: Um Sonho Possível (The Blind Side, 2009)

Vencedor do Oscar e Globo de Ouro de Melhor Atriz para Sandra Bullock este ano, Um Sonho Possível, marca um dos melhores momentos da atriz nas telonas.

por Fernando Labanca

Leigh Anne Tuohi, o nome é desconhecido para muitas pessoas, inclusive para mim que não tinha ouvido falar até assistir o filme. Uma mulher incrível que foi capaz de colocar um estranho dentro da própria casa, simplesmente porque acreditava em seu talento, sem se importar com todas as pessoas que passam a julgá-la.

Filme baseado no livro de Michael Lewis e dirigido por John Lee Hancock, conta a história de Michael Oher, um jovem negro, abandonado pelo pai e retirado de sua mãe, logo que ela era viciada e não tinha condições de cuidá-lo, vivia sem casa, sem família. Tinha um incrível dom em esportes e passa a frequentar uma escola de elite, ganha bolsa e entra no time de futebol. Entretanto, suas notas são péssimas e a instituição decide deixá-lo de fora do time enquanto ele não alcançar boas notas.

Até que Leigh Anne, mãe de um dos alunos da escola, se depara com o novo amigo de seu filho, Michael (Quinton Aaron) andando na chuva indo em direção ao estádio da escola para ter onde dormir, espantada, ela decide convidá-lo para passar uma noite na casa da família Tuohi. Entretanto, essa "única noite" se estende e Anne percebe que o jovem precisa muito de ajuda e que eles, felizmente, têm condições de ajudá-lo. Até que Michael se torna um novo membro da família, e Anne contrata uma professora particular para melhorar suas notas e passa a frequentar os treinos do futebol, onde ela percebe ser melhor que o próprio técnico para lhe ensinar boas jogadas. E assim vai, e fora e dentro do campo, a socialite tanto ensina quanto aprende com Michael, e descobre que ele tem muito mais a ensiná-la do que ela imaginava, ela passa a melhorar tanto como mãe e esposa quanto pessoa.

"The Blind Side", o título original, que muito tem a a ver com a história e seria um nome muito mais original e criativo que "Um Sonho Possível", traduzido para o português, ao invés de "O lado Cego". O lado cego, é um termo usado nos campos de futebol americano, onde a própria função de Michael era essa, defender o lado onde um determinado jogador não vê, cobri-lo para não ser atacado pelo time adversário. E esta é Leigh Anne, que defende o lado cego, o lado em que ninguém vê, aquele lado onde a sociedade tão acostumada a encarar que nem ao menos tenta ajudar, enfrenta a pobreza e a miséria como algo rotineiro. "Um Sonho Possível" não é sobre, simplesmente, ajudar o próximo e blá blá blá, é mais do que isso, é sobre proteção.

A direção de John Lee Hancock é eficiente, o filme é muito bem conduzido, se tornando algo sempre agradável. O problema do longa é o roteiro, onde não há conflitos, a história simplesmente acontece, começa e termina e nada de tão extraordinário surge, é tudo muito fácil, não há obstáculos, como se a vida fosse realmente assim, é tudo muito perfeitinho e isso soa artificial. A atitude da família em questão é bonita, mas obviamente não aconteceu dessa maneira e se aconteceu, acredito que o roteiro deveria ter "apimentado" um pouco a história, logo que nada tão diferente e ousado acontece, não chamando a atenção do público, simplesmente não há história para preencher as longas duas horas de filme.

Vale mesmo a pena por Sandra Bullock que está ótima, entretanto acredito que seu Oscar tenha sido algo como "respeitamos sua carreira", pois sua atuação é boa mas não o suficiente para um prêmio tão importante. Admito que adorei o fato dela ter ganhado e também acredito que foi uma das melhores performances da atriz em toda sua carreira, mas também admito que não foi tão grandiosa assim, já vi atuações femininas melhores. Sua personagem é incrível, divertida e guerreira e Sandra consegue transmitir seus sentimentos com muita verdade, sabe usar sua veia cômica de maneira correta logo que aqui é um filme de drama e não de comédia e nas cenas mais tensas a atriz também se sai maravilhosamente bem.

Em suma, não espere muita coisa, um filme básico, não me espantaria vê-lo daqui uns anos na "sessão da tarde". E sua indicação de Melhor Filme no Oscar este ano também foi um exagero, Invictus de Clint Eastwood, por exemplo, ficou fora dos indicados, sendo que merecia muito mais. Um filme bonitinho, mas muito correto, e que pelo menos uma vez na vida...deve ser assistido.

NOTA: 6

domingo, 8 de agosto de 2010

Crítica: A Origem (Inception, 2010)

Nos últimos anos, o cinema tem nos proporcionado obras interessantes mas que, infelizmente, originalidade não é um termo que se pode taxar qualquer título, até porque, muitos desses trabalhos são refilmagens ou adaptação de livros e HQ. Entretanto, ás vezes, surgem raridades, Charlie Kaufman com suas inusitadas histórias como "Quero Ser John Malkovich" e "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças", ou até mesmo a obra prima dos irmãos Wachowski "Matrix", são um desses. E 2010 entra para história como o ano em que uma das obras mais inteligentes e originais dos últimos tempos se lançou, o gênio da vez é Christopher Nolan e seu feito, 'A Origem".

por Fernando Labanca

Há algum tempo venho me questionando sobre isso, como o cinema deixou de ser original, são pouquíssimos filmes que não se basearam em outra obra. É extremamente gratificante ir ao cinema e se deparar com um filme que vem com suas próprias idéias, lançam maneiras diferentes de alcançar determinado resultado. "A Origem" é surpreendentemente inteligente, nas primeiras falas percebemos que aquilo que estamos prestes a ver, irá ser inovador, diferente de tudo que já havíamos visto.

Na trama, Cobb (Leonardo DiCaprio) e Arthur (Joseph Gordon-Levitt) são mestres na arte de invadir a mente dos outros, são contratados por empresas milionárias para invadir o sonho de seus adversários para conseguirem determinados segredos. Entretanto, quando entram nos sonhos de um misterioso empresário, Saito (Ken Watanabe), descobrem que caíram numa grande armadilha, e Cobb decide abandonar tudo, fugir, pois não podem falhar, porém, o empresário dá sua última cartada, pede aos invasores do inconsciente que que eles façam um último trabalho, entrar no sonho de Fischer (Cillian Murphy), o filho de seu concorrente, que está prestes a herdar uma grande empresa. Saito deseja que eles façam algo novo, ao invés de retirar uma idéia do sonho, eles precisam implantar uma idéia, a idéia de dividir seu patrimônio. Em troca disso, o influenciado empresário consegue para Cobb uma viagem de volta a sua casa para se reencontrar com suas filhas, logo que ele havia sido acusado de matar sua própria esposa, Mal (Marion Cotillard) e devido a isso, nunca mais retornou.

Para isso, Cobb contrata a jovem arquiteta Ariadne (Ellen Page), uma aluna dedicada e extremamente inteligente, sua função passa a ser construir em seus sonhos, todas as estruturas de um cenário imaginário para que os sonhos do invasor pareçam reais. Para o grupo, eles ainda contam com a ajuda de Eames (Tom Hardy), que tem o dom de se transformar em outra pessoa nos sonhos. Entretanto, nada será tão fácil, para a inserção de uma nova idéia, de uma idéia tão complexa, eles precisam entrar profundamente na mente de Fischer, descobrir a origem do relacionamento com seu pai para que eles possam implantar a semente de uma nova idéia e que ela cresça e mude toda sua vida, e para isso, eles entram no nível 3, ou seja, invadir o sonho do sonho do sonho do herdeiro.

Mas por trás de toda essa armação que aparentemente é perfeita, Cobb esconde grandes segredos, como o fato de não poder mais desenvolver as estruturas do sonho, logo que Mal, sua esposa, ainda viva em sua mente, invade sua imaginação e sempre estraga seus planos. Ele ainda esconde uma triste e complexa relação que ele teve com ela e que mudou todo o seu modo de ser e agir e que na verdade, implantar uma idéia é muito mais perigoso do que se imagina e só ele sabe da verdade, a verdade que todos correm perigo e um simples ato no sonho, pode definir suas vidas para sempre.


Uma viagem. Christopher Nolan viajou, no bom sentido, totalmente para escrever um dos melhores roteiros do já vi. Constrói um mundo novo, com novas possibilidades, ruas que se inclinam e viram céus, acaba com a gravidade onde seus personagens andam nas paredes e lutam, sensacional. Os sonhos já foram alvo de muitos filmes, mas não da forma brilhante como Nolan aqui explora. Há cenas memoráveis, e ao meu ver, antológicas, como a incrível cena de Joseph Gordon-Levitt, onde ele luta pelas paredes e tetos, de deixar qualquer um de boca aberta.

Em "A Origem", Nolan, assim como em "Matrix" questiona a realidade, será mesmo que tudo o que vemos e sentimos é realmente o que devemos chamar de real? A comparação dos dois filmes é inevitável, seres que enquanto dormem entram numa realidade paralela, é perigoso dizer, mas acredito que o trabalho de Christopher tenha sido tão original quanto "Matrix", entretanto, no cinema acaba tendo um acabamento até melhor que a obra dos irmãos Wachowski, logo que aqui, a história tem um início, meio e fim, todas as informações do quebra-cabeça que se forma são entregues, de maneira nada simples e fácil, mas são entregues e o filme termina e deixa uma única ponta solta, mas que nada estraga e sim complementa, pois terminamos e ficamos refletindo e isso é fantástico. Já em Matrix, milhões de perguntas não são respondidas no primeiro filme, e o que era para ser brilhante, deixa a desejar nesse quesito logo que os irmãos deixaram para responder tais questões nas sequências, feitas apenas por dinheiro. Portanto, espero que este filme não tenha uma sequência, Stanley Kubrick não explicou o final enigmático de "2001: Uma Odisséia do Espaço" e nem precisou, hoje vivemos bem com a dúvida do final e mesmo assim o filme virou uma obra-prima. E "A Origem" não precisa de mais explicações, e acredito que a obra sobreviverá no tempo e também será um marco.

Leonardo DiCaprio, fantástico, pena que exerceu trabalho semelhante no ínicio do ano com o também ótimo, "Ilha do Medo" de Martin Scorsese. Em "A Origem" ele está incrível, a luta para alcançar seus objetivos é hipnotizante, constrói um ser misterioso e cheio de mágoa mas que tenta se segurar para fazer um trabalho digno. O elenco coadjuvante é de peso, Marion Cotillard, sensacional mais uma vez, diferente de muitas atrizes, depois que ganhou o Oscar, cresceu e só fez trabalhos interessantes desde então e este, mais uma vez, a atriz surpreende, construindo uma vilã totalmente fora do convencional, graçás também ao roteiro, que fez uma das personagens mais interessantes do ano e em sua pele, Mal ganha vida, e suas expressões dizem muito. Ainda temos os ótimos Joseph Gordon-Levitt, Ellen Page, Tom Hardy, Ken Watanabe, Cillian Murphy e Michael Caine.

A trilha sonora ajudou e muito para "A Origem" ser literalmente um estouro. Hans Zimmer havia trabalhado com Nolan em "Cavaleiro das Trevas" e fez um trabalho excepcional, e repete seu talento neste filme, dando mais força ao longa, se transformando em algo hipnotizante, de arrepiar qualquer um em determinadas cenas. A fotografia também está ótima, assim como os interessantes efeitos especias. Mas digo que é difícil prestar atenção nas partes técnicas quando o roteiro não permite você se desligar da trama por um segundo apenas, qualquer frase perdida pode ser fatal e as peças do grande quebra-cabeça pode se perder.

"A Origem" repete o feito de filmes como, além de "Matrix", "Clube da Luta" e até mesmo o recente "Avatar", e os anteriores de Nolan como "O Grande Truque" e "Batman: O Cavaleiro das Treveas" onde os gênios por trás desses projetos constroem tramas para pessoas inteligentes, não nos subestimam, conseguem quebrar a tradição de que filmes "cabeças" também podem agradar o público, tranformam idéias extraordinárias em "buckbusters", agradando tanto os intelectuais quando a grande massa. Um filme fabuloso, genial, dinâmico, e até mesmo, emocionante, e claro, original, e este sim, é seu maior triunfo.

NOTA: Precisa escrever? 10

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