quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Final de Ano - Uma geral nas locadoras

Para finalizar minhas postagens de 2010, a próxima só para mostrar o que houve de melhor do ano, fazendo a listinha que é tradição aqui no Cinamateca!!! Resolvi então, fazer um geral dos últimos filmes que vi e que já estão nas locadoras, mais do que isso, aquelas resenhas que iria ficar devendo, mas resolvi uma postagem mais decente, como despedida mesmo de final de ano!!! E que servem como dica para aqules que passarão os dias de folga em casa e curtem uma sessão pipoca!!

por Fernando Labanca



Coincidências do Amor (The Switch, 2010)

Jennifer Aniston é Kassie, uma mulher madura que já atingiu a idade de sucesso e a idade em que as mulheres já constituiram suas famílias, e neste quesito, ela estava para trás. Até que decide, sem querer depender de homem para realizar seu desejo de ser mãe, ir atrás de um doador de espermas, o que é completamente contra ao que seu melhor amigo, Wally (Jason Bateman) acha. Wally é um solitário, também não obteve muito sucesso em sua vida e tem uma queda pela bela moça que só o enxerga como amigo. Eis que seu desejo se realiza, surge um homem (Patrick Wilson) que aceitou o desafio, e para isso, ela e suas amigas realizam uma grande festa, e neste mesmo dia, em que Wally, embriagado, joga fora os espermas do desconhecido e coloca os seus.

Kassie se muda para outra cidade, e depois de muitos anos retorna, com seu filho já crescido. É quando Wally percebe as semelhanças que tem com o garoto e passa a se lembrar do erro que cometeu, a verdade é uma só, ele é o pai do filho da mulher que ama. E sem que ela perceba, Wally vai se ligando a ele, surgindo uma bela e verdadeira amizade, e recuperando aquilo que deixou de ter há um bom tempo, uma família.

Não, não é uma comédia romântica, assim como o filme é vendido. Uma comédia com humor bem sutil com umas pitadas de drama, que funcionam. O longa é uma ótima pedida para um final de semana, sem dúvidas, um filme delicioso, com uma história não muito inovadora, mas que passa sua mensagem e conclui com competência seus objetivos. O romance fica um pouco para o segundo plano, o foco aqui é a relação de Wally e seu novo e desconhecido filho, é simplesmente belo a maneira como esta relação é explorada, os diálogos e principalmente as atuações convincentes de Jason Bateman e do novato Thomas Robinson. Recomendo!

NOTA: 8


Em Busca de Uma Nova Chance (The Greatest, 2010)

Rose (Carey Mulligan) durante um ano inteiro trocava olhares com Bennett (Aaron Johnson) nos corredores do colégio, eis que no último dia, eles se conhecem, e vivem uma paixão profunda, e depois da primeira noite de amor, eles sofrem um acidente de carro, e Bennett morre.

A família do jovem passa por momentos difíceis, até que Rose aparece na casa deles, dizendo que está grávida e não tem mais para onde ir. Ela passa a morar na casa da família, e vai enfrentando juntamente com eles, a superação diária da ausência de Bennett. Desde o sofrimento da mãe, Grace (Susan Sarandon), do irmão (Johnny Simmons) que se perde nas drogas e do pai (Pierce Brosnan) que mesmo com tanta dor tenta se mostrar forte para apoiar a família.

Aparente, belo. Pelo trailer principalmente que vendeu o filme muito bem, mas a sensação que sentimos após vê-lo é pura decepção, algo muito diferente do que foi vendido, cheio de clichês, frases feitas, melodrama forçado que não convense mesmo nas boas atuações de Susan Sarandon e Carey Mulligan. O filme tenta o tempo todo nos converser de aquilo é triste e naquela cena devemos chorar, mas os diálogos forçam tanto a barra que a vontade é de desistir de chegar até o final. Pierce Brosnan se esforça, mas exagera e muito nas cenas dramáticas. Johnny Simmons também se esforça, mas seu personagem é ctrl C+ ctrl V puro de muitos outros filmes. Passe longe.

NOTA: 4


Entre Irmãos
(Brothers, 2009)

Refilmagem de um filme dinarmaquês de 2004 e dirigido por Jim Sheridan. Nele, conhecemos dois irmãos, Tommy (Jake Gyllenhaal), um tanto quanto fracassado na vida e que está prestes a sair da prisão, por outro lado, há Sam (Tobey Maguire), o filho exemplo, fez uma família adorável ao lado de sua amada esposa Grace (Natalie Portman), com quem tem duas filhas pequenas. Sam é do exército e está prestes a ir para o Afeganistão em missão de paz. Enquanto, Tommy tenta retomar sua vida fora das grades, Sam vai para enfrentar os perigos da guerra, até que é feito refém por alguns nativos e é dado como morto.

A notícia chega para Grace e sua família e é o fim para todos. Todos sofrem a perda de Sam e aos poucos vão tentando viver com a ausência dele, e Tommy passa a frequentar a casa de Grace e apoiá-la neste tempo de dor, e passa a ter uma relação muito forte com ela. Eis que Sam retorna, e percebe que voltar vivo de uma guerra não significa que continua vivendo e passa a tentar viver naquela vida que perdeu todo o significado ao mesmo tempo que tenta conviver com a dúvida de ter perdido sua esposa para seu irmão.

Uma história não muito inovadora, mas que surpreendentemente funciona muito bem nas mãos do diretor que realiza um trabalho incrível, assim como o roteiro que explora o máximo e o melhor de cada personagem, sem cair no clichê o que é muito difícil neste tipo de trama e este é seu maior triunfo, além de conseguir não cair no melodrama, construindo um drama convincente e muito sincero. Palmas para a grandiosa atuação de Tobey Maguire, sua melhor performance no cinema e uma das melhores atuações masculinas do ano, simplesmente incrível. Jake Gyllenhaal também surpreende e sai bem e Natalie Portman é Natalie Portaman, não tem como errar, linda e ótima como sempre.

NOTA: 8,5


Karatê Kid (The Karate Kid, 2010)

Refilmagem do clássico Karate Kid de 1984. Nos mostra a transformação na vida do jovem Dre (Jaden Smith) que se muda junto com sua mãe (Taraji P.Henson) para Pequim, devido o trabalho dela. Lá, ele tem que se acostumar com as novas tradições e descobrir uma nova cultura, enquanto isso ele passa a ser perseguido por alguns jovens do local, é quando percebe que eles fazem parte de um treinamento rígido de kung fu. Percebendo a vulnerabilidade do novato, surge o Senhor Han (Jackie Chan), o zelador do apartamento onde Dre mora, e passa a lhe passar alguns conhecimentos úteis não só para se livrar dos garotos, mas para a vida também, como equilíbrio e disciplina.

Até que Dre é convocado para participar de um torneio de kung fu e só se veria livre das perseguições se participasse, a partir de então, Han passa a ser seu "mestre" e lhe ensina o verdadeiro kung fu. Enquanto isso, Dre se envolve com uma bela jovem do local, e junto com ela, vai descobrir as maravilhas da cidade.

Roteiro fiel ao original, mas ainda sim consegue ser melhor. É claro que foram feitas algumas adaptações, e a principal delas é a entrada do kung fu, o título serve como marca mesmo para remeter ao clássimo, mas a idéia agora é outra, e funciona. Elenco correto, numa história ainda interessante nos tempos de hoje, devido também a direção competante de Harald Zwart. Bela fotografia, trilha sonora e cenas muito bem realizadas, tudo em perfeito estado. O final é previsível e não foge da linha de conforto, mas ainda assim é bom! Não esperava nada desta refilmagem, mas superou todas as minhas expectativas, melhor que o original, uma ótima pedida.

NOTA: 8,5


Lunar (Moon, 2009)

Filme aclamado em alguns festivais e vencedor do prêmio Revelação no Bafta, para o estreiante em longas metragens, Duncan Jones, filho de David Bowie. Uma ficção ciêntífica inovadora, que conta a árdua trajetória de Sam Bell (Sam Rockwell) numa missão na Lua num período de três anos, através da empresa Lunar que o enviou para explorar um material do solo que salvaria a crise energética do Planeta Terra.

Tem a única companhia do robô GERTY e está prestes a voltar para casa, mais ainda enfrenta uma difícil e solitária missão. Eis que ele sofre um acidente, curioso para voltar no local onde aconteceu o ocorrido, encontra um outro astronauta, tirando seu capacete o que ele enxerga é um clone seu. E na nave passa a conviver dois Sam, e nenhum sabe o que realmente está acontecendo e quem é o verdadeiro, e o que era solidão se transforma em paranóia. E curiso para tentar entender o estranho acontecimento, começa a descobrir que esta missão tem muitas verdades a serem discutidas e muitos mistérios a serem revelados.

Finalmente uma ficção ciêntífica decente, a melhor, digamos, desde a animação Wall-e. Um filme inteligente, interessante, com um roteiro muito original que nos mostra o que houve de melhor no gênero, com referências do clássico de Stanley Kubrick, "2001", e nos lembrando o porquê deste estilo ser ainda interessante, e nas mãos de Duncan Jones, "Lunar" se torna um grande exemplo de ficção ciêntífica, sem explosões e grandes efeitos especiais, os conflitos são internos, acontece com a personagem principal, no seu psicológico, e tem uma trama interessante capaz de prender a atenção do público sem precisar apelar para "muito barulho e pouco conteúdo". Além da incrível atuação de Sam Rockwell que leva o filme inteiro nas costas, sem ele, nada disso seria possível. Recomendo.

NOTA: 9

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

DVD: O Escritor Fantasma (The Ghost Writer, 2010)

Vencedor do Urso de Prata de Melhor Diretor para Roman Polanski no Festival de Berlim este ano e recentemente, o grande vencedor do European Film Awards, o "Oscar europeu", levando nas principais categorias como Melhor Filme, Diretor, Ator (Ewan McGregor) e Melhor Roteiro. "O Escritor Fantasma" é um suspense muito bem arquitetado, com ótimas cenas, momentos de tirar o fôlego e grandes atuações.

por Fernando Labanca

O gênero suspense é sempre muito arriscado, raramente saem bons títulos, mas quando estão nas mãos dos diretores certos, acabam se tornando obras bastante interessantes, como é o caso do recente "Ilha do Medo", onde Martin Scorsese realiza um trabalho digno de elogios e assim também funciona com o novo filme do veterano Roman Polanski. "O Escritor Fantasma" é um suspense bem diferenciado, maduro e muito bem feito, sem sustos, mas ainda há o suspense, de forma bastante sutil, mas ainda há.



Conhecemos o ex-primeiro ministro Adam Lang (Pierce Brosnan), vive com sua mulher Ruth (Olivia Williams) numa ilha afastada de tudo nos Estados Unidos. Decidido a fazer sua biografia, ele contrata um escritor fantasma, um escritor que todos sabem que existe mas ninguém o conhece, somente os envolvidos na obra. Entretanto, este autor acaba falecendo na beira do mar e há um grande mistério envolvendo sua morte. Para terminar o livro, ele contrata um outro escritor fantasma (Ewan McGregor), que passa a se exilar juntamente com Adam Lang e sua família na ilha, tem acesso aos manuscritos de seu antecessor a passa a tentar compreender a vida de Lang através de entrevistas e pesquisas.

Porém, quanto mais pesquisava, mais pecebia que entrar na vida do ex primeiro ministro seria algo difícil, é quando que, recolhendo fatos, dados, percebe que há grandes mistérios envolvendo o passado de Lang, desde seu partido, o sindicato em que fazia parte, mistérios envolvendo até mesmo a CIA e envolvendo aquilo que ele mais temia, a morte de seu antecessor. Para piorar, Adan lang está sendo duramente acusado por autorizar a prisão e tortura de suspeitos de terrorismo. A partir de então, o escritor fantasma passa a juntar as peças desse quebra-cabeça e percebe que tentar achar respostas para todas suas dúvidas será algo completamente perigoso onde poderá ter o mesmo final que seu antecessor.


"O Escritor Fantasma" é definitivamente um filme extramamente bem realizado. Começando pelo roteiro, baseado no livro de Robert Harris que também assina a adaptação, ao lado de Polanski. Toda a trama é muito bem escrita, todos os mistérios, a forma como eles chegam, a forma como a personagem principal vai os revelando, nos prendendo de uma forma muito interessante, pelo menos, eu me senti completamente envolvido na história. Este roteiro poderia ter se perdido se não tivesse as mães de Roman Polanski que realiza um trabalho excelente, desde a movimentação das câmeras, construindo cenas belíssimas, a ótima edição, até a utilização da trilha sonora, muito bem feita por Alexandre Desplat, mais uma vez colaborando para a melhoria de um filme. Vale citar a fotografia, as locações e até mesmo os figurinos. Tudo em perfeito estado.

O elenco se destaca também. Já premiado por sua atuação, Ewan McGregor está incrível, na pele do escritor fantasma, nos transmite com bastante segurança a quase obsessão pela finalização de seu trabalho, com certeza foi a escolha certa para protagonizar o longa. Pierce Brosnan se sai melhor que alguns de seus trabalhos anteriores, constrói um personagem interessante e acaba surpreendendo. Ainda há a ótima participação de Olivia Williams, uma de suas melhores aparições no cinema e a correta Kim Cattrall e o sempre ótimo Tom Wilkilson.

Enfim, um filme brilhante muito bem realizado por Roman Polanski, para quem procura um filme cabeça, com conteúdo mas que ainda consegue agradar aqueles que procuram entretenimento. Com um ótimo roteiro, atuações notáveis e boas cenas de suspense, com perseguições de tirar o fôlego e um final um tanto quanto surpreendente. Uma ótima escolha, recomendo!

NOTA: 9

domingo, 19 de dezembro de 2010

Crítica: O Mundo Imaginário do Dr.Parnassus (The Imaginarium of Doctor Parnassus, 2009)

O mais recente filme do visionário diretor Terry Gilliam, e também o último filme de Heath Ledger. Um belo filme que marca o adeus a este grande ator, que mais um vez, se envolveu no projeto certo, com cenas encantadoras e um roteiro bem original, muito raro nos dias de hoje.

por Fernando Labanca

O filme teve várias complicações para ser finalizado, a principal delas foi a morte de Ledger, que tinha um personagem de bastante destaque na trama, para finalizá-lo, a história foi modifcada e outros atores entraram para suprir sua falta, Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell. O roteiro deu uma grande manobra e acaba que sendo convincente a entrada de outros atores, devido também ao fato da trama ter a imaginação como centro de tudo.

Na história, conhecemos o Dr.Parnassus (Christopher Plummer), um homem que tem o dom de dominar a imaginação das pessoas, e com sua trupe de teatro itinerante, ele viaja para alguns locais e atravéz de um espelho, o público entra e se depara com um novo mundo, um mundo guiado por suas próprias ilusões. Nesta sua equipe está seu fiel amigo e anão Percy (Verne Troyer), o mágico Anton (Andrew Garfield) e sua filha Valentina (Lily Cole).

Porém, por trás dessa magia há uma trágica história. Há muitos anos atrás, Parnassus fez um pacto com o Diabo para ter a vida eterna, depois de muitos anos, ele percebe que ser imortal pode lhe impedir de ter uma vida normal, principalmente quando se apaixona, e decide novamente fazer um pacto com ele, ter uma vida normal e envelhecer como todos os outros, mas isso teria um custo, em troca, Parnassus teria que dar a alma de sua filha quando completasse dezesseis anos. Até que, quando, Valentina estava prestes a completar a idade, o Diabo (Tom Waits) retorna com uma nova aposta, o valor seria cinco almas, se Parnassus conseguisse essas cinco almas, teria sua filha de volta, caso contrário, teria que entregar a alma dela. Eis que certa noite, a trupe se depara com um homem, Tony (Heath Ledger), um ser misterioso que não lembrava mais de sua vida e passa a ajudá-los nas apresentações, porém, aos poucos seu passado vai aparecendo, é quando Parnassus percebe que sua presença pode ter um motivo muito mais significativo.



Um filme surpreendente, visualmente falando. Recheado de belas sequências, onde a imaginação das personagens toma conta da tela, e temos o privilégio de presenciar imagens deslumbrantes, cheias de cores e detalhes, com uma fotografia belíssima e efeitos especiais interessantes. Tudo é possível em "O Mundo Imaginário", a realidade é esquecida e facilmente entramos neste universo e fazemos questão de nos deixar levar, a história não é nada convencional e naquele instante acreditamos nas estranhezas do roteiro brilhante, também de Terry Gilliam.

Quando a personagem de Heath Ledger entra no espelho e se depara com sua imaginação, é quando os outros atores entram em cena, não faz tanto sentido assim, mas como havia dito anteriormente, o roteiro permite que tais inovações sejam feitas. Até ai tudo bem, o problema mesmo fica no final, onde seu personagem tão interessante se perde completamente na trama. Sim, o final do filme é bom e vale a pena, mas para despistar a ausência do ator, o final do personagem não foi dos melhores.

O elenco está impecável. Christopher Plummer, ótimo na pele de Dr.Parnassus, toda a tristeza e melancolia diante dos fatos de sua vida são muito bem expressadas pelo ator. Heath Ledger é quem se sai melhor na pele de Tony, mais uma vez com uma atuação surpreendente, enche a tela com seu carisma e versatilidade. As escolhas de Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell foi bem feita, Farrell é quem permanece mais no filme e acaba tendo mais destaque, mas a melhor atuação é de Depp, mas não dura muito e assim como Law tem a duração de uma cena. O longa ainda trás duas grandes revelações, Andrew Garfild, que atualmente está em cartaz com "A Rede Social" e está sendo indicado a alguns prêmios, se sai muito bem e definitivamente tem a melhor atuação do filme e seu personagem, o mais agradável. Lily Cole surpreende, a novata com personagem de destaque, é quase uma protagonista e consegue dar o recado e prova seu talento.

"O Mundo Imaginário de Dr.Parnassus" é mágico, nos leva a um novo mundo. Por algumas vezes este mundo não é tão agradável assim, em algumas passagens o longa dá umas escorregadas e se torna um pouco cansativo e o excesso de detalhes nas cenas acaba incomodando, não sabemos exatamente para onde olhar, uma espécie de poluição visual, por mais que sejam belas, algumas vezes são exageradas. Mais ainda sim, vale muito a pena, não é só o último filme de Heath Ledger, nem só mais um filme de fantasia, é um filme diferente de tudo, inova na trama, na construção das personagens, nos figurinos e cenários inusitados. Cheio de belas e adoráveis sequências, diálogos rápidos e inteligentes, tudo bastante teatral, mas tudo com muita qualidade. Vale a pena conferir este mundo imaginário.

NOTA: 8

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Cinema: Megamente (Megamind, 2010)

A mais nova animação da DreamWorks é diversão garantida, com um roteiro bastante original e inteligente, ou seja, longe de ser um entretenimento barato!

por Fernando Labanca

Predestinação, uma vida que era para ser, já estava escrito, assim era o destino do ser misterioso que veio para nosso planeta, se auto denominou de "Megamente" e nasceu para ser vilão. Quando chegou à Terra, acabou caindo numa prisão, onde teve os primeiros contatos com a maldade, ia para a escola, mas era ridicularizado pelos demais, por ser azul e ter uma cabeça enorme, é onde conhece o seu arqui-inimigo, um garoto bonito, inteligente e adorado por todos. Este, quando cresceu, se tornou o Metroman (Brad Pitt), o herói de Metro City, enquanto o outro, se tornou o mais terrível de todos os vilões, o Megamente (Will Ferrell) ao lado de seu fiel amigo, o Criado (David Cross).

Os anos se passaram, e Megamente já não era mais tão temido assim, suas maldades caíram na rotina, ele fazia coisas ruins para a população, principalmente para réporter Roxanne (Tina Fey), alvo preferido dele, e o Metroman a salvava, que devido sua adoração, ganha um Museu, até que no dia de sua inauguração, para surpresa de todos, perde uma batalha com Megamente e morre. Megamente ganha notoriedade, começa a roubar tudo o que queria, e assim como o desejo de todo vilão, dominar toda a cidade.

É quando se pergunta, e agora? Percebendo que ainda não estava feliz, chega a conclusão de que não existe um vilão sem um herói, e para isso, transforma um ex-cinegrafista, Hal (Jonah Hill) em super herói. Hal era um zero a esquerda e apaixonado por Roxanne, que por sua vez não lhe dava atenção, e percebe que ser um herói poderia enfim conquistá-la. Até que por incidente, Megamente, com seu "relógio" que o transforma em outras pessoas, acaba se transformando em Bernard, um funcionário do Museu e nisso, acaba conhecendo a bela repórter, e para sua surpresa, acaba se apaixonando, e tem a chance de tê-la por perto, logo que ela nunca se apaixonaria por alguém azul de face estranha.

Tudo muda para Megamente, está apaixonado e treinando Hal, o que ele não esperava é que Hal descobre que Roxanne está com outro e somando com o fato de que ser herói não o levaria para lugar algum, percebe que ser vilão é o que há. E nessas crises de identidades, onde o homem predestinado a ser herói morre, o cara que supostamente deveria se transformar em herói se torna o vilão, e Megamente que deveria ser o vilão, percebe que predestinação não é tudo, o destino, na verdade, é aquilo que ele escolhe.



Do diretor Tom McGrath, o mesmo de Madagascar e Madagascar 2, faz desta animação, uma das mais interessantes que surgiram recentemente, isso, devido principalmente ao roteiro bastante criativo, cheio de inovações e surpresas. Outro ponto que faz de "Megamente" um sucesso, são as personagens, Megamente é hilário, muito interessante, conhecemos durante os minutos de filme toda sua trajetória e torcemos por ele e até nos emocionamos com ele, mesmo sabendo que ele é o vilão, e este acredito que seja o grande triunfo do filme, conseguir com competência inverter os papéis, quebrando o arquétipo do vilão, e o transformando num ser adorável sem deixar de fazer maldades. Além dele, há seu amigo, o Criado, outro ser divertidíssimo, dono de cenas hilárias, e a doce repórter Roxanne, a mocinha muito bem inserida na trama, não sendo aquela chata que sempre é alvo, mas alguém que faz parte da história e até torcemos por ela.

A trilha sonora completa o show, com canções clássicas de AC/DC e Elvis Presley, até as instrumentais que fazem das cenas ainda melhores pelo sempre ótimo compositor Hans Zimmer. Além das locações, dos cenários, dos feitos, dignos de um filme de herói, uma animação caprichada que se esforça bem nas cenas de ação, além do 3D muito bem inserido no filme, que aliás, vale muito a pena vê-lo desta forma.

"Megamente" é uma animação, mais uma vez, indicada para todas as idades, logo que os já crescidos não se decepcionarão com toda a certeza! Um filme divertido, com boa piadas que faz rir fácil em todas as situações, além de um roteiro bem escrito que nunca se permite derrapar sempre tendo uma surpresa durante o longa, fugindo sempre do óbvio. Além de questões interessantes que o filme aponta, desde a ricularização que o personagem sofre na escola por ser diferente e como isso afetou toda sua vida, levantando aquela idéia de que os outros o transformaram num vilão, nos fazendo refletir sobre como nossa relação com outro pode lhe afetar, as maldades de algumas pessoas podem ser uma resposta daquilo que elas viveram. Além das clássicas, seja quem você é, o destino é você quem faz, tudo depende de suas escolhas, e aquilo que define o ser humano não é sua aparência, mas sim suas atitudes. Enfim, um belo filme, com boas intenções, que vale muito a pena ver! Recomendo, muito mais do que apenas entretenimento para um final de semana, mas um filme para se rever muitas outras vezes.

NOTA: 9,5

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Indicados ao Globo de Ouro 2011

Nesta terça-feira, dia 14, Califórnia, foram revelados os indicados ao Globo de Ouro 2011. Serão conhecidos os vencedores no evento que acontecerá dia 16 de Janeiro em Los Angeles. Façam as apostas!

Entre os favoritos, "A Rede Social" se saiu bem entre os indicados, assim como era previsto, e ficou com 6 indicações, assim como uma das surpresas "O Vencedor", novo longa de Mark Wahlberg, que chega no Brasil neste final de ano. Quem levou a melhor, foi o ainda inédito no país, "O Discurso do Rei" com 7 indicações. Sem muitas surpresas também, "Minhas Mães e Meu Pai" ficou com a indicação de Melhor Filme-Comédia, e as atrizes Julianne Moore e Annette Bening também foram lembradas, ambas na categora Melhor Atriz-Comédia. Um dos sucessos de 2010, "A Origem", felizmente, não foi esquecido, conquistando importantes indicações, como Melhor Filme, Roteiro e Diretor.

Vamos aos indicados...


Melhor Filme -Drama

A Origem
A Rede Social
Cisne Negro
O Vencedor
O Discurso do Rei


Melhor Filme -Comédia ou Musical

Minhas Mães e Meu Pai
Burlesque
O Turista
Red - Aposentados e Perigosos
Alice no País das Maravilhas (????!!!!)


Melhor Diretor

Christopher Nolan (A Origem)
David Fincher (A Rede Social)
Darren Aronofsky (Cisne Negro)
David O.Russel (O Vencedor)
Tom Hooper (O Discurso do Rei)


Melhor Roteiro

Aaron Sorkin (A Rede Social)
Christopher Nolan (A Origem)
Danny Boyle (127 Horas)
David Seidler (O Discurso do Rei)
Lisa Cholodenko e Stuart Blumberg (Minhas Mães e Meu Pai)


Melhor Atriz -Drama

Natalie Portman (Cisne Negro)
Nicole Kidman (Habbit Hole)
Michelle Williams (Blue Valentine)
Halle Berry (Frankie e Alice)
Jennifer Lawrence (O Inverno da Alma)


Melhor Atriz -Comédia ou Musical

Annette Bening (Minhas Mães e Meu Pai)
Julianne Moore (Minhas Mães e Meu Pai)
Anne Hathaway (Amor e Outras Drogas)
Emma Stone (A Mentira)
Angelina Jolie (O Turista)


Melhor Ator -Drama

Jesse Eisenberg (A Rede Social)
Ryan Gosling (Blue Valentine)
Colin Firth (O Discurso do Rei)
Mark Wahlberg (O Vencedor)
James Franco (127 Horas)


Melhor Ator -Comédia ou Musical

Jake Gyllenhaal (Amor e Outras Drogas)
Paul Giamatti (Minha Versão Para o Amor)
Johnny Depp (O Turista)
Johnny Depp (Alice no País das Maravilhas)
Kevin Spacey (Cassino Jack)



Melhor Atriz Coadjuvante


Amy Adams (O Vencedor)
Helena Bonham Carter (O Discurso do Rei)
Mila Kunis (Cisne Negro)
Melissa Leo (O Vencedor)
Jackie Weaver (Animal Kingdom)


Melhor Ator Coadjuvante

Andrew Garfield (A Rede Social)
Christian Bale (O Vencedor)
Jeremy Renner (Atração Perigosa)
Geoffrey Rush (O Discurso do Rei)
Michael Douglas (Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme)


Melhor Filme Estrangeiro

Biutiful (Espanha/Máxico)
O Concerto (França)
The Edge (Rússia)
I am Love (Itália)
In a Better World (Dinamarca)


Melhor Animação

Toy Story 3
Como Treinar Seu Dragão
Meu Malvado Favorito
O Mágico
Enrolados


Melhor Canção Original

Bound To You (Burlesque)
Coming Home (Country Strong)
I See the Light (Tangled)
There's a Place For Us (As Crônicas de Nárnia e o Peregrino da Alvorada)
You Haven't Seen the Last of Me (Burlesque)



Melhor Trilha Sonora

Alexandre Desplat (O Discurso do Rei)
Danny Elfman (Alice no País das Maravilhas)
A.R.Robin (127 Horas)
Trent Reznor (A Rede Social)
Hans Zimmer (A Origem)


As críticas já feitas aqui no blog dos indicados:

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Crítica: Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right, 2010)

Comédia Dramática dirigida por Lisa Cholodenko e com atuações brilhantes de Julianne Moore, Annette Bening e Mark Ruffalo. Filme que há pouco tempo estava em cartaz nos cinemas, trouxe às telas a vida de uma família nada convencional, no melhor do estilo "indie".

por Fernando Labanca

Bem recebido em festivais de Cinema como o Sundance e o de Berlim, é a mais nova pérola do circuito independente. O longa nos mostra a vida de uma família bem fora dos padrões, Laser (Josh Hutcherson) e Joni (Mia Wasikowska) chegaram ao mundo por inseminação artificial, atualmente com 16 e 17 anos, respectivamente, vivem bem ao lado das mães Jules (Moore) e Nic (Bening), um casal homossexual que para terem filhos resolveram opitar pela inseminação. Há anos vivendo como família, os quatro já não vivem como se fossem uma minoria, uma raridade e juntos contruiram uma família de verdade.

Até que, Joni, prestes a completar 18 anos, decide realizar um pedido de seu irmão, ir atrás do "pai", ou melhor, o doador de espermas. Ela consegue contato com ele e junto com Laser, marcam um encontro e finalmente conhecem aquele que os concebeu ao mundo, Paul (Ruffalo), um cara sem muitas responsabilidades, sem família, é dono de um restaurante e não se prende emocionalmente a ninguém. Jules e Nic, ao descobrirem o ocorrido, decidem trazê-lo para um almoço em família e conhecê-lo, antes que cresça uma união entre o estranho e os filhos sem seus conhecimentos. Nic, é uma médica e profissionalmente bem resolvida e é quem realmente sustenta a todos, enquanto Jules não consegue encontrar sua função e se perde em vários "bicos", e o da vez é como paisagista, eis que Paul, pede para ela o ajudar na elaboração de um jardim no fundo de sua casa. Se sentindo , enfim, como alguém importante, decide ajudá-lo, é quando por trás de sua família, começa a ter um caso com ele, e aos poucos, a entrada do desconhecido na vida dessas pessoas, começa a desestruturar toda a base sólida que eles construíram.



Com título original "The Kids Are All Right", o filme nos mostra que realmente os filhos estão bem. Remetendo a idéia de que muitos acreditam que uma união entre homossexuais pode abalar a estrutura de uma família, e o longa nos dá um outro ponto de vista, onde os problemas está nos adultos, por mais que os jovens tenham lá seus problemas, como qualquer outro, nada tem a ver com a relação dos pais, mas sim com suas vidas pessoais fora de casa. O que abala a estrutura são as escolhas mal feitas pelo casal, pelos erros cometidos, e não por serem homossexuais, mas por serem humanos, erros que qualquer um comete, falhas que podem exitir em qualquer outra família. Já o título nacional, bom, enfim, acho que não precisamos nem comentar, só mais uma pérola de criatividade daqueles que criam esses nomes!!

"Minhas Mães e Meu Pai" é interessante exatamente por isso, por mostrar conflitos bastante comuns, mas não como clichê ou falta de criatividade do roteiro, mas como forma de dizer: "Vejam, eles são normais!". Outro lado positivo é o fato de não ser mais um filme independente, aqueles com o carimbo "Sundance" e que não fogem da zona de conforto, geralmente comédias dramáticas, aclamadas por filme como "Pequena Miss Sunchine" e "Juno" e só por esses terem feito sucesso, os realizadores desse estilo, acharam a fórmula certa e não fogem dela. "Minhas Mães e Meu Pai", enfim, foge, dessa área de conforto, bebe em outra fonte, com um roteiro mais ousado e cenas, digamos, mais picantes, e atuações memoráveis. Claro, não chega a ser o novo "Miss Sunshine", mas é uma outra pérola do gênero, também digna de elogios.

O que mais marca no filme são definitivamente as atuações. Annette Bening retorna numa boa personagem, que adimito, não vi mais nada de sua carreira desde "Beleza Americana", e mais uma vez ela surpreende, com uma atuação notável e está sendo vista como possível indicada ao Oscar. Apesar do foco da mídia ter virado mais para Bening, ao meu ver, o destaque do longa fica para Julianne Moore, em mais uma atuação memorável da atriz, uma das mais competentes de sua geração, devido a ela, vemos cenas belíssimas e muito comoventes. Mark Ruffalo, impecável, uma de sua melhores performances. Mia Wasikowska, muito superior ao seu desempenho em Alice no País das Maravilhas, aqui ela reage as situações, consegue demostrar sentimentos e se sai muito bem, assim como Josh Hutcherson.

Um filme divertido, com um humor bastente sutil, mas que funciona, e um drama bem guiado pelas mãos de Lisa Cholodenko, comovente e emocionante em determinadas cenas. Vale mesmo pelas atuações, que foram uma das melhores esse ano, pela ótima química entre Julianne Moore e Annette Bening, que brilham na tela, num roteiro simples, mas que consegue passar sua mensagem. Recomendo.


NOTA: 9


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Crítica: A Rede Social (The Social Network, 2010)

Um dos filmes mais comentados dos últimos meses e vencedor de prêmios importantes na Associação Nacional de Críticos de Cinema dos Estados Unidos, incluindo Melhor Filme e Diretor, e citado como um dos favoritos para o Oscar 2011. "A Rede Social" tem a direção do aclamado David Fincher (O Curioso Caso de Benjamin Button) e conta com atuações marcantes de Jesse Eisenberg e Andrew Garfield.

por Fernando Labanca

O filme mostra a criação do Facebook, uma das redes sociais mais populares da internet, e mais do que isso, nos mostra como esses jovens por trás desse projeto se tornaram milionários tão cedo. Primeiramente, conhecemos os jovens intelectuais afim de muita badalação nos corredores de Harvard, dentre eles, está Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), mimado, folgado, grosseiro, inteligente e ao mesmo tempo, um verdadeiro babaca. É apaixonado por Erica (Rooney Mara), sua namorada, até que um dia ela resolve abandoná-lo, logo que percebeu o quão idiota ele é. Decepcionado com a situação, e ao mesmo tempo querendo levar a melhor, achando que estaria "virando o jogo" começa a humilhá-la em seu blog. Não suficiente, com a ajuda de seus amigos, inclusive de Eduardo Saverin (Andrew Garfield), seu colega de quarto, utilizando seus conhecimentos em criação de programas, cria na mesma hora um, onde buscando imagens das garotas da faculdade em redes sociais e hackeando a segurança de Harvard, tem o intuito de criar uma espécie de duelo entre desconhecidas, e os internautas escolheriam quais eram as melhores, o "facemash".


Com isso, Mark ganha notoriedade, principalmente da parte de três jovens, Tyler e Cameron Winklevoss (Armie Hammer) e Divya (Max Minghella) que buscavam conhecimento para criarem um grandioso projeto na internet e vão atrás do expert, que aceita o convite. Enquanto isso, Eduardo se vê envolvido com alguns grupos importantes da faculdade, coisa de Mark sempre quis, mas nunca conseguiu, e para resolver este problema se envolve neste projeto, acreditando se tornar um milionário e ser reconhecido pelos seus conhecimentos. Entretanto, ele não participa das reuniões da criação, e sem que os estudantes percebessem, Mark "rouba" as idéias deles e cria o "thefacebook".

Sem se importar com as consequências de seu ato, Mark acaba parando na justiça, acreditando que realmente não está errado, sem se importar com qualquer outro depoimento que não seja o seu. No presente, Eduardo leva Mark para a justiça para ter o que lhe é de direito sobre a criação do facebook, e para compreender como os dois amigos foram parar ali naquela discussão, o filme vai nos mostrando fatos do passado que os levaram até ali, desde a criação do projeto, as primeiras desavenças, até a chegada de Sean Parker (Justin Timberlake), um empreendedor sacana que vendo um futuro brilhante para o "facebook" começa a participar do projeto, influenciando diretamente nas escolhas de Mark.

"A Rede Social" é muito mais do que apenas a criação do facebook, é um retrato fial a juventude 2.0, aos novos tempos, os novos caminhos que a nova geração seguiu devido a tecnologia. Onde as relações se limitam a sites de relacionamento e quando os conflitos tem que ser resolvidos cara a cara, o ser humano falha, é quando vemos, então, a falta de caráter dos mesmos. O que mais impressiona nessa nova sociedade mostrada no filme, não é apenas a fragilidade das relações, mas o quão longe o homem vai para conquistar seus objetivos, indo contra seus próprios valores, valores como família, amizade, bondade, enfim, tudo o que denominamos de correto, são completamente ignorados. Os valores mudaram, e são assustadores, fama, dinheiro, nem que para tê-los seja preciso roubar, trair, mentir.

David Fincher acerta mais uma vez, construindo uma filmografia invejável. Há uma certa badalação em cima de seu nome recentemente, como provável indicado e quem sabe vencedor do Oscar no ano que vem. Não concordo com essas afirmações, "A Rede Social" definitivamente é um filme incrível, mas ao meu ver, diante das maravilhas que Fincher já realizou, este é o mais fraco. Se era para ter prêmios importantes em sua prateleira, deveria ter sido por outros trabalhos, e não por este, que ainda sim é ótimo, mas não inova em muitas coisas. O roteiro é simples, ajudado pelo fato de ser editado de forma não linear, onde os fatos do passado e presente são mesclados, enriquecendo o filme, e não permitindo que ele escorregue, se tornando algo atrativo e nos prende pela curiosidade de compreender o que realmente aconteceu.

O elenco ajuda ainda mais. Jesse Eisenberg está muito interessante na pele de Mark Zuckerberg, com trejeitos novos e bem diferentes de seus outros papéis, por outro lado, cria uma forma de falar bem complicada para aqueles que acompanham o filme com a legenda, extremamente rápida, comendo sílabas e principalmente vírgulas. Outro destaque é Andrew Garfield, que futuramente estará nos cinemas na pele do Homem Aranha, realiza um trabalho notável e seu personagem é de longe o mais interessante do filme e é por ele que torcemos e sofremos. Ainda temos Justin Timberlake, muito bem em cena, mais uma vez, Armie Hammer interpretando dois personagens, os gêmios, onde acreditamos facilmente que são dois atores diferentes, e participações de belas mulheres, como Rooney Mara, bastante interessante e Rashida Jones (ex- "The Office").

Um filme excelente, não tão bom quanto a mídia está citando. O fato de ter sido estreiado nesta época do ano favorece na seleção de prêmios por ser mais lembrado, se tivesse sido lançado no meio do ano, talvez teria sido ignorado, assim como os próprios criadores do "facebook" acreditavam. Um projeto muito bem realizado, com diálogos interessantes, sequências bem elaboradas e atuações notáveis, um filme acima de tudo, inteligente e marcante e nas mãos do diretor certo. Pode sim ser considerado "um dos" melhores do ano, mas não "o".

NOTA: 8.5

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Crítica: Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1 (Harry Potter and the Deathly Hallows Part 1, 2010)

Baseado na obra de J.K Rolling, dividido em duas partes para os cinemas, sendo que a segunda lançará no meio de 2011. A "Parte 1" chega batendo alguns recordes como a segunda maior abertura no ano. Uma continuação interessante que vale muito a pena ser conferida.

por Fernando Labanca

Antes de mais nada, não li o livro, portanto minha resenha se refere nada a mais que o filme em si, como adaptação infelizmente não poderei opinar. O que posso dizer com toda a certeza é que o longa agradará sim mesmo aqueles que não leram os livros assim como eu, mas que por algum motivo admiram os trabalhos cinematográficos em cima das obras.

Na sétima parte, muita coisa muda, mas a maior diferença é a ausência das aulas de magia e as sequências nos corredores de Hogwarts, a ação agora é externa. Prestes a completar 17 anos, Harry (Daniel Radcliffe), assim como todos os bruxos recebem a notícia de que o Ministério da Magia caiu, o que significa que uma guerra está prestes a começar. Assim, como ele, Hermione (Emma Watson) abandona sua família e juntamente com a Ordem da Fênix, bolam um plano para a segurança de Harry Potter. Eles os enviam para a "Toca", a casa dos Weasley. Entretanto, nesta fuga são atacados pelos Comensais da Morte, onde Edwiges e Olho-Tonto morrem.

Na toca, recebem a visita do Ministro da Magia (Bill Nighy), que entrega para Harry, Rony (Rupert Grint) e Hermione objetos que ele havia deixado para eles como testamento: para Rony, um apagador que absorvia toda luz presente assim como lhe mostrava a luz quando ela estava ausente, para Hermione, "Os Contos de Beedle, o Bardo", um livro e para Harry, o pomo de ouro que havia capturado em seu primeiro jogo de quadribol. Algumas horas depois, ocorrem alguns ataques no local, e para a segurança de todos, Harry se "teletransporta" para as ruas de Londres junto com seus fiéis amigos. Assim como foi guiado por Dumbledore a destruir a seis horcrux, pois só assim conseguiria destruir Valdemort, logo que são "pedaços"de sua alma, Harry traça sua missão, encontrá-las. Duas já haviam sido destruidas, pelo próprio Harry (em A Camera Secreta) e por Dumbledore (no Enígma do Príncipe) e quando começam a seguir algumas pistas descobrem a localização de mais uma, e para isso correm os maiores riscos e são perseguidos constantemente pelos Comensais.

Para se manterem seguros, começam a acampar em vários lugares, e com o passar do tempo, percebem que os objetos deixados por Dumbledore tinham um significado muito a maior e que por algumas razões, passam a guiá-los para o caminho certo, enquanto isso, surgem alguns conflitos entre eles onde a amizade é colocada a prova, como a desconfiança de Rony em Harry, por não aprovar sua forte união com Hermione e pelo fato deles correrem risco de vida por ele, sendo que o próprio não tem planos para o futuro e nem sabe ao certo como conquistar as coisas deseja.


Acima de tudo, uma ótima sequência. É difícil imaginar um filme que consegue chegar até a sétima parte e com o nível que Harry Potter chegou. Graças a base sólida deixada por Chris Columbus e todo o ambiente criado por ele e sua equipe, e para sequência de bons diretores que passou pelas mãos do projeto, difícil escolher qual o melhor de todos. Mas não há dúvidas de que David Yates (A Órdem da Fenix, O Enígma do Príncipe e As Relíquias da Morte) fez mais do que um excelente trabalho e contribuiu e muito para a saga do bruxo se tornasse um projeto grandioso.

"As Relíquias da Morte" iniciou muito bem esta parte final, deixou várias pontas soltas, mas ao mesmo tempo, houve uma divisão bem feita, onde houve conflitos suficientes para preencher o filme todo, não se tornando uma simples parte do final, mas sim, um filme completo da saga Harry Potter. Em falar em conflitos, devido a eles, o trio principal cresce e se tornam bem mais interessantes, o melhor desempenho dos atores em todos os filme. O fato de ser apenas uma parte do final e ter a duração de um filme normal, teve suas vantagens, o roteiro teve espaço para aproveitar melhor todas as situações, desde a profundidade dos personagens até um melhor desenvolvimento da trama, permitindo que a história ocorrece sem pressa, ao mesmo tempo, sem derrapar e sem cansar o público. E segundo aqueles que leram, foi um dos filmes mais fiéis a obra.

Trilha sonora do experiente Alexandre Desplat, faz um trabalho notável e bastante interessante, a fotografia é mais uma vez muito bela, assim como todas as locações e os efeitos visuais. Um visual deslumbrante, cheio de belas imagens e incríveis sequências, vale citar que o estilo que o diretor opitou é ainda mais dark. David Yates construiu um filme belíssimo, e mostrou uma outra concepção do que conhecemos por blockbusters, assim como as últimas sequências da saga. Um filme que não perde tempo com explosões e muitos efeitos visuais, mas se prende ao roteiro, numa boa elaboração das tramas, respeitando todos os públicos, aqueles que começaram a gostar da obra recentemente, até aqueles que cresceram vendo os filmes e que amadureceram, e hoje esperam um filme mais cabeça, e Harry Potter cresceu também, e tem condições de oferecer aqueles que assistem, conteúdo.

O foco desta parte é trio principal. Esqueça Hagrid (Robbie Coltrane), Severo Snape (Alan Rickman), Lucio (Jason Isaacs) e Draco Malfoy (Tom Felton), Bellatrix (Helena Bonham Carter, ótima), Gina (Bonnie Wright) e o vilão Valdemort (Ralph Fiennes, mais uma vez, irreconhecível). Estão presentes, mas aparecem bem pouco, quase como participações especiais. As novidades ficam com Rhys Ifans, como pai de Luna, e fundamental para a trama, e a participação do sempre ótimo Bill Nighy, e o retorno do simpático Dobby, o elfo doméstico. Um filme incrível, uma das melhores sequências da saga, para quem curte Harry Potter, dificilmente se decepcionará com esta parte. Recomendo.

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