quinta-feira, 30 de março de 2017

Crítica: Sete Minutos Depois da Meia-Noite (A Monster Calls, 2016)

Baseado no livro de Patrick Ness, "Sete Minutos Depois da Meia-Noite" é um exercício cinematográfico raro, de extrema beleza e de um encanto poucas vezes alcançado.

por Fernando Labanca

O diretor espanhol J.A. Bayona chamou a atenção de Hollywood com o excelente terror "O Orfanato" (2007). Anos depois comandou o drama "O Impossível" (2012), provando um talento por trás de histórias fortes, conseguindo ainda usufruir de forma eficiente ótimos efeitos visuais. Enquanto se assiste este seu novo trabalho, não resta dúvidas de que ele - vencedor do prêmio de Melhor Direção no último Goya - era o profissional ideal para dar vida a uma trama tão especial e ainda assim, de inúmeras dificuldades. Nada é fácil aqui e o diretor (e toda sua fantástica equipe) conseguiu criar soluções inovadoras, sem jamais esquecer a beleza de cada instante e o impacto que tudo aquilo teria naquele que assiste. A verdade é que existe beleza em cada frame, em cada personagem, em cada diálogo. É aquele produto feito puramente de coração e isso nos atinge de forma intensa, porque nada ali soa gratuito ou sem um grande conceito por trás. Tudo vem de forma honesta e profunda. Acima de qualquer avaliação que o filme vem a receber, estamos diante de algo lindo, mágico e inspirador.


quinta-feira, 23 de março de 2017

Crítica: Quase 18 (The Edge of Seventeen, 2016)

Filmes com adolescentes e para adolescentes sempre são encarados com um certo preconceito por parte do público que acredita que não há inteligência neste subgênero. "The Edge of Seventeen" vem com um roteiro incrível para provar que ainda há espaço para um cinema teen de qualidade.

por Fernando Labanca

Ano passado, quando a obra foi lançada em alguns festivais começou um certo burburinho, além das premiações que começou a receber, na maior parte delas entregues à diretora debutante Kelly Fremon Craig. Foi então que comecei a me questionar sobre o que haveria de tão bom em um filme teen que parece debater os mesmos assuntos de sempre. Que delícia então me deparar com "The Edge of Seventeen" e me surpreender por sua alta qualidade, me surpreender pelos temas que aborda e pela maturidade com que soluciona seus tantos conflitos. Não é sempre que o cinema nos presenteia com obras como esta, com todo o frescor de um produto jovem e que em nenhum momento subestima nossa inteligência.


quinta-feira, 16 de março de 2017

Crítica: É Apenas o Fim do Mundo (Juste la Fin du Monde, 2016)

Apesar de não ter sido bem recebido pelos críticos de Cannes - Festival onde foi exibido ano passado - o longa saiu vitorioso com o Grande Prêmio do Júri. "É Apenas o Fim do Mundo" marca o retorno do jovem diretor Xavier Dolan e se destaca pelo belíssimo elenco que conseguiu reunir em seu tão controverso drama familiar. 

por Fernando Labanca

Baseado na peça de teatro de Jean-Luc Lagarce, o filme nos revela a conturbada relação de uma família disfuncional que precisa lidar com o retorno de um dos filhos. Louis (Gaspard Ulliel) é um escritor que depois de doze anos afastado resolveu voltar e reencontrar sua mãe (Nathalie Baye) e seus irmãos (vividos por Vincent Cassel e Léa Seydoux) para dizer que sofre de uma doença e está prestes a morrer. O retorno não é nada fácil e no meio a tanta brutalidade e palavras não ditas, Louis se vê cada vez mais distante de realizar o que pretendia.


quinta-feira, 2 de março de 2017

Crítica: Moonlight - Sob a Luz do Luar (Moonlight, 2016)

Com visual impactante e uma trama repleta de simbolismos, "Moonlight" fala sobre preconceito, rejeição e sobre aceitação própria. Um relato duro, porém necessário. 

por Fernando Labanca

Apesar da gafe histórica da cerimônia do Oscar e todas as polêmicas ao redor de sua premiação, "Moonlight" mereceu o tão almejado troféu de Melhor Filme e tal acontecimento é extremamente relevante em nosso tempo. É lindo ver uma obra composta por atores negros e que aborda temas como preconceito e homossexualidade sendo celebrada. Mais do que representatividade, é um espaço que se abre para tantas discussões necessárias. O diretor Barry Jenkins conduz tudo de forma fascinante e ao assinar o roteiro - também premiado com o Oscar - encontra saídas inovadoras para traduzir sentimentos tão delicados e por muitas vezes indecifráveis, além de realizar um belo e profundo estudo de personagem. Dividido em três capítulos - Little, Chiron e Black - vemos na tela a construção de um indivíduo e todo o processo de aceitação que precisa enfrentar. A árdua jornada de alguém que busca descobrir quem é mesmo vivendo em um mundo que o rejeita constantemente. Mesmo vivendo de desejos que ele mesmo renega. Vivendo e sentindo a culpa de algo que não entende.


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