domingo, 19 de dezembro de 2010

Crítica: O Mundo Imaginário do Dr.Parnassus (The Imaginarium of Doctor Parnassus, 2009)

O mais recente filme do visionário diretor Terry Gilliam, e também o último filme de Heath Ledger. Um belo filme que marca o adeus a este grande ator, que mais um vez, se envolveu no projeto certo, com cenas encantadoras e um roteiro bem original, muito raro nos dias de hoje.

por Fernando Labanca

O filme teve várias complicações para ser finalizado, a principal delas foi a morte de Ledger, que tinha um personagem de bastante destaque na trama, para finalizá-lo, a história foi modifcada e outros atores entraram para suprir sua falta, Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell. O roteiro deu uma grande manobra e acaba que sendo convincente a entrada de outros atores, devido também ao fato da trama ter a imaginação como centro de tudo.

Na história, conhecemos o Dr.Parnassus (Christopher Plummer), um homem que tem o dom de dominar a imaginação das pessoas, e com sua trupe de teatro itinerante, ele viaja para alguns locais e atravéz de um espelho, o público entra e se depara com um novo mundo, um mundo guiado por suas próprias ilusões. Nesta sua equipe está seu fiel amigo e anão Percy (Verne Troyer), o mágico Anton (Andrew Garfield) e sua filha Valentina (Lily Cole).

Porém, por trás dessa magia há uma trágica história. Há muitos anos atrás, Parnassus fez um pacto com o Diabo para ter a vida eterna, depois de muitos anos, ele percebe que ser imortal pode lhe impedir de ter uma vida normal, principalmente quando se apaixona, e decide novamente fazer um pacto com ele, ter uma vida normal e envelhecer como todos os outros, mas isso teria um custo, em troca, Parnassus teria que dar a alma de sua filha quando completasse dezesseis anos. Até que, quando, Valentina estava prestes a completar a idade, o Diabo (Tom Waits) retorna com uma nova aposta, o valor seria cinco almas, se Parnassus conseguisse essas cinco almas, teria sua filha de volta, caso contrário, teria que entregar a alma dela. Eis que certa noite, a trupe se depara com um homem, Tony (Heath Ledger), um ser misterioso que não lembrava mais de sua vida e passa a ajudá-los nas apresentações, porém, aos poucos seu passado vai aparecendo, é quando Parnassus percebe que sua presença pode ter um motivo muito mais significativo.



Um filme surpreendente, visualmente falando. Recheado de belas sequências, onde a imaginação das personagens toma conta da tela, e temos o privilégio de presenciar imagens deslumbrantes, cheias de cores e detalhes, com uma fotografia belíssima e efeitos especiais interessantes. Tudo é possível em "O Mundo Imaginário", a realidade é esquecida e facilmente entramos neste universo e fazemos questão de nos deixar levar, a história não é nada convencional e naquele instante acreditamos nas estranhezas do roteiro brilhante, também de Terry Gilliam.

Quando a personagem de Heath Ledger entra no espelho e se depara com sua imaginação, é quando os outros atores entram em cena, não faz tanto sentido assim, mas como havia dito anteriormente, o roteiro permite que tais inovações sejam feitas. Até ai tudo bem, o problema mesmo fica no final, onde seu personagem tão interessante se perde completamente na trama. Sim, o final do filme é bom e vale a pena, mas para despistar a ausência do ator, o final do personagem não foi dos melhores.

O elenco está impecável. Christopher Plummer, ótimo na pele de Dr.Parnassus, toda a tristeza e melancolia diante dos fatos de sua vida são muito bem expressadas pelo ator. Heath Ledger é quem se sai melhor na pele de Tony, mais uma vez com uma atuação surpreendente, enche a tela com seu carisma e versatilidade. As escolhas de Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell foi bem feita, Farrell é quem permanece mais no filme e acaba tendo mais destaque, mas a melhor atuação é de Depp, mas não dura muito e assim como Law tem a duração de uma cena. O longa ainda trás duas grandes revelações, Andrew Garfild, que atualmente está em cartaz com "A Rede Social" e está sendo indicado a alguns prêmios, se sai muito bem e definitivamente tem a melhor atuação do filme e seu personagem, o mais agradável. Lily Cole surpreende, a novata com personagem de destaque, é quase uma protagonista e consegue dar o recado e prova seu talento.

"O Mundo Imaginário de Dr.Parnassus" é mágico, nos leva a um novo mundo. Por algumas vezes este mundo não é tão agradável assim, em algumas passagens o longa dá umas escorregadas e se torna um pouco cansativo e o excesso de detalhes nas cenas acaba incomodando, não sabemos exatamente para onde olhar, uma espécie de poluição visual, por mais que sejam belas, algumas vezes são exageradas. Mais ainda sim, vale muito a pena, não é só o último filme de Heath Ledger, nem só mais um filme de fantasia, é um filme diferente de tudo, inova na trama, na construção das personagens, nos figurinos e cenários inusitados. Cheio de belas e adoráveis sequências, diálogos rápidos e inteligentes, tudo bastante teatral, mas tudo com muita qualidade. Vale a pena conferir este mundo imaginário.

NOTA: 8

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