quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Crítica: Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1 (Harry Potter and the Deathly Hallows Part 1, 2010)

Baseado na obra de J.K Rolling, dividido em duas partes para os cinemas, sendo que a segunda lançará no meio de 2011. A "Parte 1" chega batendo alguns recordes como a segunda maior abertura no ano. Uma continuação interessante que vale muito a pena ser conferida.

por Fernando Labanca

Antes de mais nada, não li o livro, portanto minha resenha se refere nada a mais que o filme em si, como adaptação infelizmente não poderei opinar. O que posso dizer com toda a certeza é que o longa agradará sim mesmo aqueles que não leram os livros assim como eu, mas que por algum motivo admiram os trabalhos cinematográficos em cima das obras.

Na sétima parte, muita coisa muda, mas a maior diferença é a ausência das aulas de magia e as sequências nos corredores de Hogwarts, a ação agora é externa. Prestes a completar 17 anos, Harry (Daniel Radcliffe), assim como todos os bruxos recebem a notícia de que o Ministério da Magia caiu, o que significa que uma guerra está prestes a começar. Assim, como ele, Hermione (Emma Watson) abandona sua família e juntamente com a Ordem da Fênix, bolam um plano para a segurança de Harry Potter. Eles os enviam para a "Toca", a casa dos Weasley. Entretanto, nesta fuga são atacados pelos Comensais da Morte, onde Edwiges e Olho-Tonto morrem.

Na toca, recebem a visita do Ministro da Magia (Bill Nighy), que entrega para Harry, Rony (Rupert Grint) e Hermione objetos que ele havia deixado para eles como testamento: para Rony, um apagador que absorvia toda luz presente assim como lhe mostrava a luz quando ela estava ausente, para Hermione, "Os Contos de Beedle, o Bardo", um livro e para Harry, o pomo de ouro que havia capturado em seu primeiro jogo de quadribol. Algumas horas depois, ocorrem alguns ataques no local, e para a segurança de todos, Harry se "teletransporta" para as ruas de Londres junto com seus fiéis amigos. Assim como foi guiado por Dumbledore a destruir a seis horcrux, pois só assim conseguiria destruir Valdemort, logo que são "pedaços"de sua alma, Harry traça sua missão, encontrá-las. Duas já haviam sido destruidas, pelo próprio Harry (em A Camera Secreta) e por Dumbledore (no Enígma do Príncipe) e quando começam a seguir algumas pistas descobrem a localização de mais uma, e para isso correm os maiores riscos e são perseguidos constantemente pelos Comensais.

Para se manterem seguros, começam a acampar em vários lugares, e com o passar do tempo, percebem que os objetos deixados por Dumbledore tinham um significado muito a maior e que por algumas razões, passam a guiá-los para o caminho certo, enquanto isso, surgem alguns conflitos entre eles onde a amizade é colocada a prova, como a desconfiança de Rony em Harry, por não aprovar sua forte união com Hermione e pelo fato deles correrem risco de vida por ele, sendo que o próprio não tem planos para o futuro e nem sabe ao certo como conquistar as coisas deseja.


Acima de tudo, uma ótima sequência. É difícil imaginar um filme que consegue chegar até a sétima parte e com o nível que Harry Potter chegou. Graças a base sólida deixada por Chris Columbus e todo o ambiente criado por ele e sua equipe, e para sequência de bons diretores que passou pelas mãos do projeto, difícil escolher qual o melhor de todos. Mas não há dúvidas de que David Yates (A Órdem da Fenix, O Enígma do Príncipe e As Relíquias da Morte) fez mais do que um excelente trabalho e contribuiu e muito para a saga do bruxo se tornasse um projeto grandioso.

"As Relíquias da Morte" iniciou muito bem esta parte final, deixou várias pontas soltas, mas ao mesmo tempo, houve uma divisão bem feita, onde houve conflitos suficientes para preencher o filme todo, não se tornando uma simples parte do final, mas sim, um filme completo da saga Harry Potter. Em falar em conflitos, devido a eles, o trio principal cresce e se tornam bem mais interessantes, o melhor desempenho dos atores em todos os filme. O fato de ser apenas uma parte do final e ter a duração de um filme normal, teve suas vantagens, o roteiro teve espaço para aproveitar melhor todas as situações, desde a profundidade dos personagens até um melhor desenvolvimento da trama, permitindo que a história ocorrece sem pressa, ao mesmo tempo, sem derrapar e sem cansar o público. E segundo aqueles que leram, foi um dos filmes mais fiéis a obra.

Trilha sonora do experiente Alexandre Desplat, faz um trabalho notável e bastante interessante, a fotografia é mais uma vez muito bela, assim como todas as locações e os efeitos visuais. Um visual deslumbrante, cheio de belas imagens e incríveis sequências, vale citar que o estilo que o diretor opitou é ainda mais dark. David Yates construiu um filme belíssimo, e mostrou uma outra concepção do que conhecemos por blockbusters, assim como as últimas sequências da saga. Um filme que não perde tempo com explosões e muitos efeitos visuais, mas se prende ao roteiro, numa boa elaboração das tramas, respeitando todos os públicos, aqueles que começaram a gostar da obra recentemente, até aqueles que cresceram vendo os filmes e que amadureceram, e hoje esperam um filme mais cabeça, e Harry Potter cresceu também, e tem condições de oferecer aqueles que assistem, conteúdo.

O foco desta parte é trio principal. Esqueça Hagrid (Robbie Coltrane), Severo Snape (Alan Rickman), Lucio (Jason Isaacs) e Draco Malfoy (Tom Felton), Bellatrix (Helena Bonham Carter, ótima), Gina (Bonnie Wright) e o vilão Valdemort (Ralph Fiennes, mais uma vez, irreconhecível). Estão presentes, mas aparecem bem pouco, quase como participações especiais. As novidades ficam com Rhys Ifans, como pai de Luna, e fundamental para a trama, e a participação do sempre ótimo Bill Nighy, e o retorno do simpático Dobby, o elfo doméstico. Um filme incrível, uma das melhores sequências da saga, para quem curte Harry Potter, dificilmente se decepcionará com esta parte. Recomendo.

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