Comemorando o 50º aniversário da mais longa série do cinema, "James Bond" chega nas telas com seu vigésimo terceiro filme, sendo o terceiro com Daniel Craig na pele do agente. Nada mais justo que contratar um diretor competente para tal celebração, Sam Mendes, o nome por trás de obras-primas como "Beleza Americana", "Foi Apenas um Sonho" e "Estrada Para Perdição", realiza aqui o que muitos apontam como o melhor de toda a série, mais do que isso, Mendes faz de 007 um dos melhores filmes do ano.
por Fernando Labanca
Ok, confesso. Sou a pior pessoa para analisar algum filme de James Bond, nunca fui fã, muito pelo contrário, sempre fugi desta série, nunca entendi o porquê dela ser tão longa e o porquê o cinema ainda apostar nela. Eis que nos últimos anos, com a entrada de Daniel Craig, tudo pareceu ter dado uma repaginada, e fui aos poucos o enxergando com um filme de ação assistível. Em 2012 quando lançado o tão esperado trailer de "Skyfall", pensei comigo mesmo...por que não? Foi então que decidi ir atrás do prejuízo, assití o mínimo que precisava para entender o novo filme, "Cassino Royale" e "Quantum of Solace". Para minha surpresa, queimei minha língua, os dois filmes me surpreenderam de forma bastante positiva, principalmente o primeiro e toda sua história bem elaborada e incríveis cenas de ação, e claro, tinha a presença estonteante de Eva Green. Portanto, este é ainda meu terceiro de toda a série, quem sou eu para compará-lo com os demais? Dentre os três, é de longe, o melhor...fato! Vou tentar analisá-lo de forma isolada, pois no fundo, é isso o que "Skyfall" é, um novo filme de James Bond, sem muita ligação com que já fora feito até aqui, é o primeiro passo para uma nova jornada. Sam Mendes faz deste filme o que Paul Greengras fez com o gênero ação ao lançar os dois últimos filmes de Jason Bourne e, principalmente, o que Chris Nolan fez com o Batman na sua nova saga, aliás, tem nítida inspiração na trilogia de Nolan.
O filme já inícia com uma grandiosa cena de ação, como de costume, aquela introdução básica, no entanto, aqui somos surpreendidos, quando o plano dá errado e James Bond (Craig) é dado como morto. Isolado numa ilha, ele descobre através de noticiários os novos acontecimentos onde a vida de M (Judi Dench) corre perigo. Ela, que perdeu um HD contendo informações secretas como o nome dos agentes infiltrados em células terroristas, passa a ser perseguida, onde este vilão trascende o real, é um hackeador mestre capaz de controlar tudo o que deseja. Bond, então, retorna, pela nação a quem sempre protegeu e por M. Ele, com a ajuda da agente Eve (Naomi Harris) cruza o planeta afim de encontrar o ladrão, e acaba se deparando com Silva (Javier Bardem), um ex agente do MI6, que tem além do poder de controlar tudo, a sede de vingança dos anos em que trabalhou lá, trazendo a tona segredos não revelados do passado e fazendo Bond se questionar sobre sua escolhas.
A palavra que define "Operação Skyfall" é surpreendente. A história é boa, convence, havia muito tempo em que não me deparava com um filme de ação como este, com direito a espionagem e cenas de perseguição de deixar o queixo caído, tudo com um propósito, o roteiro que conseguiu organizar tantas ideias, construir personagens tão bons que diferente de outros filmes do gênero, não eram apenas peças no tabuleiro. Surpreende a cada passo que a trama segue, desde as primeiras cenas fugindo da previsibilidade, onde o mocinho falha e James Bond deixa de ser o herói indestrutível e robótico, e o vilão tão complexo que nos confunde, já não sabemos do que ele é capaz e de como todo aquele jogo irá terminar. Parece haver um padrão para os filmes de 007 e "Skyfall" consegue quebrar com todos eles. Surpreende ainda pelos pequenos detalhes, como quando Q (Ben Whishaw) zomba de Bond ao dizer se ele esperava uma caneta que explodia, ou quando o caseiro (Albert Finney) lhe entrega um canivete mesmo quando ainda possuía enormes e potentes armas de fogo, momentos que também definem este novo filme, onde todo o roteiro parece caminhar para eles, como quando M é questionada sobre estar velha demais para fazer o que faz, "Operação Skyfall" é uma celebração do antigo, dos velhos modos, e mesmo com uma nova roupagem, novos artifícios para conquistar um novo público, jamais se esquece daqueles que o seguiram durante estes vinte e três filmes, mais do que isso, usa este discurso como prova de que o experiente também é capaz de inovar, e mesmo depois de tantos anos, 007 ainda tem espaço no cinema, e toda a equipe envolvida neste projeto, conseguiu, em 146 minutos, provar isso.
O que chama ainda a atenção é sua elegância, do humor refinado aos diálogos rápidos e muito bem elaborados, ao seu visual, com bons efeitos visuais, fotografia impecável, imagens encantadoras, os cenários, as incríveis locações que fazem de 007 ganhar uma proporção ainda maior, dos automóveis, figurinos, enfim, elementos tão bem cuidados que não tinha como dar errado. É interessante o cuidado da produção com o visual, querendo ou não, fazem a diferença e com as mãos de Sam Mendes o resultado é ainda mais positivo, pois ele transforma cada cena em eventos grandiosos. Ainda temos, o clipe de introdução, dessa vez ao som de Adele, muito boa a canção e as imagens que surgem ao fundo são de um primor admirável, assim como todo o filme.
Os atores tiverem ainda mais chance neste novo 007. Daniel Craig, no entanto, não tem muito o que fazer ali a não ser o de sempre, convence como agente, durão, mas são os coadjuvantes que se destacam. Naomie Harris surge belíssima, muito diferente do que conhecemos, a eterna Tia Dalma de Piratas do Caribe, é carismática e faz bonito em cena. Judi Dench é Judi Dench, sempre incrível, não há nem muito o que discutir, parece se divertir na pele de M, mas dessa vez trás um tom mais sério a sua personagem, ganhando mais destaque na história e realizando grandes cenas. Do elenco, ainda encontramos astros do cinema britânico como Albert Finney, Ralph Fiennes, Ben Whishaw e Helen McCrory, todos ótimos. Porém, quem acaba roubando a cena é o vilão, o grandioso vilão, Javier Bardem, totalmente transformado, o ator surpreende, trás humor e complexidade e eleva ainda mais o nível da produção.
"Operação Skyfall" é um marco, definitivamente. Uma obra que merece ser vista, para quem gosta de espionagem e cenas de ação não se decepcionará, o filme oferece o que há de melhor em tudo isso, as cenas são incríveis, um conjunto de efeitos visuais e sonoros, direção extremamente competente, somado a uma trilha sonora que faz a diferença, assinada por Thomas Newman. Recomendo também para aqueles que nunca acompanharam 007, é um novo início que merece uma chance. Recomendo, acima de tudo, para aqueles que admiram uma obra de qualidade, um filme de ação raro, daqueles que surgem de tempos em tempos, onde há profundidade nos personagens, há atores decididos a fazer algo muito além do mesmo, há um roteiro bem escrito e um diretor, que definitivamente, não brinca em serviço, sabe o que faz e faz muito bem, porque fazer o que Sam Mendes fez aqui, não é para qualquer um. Não sei dizer se é o melhor da série, mas sei dizer, com toda a certeza, é um dos melhores filmes deste ano.
O filme deve ser realmente muito bom, pra você mudar sua opinião sobre a série.
ResponderExcluirAcebei de rever Cassino Royale e continuo na mesma, Danie Craig não merece esse papel ilustríssimo de charme e poder. Gosto dele, ele é bom, charmoso, não fez muitos filmes, então seu rosto não é gasto, convence em todos os papéis, menos como Bond. Mas apesar do meu preconceito, vou dar uma chance e assistir Skyfall. Aguarde minha opinião...
Ae Camila! Obrigado pelo comentário!!
ResponderExcluirÉ q eu também já gostava do Daniel Craig antes de ver 007, já ví vários outros trabalhos dele e tem me surpreendido a cada filme. Mas confesso q Craig é o de menos em Skyfall, há tanta coisa boa e acredito que mesmo não gostando tanto dele, será difícil não gostar do filme!
prefiro cassino royale....
ResponderExcluirÉ até um crime colocar um cara tão gostoso como o Daniel nesse papel! Hipnotizada!! @.@
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