sexta-feira, 28 de junho de 2013

Crítica: A Escolha Perfeita (Pitch Perfect, 2012)

Enquanto grande parte dos musicais que chegam aos cinemas são adaptações da Broadway e contam com uma mega produção, "A Escolha Perfeita", que por sua vez não encontrou seu público aqui no Brasil, funciona quase como um escape do próprio gênero, ignorando canções cultuadas, se entregando ao popular e não tendo vergonha disso, dando espaço a música contemporânea, lhe dando uma importância que quase nunca é reconhecida. Simples e original, uma nova forma de encarar os musicais!

por Fernando Labanca

Em um colégio norte-americano, diversos grupos "educacionais" são formados, não apenas para ocupar o tempo dos jovens, serve também como um grande medidor de popularidade, nascendo assim, uma inevitável rivalidade entre os estudantes. É neste cenário assustador que Beca (Anna Kendrick) precisa ficar e provar para seu pai que é capaz de se envolver em algo, não focando apenas em seu sonho distante, ser DJ e produtora musical em Los Angeles. Como forma de encarar e aceitar aquela sua nova realidade, se perde num grupo de garotas que cantam acapella, The Barden Bellas, cantando música pop e tendo os sons da boca como único auxílio instrumental. Entretanto, a líder, Aubrey (Anna Camp) é uma louca obsessiva por seu trabalho e devido a um grande desastre em sua última apresentação, recruta diversas garotas novas no colégio para superar seu passado e sair finalmente vencedora da competição anual. Percebendo, porém, o quão presa no passado a líder está, Beca decide inovar em suas apresentações, indo contra a própria Aubrey e dando um novo ânimo ao grupo com seus mashups. Outro problema surge, quando Beca se envolve com Jesse (Skylar Astin), do grupo rival. 


A garota descolada que não se encaixa mas aos poucos se vê enturmada, a garota que se apaixona pelo cara do grupo rival, a megera loira que não aceita opiniões contrárias, enfim, diversos clichês que já passaram por qualquer trama juvenil norte-americana. É então que o bom roteiro se apropria de tudo isso, comanda bem cada estereótipo, exagera até, faz piada da própria ideia, entende o quão bizarro tudo isso é. Previsível, mas interessante, que nos prende, não só pelas canções, mas também por seus bons personagens. Tem boas referências como o clássico de John Hughes, "O Clube dos Cinco", em uma sutil homenagem com a canção "Don't You (Forget About Me)" do Simple Minds e ignora, para seu bem, a maneira tradicional como são guiados os atuais musicais no cinema, sem ser pretensioso, sem a intenção de impactar visualmente, é um filme para um final de semana, feito na medida certa para divertir, é comédia pura e das boas, com diálogos rápidos e bem pensados, o humor surge, por vezes, quase como um improviso, destacando assim, o elenco jovem e totalmente empenhado em fazer o melhor, criando uma boa química entre todos e surpreendendo na voz e nas performances em cima do palco. 

A diferença deste filme para os outros musicais também está na forma como nos são apresentadas as canções, através da acapella, não necessitando de instrumentos, apenas das vozes do elenco. E assim, com este inusitado e interessante recurso, presenciamos cenas fantásticas, por mais simples que sejam, é tudo muito bonito e incrível de ver e ouvir, nos fazendo querer cantar junto a cada nova canção, como os ótimos mashups feitos na "Competição Final", com direito a Jessie J, B.o.B, Bruno Mars entre outras revelações do mundo pop atual ou a divertida competição de improvisos, com uma deliciosa mistura de gêneros, valendo destacar também a rápida apresentação de Anna Kendrick com "Cups (When I'm Gone)" e sua habilidade em fazer sons com copos. Nada disso seria possível, sem o esforço do elenco, que não desapontam na voz e nem na atuação. Como foi bom ver a adorável Kendrick se jogar no meio desse projeto, é tão interessante o fato dela não se encaixar neste tipo de filme, mas se adapta, assim como sua personagem e no final a vemos toda desenvolta em cima do palco, soltando a voz. Rabel Wilson é outro destaque, é naturalmente engraçada e surpreende também ao se entregar ao musical. Skylar Astin é extremamente carismático e com certeza tem uma das melhores vozes do elenco. Vemos ainda Brittany Snow, Anna Camp e boas participações de John Michael Higgins e Elizabeth Banks, que também produz o filme.

"A Escolha Perfeita" fora baseado no livro de Mickey Rapkin e conta com a direção de Jason Moore, novato no cinema, acostumado com séries de TV, ele acaba que limitando grande parte das cenas, as fazendo parecer retiradas de um seriado mesmo. Há cenas bem bizarras e de qualidade bem suspeitas, no entanto, o roteiro e o elenco parecem acreditar tanto naquilo e nos convencem, entretém facilmente e conquista com sua simplicidade quase que nostálgica. É daqueles que nos fazem ficar com um sorriso bobo no rosto o filme inteiro, se deliciando pelas sequências e principalmente pelas canções selecionadas. É sobre, basicamente, adaptação, sobre Beca querer provar para seu pai e para si mesma que é capaz de sentir as coisas, se sentir parte de algo, se envolver, mesmo que para isso ela precise fazer aquilo que jamais imaginou fazer, em sua oposição, Aubrey, tão presa ao passado e as tradições, acreditando que apenas assim seria respeitada por seu pai, no entanto para ser vencedora, era necessário se adaptar ao novo, ou seja, Beca precisava ser um pouco Aubrey para se adaptar e Aubrey precisava ser um pouco Beca para seguir em frente. Previsível, mas ousado até, divertido e envolvente, uma ótima escolha para um final de semana. Recomendo. 

NOTA: 8



2 comentários:

  1. Adorei o filme, adorei as canções,os atores escolhidos e a história. Está na minha lista "ver de novo nas férias"

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    1. O filme é mto adorável mesmo! Já vi duas vezes e não me importaria de ver outra vez! Gosto bastante das músicas e dos atores tbm!

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