terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Os Melhores Filmes de 2015


Demorou, mas finalmente consegui postar sobre os melhores filmes de 2015. E neste TOP 20, tentei reunir o que mais gostei neste ano que passou, foi bem difícil selecionar e infelizmente acabei deixando outras obras de fora. Mas antes, uma breve retrospectiva do que rolou no mundo do cinema durante esses últimos doze meses.


por Fernando Labanca

Foi um ano estranho, na verdade. Foi o ano dos reboots e dos remakes. Falta de originalidade? Conquistar novos fãs, um novo público? Não sabemos, mas é bizarro pensar que tivemos Star Wars, Jurassic World, Mad Max, O Exterminador do Futuro, Poltergeist, Cinderela, Peter Pan, Férias Frustradas entre outros filmes que tentaram uma nova chance nas telas grandes. Alguns funcionaram, outros não. Também podemos dizer que foi o ano dos trailers, dos teasers, dos teasers dos trailers, dos teasers dos teasers dos trailers. E dos "trailers vazados". Uhum. "Minions", "Vingadores: Era de Ultron", "Homem-Formiga" e algumas produções de 2016 como "Esquadrão Suicida" e "Batman Vs. Superman" inundaram as redes sociais. Isso é ruim porque acabam elevando uma expectativa que nunca é cumprida. 

Tivemos também algumas sequências. Daniel Craig encerrou sua passagem de 007 no morno "Contra Spectre". Vimos o fim sem sal de "Jogos Vorazes: A Esperança", a continuação forçada de "Insurgente" e a equilibrada e ainda empolgante "Maza Runner: Prova de Fogo". Beca e suas amigas retornaram no divertido (e desnecessário) "A Escolha Perfeita 2", Channing Tatum descamisado retornou em "Magic Mike XXL" e os carros envenenados surgiram novamente em "Velozes e Furiosos 7". Dentre as adaptações, "Cidades de Papel" superou o livro de John Green e "O Pequeno Príncipe" ganhou uma belíssima versão animada. Tivemos ainda o romance clichê "Simplesmente Acontece" e "Cinquenta Tons de Cinza" que lotou as salas de cinema.

A premiação do Oscar, mais uma vez, nos revelou algumas produções interessantes, como "Livre", "A Teoria de Tudo" e "Foxcatcher - Uma História Que Chocou o Mundo". Em 2015, também tivemos o retorno de alguns diretores consagrados como Tim Burton, realizando uma obra menor, com "Grandes Olhos", Paul Thomas Anderson de volta às comédias com "Vício Inerente", David Cronemberg com o bizarro "Mapas Para as Estrelas". Cameron Crowe prometeu, mas não cumpriu com seu insosso "Sob o Mesmo Céu", assim como Robert Zemeckis que só acertou nos efeitos especiais com "A Travessia". Guillermo Del Toro retorna ao terror fantasioso com "A Colina Escarlate" e M.Night Shyamalan surpreende com seu interessante "A Visita". Angelina Jolie continua tentando, mas ainda não acertou completamente em "Invencível", diferente dos veteranos Roman Polanski que encanta com "A Pele de Vênus" e Gaspar Noé que retorna ainda mais polêmico com o excelente "Love 3D". E claro, ainda tivemos Woody Allen com seu "Homem Irracional".

Em 2015 tivemos de tudo. O Netflix invadiu o cinema com "Beasts of No Nation". Teve romance com "A Incrível História de Adaline" e muita ação na comédia "A Espiã que Sabia de Menos". A música também teve sua vez em "Não Olhe Para Trás", "Ricki and The Flash" e "Straigh Outta Compton". Tivemos ainda muita comida em "Pegando Fogo", batalhas visualmente impactantes com "Macbeth - Ambição e Guerra", espionagem com o estiloso "O Agente da U.N.C.L.E", boa aventura com "Tomorrowland", tensão com "Sicário - Terra de Ninguém" e "O Presente" e emoção com "As Sufragistas", "Nocaute" e "No Coração do Mar". Para fechar, sorrisos leves no rosto com "O Senhor Estagiário" e muitas lágrimas escorrendo com "Já Estou com Saudades".

Vamos ao TOP 20...Lembrando que são citados somente os filmes que foram lançados no Brasil em 2015, independente do ano em que estrearam em seus respectivos países de origem. 


MENÇÕES HONROSAS: Não poderia falar de 2015 e não falar de um de seus momentos mais épicos e mais esperados, o lançamento de "Star Wars - O Despertar da Força", onde apesar de possuir alguns erros, J.J. Abrams não decepcionou os fãs. "Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros" também merece destaque por conseguir, no meio da tanta nostalgia, respeitar o clássico e ainda assim construir um filme empolgante e bastante divertido. "Amizade Desfeita" não é o melhor exemplo para se falar de terror, mas o cito por ter encontrado uma saída original, simples mas, incrivelmente eficiente. Outro que acabou por redefinir o que conhecemos por terror foi o longa "Corrente do Mal", muito bem escrito e dirigido, um grande achado para quem não mais encontra bons filmes do gênero. Diretamente do "Porta dos Fundos", Ian SBF inova com "Entre Abelhas", apresentando uma trama bastante original e que foge bastante do que estamos acostumados a ver em nosso cinema. 


20. Selma - Uma Luta Pela Igualdade
de Ava DuVernay / EUA, Reino Unido

Penso que “Selma” é mais do que apenas um filme. É um gesto, é um grito, é um manifesto. Existe uma energia diferente ali, uma sintonia que vai além do que a hierarquia de profissionais, entre diretores, produtores e elenco. Senti que eram um grupo de pessoas que se reuniram para dizer algo. Eles conseguiram e foi incrível. É difícil digerir tudo o que vemos, as sequências são fortes e nos faz refletir sobre tantas coisas, nos faz sentir a dor que era estar lá. A diretora, Ava DuVernay, realizou um belíssimo trabalho, cheio de sentimento, cheio de verdade e na pele de Martin Luther King Jr., David Oyelowo deu um show de interpretação, foi sensacional ver sua entrega, suas palavras e seus discursos foram inspiradores.




19. Expresso do Amanhã
de Joon-ho Bong / Coréia do Sul, França, EUA

Com um grande atraso em seu lançamento, tivemos o privilégio de conhecer “Expresso do Amanhã” apenas este ano. É um belo filme que merecia a tela grande, merecia uma chance. Se trata de mais um grande exemplo da ficção, em uma trama pós-apocalíptica, denunciando nosso presente, nossa sociedade. Existem ótimas metáforas aqui, onde os últimos sobreviventes dos Planeta vivem em um enorme trem que se mantém em constante movimento e é dividido em vagões que representam cada classe social, permitindo que cada grupo realize sua devida função dentro daquele ecossistema. A trama é brilhante e repleta de boas surpresas, assim como seu excelente texto que acaba extraindo o melhor de seu inusitado elenco. É violento, empolgante, revigorante e bastante autêntico.




18. Capital Humano
de Paolo Virzi / Itália, França


Não ouvi ninguém falando sobre esta obra italiana, fui ver sem saber o que esperar e de repente estava diante de uma das melhores que havia visto ano passado. O roteiro é muito interessante e muito bem arquitetado, instiga do começo ao fim e ficamos fascinados por todo o desenvolver da trama. É uma mistura bem harmoniosa de mistério, drama, comédia e romance e tudo funciona brilhantemente bem na tela, com ótimos atores, texto e direção. Dividido em quatro capítulos, vemos a mesma história por pontos de vistas diferentes, entregando assim, sempre novas informações e novas reviravoltas. Além de tudo isso e de trazer grandes reflexões, é daqueles filmes gostosos de ver, com seus personagens cativantes, com sua trilha envolvente, não deixando de ser um produto pop, divertido e estiloso.




17. Perdido em Marte
de Ridley Scott / EUA


Acredito que “Perdido em Marte” pegou muitos de surpresa. Ninguém esperava que seria tão bom e mais do que isso, ninguém esperava que seria tão divertido. Ridley Scott retornou ao gênero que o fez conhecido, a ficção científica e entregou uma completamente fora do eixo, distante de tudo o que tem sido realizado recentemente. Longe dos dramalhões e existencialismos, assistimos, ainda assim, uma trama bastante interessante, sobre o astronauta vivido por Matt Damon que devido a um acidente fica preso em Marte. Todo o desenvolver desta simples premissa acaba ganhando proporções gigantescas. O roteiro é fantástico e Ridley conseguiu reunir um elenco interessante, tornando a experiência de vê-lo ainda mais válida. São tantos personagens, subtramas, locações, que chega a ser inacreditável como eles conseguiram colocar tudo isso em um único filme e fazer dar tão certo.




16. Eu Estava Justamente Pensando em Você
de Sam Esmail / EUA


Poxa, que filme gostoso de ver! Saí da sessão apaixonado. Apaixonado por tudo, pelo casal principal, por suas declarações de amor, por suas conversas corriqueiras, saí apaixonado por este roteiro escrito com tanta inspiração, com tanta alma, tanta paixão. Não lembrava qual havia sido a última vez que suspirei por um casal dentro do cinema, que fiquei ali, torcendo, sofrendo, rindo das coisas idiotas que um dizia para o outro. Por fim, saí inspirado, com o coração preenchido, com um sorriso sincero, feliz por ter visto um filme tão simples, feito com pouco orçamento, ser tão real e tão fantasioso ao mesmo tempo, que consegue ser belo como um poema e ser tão aconchegante como um sonho.




15. Ponte dos Espiões
de Steven Spielberg / EUA

Com roteiro dos Irmãos Coen, fazia tempo em que Steven Spielberg não era tão divertido e tão empolgante como aqui. É aquele caso bom (e raro) quando a arte encontra o entretenimento. O filme acontece na Guerra Fria, onde um advogado, interpretado por Tom Hanks, é indicado pelo próprio governo a defender o caso de um homem suspeito de ser espião soviético. É aquela obra que tinha tudo para ficar chata, tribunal, longos discursos políticos, eis que Spielberg acerta a mão e entrega um de seus melhores trabalhos dos últimos anos, é um filme grandioso, bem realizado, bem pensado. Se trata, também, de um roteiro esperto que desperta o interesse fácil naquele que assiste, é tudo muito curioso, instigante e nos leva para um belo final. Senti que estava vendo um clássico, uma obra antiga na tela grande, aliás, o achei tão bom quanto muitos que hoje são chamados de obra-prima. 




14. Leviatã
de Andrey Zvyagintsev / Rússia

Leviatã foi um soco doloroso que durou duas horas e meia. Me senti sufocado, angustiado, confesso que bateu um certo desespero diante de tudo o que via. Se trata de um recorte cru sobre a decadência da sociedade e dos seres humanos, é sobre opressores e oprimidos, sobre a justiça tão falha que orienta os rumos de um local sem esperança. É sobre um homem que tenta de todas as formas salvar suas terras que estão prestes a serem tomadas por um prefeito corrupto. Toda a jornada vivida pelo protagonista é muito densa e nos faz refletir sobre o quanto ela é possível, tentamos enxergar o mundo através de seus olhos, suportar toda a desgraça e miséria de sua jornada. Uma experiência intensa e única.




13. O Clã
de Pablo Trapero / Angentina, Espanha

Chocante, essa é a palavra que melhor define este drama argentino. É daquelas histórias tão absurdas que é difícil acreditar que fora baseado em fatos reais. Conhecemos Arquímedes Puccio, que na década de 80 sequestrava pessoas por dinheiro e as fazia reféns dentro de sua própria casa, colocando seus próprios filhos como membros de sua gangue. O diretor Pablo Trapero transforma o que seria apenas uma boa manchete de jornal em uma obra espetacular, grandiosa, repleta de momentos memoráveis. É tudo muito curioso, instigante e a todo instante o roteiro nos deixa ali, espantados, sem palavras. A trilha musical, com alguns hits otimistas, constrói um embate interessante com a trama tão pesada e estranhamente o transforma em uma obra deliciosa de assistir. 




12. Frank
de Lenny Abrahamson / Reino Unido, Irlanda, EUA


Gosto de falar que "Frank" é uma obra especial e por isso não poderia deixar de colocá-la aqui, entre os melhores do ano. O filme oferece um turbilhão de sensações ao entregar uma trama tão bizarra, estranha, com personagens excêntricos que vivem em um universo a parte, reclusos e distantes de tudo o que é normal e convencional, vivem da arte e não procuram lógica em suas ações, apenas uma compreensão mútua. É difícil assistir e encontrar uma razão para tudo aquilo, um sentido para o caos e loucura apresentado, mas senti algo bom, algo honesto, é aquele filme feito de coração e que por fim, nos inspira, nos faz querer saborear um pouco de sua estranheza e nos faz querer ser amigos de Frank, este brilhante personagem vivido por este grande ator, Michael Fassbender. 




11. Kingsman - Serviço Secreto
de Matthew Vaughn / Reino Unido

Mais uma brilhante adaptação de quadrinhos realizada por Matthew Vaughn (Kick-Ass), que constrói uma aventura empolgante, eletrizante e extremamente estilosa. Fazia um tempo em que o universo da espionagem não era tão interessante nos cinemas, onde apesar das inúmeras referências, vemos uma obra com vida própria, cool e cheia de personalidade. E no ano em que 007 não nos mostrou o seu melhor, ao menos tivemos Kingsman como o grande exemplar deste subgênero. A trama é das boas e acompanhamos o divertido treinamento de Eggsy (Taron Egerton), um jovem com problemas de disciplina, para se tornar um agente secreto profissional. A ação prende a atenção, o que é raro atualmente, e temos ainda a chance de se deslumbrar com sequências fantásticas, muito bem pensadas e dirigidas, alcançando alguns momentos épicos e de extremo bom gosto. 




10. O Jogo da Imitação
de Morten Tyldum / EUA, Reino Unido

Confesso que tinha um enorme preconceito com "O Jogo da Imitação" assim que ele fora indicado ao Oscar, o via como "o filme chato da premiação" (Porque sempre tem, né?). Até o momento em que o vi, de fato, e não esqueço do que senti ao fim da sessão. Foi um misto de muitas coisas. De angústia pela vida trágica de seu protagonista, de um certo contentamento por conhecer uma parte da história que por anos fora omitida e naquele instante ganhava às telas grandes, de tristeza do porquê a história ter sido omitida e de como heróis nem sempre são reconhecidos. E confesso, também, felicidade por encontrar uma obra tão encantadora, rara, com um roteiro bem elaborado, onde tudo flui de uma forma deliciosamente natural durante seus minutos. Há muito coração ali também, presente em cada diálogo, cada ideia e é isso que faz deste filme ser tão bonito, tão comovente, tão necessário. Por fim, foi uma das obras mais interessantes que a Academia revelou em 2015. 




09. O Ano Mais Violento
de J.C. Chandor / EUA

O fascinante cinema de J.C.Chandor, que vejo também, como sendo um dos filmes obrigatórios do ano. A trama, que acontece na década de 80, tem a intenção de desconstruir o "sonho americano", em uma história melancólica e um tanto quanto descrente. É aquele tipo de obra que deixa um vazio ao seu término, nos deixa reflexivos, pensando sobre o quão fácil é encaixá-la nos dias de hoje, neste mundo dominado por lobos onde todos são vulneráveis, todos são corruptíveis. "O Ano Mais Violento" é sobre um homem que tenta se manter justo em uma sociedade que não é mais, tenta se manter fiel aos seus princípios, à sua moral. No filme ainda encontramos com uma composição primorosa, com seus belíssimos enquadramentos e sequências muito bem construídas. é tudo muito atraente nesta requintada produção, é aquele longa-metragem que dá gosto de ver, que dá um certo orgulho por ter encontrado.  




08. Orgulho e Esperança
de Matthew Warchus / Reino Unido

Tenho a noção de que apenas eu assisti a este filme e o coloco aqui não somente para alertá-los "ASSISTAM!", mas para mostrar também que existem muitas produções incríveis sendo ignoradas no cinema do Brasil e que perdem a chance de encontrar um público e "Orgulho e Esperança" definitivamente merece. É sobre paixão, sobre união, é sobre lutar por um ideal. É sobre tantas coisas positivas que é impossível não se sentir inspirado ao seu término, nos dá aquela estranha vontade de viver, de estar presente, de fazer algo importante. Me senti inundado de boas vibrações, me senti abraçado, é aquele tipo de história que preenche a alma, que nos faz bem, nos faz melhores. Digo que foi o meu grande achado de 2015, uma obra completa, extremamente bem escrita e dirigida, uma aula de cinema. Um filme belíssimo, inteligente, engraçado e adorável. Um espetáculo a ser apreciado, um evento! 




07. Dois Lados do Amor
de Ned Benson / EUA

Parte de um dos projetos mais ousados que o cinema nos revelou ano passado, "Dois Lados do Amor" é um copilado de dois outros filmes, que conta sobre a crise vivida por um casal e as obras revelam o ponto de vista de cada um, o do homem e da mulher, interpretados brilhantemente por James McAvoy e Jessica Chastain. Uma viagem profunda, densa e de uma beleza pouco explorada em outros romances, é muito fascinante esta chance que ele nos dá em saber o olhar dos personagens, como cada um reage aos conflitos que enfrentam. É aquele filme que te destrói ao conseguir te envolver tanto na vida do casal apresentado, é fácil se afeiçoar a eles, sofrer com eles. e justamente por isso é bastante doloroso, cruel, melancólico. Fiquei apaixonado por Conor e Eleanor, por suas histórias, seus encontros e desencontros...que filme intenso, poderoso, milagroso!   




06. Ex Machina - Instinto Artificial
de Alex Garland / Reino Unido

Um dos filmes mais surpreendentes de 2015, que mesmo não chegando aos cinemas conseguiu chamar atenção e isso ocorreu pelo simples fato de ser incrivelmente bom, excelente em todos os sentidos. Uma ficção científica como poucas, que oferece muito mais do que ótimos efeitos visuais, oferece uma trama complexa, bem escrita e muito bem desenvolvida. Seus diálogos, personagens e tudo o que este universo é composto é simplesmente fascinante, são ideias que instigam e a maneira como o diretor vai nos conduzindo é hipnotizante. Se trata, também, de um thriller psicológico dos bons, com sua trama densa, que nos deixa perturbados e aflitos, cheios de questionamentos e reflexões. Destaque para o fantástico elenco, três atores brilhantes que dominaram o texto e fizeram um jogo interessante em cena, Domhnall Gleeson, Oscar Isaac e a revelação Alicia Vikander, que deu vida a uma das personagens mais intrigantes do ano. 




05. Whiplash - Em Busca da Perfeição
de Damien Chazelle / EUA

Que filme insano! Foi um impacto muito grande estar diante desta obra, que aparentemente é muito simples, com poucos espaços e poucos atores, no entanto, cresce e com suas ideias se torna grandiosa, se torna memorável. Um filme corajoso, provocativo e emocionalmente intenso, que tem a capacidade de deixar a audiência trêmula ao seu decorrer, ao som furioso de sua constante bateria e espantados com a completa entrega do veterano J.K.Simmons e do jovem Miles Teller. Ambos estão possuídos na tela, por toda a fúria e eletricidade que a trama requer. Um trabalho magnífico de direção, roteiro e montagem, que ainda fecha com chave de ouro com seu extasiante final.




04. Que Horas Ela Volta?
de Anna Muylaert / Brasil

O filme nacional do ano, "Que Horas Ela Volta" chamou a atenção por sua simplicidade e por apostar na memória afetiva de seu público. Criamos uma empatia fácil com tudo o que nos mostra, nos identificamos com sua trama, nos identificamos e nos encantamos com a Val de Regina Casé. Ela é a representação de tanta coisa, da empregada, da babá, da mulher, da mãe, encontramos nela algo que já nos fez parte, isso nos toca, para o bem e para o mal, a Val existe. Seu texto é bem crítico e traz reflexões bem válidas, nos deixa pensativos e um tanto quando incomodados. Com um humor deliciosamente puro, nos afeiçoamos à obra, sentimos um prazer enorme pelo simples fato de estarmos ali, assistindo. Um filme simples mas profundamente tocante. genuíno, comovente.




03. Mad Max - Estrada da Fúria
de George Miller / Austrália, EUA

A orquestra eletrizante de George Miller, o épico que o cinema não via há anos. Numa época em que os reboots dominaram Hollywood, vimos na tela grande o renascimentos de diversos clássicos. Por fim, colocamos nossas expectativas nas obras erradas e sem que ninguém esperasse algo, Mad Max ressurge, melhor do que já foi um dia. "Estrada da Fúria" recria o que conhecemos de um filme de ação, eleva o padrão, fez com que o resto parecesse menor, sem graça. Que trabalho foda! Existe poder e fúria em todas as sequências, existe uma vitalidade eletrizante, é o caos em forma de filme, é brutal, impactante. Não há nada que nos remeta à outra obra, tudo aqui é único, é novo, George Miller nos oferece uma ação de extrema qualidade, violenta, empolgante, que nos tira o fôlego, nos faz vibrar por cada instante e nos faz torcer para que aquilo nunca acabe. E teve ainda a Furiosa de Charlize Theron, que provou o que é realmente o girl power. Destruidor. Testemunhem este épico que nasceu como blockbuster e viverá como uma obra de arte!




02. Divertida Mente
de Pete Docter / EUA

Se tem uma obra que não saiu da minha cabeça desde que vi ano passado foi "Divertida Mente". Mais do que simplesmente afirmar que "foi um dos melhores filmes de 2015", gosto de dizer que é também um dos meus novos filmes favoritos. O grande problema da Pixar é que eles já fizeram muitos trabalhos bons e por isso há sempre um peso enorme quando retornam. Foi estranha essa sensação de que todas as expectativas foram superadas e que eles conseguiram ir além...isso era possível? Quem diria que este retorno triunfante do estúdio revelaria uma das melhores animações que eles já produziram. Podemos dizer, também, que é uma das criações mais inspiradas da equipe, onde vemos na tela um roteiro engenhoso, complexo, de extrema inteligência, havendo muito o que analisar e muito o que sentir. Cada geração verá um filme diferente, vejo algo muito sensível sobre amadurecimento, sobre a dificuldade de crescer e perceber que nem tudo é eterno. É sobre a dor de envelhecer. Há humor, aventura, mas há também uma boa dose de sofrimento, de emoção. Uma experiência maravilhosa, encantadora, onde a sessão termina e nos faltam palavras para descrever a grandiosidade e genialidade de tudo aquilo. Definitivamente, um filme para se guardar na memória.




01. Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
de Alejandro González Iñárritu / EUA

É por que venceu o Oscar? Não. É por que tem plano sequência? Não. Eu realmente gostei de "Birdman" e diferente de muitos, consigo ver muito além da brilhante técnica, da fotografia, da montagem. Claro que tudo isso o diferencia, existem trilhões de dificuldades ali e o diretor Alejandro González Iñárritu, juntamente com sua equipe. fez milagres e resolveu tudo com maestria. É chocante ver a obra, ficamos perplexos pela qualidade e pensativos sobre como tudo foi feito. Genial toda sua construção, como o fato de não existirem pausas, de ser uma ação contínua, agressiva, que nos insere dentro de seu universo e durante seus minutos ficamos imersos em seu jogo, entre diálogos incrivelmente bem escritos e atores que se entregam de forma intensa a seus personagens. "Birdman" é insano, divertido e de uma originalidade extrema, que alcança o brilhantismo como poucas obras alcançaram nos últimos anos. Uma comédia ousada, satírica, que brinca (e critica) sobre o atual momento do cinema hollywoodiano, e por fim, acaba entregando reflexões bastante complexas sobre a pressão de ser ator, mais do que isso, sobre a pressão de querer realizar algo importante na vida. Birdman ou a constante busca pela eternidade, a constante busca de ser alguém a ser lembrado, o constante medo de fracassar e morrer como ninguém. No meio de tantas coisas boas, temos ainda Michael Keaton. Sim, foi o papel de sua carreira. Foi comovente seus discursos, sua batalha interna, sua força e inspiração por conseguir, naquele local tão recluso, tão pequeno, tão limitado, construir sua grandeza, seu legado. Vontade de levantar ao final da sessão e aplaudir de pé não me faltou, claro que não fiz, mas não esqueço, ao menos, da sensação que tive assim que o filme terminou. Fiquei emocionado, contente por encontrar uma obra tão espetacular, tão soberba, tão única.


E para você? Qual foi o melhor filme de 2015?


4 comentários:

  1. Otima lista. Assisti praticamente todos e concorda com ela como um todo. Mas no meu caso, quando eu faço a lista dos melhores do ano, eu sempre faço uma dos estrangeiros e outra dos nossos filmes nacionais. Faço isso unicamente para destacar o nosso cinema, que graças a Deus não vive somente de Globochanchada.

    Visitem o meu blog de cinema (cinema cem anos de luz)

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    1. Valeu pelo comentário, Marcelo! Q bom q curtiu a lista...e eu até gosto muito do cinema feito no Brasil e adoraria fazer uma lista especial com os melhores do ano somente com eles, mas é que infelizmente os bons filmes nacionais são mal distribuídos no próprio país, então é uma pena dizer que eu não tive acesso a muitos que foram lançados ano passado, logo, não conseguiria apontar todos que foram realmente bons.

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  2. É um filme divertido sim, Camila...vale a indicação

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