terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Crítica: Joy - O Nome do Sucesso (Joy, 2015)

O longa marca mais uma reunião entre Jennifer Lawrence, Bradley Cooper e Robert De Niro com o diretor David O.Russell, que já estiveram juntos em "O Lado Bom da Vida" (2012) e "Trapaça" (2013). Este, porém, é o encontro mais fraco entre eles, onde nem mesmo a boa produção consegue compensar o desinteresse causado pela trama.

por Fernando Labanca

Escrito pelo próprio David O.Russell em parceria com Annie Mumolo (Missão Madrinha de Casamento), "Joy" foi vendido pelos trailers como algo maior, grandioso e por isso é quase que inevitável não sentir uma ponta de decepção quando compreendemos o quão pequeno tudo aquilo é. Infelizmente, é muito fácil definir a obra, é basicamente sobre esta mulher, defendida com garra por Jennifer Lawrence, mãe solteira de dois filhos, que além de trabalhar fora precisa cuidar da casa onde divide com sua mãe (Virginia Madsen), pai (Robert De Niro) e avó (Diane Ladd). No meio da loucura de sua rotina, Joy decide levar adiante uma criação que teve, desenvolvendo um esfregão mais prático para as donas de casa. Recuperando a criatividade que tinha quando criança, ela vai atrás de vender seu produto, nascendo ali uma empreendedora de grande sucesso.


O problema maior do filme é que não existe uma grande razão para ele existir. Poderia ter sido sobre a história de sucesso de qualquer um e o longa em nenhum momento prova que era necessário conhecermos a carreira de Joy Mangano. É tudo linear e, sem nenhuma surpresa, tudo acaba como o planejado. Fiquei a espera de um grande evento que o justificasse, mas isso nunca chega. Outro grande erro foi a escalação de Jennifer Lawrence para viver a protagonista. Indicada ao Oscar por sua atuação, a atriz se esforça - e de certa forma faz o filme até valer mais a pena - no entanto, apesar da bela interpretação, é difícil acreditar na jornada dessa mulher, mãe solteira, dona de casa e que precisa batalhar muito para não mais ver portas sendo fechadas na sua cara. Joy é linda, loira e magra. Parece uma junção de escolhas erradas para compor a personagem título e Lawrence, infelizmente, parece jovem demais para encará-la.

Apesar das falhas, penso que ver "Joy" também não é tempo perdido. David O.Russell, como diretor, entrega um produto refinado, bem filmado, bem montado. Ainda que a trama seja simplória, a produção se esforça para não oferecer algo tão ordinário. A câmera constantemente nervosa do diretor, juntamente com o bom texto, nos coloca dentro de seu universo e nos permite se deliciar com sua insanidade e com seu humor irreverente e ácido. O caos familiar que O.Russell tanto aprecia também está lá, são personagens excêntricos e que funcionam como um todo, onde cada um acaba construindo uma relação única e bastante interessante com a protagonista, como aquela eterna compreensão da avó ou o eterno companheirismo de seu ex-marido (Edgar Ramirez). Como de costume em sua filmografia, o diretor consegue extrair o melhor de todo o elenco, destacando a sumida Virginia Madsen, que mesmo que em uma participação menor, surpreende na tela. 

Parece que o diretor David O.Russell descobriu a fórmula do sucesso na comédia "O Lado Bom da Vida" e vem tentando a todo o custo repeti-la. Ninguém pediu por este reencontro, ninguém aguenta mais ver Jennifer Lawrence atuando com Bradley Cooper e "Joy" é a prova do desgaste de tudo isso. É nítido o esforço de todos eles, mas é também nítido que seu criador precisa se reinventar, recomeçar, logo que é muito bom o que O.Russell faz, ele só não está no caminho certo. É divertido e até emociona em algumas partes, mas infelizmente o longa é exatamente o que não parecia ser, esquecível, descartável. Digno de ser visto na TV em um sábado a noite. 

NOTA: 6






País de origem: EUA
Duração: 124 minutos
Distribuidor: Fox Filmes
Diretor: David O.Russell
Roteiro: David O.Russell, Annie Mumolo
Elenco: Jennifer Lawrence, Dianne Ladd, Edgar Ramirez, Robert De Niro, Virginia Madsen, Isabella Rossellini, Bradley Cooper, Dascha Polanco




Um comentário:

  1. Para mim, tem sido uma grande pena história. Além de que a maioria dos filmes do Bradley Cooper são realmente muito divertido. Seus papéis todos têm os seus prós e contras, mas no geral eu acho que é um excelente ator, como a versatilidade de seus papéis é grande, recentemente eu vi americana Sniper e ficou encantado com o seu papel, mas o filme não foi inteiramente de o meu gosto.

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