terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Retrospectiva 2018: As Melhores Atrizes


Confesso que tenho um prazer enorme em fazer essa lista, principalmente quando consigo reunir e destacar o trabalho de tantas atrizes que admiro. Sim, foi difícil porque tive que deixar outras que gosto para trás e fechar as 15 melhores atuações femininas. Espero que gostem dessa retrospectiva 2018 e se lembrarem de outros nomes que ficaram de fora, deixem nos comentários. Vale lembrar que levei em consideração apenas os filmes lançados no Brasil durante o período de janeiro a dezembro do ano passado.

por Fernando Labanca


15. Kathryn Hahn (Mais Uma Chance)

Há um bom tempo, Kathryn tem provado ser uma grande atriz, no entanto, ainda a considero bastante subestimada. Com uma veia cômica muito forte é sempre impactante vê-la se sair bem no drama, ainda mais com um roteiro que a permita ser tão intensa e tão verdadeira. Na produção da Netflix "Mais Uma Chance", a atriz divide a cena com o também maravilhoso Paul Giamatti e interpreta uma mulher que enfrenta sérias dificuldades em realizar seu grande desejo: ser mãe. Se trata de uma performance bastante corajosa, sensível e marcante em sua carreira.



14. Madeline Brewer (Cam)

"Cam" é um dos filmes mais bizarros de 2018 e para ele dar certo precisaram de uma atriz disposta a enfrentar toda sua bizarrice. Destaque na série "The Handmaid's Tale", Madeline Brewer é uma revelação. É incrível como ela muda de um papel para o outro e se reinventa a cada nova interpretação, entregando trejeitos e posturas completamente diferentes. Para quem não conhece a atriz é até difícil identificá-la quando surge. No filme, ela dá vida a uma cam girl surtada que começa a perder o controle para ter mais seguidores. É um produto estranho, perturbador e que ganha força pela impactante presença da atriz.



13. Juliette Binoche (Deixe a Luz do Sol Entrar)

Há uma cena em que Juliette conta para uma amiga sobre uma noite de aventuras que teve com seu ex. Ela narra como uma adolescente feliz por aquele reencontro e termina sua história triste, devastada ao compreender o quão vazia é sua vida amorosa. Essas complexas nuances acompanham sua personagem durante todo o filme e é brilhante como Juliette consegue trilhar com tanta segurança por todas elas. É uma atriz completa, que diverte, emociona e enche a tela com seu enorme carisma.



12. Karine Teles (Benzinho)

"Benzinho" faz um retrato bem delicado de uma família brasileira e ter Karine Teles como protagonista foi uma das coisas mais incríveis de se ver no cinema no ano. Karine se coloca ali de corpo e alma e acaba, por fim, sendo uma representação muito honesta de muitas mulheres, muitas histórias. Que lindo sua composição, seu jeito de agir e falar. A gente vê nela tudo o que mais amamos e odiamos em nossas mães. Uma atriz que tem crescido cada vez mais dentro do cinema e se firmado como um dos rostos mais importantes da produção nacional.



11. Yalitza Aparicio (Roma)

A grande surpresa quanto a belíssima atuação da mexicana Yalitza no elogiado "Roma" de Alfonso Cuarón é que ela nunca teve nenhuma outra experiência como atriz. É uma composição bastante sensível e honesta e prova o quanto ela se identifica com aquele universo e aquele texto. A consequência disso é que nós, como público, nos afeiçoamos facilmente à sua personagem, acreditamos em tudo o que diz e, ao fim, só temos vontade de poder abraçá-la junto com aquelas crianças.



10. Emily Blunt (Um Lugar Silencioso)

Ninguém esperava por esse filme e mesmo que Emily tenha uma ótima carreira, ninguém realmente esperava que ela estaria tão brilhante dentro de um gênero do qual ela nunca provou afinidade. Eis que ela surge irreparável como uma mãe superprotetora vivendo em um universo que não se pode falar. Seus olhos estão carregados de muito sentimento, de ternura e medo, conseguindo transmitir todo o desespero necessário para acreditarmos em sua personagem e neste receio que tem em perder aqueles que ama. Lembrando que a atriz também brilhou em "O Retorno de Mary Poppins" em 2018.



09. Margot Robbie (Eu, Tonya)

Margot Robbie é dona de um carisma inquestionável, mas sua revelação como atriz veio finalmente com "Eu, Tonya". Ela domina as cenas com um potencial até então desconhecido, construindo, cena após cena, uma personagem incrível. O momento em que Tonya tenta controlar suas emoções frente a um espelho é um dos momentos mais sublimes do cinema neste ano. Margot destrói!



08. Brooklynn Prince (Projeto Flórida)

Acredito que o diretor Sean Baker deixou a pequena atriz bem a vontade para gravar as cenas de "Projeto Flórida". Ele confiou nela a responsabilidade de guiar seu filme. Brooklynn parece um pássaro livre, gritando, dançando, correndo e falando assuntos aleatórios, dignos de qualquer criança. Que gostoso de assistir esse momento de libertação, desse evento de improvisação de uma atriz tão jovem. Ela é a alma do filme e nos convida a todo o tempo a ser criança ao lado dela.



07. Amandla Stenberg (O Ódio Que Você Semeia)

É o tipo de papel que exige bastante da atriz principal e foi um baque ver essa jovem tão segura com este desafio. Ao dar vida a personagem Starr Carter, Amandla Stenberg brilha e vai muito além. Mais do que uma revelação, ela entrega aqui uma das atuações mais potentes de 2018. Há garra, há força e sua evolução na tela é grandiosa. No momento em que ela precisa encarar um protesto entre policiais e a comunidade negra, ela explode e nos faz arrepiar com seus poderosos discursos. É uma pena, na verdade, que performances como a dela são tão ignoradas pela mídia e premiações. Amandla merecia mais e um reconhecimento diante do que ela realizou aqui.



06. Vicky Krieps (Trama Fantasma)

O diretor Paul Thomas Anderson sempre trouxe para seu elenco de protagonistas nomes conhecidos do cinema e dessa vez, para dividir a cena com ninguém menos que Daniel Day-Lewis, ele optou por revelar um rosto novo. É assim que somos surpreendidos pelo talento de Vicky Krieps, que não fraqueja e prova ter potencial para estar ali. Sua presença em cena é repleta de surpresas e a atriz navega com extrema segurança pelas tantas nuances de sua incrível personagem. É curioso como, no início, ela se apresenta como um ser frágil e doce e ao decorrer da obra a personagem vai se revelando assustadoramente manipuladora e ficamos ali, vidrados em sua performance, tentando desvendar o que há por trás de seus olhares. 



05. Saoirse Ronan (Lady Bird)

Lady Bird é uma das personagens mais irreverentes e mais bem escritas desse ano. Ponto para o brilhante roteiro de Greta Gerwig, mas muitos pontos para a fantástica composição de Saoirse Ronan, que surpreende por ser tão jovem e agir frente à câmera com tamanha destreza, maturidade, honestidade e espontaneidade. Uma das atrizes mais completas de sua geração, que torna tudo possível e tudo mais incrível do que poderia ter sido. Sua força como protagonista é admirável. Eu amo essa atriz e amo o que ela fez com este filme.



04. Charlize Theron (Tully)

"Tully" é uma das grandes surpresas do ano e devido a isso tivemos uma atuação marcante que ninguém estava, de fato, esperando: a de Charlize Theron. Claro que não é novidade alguma de que ela é uma grande atriz, no entanto, acho que ninguém nos preparou para vê-la tão fantástica em cena e tão renovada. Ela reinventa sua forma de atuar e entrega uma performance poderosa, incrivelmente honesta e emocionante.



03. Frances McDormand (Três Anúncios Para um Crime)

É um papel escrito para ela e não haveria outra atriz para protagonizar "Três Anúncios Para um Crime". Humor negro, uma boa dose de deboche e uma garra inspiradora em cada diálogo que pronuncia, em cada nova cena que surge. Frances tem uma força descomunal e ela destrói! É bom demais vê-la aqui porque há anos o cinema não a dava uma chance de brilhar tanto quanto aqui. Este é seu momento e ela aproveita sendo nada menos que maravilhosa.



02. Sally Hawkins (A Forma da Água)

Sua personagem é Elisa, uma mulher muda que trabalha como faxineira em um laboratório secreto do governo e acaba se apaixonando pela criatura que ali é vitima de um experimento. O conto de Guillermo del Toro é bastante delicado e ele encontrou a atriz perfeita para protagonizar sua obra. Sally, que obviamente não fala em cena, nos permite compreender seus tantos sentimentos através de seus gestos, olhares e expressões. Ela tem a poderosa habilidade de dizer muito sem precisar dizer. Uma performance irretocável, encantadora e memorável.



01. Toni Collette (Hereditário)

É difícil expressar o que senti diante desta atuação de Toni Collette. Parece grande demais para algum prêmio, grande demais para não ser lembrada daqui há muitos anos. Fiquei assustado, hipnotizado e maravilhado por sua performance. Penso que deva ser difícil encontrar o tom para protagonizar um filme de terror e ela, que já havia encantado no gênero em 1999 quando fez "O Sexto Sentido", volta a entregar uma atuação soberba, cheia de nuances e uma perfeição que só uma atriz completa como ela poderia alcançar. A expressão de horror dela é algo que não sairá da minha mente tão cedo. Toni não merece o Oscar, ela merece o mundo mesmo.

2 comentários:

  1. Seu blog e suas retrospectivas são MUITO boas. Sempre encontro boas dicas por aqui.

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    1. Que legal ler isso, Leonardo! Fico feliz que está curtindo! Tentei ver muito filme ano passado pra conseguir fazer uma retrospectiva boa haha

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