quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Retrospectiva 2018: Os Melhores Atores



Para finalizar a parte da retrospectiva relacionada às melhores atuações de 2018, deixo com vocês a lista dos melhores atores do ano. É um pouco delicado colocar em uma "ordem", então não levem a sequência muito em consideração, já que não existe aqui um melhor ou pior que o outro. Se sentirem falta de algum nome, deixem nos comentários. Lembrando que selecionei apenas as atuações presentes em filmes lançados no Brasil entre janeiro e dezembro do ano passado. 

por Fernando Labanca


15. John Cho (Buscando...)

"Buscando..." foi uma das grandes surpresas do ano e um dos tantos acertos da produção foi escalar John Cho como protagonista. Infelizmente, em Hollywood, existe uma forte exclusão de atores asiáticos que sempre são diminuídos à personagens sem grande importância. Roteiros não definem raça e é um avanço o colocarem como destaque, logo que é um ator que tem potencial para isso, mas que nunca tem a chance de brilhar como aqui. John é muito honesto ao compor este pai que surta diante do desaparecimento de sua filha, trilhando muito bem entre a tensão e a emoção.



14. Brady Jandreau (Domando o Destino)

É sempre um choque quando isso acontece, quando vemos em cena um ator sem experiência e que entrega ali tanto sentimento, tanta verdade. É isso o que acontece quando Brady Jandreau, a convite da diretora Chloé Zhao, interpreta basicamente ele mesmo. Isso porque ele é um domador de cavalos, contracena com sua própria família no filme e relata seus próprios problemas. Um projeto curioso mas que funciona, e funciona principalmente pela potente presença do ator e esta sua humildade e sensibilidade que tanto nos comove. 



13. Matt Dillon (A Casa Que Jack Construiu)

Não me lembro qual foi o último bom momento de Matt Dillon nas telas, então confesso que fico feliz em poder citá-lo aqui e torço para que este seja um recomeço para o ator. Protagonizar um filme de Lars Von Trier não deve ser a tarefa mais fácil e só por ele ter aceitado este desafio já prova sua coragem. Em "A Casa Que Jack Construiu", Dillon enfrenta seus demônios enquanto discute sobre arte e descreve em detalhes sórdidos sua rotina como serial killer. É um projeto ousado mas extremamente pretensioso de Von Trier. Apesar dos tantos absurdos, é muito bom ver o ator em cena, que vai do cômico ao assustador em questão de segundos, sendo carismático e assombroso na mesma medida. Ele cria um personagem complexo, que nos deixa hipnotizados por suas ações e divididos sobre o que sentir diante de seus relatos. 



12. Denzel Washington (Roman J. Israel)

É fato que Denzel, ao longo de sua carreira, desenvolveu alguns trejeitos e, principalmente quando encara seus filmes de ação, ele não tem vergonha de assumir o piloto automático. Justamente por isso vê-lo em "Roman J. Israel" é uma grata surpresa. Claro que ele coleciona algumas ótimas interpretações, no entanto, já fazia um tempo em que ele não entregava algo tão diferente e distante de seus outros papéis. Na pele de um advogado humilde, Denzel emociona ao transmitir tanta sinceridade. Por um breve momento esquecemos do ator e passamos a acreditar na existência daquele homem.



11. Joaquin Phoenix (A Pé Ele Não Vai Longe)

Além de ter chamado a atenção da crítica por sua atuação no conturbado "Você Nunca Esteve Realmente Aqui", dirigido por Lynne Ramsay, Joaquin também brilhou no mais recente trabalho de Gus Van Sant, "A Pé Ele Não Vai Longe". O filme, que é inspirado em fatos reais, narra uma parte da vida do cartunista John Callahan, que ficou tetraplégico após sofrer um acidente de carro, isso porque tinha sérios problemas com álcool. Apesar da obra ser um tanto decepcionante, é inegável a força de Phoenix na pele do protagonista, que diverte com seu humor e emociona com seus discursos dolorosos. Se não for pra se entregar por inteiro, o ator nem sai de casa.



10. Daveed Diggs (Ponto Cego)

Revelação do teatro musical quando surgiu na peça "Hamilton", o que lhe garantiu um Grammy e um Tony, Daveed tem, aos poucos, ganhado espaço na TV e no cinema. "Ponto Cego" é uma belíssima porta de entrada para o ator, que tem espaço aqui para mostrar sua habilidade na música, na atuação e na escrita, logo que também assina o roteiro da produção. É um profissional multi talentos e é lindo ver como ele domina tão bem tudo isso e consegue, ainda, entregar uma atuação tão potente e feroz. Há cenas em que Daveed nos arrepia, tamanha sua entrega diante da câmera.



09. Jake Gyllenhaal (O Que Te Faz Mais Forte)

Todo ano Jake Gyllenhaal vem e nos surpreende em mais um bom papel em mais um bom filme. Ele acerta com tanta frequência que às vezes até esquecemos do quão incrível ele é. Aconteceu que em 2018 ele não acertou no filme e "O Que Te Faz Mais Forte" passou despercebido. A obra se sustenta quase que completamente no ator, que emociona e transmite um realismo chocante em cena ao revelar a história de um homem que perdeu suas pernas após ser atingido por bombas em um ataque terrorista. Apesar de não ter tido a ajuda do roteiro, é inegável que estamos falando de uma performance poderosa, impactante e que exigiu bastante do ator. 



08. Daniel de Oliveira (Aos Teus Olhos)

O personagem Rubens é um dos mais complexos deste ano e que bom que temos um ator tão completo como Daniel de Oliveira para interpretá-lo. Professor de natação, ele é acusado de pedofilia por um dos pais dos alunos e passa a ser linchado nas redes sociais. Nunca sabemos realmente se ele é culpado dessas ações e Daniel acerta ao compor este homem tão enigmático, trilhando com muito cuidado pelas nuances do belo roteiro.



07. Charlie Plummer (A Rota Selvagem)

Um papel bastante desafiador para um ator iniciante e Charlie Plummer não fraqueja, provando ser uma grande revelação do cinema. Ele encara tudo com muita segurança e nos faz caminhar ao seu lado, neste sensível road movie sobre um garoto à procura de um abrigo. Ele é muito honesto em cada palavra que pronuncia, compondo este protagonista com muita delicadeza, muito cuidado e como consequência disso, nos emociona e nos faz ter uma enorme empatia por sua jornada.



06. Gary Oldman (O Destino de Uma Nação)

Confesso que não sou muito fã dessas atuações exageradas em que o ator engorda e precisa usar quilos de maquiagem para parecer outra pessoa, no entanto, é impossível negar o talento de Gary Oldman e nessa habilidade que ele possui em se transformar a cada novo papel. Ele sempre consegue criar maneiras novas de interpretação e durante todo o filme eu simplesmente me esquecia que era o ator vivendo o truculento Winston Churchill. Não gosto que ele tenha vencido o Oscar por este filme, ele já fez outros melhores, mas é bom ver o reconhecimento de uma carreira com tantos acertos.



05. Ben Foster (Sem Rastros)

Há uns bons anos, Ben Foster tem provado ser um excelente ator mas ele ainda não recebeu o reconhecimento que merece. Mesmo com pouquíssimos diálogos aqui, o ator tem excelente presença, expondo inúmeros sentimentos através de seu profundo olhar. Sua parceria com a jovem e talentosa Thomasin McKenzie funciona incrivelmente bem na tela e nos afeiçoamos à forte relação existente entre eles.



04. James Franco (Artista do Desastre)

James Franco encarou o desafio de dirigir a atuar em "Artista do Desastre", filme que homenageia um dos piores longas-metragens já produzidos na história: The Room. Aqui, ele se transforma para dar vida à Tommy Wiseau, o homem visionário e desprovido de talento. É uma performance surpreendente porque Tommy é um ser incrivelmente excêntrico e Franco evita qualquer caricatura, transmitindo verdade e nos fazendo ter inúmeros sentimentos diante de seu personagem, que vai do cômico à vergonha alheia, da pena à comoção. É divertido, é corajoso e James Franco brilha.



03. Bradley Cooper (Nasce Uma Estrela)

Por alguma razão que desconheço, sempre esperamos pouco de Bradley Cooper e, como consequência, ele sempre nos surpreende. Como o astro do rock Jackson Maine, o ator não só canta muito bem como entrega uma atuação marcante, forte e intensa. Quando ele sobe no palco, algo mágico acontece, principalmente porque sua parceria com Lady Gaga é fantástica, e quando vemos seu personagem se afundando na própria vida, Bradley vai crescendo em cena, entregando sequências repletas de comoção e sensibilidade.



02. Daniel Day-Lewis (Trama Fantasma)

Não é a primeira vez que Day-Lewis anuncia sua aposentadoria, mas até então, temos aqui sua despedida do cinema. Se trata de um belo fim vindo de uma carreira longa mas de poucos e seletos filmes. Esta é, também, a segunda parceria entre o ator e o consagrado diretor Paul Thomas Anderson após "Sangue Negro", filme que lhe rendeu o Oscar. É uma das parcerias mais fantásticas do cinema recente e "Trama Fantasma" é outra obra que dá a chance de Daniel mostrar seu enorme potencial, construindo um personagem enigmático, complexo e galanteador. Torcemos para que não seja o fim, mas se for, ele não poderia ter terminado de forma mais grandiosa.



01. Timothée Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome)

Não apostava muito em Chalamet e confesso que não entendia porque enalteciam tanto seu trabalho em "Me Chame Pelo Seu Nome", até eu assistir. Não se trata de uma atuação óbvia, muito pelo contrário. É nítido sua preocupação com gestos e postura, inclusive sua preocupação em falar bem outros idiomas. É perceptível, cena após cena, o cuidado em que ele teve em compor Elio, o jovem iludido que vive uma breve história de amor. Ele torna crível cada sentimento do personagem e nos coloca para amar e sofrer ao seu lado. A última cena ele nos leva à dor e é incrível o que ele faz ali. É real, é intenso. 

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