quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Crítica: Espírito Jovem

A flor silvestre.

por Fernando Labanca

A música pop tem ganhado força na ficção. Depois de “Nasce Uma Estrela”, “Vox Lux” e até mesmo no mais recente episódio de Black Mirror. O cinema tem um certo fascínio por tentar desvendar o que há por trás da vida das celebridades, seus receios e aquele dilema de como a fama corrompe identidades que sempre enfrentam. A obra é uma espécie de versão mais teen desse drama e a estrela em ascensão da vez é Violet, a menina do campo que decide arriscar tudo em um concurso musical chamado Teen Spirit, que passa em sua pequena cidade em busca de novos talentos. Enquanto ela vai enfrentando as fases do programa, começa a sentir o peso da fama e o rompimento forçado com suas origens.

“Teen Spirit” marca o debute na direção do ator Max Minghella, atualmente no ar com a série “The Handmaid`s Tale”. Apesar de jovem, ele tem uma carreira longa no cinema e como diretor, acaba por oferecer um produto refinado, bem filmado. No entanto, falta personalidade em sua obra, onde caminha por caminhos seguros o tempo todo. Além de ter em mãos uma trama completamente previsível. Enquanto realizador, também não busca outras formas de ilustrar ideias tão batidas. Inclusive há uma estranha sensação de déjà vu com suas referências à "Neon Demon" e o cinema de Nicolas Winding Refn, tanto pelo neon quanto por ter Elle Fanning desenvolvendo quase que o mesmo papel. A garota desajustada que aposta em seu dom para finalmente brilhar e precisa enfrentar a ganância dos outros que se apossam de seu talento. Há, também, uma vibe contos de fadas moderno aqui. A princesa que perdeu o pai e com a ajuda de um tutor tem a chance de viver seu grande sonho. A grande diferença é que Violet não acredita no amor e segue sua jornada independente e é sempre bom ver um filme adolescente tendo esta decisão.


Apesar de ter uma história simples, é tudo muito bem contado e ganha pontos por isso. É redondo, bem fechado. Porém, falta alma em “Teen Spirit”, um brilho a mais. A jornada da protagonista até nos mantém atentos, mas seu crescimento é tão certo, não há muitos percalços ou dilemas morais. Falta carisma, também. Confesso que não me vi torcendo por Violet em nenhum momento. É quase que impossível ter alguma empatia por sua trajetória ou vibrar por qualquer vitória conquistada. Senti a ausência, ainda, de um background da protagonista ou algo que justifique a intensidade e sentimento que expõe em suas apresentações. Elle Fanning é talentosa e brilha ao cantar quase que todas as faixas do filme, mas perde quando tem em mãos uma personagem tão vazia e desinteressante. Por outro lado, há uma deliciosa harmonia nas canções selecionadas. As batidas românticas de Grimes, Robyn e Tegan e Sara dão a vida que o filme precisava. Por fim, a obra acaba sendo um extenso vídeo clipe, com montagem picotada, visualmente belo e completamente dependente de suas músicas para realmente funcionar.

“Espírito Jovem” é aquele tipo de filme que se desenvolve sem surpresa alguma. Ele é apenas aquilo que nasceu para ser. Ótimas canções, cenas bem filmadas e uma narrativa linear. É pop, despretensioso e divertido. Não traz nada de novo, mas é inegavelmente atraente a forma como traz.

NOTA: 6,5


País de origem: EUA, Reino Unido, Irlanda do Norte
Ano: 2018
Título Original: Teen Spirit
Duração: 92 minutos
Distribuidor: Diamond Films
Diretor: Max Minghella
Roteiro: Max Minghella
Elenco: Elle Fanning, Zlatko Buric, Rebecca Hall



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