O padrão da vida padrão.
por Fernando Labanca

A premissa de "Vivarium" é bem absurda e esta acaba sendo a grande graça do filme, por nos permitir adentrar a uma possibilidade bizarra e estranhamente assustadora. Ruas limpas, casas perfeitas, o cenário do terror aqui se difere do convencional e o pavor que se instaura nos protagonistas é ter que viver uma vida que não programaram, pelo contrário, parece ter sido friamente calculada para eles. O universo proposto pelo diretor Lorcan Finnegan, ainda que bizarro, tem sua própria lógica. No entanto, a cosmologia aqui apresentada, não é explorada da melhor forma. O filme vai deixando de ser instigante quando encontra o tédio e a falta de elementos, até mesmo visuais, o torna repetitivo e desinteressante ao seu decorrer. Sinto que eles não encontraram os melhores caminhos para explorarem a belíssima ideia que tinham lá no começo. É um tipo de proposta que existe espaço para maior imersão, mais detalhes, mais loucura. Mas o próprio roteiro parece se cansar da ideia. A presença do garoto na trama que é, na verdade, o grande foco da história, é de difícil digestão. Mais irritante do que intrigante, como deveria ser. O fim, ao menos, fecha suas pontas de forma coesa e acaba conseguindo despertar em nós, provavelmente, seu intuito. Nos deixar reflexivos sobre seu mundo e um tanto quando fascinados por essa inventiva realidade.
Falta ao filme, também, uma noção de tempo. A trama acontece de forma rápida e pouco entendemos qual foi a duração de tudo aquilo. O tipo de informação que não precisa ser clara, mas não existe nem sugestão disso, o que dificulta ainda mais nossa conexão com os protagonistas, porque nunca sabemos exatamente o quanto de tudo aquilo eles precisaram aturar. É mais difícil ainda quando temos um ator tão limitado quanto Jesse Eisenberg, que em uma repetição de trejeitos, não consegue passar o mínimo de desespero e angústia que o personagem exige. Acaba ficando tudo muito nas costas da talentosa Imongen Poots, que de fato, é a alma do filme.
Na primeira cena de "Vivarium", uma representação clara da crueldade cíclica da natureza. Um passarinho mata um filhote para que pudesse ocupar seu ninho. Curiosamente, isso revela muito sobre esse universo criado dentro da obra. Podendo haver outras interpretações, vejo Yonder como o ninho desses extraterrestres, que precisam sequestrar um casal jovem que pudesse cria-los e inseri-los na sociedade. Provavelmente por isso eles repetem os gestos e imitam os humanos, como forma de aprendizado. Um ciclo que se repete e se mantém em segredo. Cruel, mas parte da natureza deles, da necessária sobrevivência.

NOTA: 6,5
País de origem: EUA
Ano: 2019
Duração: 97 minutos
Distribuidor: -
Diretor: Lorcan Finnegan
Roteiro: Lorcan Finnegan, Garret ShanleyDiretor: Lorcan Finnegan
Elenco: Imogen Poots, Jesse Eisenberg
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