domingo, 15 de novembro de 2009

Crítica: Distrito 9 (District 9, 2009)


Esqueça tudo o que você já viu sobre alienígenas nos cinemas. "Distrito 9" é uma revolução no gênero de ficção científica, um novo ponto de vista brilhante sobre um assunto tão mostrado mas que nunca explorado com tanta ousadia, inteligência e originalidade, acima de tudo.


por Fernando

"Distrito 9" chegou do nada. Pouca propaganda foi feita em cima desse longa, e de repente estava lá, lotando salas de cinema com pessoas que adoram se divertir com vidas inteligentes fora da Terra, mas o que aconteceu, uma surpresa, uma ótima surpresa. Apesar de se tratar mais uma vez de alienígenas, "Distito 9", ou melhor dizendo, um cara chamado Neill Blomkamp resolveu revolucionar esse gênero, tirou a nave de Nova York, fez ela pousar na África do Sul, e mudou toda a história que todos já estavam acostumados a ver.

No início, somos apresentados a um documentário, sobre o caos que a capital da África do Sul se tornou depois de um inusitado acontecimento. Há 20 anos, misteriosamente, uma nave parou nos céus de Joanesburgo, o motivo ninguém sabia, da onde eles vieram, muito menos. A população se assusta e as autoridades do governo decidem se manifestar, tropas militares são enviadas para o alto, lá encontram alienígenas desnutridos a beira da morte, resolvem tomar uma decisão, retiram todos de lá e os levam para uma área que fora isolada, o Distrito 9, exatamente abaixo da nave. Nesse local, rodeado por favelas e um mundo completamente sem lei da África do Sul, eles são abandonados e isolados de todos. O problema é que algumas vezes eles fugiam, destruindo tudo o que viam pela frente, transformando a cidade num caos. Toda essa bagunça é motivo por vários manifestos e durante esses 20 anos, a população luta para que eles sejam levados para outra área e que assim pudessem, enfim, viverem em paz. Entretanto, mesmo sem os alienígenas, a vida dessas pessoas já era um verdadeiro caos, miséria, tráfico, furtos, uma sociedade completamente desumanizada.



Um setor criado pelo governo de pacificar a relação entre alienígenas e humanos decide entrar em ação mais uma vez, após os 20 anos. Criam uma equipe que seria responsável para recolher a assinatura de todas as criaturas, pois se tratava de seres extremamente inteligentes, para assim, recolherem todos eles e enviarem para o Distrito 10, uma área planejada, organizada para a melhoria da vida não só dos alienígenas como também da sociedade em geral. Porém, reunir essas assinaturas não será nada fácil, logo que a relação homem-extraterrestres não andava nada bem. O escolhido para liderar essa missão nada mais é que o genro do presidente da Companhia, Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley), uma espécie de queridinho da mamãe e esposo exemplar.


O que Vikus não imaginava é que ao invadir um dos barracos, logo que o Distrito 9 passa a ser nada mais que mais uma favela de Joanesburgo, ele encontra uma espécie de laboratório, pensando em recolher algum material para futuras pesquisas, ele pega um cilindro e descuidadosamente acaba jorrando um estranho líquido em seu rosto. A partir de então, tudo muda. Wikus começa a se sentir mal, estranho, enjoado e quando menos esperava, começa a sofrer uma mutação, se tornando uma espécie de alienígena. Sem entender o que estava realmente acontecendo, Wikus, foge para o único lugar onde não seria descoberto, o Distrito 9. Mas é constantemente perseguido, até que é capturado pela mesma empresa que trabalhava. É torturado, violentado, e por fim, descobre o que realmente havia por trás de toda essa companhia, toda essa estrutura criada pelo governo. Os alienígenas são seres com inteligência acima de qualquer expectativa, há muitos anos foi descoberto que eles comportam armas extremamente violentas e com máxima eficiência, entretanto só funcionam com o DNA de seus criadores, esse setor do governo, nada mais que capturava alienígenas para recuperar esse DNA para utilização das armas de fogo, Wikus passa a ser alvo da companhia, eles passam a depender dele para manusear essas armas. Wikus foge, se torna um monstro, um homem completamente destruído, todos que amava, o abandonam, tudo pelo o que lutou em sua vida chega ao fim, e sua unica esperança são os ET's. Ele se une a eles e descobre que há muito mais por trás de cada barraco, por trás da mente desses alienígenas, há um motivo, um plano estudado durante todo esse tempo prestes a ser executado. E nesse plano, não só a vida dos alienígenas está em jogo, mas também a vida de Wikus.


Neil Blomkamp. Um diretor, acima de tudo, ousado. Recriou o que fora criado sobre os extraterrestres, mudou o ponto de vista. Escreveu e dirigiu essa história fantástica e o que eu escrevi acima não é nem a metade das grandes surpresas que ocorrem durante o longa. O filme nada mais é que produzido por Peter Jackson, o responsável pela franquia "O Senhor dos Anéis". "Distrito 9" é brilhante. Começa com um documentário que permenece em cena durante longos minutos, e a sensação que temos é que seria o pior filme de nossas vidas, mas a história vai chegando aos poucos e quando menos imaginamos, estamos roendo as unhas e torcendo pelos "heróis" do filme. O filme nos hipnotiza, somos fisgados por essa trama tão bem reproduzida e extraordinariamente bem escrita.


Os heróis não são norte-americanos, o cenário não é Nova York. Ponto. O filme chega ao extremo de originalidade, a pergunta é: Por que ninguém foi capaz de pensar e reproduzir isso antes? O personagem principal não é bonitão, machão que enfrenta qualquer coisa, que tem coragem acima de tudo. Ele tem falhas, sente medo, ou seja, é humano. No filme, nada é tão óbvio, nada pode ser previsto, a cada minuto, principalmente depois da metade do filme, o longa nos apresenta uma surpresa. Ás vezes parece que tudo vai dar certo, outras, parace que tudo já era, que é impossível um final feliz. Surpresas positivas não faltam.


Sharlto Copley, o protagonista é incrível. Ator desconhecido, assim como todo o elenco, mas é tão bom no que faz que ele passa a ser uma das boas surpresas do filme. Sua transformação durante o longa vai além dos efeitos e da maquiagem, é presente também em sua brilhante performance. No início, um cara mala, chato, depois, ele cresce, amadurece, passa a temer a vida, temer a cada passo que dá, se torna infeliz e ao mesmo tempo esperançoso, vemos isso em cada expressão, em cada olhar. Sofremos com ele, torcemos por ele.

Muitos dizem que "Distrito 9" é uma representação do Apartheid que ocorreu na África há alguns anos atrás. Sim, pode até haver alguma relação, no filme, também há uma espécie de limpeza étnica. Mas segundo algumas entrevistas de Neill Blomkamp nada mais é que coincidência, sua intensão era apenas entretenimento, que fazer um filme na África é impossível não relatar problemas sociais. Distrito 9 nos expõe alguns problemas sociais ocorridos na África, mas nada mais é que um pano de fundo, seu intuito é divertir.


Palmas para essa super produção, um filme com pouco investimento, mas com esse pouco dinheiro, Neill Blomkamp, Peter Jackson e toda a equipe criam um filme incrível. Há anos em que não se fazia uma ficção científica, que não fosse refilmagem ou uma tentativa frustrante sobre o espaço ou ago do tipo. "Distrito 9" provou que ficção nem sempre se situa no espaço, a Terra também pode ser um ótimo cenário para se criar um filme fora da realidade. Porém o filme é tão bem feito, que a impressão que fica é que se por milagre, algo do tipo acontecesse, seria exatamente da maneira como é exposta no filme. Essa é a verdade, mesmo se tratando de algo, teoricamente impossível de ocorrer, durante os minutos de projeção, simplesmente acreditamos.


NOTA: 9.5

3 comentários:

  1. Cara..vc num sabe como estou louca para assistir esse filme..vi o trailler na sessao de Bastardos Inglorios e pireiii geral!

    mas como sempre..me falta graana..sempre a graanaa..agora soh me resta esperar pra que saia ao menos nesses blogs de downloads!

    adorei o texto..vc deu sua opiniao mas nao entregou as surpresas do filme de bandeja..

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Gostei do filme tbm! Embora mtas críticas q eu vi falem ser um filme razoável, eu discordo e considero um ótimo filme!
    Aproveitando o espaço.. gostaria de perguntar pra vcs se não tem como tirar esse tal rádio do blog... pq toda vez q eu entro tem q fica desligando, ja q eu sempre to escutando música kkkkkkkkkk mas eh soh uma opiniao de alguem q frequenta o blog! se vcs acharem melhor deixar, sem problemas! Abraço!

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